Práticas Agroextrativistas e os Arranjos Produtivos Familiares no Vale Do Rio Urucuia em Arinos -MG
Agroextrativismo, Agricultura Familiar, Cerrado, Desenvolvimento Rural
A dissertação analisa as práticas agroextrativistas e os arranjos produtivos familiares no Vale do Rio Urucuia, com foco no município de Arinos-MG e na atuação da COPABASE (Cooperativa de Agricultura Familiar Sustentável com Base em Economia Solidária). O estudo se insere no contexto das comunidades rurais do Cerrado mineiro, ressaltando a importância do agroextrativismo como prática sustentável, promotora de renda e conservação da biodiversidade. A pesquisa parte da vivência pessoal do autor em uma comunidade de assentamento, onde teve contato direto com práticas produtivas comunitárias. Através de abordagem qualitativa e descritiva, foram utilizados métodos como revisão bibliográfica, entrevistas semiestruturadas com agricultores e análise documental. A coleta de dados abrangeu sete comunidades rurais, com aplicação de 15 questionários, visando traçar o perfil socioeconômico e produtivo dos agricultores extrativistas. O agroextrativismo é apresentado como uma prática híbrida entre agricultura e extrativismo, fortemente enraizada nos saberes tradicionais e modos de vida das comunidades locais. Os resultados apontam que a maioria dos entrevistados são mulheres, com idades acima dos 45 anos, com predomínio de ensino fundamental incompleto e baixa renda mensal. A prática extrativista aparece como principal ou complementar fonte de renda, especialmente por meio da coleta de frutos nativos como baru e pequi. O estudo destaca o papel fundamental da COPABASE na organização da produção, acesso a mercados, capacitação técnica e na promoção da agroecologia. A cooperativa atua em mais de dez municípios, beneficiando comunidades quilombolas, indígenas, assentados e ribeirinhos. Sua estrutura inclui agroindústrias, certificação orgânica e canais de comercialização, inclusive internacional. A atuação da cooperativa tem contribuído para a valorização dos produtos da sociobiodiversidade do Cerrado, favorecendo a autonomia econômica dos agricultores e promovendo a permanência das famílias no Campo. Entre os principais desafios identificados estão a sucessão geracional, o acesso à educação e o fortalecimento das políticas públicas voltadas à agricultura familiar e ao extrativismo sustentável. O trabalho conclui que o agroextrativismo, articulado a práticas cooperativas e políticas públicas de apoio, pode ser uma alternativa viável para o desenvolvimento rural sustentável, associando preservação ambiental, segurança alimentar e valorização cultural.