“I worked infinitely harder than him”: women, work and mental health – a study on the pleasure/suffering of administrators in basic education
educação; relações de gênero; psicodinâmica do trabalho; prazer-sofrimento; gestão escolar.
Apesar de maioria da população brasileira (51%) e em qualificação, as mulheres ainda
ocupam poucas posições de poder e ganham menos que os homens nos cargos de gestão
(IBGE, 2021a, 2021b). Além do fenômeno da feminização do magistério, o fenômeno
do teto de vidro está presente no campo da educação. Visibilizar essa dimensão no
âmbito da educação importa para modificação dos modelos sociais vigentes, já que se
constitui o espaço primário de subjetivação e de socialização. Esse trabalho buscará a
compreensão das relações socioprofissionais sob a perspectiva do referencial teórico da
Psicodinâmica do Trabalho em articulação Estudos de Gênero, campos em
desenvolvimento, em função da lacuna de pesquisas nacionais relacionadas aos temas
de gênero e gestão, combinação que tem se revelado um novo instrumento para a
releitura das relações. O referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho contribuiu
para explicar os processos de saúde mental e trabalho, entretanto os estudos clássicos
não visibilizam as relações sociais de sexo/relações de gênero, de raça/etnia, entre
outras interseccionalidades. O objetivo desse trabalho é o de investigar como são as
vivências de prazer e de sofrimento de gestoras/es de educação, as semelhanças e as
diferenças e as subjetividades na função de gestão escolar. Foram realizados cinco
estudos, um teórico e quatro empíricos, em formato de artigos científicos. Na 1ª etapa,
foi realizada a análise dos resultados das eleições da rede de ensino pública da capital
brasileira, com o objetivo de levantar a participação das mulheres nos cargos de gestão
escolar dos últimos 10 anos, que incluiu as últimas 05 eleições. O estudo demonstrou
ocupação decrescente das mulheres nos cargos de gestoras escolares. Na 2ª etapa, foi
analisada a literatura existente sobre o contexto educacional e os resultados apontaram
para uma escassez de Estudos de Gênero em Psicodinâmica do Trabalho, sobretudo na
educação. Na 3ª etapa, foi realizada a análise de entrevistas (oito) e entrevistas coletivas
(duas) com docentes gestoras/es escolares da rede pública educacional, totalizando onze
participantes. O recurso metodológico utilizado foi de abordagens qualitativas de
investigação por meio de entrevistas semiestruturadas e para a análise dos dados, a
análise de conteúdo (Bardin,1977). Os resultados apontaram que os processos de
precarização reverberam sobre as dinâmicas socioprofissionais. Os gestores, mas
sobretudo as gestoras escolares apresentaram percepções e vivências relacionadas às
relações sociais de sexo/gênero e os modos de subjetivação de mulheres e homens
relacionaram-se ao estilo de gestão. Para as mulheres esteve mais evidente, a não
expressão de agressividade, o sentimento de culpa, o esforço para bom desempenho,
alta sobrecarga de trabalho, correspondente ao padrão estético e comportamental da
sociabilidade de mulheres, além de vivências de maior intensidade de sofrimento nas
relações socioprofissionais. Os apoios socioprofissional, familiar e da comunidade à
gestão, mostraram-se determinantes, sobretudo às mulheres gestoras.