ConViver: grupos de convivência protetiva para crianças, adolescentes e suas famílias
desproteções relacionais, convivência protetiva, intervenções grupais, família, SUAS.
A criação de grupos de convivência protetiva pode ser uma das formas de enfrentamento e de prevenção a inúmeras situações de desproteções e violências, podendo contribuir para o fortalecimento de vínculos afetivos e sociais, no contexto familiar e comunitário. Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral desenvolver uma metodologia de intervenção grupal para a prevenção de desproteções relacionais e a promoção de convivências protetivas de crianças, adolescentes e suas famílias no âmbito da política de assistência social. Para tanto, a pesquisa teve como lócus unidades da proteção básica e de média complexidade do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do Distrito Federal. Delineamentos metodológicos qualitativos e participativos foram propostos para a pesquisa de campo, com o uso de entrevistas e da pesquisa-intervenção. Dessa forma, em uma primeira etapa, buscamos identificar vivências de proteção e desproteção relacional e aspectos importantes para atuação no campo da segurança de convívio a partir da literatura e da percepção de 10 profissionais do SUAS. Em uma segunda e terceira etapas, desenvolvemos e analisamos intervenções grupais com foco na convivência protetiva, sendo realizados: três grupos online com um total de 39 participantes, durante diferentes fases do contexto pandêmico ocasionado pela Covid-19; e um grupo presencial, com foco multifamiliar, com a participação de crianças, adolescentes e suas famílias, totalizando 38 participantes. Realizamos análises temáticas reflexivas dos dados de cada etapa e construímos seis grupos de resultados: o primeiro voltado às entrevistas com as profissionais; o segundo, ao processo de cocriação das intervenções grupais; o terceiro, à análise dos grupos online; o quarto, à análise do processo de inclusão sociodigital nos grupos online; o quinto, à análise do grupo presencial; e o sexto, à avaliação da metodologia e da participação das famílias em todos os grupos. De forma geral, os resultados da pesquisa nos apontam a necessidade de cuidado e de processos de educação permanente de profissionais que atuam no campo das ações com foco na segurança de convívio. Além disso, ressalta-se a importância de tecnologias de convivência para a garantia de escuta das narrativas plurais de vivências de desproteções relacionais, que se apresentam de forma interseccional, expressas nos sofrimentos diante das micro e macroviolências cotidianas, discriminações e exclusões, especialmente na vida de crianças, de jovens e de mulheres negras, sobrecarregadas pelo trabalho doméstico e de cuidado não remunerado. Nos grupos, foi possível verificar que, nos processos relacionais, oportunizam-se acessos, direitos, reflexões e reconhecimentos, em que é possível ampliar a proteção social de famílias e indivíduos, construir estratégias de segurança de convívio e fortalecer vínculos.