Protocolo Equilíbrio: Prevenção de Problemas de Comportamento em Crianças Autistas via Intervenção Remota com Cuidadores
análise do comportamento aplicada, intervenção via cuidadores, transtorno do espectro autista, Protocolo Equilíbrio, comportamentos-problema
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento de etiologia complexa envolvendo fatores genéticos e ambientais. Apresenta como características prejuízos persistentes na interação e comunicação social, assim como interesses restritos e/ou comportamentos estereotipados, com surgimento precoce. Os problemas de comportamento são frequentemente eleitos como alvos de intervenção e apresentam alta prevalência nessa população. Apesar da intervenção ABA - Análise do Comportamento Aplicada ser indicada pela Organização Mundial de Saúde para o tratamento do autismo, ainda é inacessivel para a maioria da população devido a suas especificidades. Assim, a modalidade de intervenção implementada via cuidadores revelou-se uma alternativa factível, para ampliar o acesso a tratamento de pessoas diagnosticadas com TEA. Ademais, a pandemia da Covid-19, nos anos 2020 e 2021, impôs o distanciamento social como medida para a contenção da disseminação do vírus, impactando as práticas assistenciais de saúde, valorizando o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação. O estudo teve como objetivo: investigar a aplicação remota do Protocolo Equilíbrio (PE), implementado via cuidadores em 10 passos, e seus efeitos nos comportamentos-alvo (problemas de comportamento emergentes, tempo de liderança da criança/adulto, resposta ao nome, comunicação, tolerância e cooperação) de duas crianças autistas com idades entre 3 e 6 anos. Utilizou-se o delineamento experimental de sujeito único conduzido nas condições: linha de base natural; linha de base orientada; intervenção; pós-teste; generalização; A intervenção com os cuidadores lançou mão de estratégias de ensino como instrução verbal, manuais instrucionais, videomodelação e feedback. Os instrumentos utilizados foram: Manual do PE (pais e profissionais, incluindo o InFORM e Avaliação de Validade Social), Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil (IDADI) e Aberrant Behavior Checklist (ABC). As sessões ocorreram de forma remota pela Plataforma Zoom. Para o participante 1, os resultados mostraram diminuição de problemas de comportamento, com redução de itens pontuados no ABC, comparados no pré e no pós-teste, além de melhora nos domínios do IDADI, sendo cinco deles interpretados como dentro do desenvolvimento típico no pós-teste. Não foi feito o pós-teste do ABC e IDADI para o participante 2, sendo relatados dados até o passo 3 do PE. Os resultados do PE mostraram diminuição de comportamentos-problema não cooperativos, aumento nas habilidades de responder ao nome (participantes 1 e 2), comunicação (participante 2) e tolerância (participante 1), além de distribuição mais equilibrada entre o tempo liderado pelo adulto e pela criança para os dois participantes. Os pais avaliaram a intervenção como altamente relevante. O estudo mostrou-se importante para testar estratégias/procedimentos com crianças autistas, com treino de cuidadores oferecido à distância, o que pode contribuir com os serviços de saúde, em especial os públicos, voltados a essa clientela.