Intervenção psicológica em pacientes vítimas de amputações traumáticas de membros superiores.
Amputação traumática, intervenção precoce, intervenção psicológica.
As cirurgias de amputação se referem à retirada total ou parcial de um órgão, tendo o objetivo maior de
salvar a vida do paciente e, posteriormente, salvar o membro e a função, visando a reabilitação do
paciente. As cirurgias de amputação podem provocar impactos adversos à funcionalidade e qualidade de
vida do paciente. A literatura distingue as causas de amputações por doenças crônicas ou traumas. Entre as
causas de amputação traumática, ressaltam-se: acidente automobilístico, acidente com arma de fogo ou
branca, violência corporal e quedas de grandes alturas. A experiência que uma amputação traz consigo são
alterações físicas e psíquicas, e estas últimas são angústia, raiva, indefinição com relação ao futuro.
Apesar da referência da literatura a estes sintomas, ainda é baixo o número de estudos realizados acerca de
implicações psicológicas no curso de vida de amputados, especialmente em caso de amputações
traumáticas. Considerando a lacuna de informações, realizou-se revisão sistemática de literatura
compreendendo publicações entre os anos 2000 e 2021, com os descritores “amputação traumática”,
“trauma psicológico” e “intervenção em crise”, combinados dois a dois, e seus equivalentes na língua
inglesa. Do total de 133 artigos possíveis, foram triados apenas 16 que fazem menção aos aspectos
psicológicos e amputações traumáticas; indicando, novamente, a baixa produção acadêmica acerca do
tema. Realizou-se um estudo longitudinal com pacientes amputados traumáticos com objetivo de avaliar
os efeitos de intervenção psicológica precoce (até 72h após a amputação) e follow-up (até 12 meses) de
pacientes atendidos em um hospital geral do Distrito Federal. Tratou-se de um estudo intervencional, não-
aleatório, qualitativo e descritivo, baseado na abordagem Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). A
coleta ocorreu entre agosto de 2020 e agosto de 2021. Os pacientes foram submetidos à intervenção
psicológica precoce, sendo abordados pela psicóloga no prazo máximo de 72 horas após a amputação.
Após a alta, os pacientes foram convidados a realizar cinco sessões de acompanhamento psicológico, com
intervalo médio de 15 dias. Foram aplicados Instrumentos para avaliação da satisfação com a vida,
presença de sintomas depressivos e ansiosos, nível do impacto do evento adverso e uso de estratégias de
enfrentamento (Índice de Barthel, HADS, IES-R, Brief Cope Scale, SWLS, autorrelato). Os Instrumentos
foram aplicados na primeira sessão de acompanhamento psicológico; sendo reaplicados ao final das cinco
sessões de acompanhamento psicológico; após seis e 12 meses após a amputação. Foram acompanhados
três pacientes, que, ao longo do estudo, apresentaram: melhora dos sintomas depressivos e ansiosos;
melhora na dependência funcional; redução do nível do impacto do evento estressor; aumento no escore
de satisfação com a vida. Os dados indicam para a importância do atendimento psicológico ao paciente
amputado traumático. A principal limitação do estudo se deve ao pequeno número de participantes.
Sugere-se o treinamento técnico de profissionais que atuem com pacientes amputados para a identificação
de sinais que indiquem a necessidade de encaminhamento e acompanhamento psicológico. Também,
sugere-se o fortalecimento do fluxo e contrafluxo de referências dentro do Sistema de Atenção à Saúde
para que ocorra o processo de reabilitação de maneira integral. Aos pacientes e familiares, sugere-se
psicoeducação, a fim de garantir melhor adesão ao tratamento.