Atitude Decolonial, Descolonização Cultural e [R]existência feminina em O mundo se despedaça, de Chinua Achebe
Chinua Achebe; atitude decolonial; Descolonização Cultural; patriarcado; [R]existência feminina.
Esta dissertação analisa o romance O mundo se despedaça, de Chinua Achebe, originalmente publicado em 1958, à luz de teorias pós-coloniais, decoloniais e feministas, principalmente dos conceitos de atitude decolonial, giro estético decolonial, Descolonização Cultural e patriarcado. No decorrer da pesquisa, buscou-se destacar a relevância de uma narrativa sobre o funcionamento da comunidade igbo (pré)colonial, com suas virtudes e contradições, assim como da colonização britânica daquele povo, nos séculos XIX e XX, literariamente representados no romance achebiano, dando ênfase ao realismo histórico que permeia sua poética. Em vista disso, questões relacionadas à tradição, colonização, patriarcado e resistência são priorizadas, evidenciando aspectos culturais em Igbolândia, os instrumentos do colonialismo, a igreja, a escola e o tribunal de justiça, mas também a [R]existência feminina às violências de natureza patriarcal em Umuófia, espaço predominante da narrativa. Composta de três capítulos, a dissertação desenvolve ideias centrais ao pensamento pós-colonial, decolonial e feminista, amalgamadas pela tradição literária africana por meio da análise realizada. No primeiro capítulo, mostra-se o romance de Achebe como “atitude decolonial” de um “condenado da terra”, nos termos de Maldonado-Torres (2020) e Fanon (1968). No segundo, com o auxílio de Achebe (2012), Mudimbe (2022), Adichie (2019), Mortari (2016), Braga (2019) e Said (2011), O mundo se despedaça é apresentado como tentativa de “equilíbrio das 2 histórias” e “Descolonização cultural”. No terceiro, examina-se o patriarcado e a [R]existência feminina representados no romance em questão, especialmente sob à ótica do feminismo negro, com o auxílio de Vergès (2020), Lugones (2014), Segato (2022), Carneiro (2005), hooks (2019), Lorde (2019, 2020), Kilomba (2019), Collins (2020) e Oyěwùmí (2020). Nas considerações finais da dissertação, a partir da abordagem de O mundo se despedaça, destacase a viabilidade de aplicar as perspectivas pós-colonial, decolonial e feminista no campo dos Estudos Literários, uma vez que pode contribuir para descolonizar a pesquisa em literatura, já que ainda se trata de uma área dominada pelo euro-eua-centrismo.