Vida livre ou cativeiro? Ferramentas isotópicas para identificar a origem de pássaros silvestres.
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Nos últimos séculos tem sido desencadeado um período de intensa perda de espécies, comparado às cinco ondas de extinção em massa já existentes na Terra. No entanto, a sexta onda de extinção, ao contrário das anteriores, é causada basicamente por ações antrópicas levando a uma perda de fauna global e afetando os diferentes grupos taxonômicos, ainda que de maneira heterogênea. Dentre as principais ações antrópicas que têm efeito direto sobre a fauna está a sua sobre-exploração cujo efeito, apesar de já conhecido, nunca foi efetivamente combatido. A caça, coleta, captura e o comércio irregular de animais silvestres ocorrem em todo mundo, mas apresenta particularidades locais. No Brasil, tais atividades estão voltadas especialmente para o abastecimento de um mercado consumidor de animais de estimação, especialmente pássaros canoros. Apesar de já ser possível identificar padrões quanto ao tráfico de animais silvestres no país, algumas questões ainda precisam ser melhor debatidas, como a possível relação entre a criação autorizada e a ilegal de espécimes nativos. Estudos têm apontado que a existência de um mercado legal de animais silvestres apenas pode funcionar para fins conservacionistas se, dentre outros critérios, não houver “esquentamento” das espécies comercializadas. Nesse sentido, é fundamental o desenvolvimento de novas técnicas que permitam distinguir animais legais (nascidos em cativeiro) dos “esquentados” (capturados na natureza e colocados em cativeiro com aparência de regulares). O principal objetivo dessa Tese é a aplicação dos isótopos estáveis para a distinção entre pássaros silvestres oriundos de vida livre e cativeiro. No primeiro capítulo, foi realizada uma revisão na literatura das publicações já existentes utilizando isótopos estáveis em vertebrados de vida livre e cativeiro, demonstrando a relevância da ferramenta em distinguir esses dois grupos em diferentes taxa. O segundo capitulo traz análises de diferenças isotópicas em penas de indivíduos da família Thraupidae de vida livre e cativeiro em todo o Brasil, além de modelos de classificação com base nos valores de δ 13C, δ 15N, δ 2H e δ 18O para identificar a origem de novas amostras de origem desconhecida. Por fim, no terceiro capítulo foram elaboradas novas isoscapes de δ 13C, δ 15N, δ 2H e δ 18O para penas de indivíduos de vida livre e de cativeiro da família Thraupidae, O desenvolvimento das ferramentas aqui propostas poderá servir como base para outros estudos tanto ecológicos como forenses e auxiliar órgãos governamentais no combate ao tráfico de animais silvestres.