Neoliberalismo e Subjetivação: da promessa de liberdade à produção de sofrimento
neoliberalismo, capitalismo, mal-estar, subjetivação.
Esta pesquisa surge a partir de práticas da clínica psicanalítica e tem como objetivo geral analisar
a relação de políticas econômicas neoliberais com a gestão do sofrimento psíquico e do mal-estar. Como
objetivos específicos, propõe-se a compreender a transformação do liberalismo clássico em políticas
neoliberais, discorrer sobre o manejo da relação com o outro e seus conflitos, a partir de uma economia
psicológica neoliberal, examinar o discurso capitalista como administração do gozo, na sua relação com o
ideal de desempenho no neoliberalismo e analisar a produção de sofrimento acerca da idealização da
liberdade promovida por tal economia psicológica. Para tanto, utiliza-se a metodologia de revisão
bibliográfica de teorias sociopolíticas, principalmente em David Harvey e em Dardot e Laval, a respeito
do governo neoliberal, bem como em referenciais teóricos da Psicanálise, como Freud e Lacan, para
pensar o mal-estar na cultura e a constituição do sujeito psicanalítico a partir da relação com o Outro.
Além disso, são utilizados autores contemporâneos, como Dunker, Safatle e Byung Chul Han para pensar
na articulação psicanalítica com as teorias sociopolíticas a respeito do neoliberalismo. Utiliza-se, também,
de uma metodologia de escrita psicanalítica e de narrativas clínicas para ilustrar os sofrimentos dos
sujeitos contemporâneos. Neste sentido, o primeiro capítulo versa sobre a constituição do sujeito a partir
da relação com o Outro, bem como a composição da relação sujeito/cultura a partir do sujeito barrado, da
castração e do mal-estar. No segundo capítulo são apresentadas teorias sociopolíticas a respeito da
transformação do liberalismo clássico em políticas neoliberais e também seus ideais, como o sujeito
empresa e uma nova gestão do mal-estar, relacionando o ideal de desempenho e liberdade a formas de
gozo. No terceiro capítulo são desenvolvidas discussões acerca do discurso capitalista, da relação com o
outro na contemporaneidade e da produção de sofrimentos psíquicos, que ora aparecem como gozo do
desempenho, ora como processos de dessimbolização. Como encerramento, num quarto capítulo, são
apresentadas algumas narrativas clínicas de sujeitos contemporâneos na relação com tais sofrimentos,
pensando a clínica psicanalítica como o lugar privilegiado para elaboração de conflitos.