Brincar, cultura e cuidado: promoção de saúde mental de crianças
brincar, lúdico, cultura da infância, saúde mental de crianças, pandemia, psicossocial
Este projeto se propôs a investigar estratégias de promoção da saúde mental de crianças a partir do brincar, da arte e da cultura da infância. Os objetivos específicos deste trabalho foram: mapear indicadores de promoção de saúde mental por meio do brincar e das experiências culturais; investigar os impactos da pandemia da COVID-19 na saúde mental de crianças; e mapear a rede pública ampliada de atenção a crianças e adolescentes no território. Para alcançar estes objetivos, foram feitos dois grupos focais em uma brinquedoteca comunitária localizada na periferia do Distrito Federal, um grupo com as crianças da instituição e outro com a equipe de profissionais. O estudo foi transversal e de abordagem qualitativa e a dissertação foi organizada no formato de artigos. O primeiro artigo, de natureza teórico-conceitual, versa sobre a promoção da saúde mental de crianças, apresentando a relação desse campo com o brincar e as experiências culturais. O artigo propõe a construção de uma práxis que seja pautada em um projeto político e ético no qual as dimensões de diversidade e pluralidade sejam respeitadas, da mesma maneira, que a necessidade do brincar e das experiências culturais para a população infantojuvenil seja reconhecida. O segundo artigo analisa os resultados encontrados no grupo focal realizado com cinco crianças frequentadoras da brinquedoteca. Os resultados, analisados de acordo com a análise temática, apontam indicadores de promoção de saúde mental expressos nas falas das crianças sobre o brincar como fonte de saúde, aprendizado e laboratório dos afetos. Ademais, os resultados trouxeram sobre os impactos da crise sanitária no brincar, na corporalidade, no desenvolvimento e na saúde das crianças deste território. O último artigo aborda o grupo focal realizado com onze profissionais da brinquedoteca. Os dados coletados foram analisados segundo a análise temática e os resultados apontam o brincar enquanto linguagem das crianças e ferramenta de diálogo e de fortalecimento de vínculos, assim como, a dimensão de aprendizagem presente no brincar e a intencionalidade política dos educadores ao propor atividades lúdicas e brincadeiras. A respeito dos impactos da pandemia na saúde mental das crianças, os resultados demonstram o agravamento dos casos de adoecimento psíquico e um aumento na condição de vulnerabilidade de crianças e adolescentes. Observou-se a ausência de equipamentos públicos voltados para o cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes no território e, diante dos resultados encontrados, é urgente cobrar e exigir do poder público a construção de serviços que desenvolvam ações específicas em saúde mental, como o CAPSi, ambulatórios em saúde mental e ações de saúde mental na atenção primária. Outra proposta que surgiu a partir dos resultados da pesquisa foi a construção de dispositivos voltados ao fortalecimento da cultura do brincar e da infância como parte da rede pública ampliada de atenção para crianças e adolescentes. Concluímos que é necessário formar uma rede de atuação compartilhada e colaborativa que crie práticas emancipatórias por meio do brincar, da arte e da cultura para ser vetor de resistência e transformação subjetiva e social.