“A gente entra pela cota, mas permanece pelo afeto”: Permanência e saúde mental na UnB
permanência estudantil; saúde mental; racismo
institucional; políticas afirmativas
Para além do ingresso, é fundamental pensar as condições de permanência dos estudantes negras/os na universidade,
considerando suas experiências vividas e os impactos para a saúde mental. Este estudo qualitativo analisa a
permanência de estudantes negras e negros na Universidade de Brasília (UnB), a partir das narrativas desses
estudantes e das percepções dos atores institucionais envolvidos no acolhimento e suporte. Busca compreender o
sofrimento psíquico associado ao racismo institucional, as estratégias individuais e coletivas para enfrentar
adversidades, e as barreiras simbólicas e estruturais que vulnerabilizam esses sujeitos. Além disso, investiga as ações
desenvolvidas por setores institucionais como o NAPS, a CoAP e o Centro de Convivência Negra, que atuam na
promoção da permanência e do cuidado.Os resultados evidenciam que a permanência transcende o suporte material e
demanda transformações institucionais estruturais, que reconheçam as especificidades raciais e promovam um
ambiente acadêmico inclusivo e acolhedor. A pesquisa reafirma que a saúde mental desses estudantes está diretamente
relacionada à capacidade da universidade de se engajar em práticas antirracistas e coletivas de cuidado. Nesse
processo, os coletivos negros emergem como territórios fundamentais de acolhimento, resistência e reconstrução do
pertencimento, funcionando como redes de apoio simbólico, afetivo e político frente ao adoecimento cotidiano
provocado pelo racismo. Por fim, a permanência qualificada é apontada como um gesto político e coletivo, que desafia
a exclusão e fortalece o direito à existência digna na universidade.