Consumo de Fast Food: Variáveis Preditoras Internas e Externas da Compra Impulsiva via Aplicativos de Delivery
compra impulsiva; fast food; traços de personalidade; apps de delivery
A disseminação dos aplicativos de delivery transformou significativamente o consumo de alimentos, sobretudo do tipo fast-food. Embora representem facilidade de acesso, variedade e agilidade, estão também associados a riscos de saúde física (p.ex., má nutrição e obesidade) e mental (p.ex., isolamento social e ansiedade). Esta dissertação teve como objetivo investigar preditores da compra impulsiva de comida via aplicativo no Brasil, na forma de dois estudos. No Estudo 1 uma revisão de literatura resultou em 87 artigos evidenciando variáveis relevantes que foram organizadas em 12 categorias, como tomada de decisão, emoção, personalidade e influência. No Estudo 2 testou-se o valor preditivo de variáveis internas e externas na compra impulsiva de comida via aplicativo. Participaram 220 consumidores (62,5% mulheres), com média de 33 anos de idade (DP = 9,98), que responderam a medidas de personalidade (big five) e de hábitos, além de cenários com variáveis situacionais e de influência social (notificações com promoção). Os resultados mostraram que os consumidores, sobretudo mulheres, frequentemente compram por impulso para reduzir emoções negativas, mesmo quando não têm dinheiro suficiente. O traço neuroticismo foi preditor de aproveitar a "oportunidade" de promoções, mas o traço de conscienciosidade foi preditor da resistência a notificações, mesmo controlando-se o efeito do neuroticismo. Discute-se como estratégias de marketing podem ser não somente ilusórias (p.ex., "entrega grátis", mas com esse custo já embutido no preço), como também gerar descontrole no consumo, perpetuando a ansiedade que dá origem à compra impulsiva. Mais ainda, como se podem desenvolver estratégias de resistência e de direitos do consumidor quando a compra se torna nociva, além de potenciais benefícios da mudança volitiva de personalidade.