Ecotoxicologia aquática de retardantes de fogo
Incêndios, retardantes de chama, ecotoxicologia aquática, toxicidade aguda, mesocosmos.
Em um cenário de mudanças climáticas globais com o crescimento dos impactos socioeconômicos e ambientais dos incêndios florestais em diferentes partes do mundo, tem-se buscado o uso de diferentes tecnologias para a prevenção e controle dos incêndios de forma mais eficaz. Dentre essas alternativas, tem-se destacado o uso de retardantes de chama. Apesar desses compostos não serem ainda largamente utilizados no combate aos incêndios no Brasil, eles se encontram disponíveis comercialmente e a maioria das informações sobre esses produtos no país abordam basicamente sobre a sua eficiência. Os organismos aquáticos podem ser expostos a retardantes de chama através de escoamentos superficiais ou por meio de aplicação aérea direta durante incêndios florestais e são poucos os estudos que investigam os potenciais impactos desses compostos em ecossistemas aquáticos em curto, médio e longo prazo em regiões tropicais. Diante da inexistência de regulamentação para o uso de retardantes de chama no Brasil, o trabalho pretende avaliar os efeitos ecotoxicológicos de diferentes tipos de retardantes de chama sobre os organismos aquáticos de diferentes níveis tróficos a fim de contribuir para um melhor conhecimento sobre aplicação desses produtos próximos a corpos hídricos. Inicialmente, testes de toxicidade aguda dos retardantes à microalga Raphidocelis subcapitata, aos microcrustáceos Ceriodaphnia dubia e Daphnia magna, aos embriões e adultos do peixe Danio rerio e ao molusco Biomphalaria glabrata tem sido realizados para a identificação da CL50 (Concentração Letal a 50% dos indivíduos). Em paralelo aos testes de toxicidade, serão realizadas análises físico-químicas para melhor compreender a dinâmica desses compostos no ambiente aquático. Para obter informações mais realistas sobre os efeitos desses compostos na biota aquática, ensaios ecotoxicológicos em escala de mesocosmos (multiespecíficos) serão realizados. Com esses dados, uma avaliação dos riscos com a concentração recomendada dos retardantes de chama será realizada. Até o momento, os resultados têm demonstrado uma variação de toxicidade entre os diferentes retardantes de chama e as espécies avaliados e a maioria dos compostos apresentam riscos aos organismos aquáticos em cenários de exposição de aplicação aérea direta.