O Dispositivo de Grupo Psicanalítico na Clínica da Adolescência Contemporânea
Adolescência; contemporaneidade; dispositivo de grupo; reflexividade; simbolização
A clínica da adolescência contemporânea se mostra próxima aos funcionamentos narcísicos identitários tal como formulado por Roussillon, uma vez que, ela tem sido caracterizada pelo retorno dos conteúdos não simbolizados referentes às relações primárias e a constituição da identidade singular. Além disso, é nesse período que as delimitações entre Eu e não Eu são novamente convocadas para que os adolescentes possam criar novas relações identitárias sociais. Desse modo, a possibilidade de novos lugares sociais se amplia e se mostra como saída aos sofrimentos intra e intersubjetivos. É nesse sentido da convocação ao outro que o dispositivo de grupo psicanalítico pode ser utilizado como facilitador das transformações exigidas no processo de adolescer. Sendo assim, o presente trabalho objetiva analisar as especificidades teórico-clínicas do dispositivo clínico grupal psicanalítico para o atendimento de adolescentes que apresentam sofrimento psíquico intenso desencadeado por situações limites extremas. A proposta de trabalho com grupos psicanalíticos para adolescentes, fundamenta-se frente a necessidade clínica em criar/encontrar dispositivos simbolizantes sob medida para as necessidades do Eu que se impõe nesta clínica da adolescência contemporânea. Nesse sentido foi proposto como metodologia a construção de um grupo psicanalítico, conduzido em coterapia por uma psicóloga e um estudante de psicologia, composto por adolescentes com idades entre 14 e 18 anos, com presença de 3 a 5 adolescentes, que tinha como objetivo trabalhar a associatividade e reflexividade no/do grupo. Após o atendimento clínico do grupo de adolescentes, apresentamos como resultado desse trabalho, cinco produtos. O primeiro apresenta uma discussão teórica sobre “uma metateoria do grupo como dispositivo clínico e contribuições para a clínica da adolescência”. O segundo se compromete a defender “a transitoriedade da adolescência e o grupo psicoterápico como dispositivo transicional mediador”. O terceiro define, a partir das reflexões dos próprios adolescentes, o “grupo clínico como porta-palavra do mal-estar da adolescência contemporânea”. O quarto traz a discussão sobre o “dispositivo de grupo psicanalítico para adolescentes e o trabalho de desligamento e ligações intersubjetivas” como conclusão a análise das movimentações pulsionais grupais entre pulsão de morte e de vida, apontando para o enfrentamento do vazio das relações intersubjetivas. Por fim, o quinto e último produto: “o dispositivo de grupo e o uso de objetos mediadores na clínica da adolescência” contribui para a discussão do uso do objeto mediador, seja ele enquanto clínico, dispositivo, ou a pintura como utilizada pelos adolescentes como ilustração final de seus processos transformacionais. Assim, a capacidade de reflexividade e a apropriação subjetiva compõem como resultado desse trabalho, o alcance do processo de simbolização das situações traumáticas intra, inter e transubjetivas outrora vivenciadas pelas adolescentes.