Observatório Psicanalítico Febrapsi: Um acontecimento na psicanálise brasileira
observatório psicanalítico; psicanálise extensa; elaboração psíquica; acontecimento; agenciamento coletivo
Pretende-se demonstrar que o Observatório Psicanalítico Febrapsi (OP), agenciamento clínicopolítico criado pela Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi) em 2017, constitui um acontecimento no campo da psicanálise brasileira. O OP possibilita aos psicanalistas elaborarem acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais no Brasil e no mundo, por meio da escrita de ensaios e do diálogo interdisciplinar no podcast Mirante, conectando-os ao espírito da época em que vivemos. Como estratégia de clínica extensa, tem contribuído para a vitalidade da Instituição Febrapsi e interferido no debate sobre a democratização institucional. Como cidadãos, os psicanalistas se colocam partícipes da construção da pólis contemporânea, e na produção de subjetividades desejantes de um bem-estar comum. Buscou-se, teoricamente, definir as bases epistemológicas sobre as quais o OP se alicerça. O estudo, teórico-clínico, de natureza qualitativa, adota o método de análise temática, com foco na identificação de núcleos de sentido — percepções, sentimentos e julgamentos — atribuídos ao OP pelos participantes. A pesquisa empírica, realizada com 28 psicanalistas atuantes no agenciamento, provenientes de diferentes segmentos da instituição, identificou seis núcleos de sentido principais: grupalidade e pertencimento, comunicação e expressão de ideias, democratização e fortalecimento da instituição psicanalítica, espaço de formação, articulação entre psicanálise, cultura e política, e articulação entre psicanálise e sociedade. As evidências indicam que o OP se tornou um agenciamento coletivo na Febrapsi, ampliando significativamente seu propósito inicial. O argumento desenvolvido neste estudo baseia-se, em parte, na experiência da autora como coordenadora do Observatório Psicanalítico Febrapsi.