O RAP como elaboração do trauma de ser Negro no Brasil
Negritude. Trauma. Subjetivação. Psicanálise
O sujeito traumatizado por sua condição de ser falante experimenta outras experiências traumáticas ao longo da vida devido à sua fragilidade diante do mundo externo (Freud, 1930). As relações sociais podem provocar situações que causam sofrimento ao sujeito e deixam marcas indeléveis em seu processo de subjetivação, sendo o racismo um desses traumatismos. Tornar-se preto é uma experiência traumática até hoje, as sequelas subjetivas da escravidão são permanentes. As nomeações dadas aos negros causam sentimento de rejeição da própria imagem, naturalizando autoextermínio cultural, social e físico. Diante disso, essa dissertação analisou dez letras de RAP, dentro do referencial teórico da psicanálise, para investigar em que medida o RAP promove possibilidades aos sujeitos negros de uma escrita de si ―a escrevivência― que os auxilie a elaborarem o trauma de serem negros no Brasil. Concluindo que o movimento hip-hop faz emergir um sujeito capaz de sustentar a sua existência apesar do traumatismo social do racismo.