Composição e Estrutura do Estrato de Regeneração Arbórea de um Cerrado Sensu Strictu do Parque Ecológico Sucupira, Planaltina – DF.
Restauração Ecológica, Regeneração Natural Assistida (RNA), Unidade de Conservação.
O Cerrado, reconhecido como a savana mais biodiversa do planeta, enfrenta desafios críticos devido ao desmatamento, incêndios e expansão agropecuária, comprometendo sua biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Este estudo, realizado no Parque Ecológico Sucupira (PES), em Planaltina-DF, buscou caracterizar a composição e estrutura do estrato de regeneração arbórea em um cerrado sensu stricto, avaliando o potencial da Regeneração Natural Assistida (RNA) como estratégia de restauração ecológica. Foram instaladas dez parcelas permanentes de 1.000 m², totalizando 1 ha, onde foram inventariados 240 indivíduos lenhosos, pertencentes a 23 famílias e 43 espécies. Destacaram-se Macherium opacum, Stenocalyx dysentericus e Brosimum gaudichaudii como espécies dominantes, com elevado Índice de Valor de Importância (IVI). A análise da distribuição diamétrica e de altura revelou uma predominância de indivíduos jovens (70-80% com diâmetro ≤4 cm; 89% com altura ≤1,28 m), indicando um estágio inicial de sucessão ecológica, influenciado por fatores como compactação do solo, competição com gramíneas exóticas e histórico de perturbações antrópicas. A predominância de síndromes de dispersão zoocóricas (51%) e anemocóricas (39%) reforça a dependência de interações bióticas e abióticas para a recuperação da área, enquanto a baixa representatividade de espécies climáxicas sugere limitações na dispersão ou estabelecimento. A agregação espacial observada em nove espécies, como Caryocar brasiliense e Dimorphandra mollis, evidencia microhabitats favoráveis ou dispersão limitada, ressaltando a importância de estratégias de nucleação na restauração. Conclui-se que, embora o PES apresente resiliência natural, a efetividade da RNA depende da integração de intervenções como controle de invasoras, enriquecimento florístico e monitoramento contínuo. Este trabalho não apenas avança no entendimento da dinâmica regenerativa do Cerrado, mas também oferece subsídios técnicos para políticas públicas de conservação, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), reforçando a urgência de ações que conciliem restauração ecológica, participação social e gestão territorial sustentável.