A Feminilidade em Freud: uma Leitura nas Entrelinhas
feminilidade; sexualidade feminina; Freud; psicanálise
As elaborações de Sigmund Freud acerca da feminilidade perpassam toda a sua obra e se entrelaçam à constituição da psicanálise. A mulher surge como um nó fundamental, seja na figura das histéricas, que marcaram a fundação do campo psicanalítico, seja em toda a trama conceitual que se produziu em torno desse tema. Para Freud, a assunção à feminilidade, como ápice do desenvolvimento sexual normal, estaria vinculada à maternidade, delineando, assim, uma equivalência entre mulher e mãe. Assim, o objetivo deste trabalho é atravessar alguns pontos da trama freudiana sobre a feminilidade, realizando uma leitura nas entrelinhas em busca de outros destinos possíveis. A dissertação organiza-se em três capítulos, nos quais a feminilidade é abordada sob diferentes perspectivas. No Capítulo 1, analisamos a construção conceitual da feminilidade em Freud, destacando os momentos em que o percurso da menina se singulariza e a equivalência mulher-mãe se impõe. No Capítulo 2, exploramos O motivo da escolha dos cofrinhos (1913), texto no qual Freud reafirma essa equivalência. A partir das obras que o inspiraram, buscamos, nas entrelinhas, outras possibilidades para a feminilidade. No Capítulo 3, discutimos as contribuições das mulheres à cultura e buscamos dar novos contornos a uma passagem freudiana que lhes atribui o desenvolvimento das técnicas do trançar e do tecer. Encerramos o trabalho indicando que, no texto A Análise Finita e a Infinita (1937), Freud apresenta uma nova concepção da feminilidade, que chamamos de fio solto, um fio a partir do qual cada sujeito pode tecer a si.