“TEMA DA FACULDADE EM QUE NÃO PODE PÔR OS PÉS”: A PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE RAÇA E RACISMO NA PSICOLOGIA VERSUS AS VIVÊNCIAS DA JUVENTUDE NEGRA NO CURSO
Raça e racismo; psicologia; permanência na universidade; juventude negra
Essa dissertação tem como tema a comparação entre as produções acadêmicas nas áreas de raça e racismo na psicologia com a vivência da juventude negra universitária no curso de psicologia. Compreende-se que a psicologia, como uma profissão elitista e eurocêntrica, ignorou durante muito tempo as vivências dessas pessoas, suas vozes e experiências particulares. Apesar da presença de figuras negras imprescindíveis na construção da profissão no Brasil, a psicologia ainda olhava para o assunto como se fossem um problema do negro, e não uma questão de relações raciais (Bento, 2022). A partir disso, buscou-se compreender, através de um levantamento bibliográfico, como a pesquisa acadêmica em psicologia tem abordado o tema da raça e do racismo na área (com os descritores raça, racismo and psicologia), levando em consideração o recorte temporal a partir de 2003 (primeiro ano de política de cotas raciais implantadas na Universidade de Brasília) até o ano de 2023. A partir desse levantamento, realizou-se um grupo focal, buscando compreender as vivências de estudantes negras e negros no curso de psicologia, com o intuito de compreender como essa juventude percebe a si mesma, as relações raciais dentro do curso de psicologia e a relação com o espaço universitário, a partir de uma perspectiva interseccional, também percebendo estratégias de permanência na universidade e a visão dessas pessoas sobre o que precisa mudar nesse ambiente. A articulação desses resultados com a escrevivência de Conceição Evaristo e com relatos pessoais do autor apontam a necessidade de grupos de pesquisa e de trabalho voltados para a construção de estratégias de enfrentamento ao racismo – não só ao racismo institucional, mas ao racismo epistêmico e ao racismo recreativo – dentro do espaço universitário. Além disso, fazem-se necessárias políticas de assistência e de construção de novas ementas educacionais que abordem temáticas de relações raciais, ouvindo estudantes e tendo essas pessoas também como protagonistas da mudança a ser construída.