RAÍZES SUSTENTÁVEIS: O PROTAGONISMO FEMININO NOS QUINTAIS PRODUTIVOS
Mulheres Trabalhadoras Rurais; Marcha das Margaridas; Políticas Públicas, Movimentos de Mulheres; Comunidades Rurais
As interseções entre gênero, agroecologia e políticas públicas têm sido objeto de crescente atenção nos estudos sobre meio ambiente e desenvolvimento rural. A Marcha das Margaridas se consolida como um espaço político fundamental na articulação de demandas das mulheres trabalhadoras rurais, evidenciando a necessidade de estratégias estruturantes para enfrentar as assimetrias de gênero no campo. Dentre essas estratégias, os quintais produtivos surgem como locais de resistência e autonomia feminina, promovendo a valorização dos saberes das mulheres trabalhadoras rurais. Assim, a pesquisa destaca o protagonismo das mulheres nos quintais produtivos, analisando a institucionalização dos quintais produtivos como política pública por meio do Programa Quintais Produtivos para Mulheres Rurais. O estudo objetiva compreender a construção dos quintais produtivos enquanto espaços e instrumentos de fortalecimento da agroecologia e da (auto)organização das mulheres. Especificamente, analisa-se a incidência dos movimentos de mulheres na consolidação do debate sobre quintais produtivos, bem como as estratégias de (auto)organização adotada por elas. Metodologicamente, adotou-se uma abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas realizadas principalmente com mulheres que atuam nos quintais produtivos no Distrito Federal. Os dados foram analisados por meio do software Iramuteq. Além disso, foi realizada uma análise documental dos Editais de Chamamento Público nº 01/2023 e nº 02/2024 – Estruturação de Quintais e da Organização Produtiva das Mulheres Rurais. Os principais resultados apontam que os quintais produtivos se configuram como espaços estratégicos de fortalecimento da autonomia das mulheres, promovendo a valorização de saberes tradicionais, a produção agroecológica e a geração de renda. As entrevistas evidenciam práticas de (auto)organização coletiva e redes de cooperação, enquanto a análise dos editais demonstra avanços institucionais, embora ainda limitados em termos de alcance e efetividade. A Marcha das Margaridas se destaca como ator político central na incidência e formulação dessas políticas. O estudo contribui para o aprofundamento teórico acerca da relação entre gênero e agroecologia, além de fornecer subsídios para aprimoramento das políticas públicas voltadas ao fortalecimento das mulheres trabalhadoras rurais.