Prrcepções e estratégias: a resistência de duas feiras frente à expansão dos atacarejos no Distrito Federal
Circuitos curtos de comercialização; consumo político; economia local; sistemas agroalimentares
A expansão dos “atacarejos" vem gerando o distanciamento e a ruptura na relação produtor-consumidor, de modo a alargar o contato de quem consome com quem produz o alimento, abrindo espaço para o consumo cada vez mais padronizado, enlatado e embalado. No Brasil, mais de 66% dos lares preferem consumir em atacarejos, dado que gradativamente aumenta e pode ameaçar a existência das feiras orgânicas e agroecológicas da região. A presente dissertação teve por objetivo geral investigar como a Feira da Ponta Norte (Asa Norte, Brasília-DF) e a Feira do Padre (Sobradinho-DF) resistiram e resistem aos avanços dos atacarejos no Distrito Federal. Para tanto, utilizou como abordagem a pesquisa qualitativa com procedimento de estudo de caso e métodos de coleta pautados em entrevista semiestruturada, formulário on-line e observação participante envolvendo agricultores/as-feirantes e consumidores/as das duas regiões administrativas de estudo. As informações obtidas foram organizadas e codificadas por meio da análise de conteúdo, revelando as principais categorias e percepções das pessoas participantes sobre a expansão dos atacarejos e a resistência das feiras. Entre os principais resultados, o trabalho destacou a importância da conscientização do consumo político dos consumidores e o apoio da administração local, como forma de Universidade de Brasília Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural manutenção frente aos demais canais de comercialização, além de demonstrar as estratégias de venda e organização social dos participantes. Os debates levantados contribuem para a linha de pesquisa em Desenvolvimento Rural e Sociobiodiversidade, de modo a promover a percepção crítica sobre os circuitos curtos de comercialização, promovendo o resgate do consumo direto entre agricultores/as e consumidores/as e, consequentemente, com a relação campo-cidade.