Banca de DEFESA: CLAUDIA RODRIGUES PÁDUA SALGADO BEATO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : CLAUDIA RODRIGUES PÁDUA SALGADO BEATO
DATA : 23/05/2025
HORA: 14:30
LOCAL: Híbrida
TÍTULO:

O e(x)tranho infamiliar na estética da literatura fantástica e no discurso do sujeito na clínica psicanalítica.


PALAVRAS-CHAVES:

infamiliar; psicanálise; literatura; angústia; nome próprio.


PÁGINAS: 223
RESUMO:

Esta pesquisa investiga o fenômeno clínico do infamiliar (Das Unheimliche), conceito desenvolvido por Freud em 1919, a partir de sua interlocução com a literatura fantástica. Para Freud, os elementos de horror presentes na ficção podem presentificar a angústia, revelando aspectos do inconsciente. O percurso da pesquisa retoma o caminho freudiano e a releitura lacaniana do fenômeno, que estabelece que o infamiliar pode ser considerado um ponto pivô da angústia e uma possibilidade de guinada da fala em direção à emergência do discurso inconsciente do sujeito. Metodologicamente, o trabalho está estruturado em três partes. Na primeira, apresentamos a hipótese do infamiliar como moradia de das Ding, articulando à lógica da constituição psíquica freudiana, pois explora a relação primária do bebê com o Outro e as marcas que se inscrevem ou não simbolicamente. O que não se representa psiquicamente persiste como fixação pulsional e se manifesta como angústia, um afeto que não engana para Lacan. O infamiliar é entendido como troumático, com base na noção de troumatisme, um real que fura o simbólico e instaura o estranhamento. Esse infamiliar, enquanto troumático e constituinte, possível morada de das Ding, pode ser da ordem de um e(x)tranho, um êxtimo, um entrelaçamento entre o fora e o dentro do eu: eu/não-eu. Como ilustração, analisa-se o conto fantástico O homem da areia, estudado por Freud, no qual o olhar do Outro revela o sujeito como objeto de desejo, no campo da pulsão escópica. Na segunda parte, dedica-se ao estudo da estrutura narrativa dos contos fantásticos, nos quais o real é representado pela irrupção de instantes de horror na ficção literária, o que sustenta a argumentação de sua aproximação ao processo analítico, particularmente em relação à fala e ao discurso do sujeito na clínica psicanalítica. Como demonstração teórica, analisamos o conto fantástico O diabo enamorado, de Jacques Cazotte, conto escolhido por Lacan para extrair do Che vuoi? (Que queres?), pergunta que o Diabo faz ao personagem principal, o ponto axial à fundamentação teórica do grafo do desejo, pois demonstra o momento de guinada da fala para o discurso como verdade inconsciente do sujeito. Na terceira e última parte, aprofundamos no Che vuoi? do grafo do desejo e sua aproximação com os contos fantásticos para tratar do ponto de repetição do real enquanto ponto de horror, em que o sujeito é revelado como objeto do gozo do Outro. Esse ponto de abertura inconsciente é semelhante ao conceito de tiquê, para Lacan, entendido como encontro com a falta do Outro. Com isso, acreditamos que esses inúmeros encontros com a falta do Outro, sob a forma de repetição, os significantes uns do inconsciente, revelam marcas negativizadas que vão se inscrevendo como discurso. Essas rasuras estão relacionadas ao traço unário, o que nos permite concluir, ao final da tese, que há um princípio norteador na cadeia do discurso inconsciente, que insiste em comparecer na fala, podendo ser escutado pelo desejo do psicanalista – diferenciando literatura e psicanálise –, e que está relacionado ao infamiliar como fronteira ao nome próprio


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - ADRIANA DE OLIVEIRA RANGEL - UFMT
Presidente - 1517148 - DANIELA SCHEINKMAN
Externo à Instituição - LUCIANO DA FONSECA ELIA - UERJ
Interna - 3017634 - MARCIA CRISTINA MAESSO
Externa à Instituição - Marcella Correa Laboissiere
Notícia cadastrada em: 05/05/2025 08:46
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