COLABORAÇÃO INTERPROFISSIONAL NOS PROGRAMAS DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA REDE EBSERH: DA TEORIA À PRÁTICA
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A educação interprofissional (EIP) tem como objetivo fomentar a colaboração interprofissional (CIP) na área de saúde, entre profissionais de diversas categorias, com a finalidade de aprimorar o trabalho em equipe e melhorar os serviços prestados aos pacientes. A CIP envolve profissionais de diferentes áreas de formação para o trabalho em conjunto para compartilhar conhecimentos e habilidades. O trabalho interprofissional em equipe (TIP) é um dos componentes da CIP. O TIP é um modelo conceitual-teórico que permite uma compreensão sobre a complexidade do trabalho em equipe, podendo subsidiar intervenções interprofissionais em relação aos seus quatro fatores: relacional, processual, organizacional e contextual. Os programas de residência multiprofissional em saúde (PRMS) representam uma ação governamental voltada à formação em conjunto no e pelo trabalho. O objetivo geral da tese foi investigar a colaboração interprofissional no âmbito dos PRMS ofertados pelos hospitais universitários federais (HUF) geridos pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Trata-se de um estudo nacional, transversal, descritivo e exploratório com abordagem mista de desenho convergente. A tese foi organizada no formato de cinco artigos, relacionados a seus objetivos específicos e que respondem o objetivo geral da tese. O primeiro artigo apresenta uma revisão de literatura, exploratória e descritiva, realizada com o objetivo de identificar os facilitadores e barreiras da educação e colaboração interprofissionais com intuito de classificar seus componentes, segundo os quatro fatores do TIP que interferem no desempenho das equipes. Os resultados evidenciaram 24 facilitadores e 20 barreiras para a EIP; e 36 facilitadores e 35 barreiras para a CIP, que foram classificados segundo os quatro fatores do TIP. A conclusão foi que a identificação e organização dos facilitadores e barreiras da EIP e CIP podem contribuir com uma melhor compreensão da temática no contexto dos PRMS bem como subsidiar futuras intervenções interprofissionais que promovam a melhoria do trabalho em equipe. O segundo artigo refere-se a um estudo qualitativo, documental e exploratório, com análise de discurso textual pela lexicometria. Foram analisados 43 projetos políticos pedagógicos (PPP) dos PRMS dos HUF geridos pela Rede Ebserh. A análise dos dados evidenciou dois núcleos centrais, "equipe" e "formação", que apresentaram maior conexidade entre os componentes associados à CIP. Quanto às ideias centrais que o corpus textual desejava transmitir foram identificadas três classes cujos componentes estavam associados à EIP: Características do processo de formação dos residentes; Perfil final do egresso e Diretrizes para atuação do residente durante a formação. As análises por região brasileira, em relação ao processo de ensino-trabalho-aprendizado, evidenciaram elementos associados aos preceitos da EIP e CIP. Verificou-se que os PPP analisados possuem componentes associados à EIP e à CIP o que indica a convergência dos PRMS para a formação interprofissional para uma postura colaborativa pelo trabalho em equipe. O terceiro artigo analisou a percepção dos residentes em relação às características dos PRMS. Foi realizado um estudo transversal, descritivo e exploratório de abordagem quantitativa, pela análise lexicométrica, com 178 residentes. Os resultados, organizados em três classes, explicaram a motivação do residente para cursar o PRMS: Benefícios para a carreira profissional; Benefícios ofertados pelos PRMS; Conhecimento dos cenários de práticas assistenciais. Os resultados evidenciaram, ainda, satisfação dos residentes tanto em função de características do processo de ensino e aprendizagem quanto em relação ao fato dos PRMS serem ofertados por instituições de referência. A conclusão foi que os PRMS são capazes de formar profissionais aptos para lidar com a complexidade envolvida na assistência em saúde mediante o trabalho em equipe no e pelo serviço. O quarto artigo de estudo transversal, descritivo e exploratório, mensurou a colaboração interprofissional por meio da Escala de Avaliação da Colaboração Interprofissional em Equipe II (AITCS II-BR). A amostra contou com 178 residentes. Os resultados apontaram uma maior propensão à CIP associada ao sexo masculino e nos PRMS da Região Nordeste. Os dados evidenciaram, também, dificuldade de colaboração para o escore geral da AITCS II e suas dimensões. O quinto artigo analisou a percepção dos residentes quanto aos fatores que afetam o trabalho em equipe interprofissional. Trata-se de um estudo exploratório e descritivo com abordagem qualitativa por entrevista remota com análise de dados pela lexicometria. A amostra contou com seis residentes. Os resultados evidenciaram fragilidades para: as questões do processo de formação e pertencimento; educação interprofissional; colaboração interprofissional. Os resultados indicaram, ainda, que a pandemia de COVID-19 afetou o trabalho em equipe. As fragilidades destacadas pelos residentes afetam de forma direta a colaboração e o trabalho interprofissional, podendo ser barreiras para a implementação de uma prática interprofissional colaborativa. Conclui-se que os cinco estudos avançam na discussão sobre o trabalho em equipe no contexto da EIP para a CIP.