Substâncias de alarme para proteção da ictiofauna no setor hidrelétrico
confinamento de peixes; substâncias de alarme; hipoxantina-3-N-óxido; condroitina; repulsão.
As usinas hidrelétricas interrompem usualmente a geração de energia para realização de algumas manobras, testes e manutenções mecânicas nas unidades geradoras, o que pode ocasionar acúmulo de biomassa de peixes no tubo de sucção. Consequentemente, as variáveis determinantes da qualidade da água, como oxigênio dissolvido, temperatura e amônia, podem ser alteradas devido ao longo período de preparo para atividades de resgate dos peixes confinados. Dessa forma, o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis que minimizem o aprisionamento de peixes em usinas hidrelétricas é imprescindível. As substâncias de alarme possuem a capacidade de alterar o comportamento de peixes expostos a ela, causando reações de alarme e repulsão. Essas substâncias são naturalmente liberadas após lesão na pele de peixes em sinal de resposta defensiva a uma situação de perigo. De acordo com a literatura a hipoxantina-3-N-óxido e a condroitina são compostos ativos presentes nas substâncias de alarme e são sintetizadas e comercializadas. Tendo em vista a potencialidade dessas substâncias como ferramenta de proteção da ictiofauna, este estudo apresenta uma investigação da eficiência e viabilidade de aplicação em usinas hidrelétricas. As metodologias de aplicação do extrato de pele, da hipoxantina-3-N-óxido e da condroitina foram desenvolvidas em laboratório e a avaliação dos comportamentos dos peixes condicionados a estas substâncias ocorreram de forma remota com auxílio de aquários instrumentalizados. Análises de estresse no metabolismo também foi feita através de determinações de glicose no sangue dos peixes. A aplicação na Usina Hidrelétrica Jirau, em Rondônia, ocorreu com adaptação do sistema de aeração presente nas unidades geradoras e o monitoramento dos peixes no tubo de sucção foi feito com auxílio de um sistema de monitoramento hidroacústico em tempo real. As espécies Matrinxã (Brycon cephalus) e Tambaqui (Colossoma macropomum) exibiram reações anti-predadoras quando expostos à hipoxantina-3-N-óxido (3,0 e 6,0 µg L-1), ao sulfato de condroitina (5 µg L-1) e aos extratos cutâneos das espécies Matrinxã e Pirarucu (Arapaima gigas). Os comportamentos mais recorrentes foram natação rápida e agrupamento, além de letargia e alguns episódios de agressão entre os espécimes. Em campo os extratos cutâneos e o sulfato de condroitina suscitaram algum grau de perturbação, indicando potencialidade dessas substâncias como método futuro de proteção da ictiofauna no setor hidrelétrico.