Compostagem conjunta de resíduos orgânicos e rochas moídas na cafeicultura: vida nova para terra
Fertilizante orgânico; Autossuficiência; Produção de café; Agrominerais silicáticos; Sustentabilidade agrícola; Recursos locais.
A cafeicultura tem histórica relevância geopolítica e econômica no Brasil. O caminho técnico e químico da agricultura industrial passou por um desenvolvimento extraordinário, com a ajuda de enorme aparato tanto da ciência quanto da indústria química e tecnológica. Entretanto, como consequência da agricultura industrial, ao longo do tempo, notou-se uma redução da renda por unidade produzida, já que o produtor rural usualmente se depara com setores concentrados ou oligopolizados para a compra de seus insumos e precisam vender seus produtos com preços formados pela livre concorrência. Ademais, é evidente que, baseados em recursos finitos, nutrientes essenciais em algum momento não estarão mais disponíveis para a agricultura convencional. Neste sentido, na presente pesquisa foram realizados quatro estudos com o uso de composto feito com resíduos orgânicos produzidos na própria propriedade e pós de rochas disponíveis regionalmente. No primeiro estudo avaliou-se a qualidade de um fertilizante produzido com a compostagem conjunta resíduos orgânicos e rochas moídas. No segundo, analisou-se o efeito dos diferentes teores de pó de rocha na compostagem e no produto final. Já no terceiro, comparou-se o resultado de três diferentes farinhas de rochas no processo de compostagem e no fertilizante orgânico. Por fim, pesquisou-se o comportamento dos solos, a produção e a qualidade da bebida de dois sistemas de adubação em uma lavoura cafeeira em Unaí, noroeste de Minas Gerais, no Cerrado: um com adubação convencional e outro com uso de fertilizantes baseados em Fontes Regionais de Nutrientes. No primeiro estudo, as análises química, orgânica, biológica e sanitária indicaram que o processo de compostagem foi realizado de forma correta. Com isso, o composto exibiu a maioria das garantias mínimas para ser enquadrado como fertilizante orgânico composto classe A, o que pode melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando a autonomia do agricultor e diminuindo sua dependência dos combustíveis fósseis. No segundo trabalho, constatou que valores acima de 30% de pó de rocha atrapalha o operacional e desenvolvimente biológico da compostagem. Na terceira pesquisa, notou-se que a compostagem foi eficiente em todos os tratamentos, demonstrada pela caracterização da fase termofílica e ausência de coliformes totais e de germinação de plantas espontâneas no produto final. O tratamento com micaxisto apresentou a menor diminuição relativa de potássio entre as matérias-primas originais e o produto final, indicando uma melhor relação entre custo e benefício. Por fim, o sistema de adubação com FRN, quando comparado com o sistema de adubação convencional, alcançou resultados superiores nas funções de ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes. Além disso, o sistema FRN obteve maior produtividade e melhor qualidade de bebida de café.