O MOVIMENTO DE MÃES COMO ESTRATÉGIA SUBJETIVA E POLÍTICA DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA DE ESTADO
movimento de mães, violência de estado, saúde mental, políticas públicas, racismo.
A violência, como questão social, acompanha a história do Brasil, com consequências não apenas no
campo da segurança, mas também como problemática de saúde pública. Por isso, possui efeitos objetivos
e subjetivos, coletivos e individuais. No contato com a violência e suas implicações, ações são construídas
não apenas dentro da máquina estatal, mas também no seio de grupos da sociedade civil. Nesse contexto,
grupos organizados historicamente estão envolvidos na busca por mecanismos de justiça diante do
enfrentamento de violações de direitos humanos. Dessa forma, os movimentos sociais em geral e o
movimento de mães, especificamente, constituem estratégias subjetivas e políticas para elaboração e busca
de saídas para a problemática da violência. Nesse contexto, a presente pesquisa tem como objetivo
investigar o papel do movimento de mães como estratégia política e subjetiva para famílias de jovens que
sofreram algum tipo de violência de Estado. Como justificativa e relevância do tema, apontamos o
genocídio da população negra em geral, e da juventude em particular, e suas consequências para as
famílias negras e para a maternidade negra. Utilizaremos como método a pesquisa qualitativa, que contará
com etapas de revisão bibliográfica e pesquisa de campo. Na revisão bibliográfica, pretendemos fazer um
levantamento de produções acadêmicas, bem como dos coletivos de mães que se formaram no Brasil, em
detrimento de situações de violência de Estado. Quanto à pesquisa campo, utilizaremos de entrevistas e
grupos focais, buscando mães que participam de movimentos sociais, a partir de casos de violência de
Estado, em Goiás e em outros estados do Brasil. Como embasamento teórico, serão utilizados autores que
tenham uma visão crítica da psicologia e dos fenômenos analisados. Serão utilizados os trabalhos de
Achille Mbembe, de intelectuais negras brasileiras como Sueli Carneiro e Lelia Gonzalez, e pensadoras
norte americanas como Angela Davis, para uma leitura interseccional de gênero e raça. Além disso, as
referências foucaultianas serão importantes eixos transversais de análise para a compreensão do Estado e
dos mecanismos de poder que o constituem.