USO DE IMAGINAÇÃO GUIADA NO TRATAMENTO DE ANSIEDADE EM PACIENTES ADULTOS NA CLÍNICA PSICOLÓGICA
Ansiedade, Revisão Sistemática; Intervenção, Imaginação Guiada
A ansiedade é uma resposta natural do corpo diante de situações percebidas como desafiadoras, perigosas ou estressantes. Quando ultrapassa limites normais e se torna persistente, essa resposta pode evoluir para um nível patológico. Um transtorno de ansiedade é um fenômeno complexo e multifacetado, sendo objeto de interesse em diversas áreas, incluindo a psicologia, a neurociência e a psiquiatria. A presente dissertação inclui dois estudos, apresentados em formato de artigo, sendo um de revisão e o segundo uma pesquisa empírica, com delineamento quase experimental. O primeiro artigo teve por objetivo identificar evidências de que o uso de imaginação guiada, como intervenção não farmacológica, contribui para a redução dos níveis de ansiedade em adultos. Foi realizada uma revisão sistemática, norteada pelos parâmetros do PRISMA, com busca de artigos revisados por pares, publicados entre 2018 e 2022, nas bases de dados SciELO, SCOPUS e PsycINFO. Foram encontrados 740 estudos e, após triagem e aplicação de critérios de elegibilidade e de exclusão, 12 artigos foram selecionados. Com relação ao delineamento, oito estudos foram randomizados controlados e quatro não aplicaram o critério de randomização. Os 12 estudos indicaram redução estatisticamente significativa do nível de ansiedade dos participantes após intervenção com uso de imaginação guiada. Os estudos indicaram que a técnica pode ser utilizada em diferentes contextos, com variadas populações e comorbidades, sendo favorável como técnica complementar não farmacológica. Conclui-se que a intervenção com imaginação guiada, seja no contexto hospitalar ou não hospitalar, constitui uma forma eficiente de redução dos níveis de ansiedade, conforme os resultados dos estudos da presente revisão sistemática. O segundo artigo objetivou avaliar os efeitos de intervenção com imaginação guiada sobre o nível percebido de ansiedade de pessoas adultas, na clínica psicológica, com delineamento quase experimental. Participaram quatro adultos que passaram por oito sessões semanais de imaginação guiada. Foram realizadas três medidas de comparação (pré-teste, pós-teste e follow up após um mês), com uso do Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), da subescala de ansiedade da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS-A) e da Mini International Neuropsychiatric Interview - MINI. Relatos dos participantes foram registrados, ao longo das sessões e no follow up, e categorizados. Com base em análise não paramétrica (ANOVA de Friedman), os resultados apontaram que os escores dos postos médios da HADS-A no pré-teste foram significativamente maiores do que no pós-teste (p=0,024). O valor subiu um pouco no follow up, mas ainda se manteve menor que no pré-teste, entretanto a diferença não foi estatisticamente significativa. Não houve diferença estatisticamente significativa no BAI, ainda que os postos médios reduziram no pós-teste e no follow-up. Analisando os casos individualmente, os resultados indicaram que os participantes se beneficiaram, de forma variada, da técnica de imaginação guiada, sendo que dois deles se beneficiaram de maneira diferenciada. Divergindo das pesquisas analisadas na revisão sistemática, o estudo de intervenção foi realizado no contexto da clínica psicológica, verificando-se limitações quanto ao número reduzido de participantes, ausência de grupo controle e tempo curto de follow up. Conclui-se que a técnica contribuiu para a redução de ansiedade, mostrando-se como um recurso adicional de tratamento em caso de transtorno.