A Linguagem em Psicanálise: Interpretação e Saber-Fazer com Lalíngua
Psicanálise, Linguagem, Lalíngua, Interpretação, Poesia.
A presente tese (em construção) tem como objetivo explorar alguns dos momentos decisivos dos desenvolvimentos de Jacques Lacan a respeito da linguagem, para extrair as incidências clínicas no que concerne à interpretação e ao ato analítico, chegando ao que chamaremos de a clínica poética de Lacan. Para tal, partiremos de questões que a clínica suscita em seus descomeços (termo tomado de empréstimo do poeta Manoel de Barros), buscando no percurso lacaniano aquilo que o discurso analítico situou: os equívocos que se passam no inconsciente, cujos efeito de mal-entendido vitimiza todos os falantes, sem exceção. Partiremos de três termos: linguagem, lalíngua e interpretação, investigando se a poesia pode ser um quarto que de algum modo os enoda, uma vez que estaria nas origens do sujeito (na musicalidade de lalíngua), no inconsciente linguageiro e como recurso na interpretação. No campo da linguagem, passaremos pela subversão do signo saussuriano, pela linguisteria de Lacan e pela função da fala e do escrito, chegando enfim à invenção de lalíngua. Seguiremos pela interpretação que leva em conta o inconsciente-lalíngua (os descomeços da palavra, do sujeito), que joga com o efeito de sentido e com o equívoco. Chegaremos enfim à chamada clínica poética, buscando indícios que sustentariam ou refutariam nossa hipótese de que a poesia atravessa o sujeito do inconsciente, da gênese de lalíngua até suas produções sintomáticas, artísticas e analíticas, chegando a compor um pilar da interpretação. O percurso será marcado pelo descentramento da razão e pela desnaturalização do humano, fruto da posição ética de Lacan diante da cultura e do campo científico. Nossa hipótese é a de que o sujeito descomeça na poesia e com ela se encontra nas suas criações e no que dá a ler em análise.