ANÁLISE COMPARATIVA DE TÉCNICAS DE PLANTIO PARA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA EM ÁREAS DE CERRADO SENTIDO RESTRITO;
Recuperação de áreas degradadas; germinação; espécies nativas; semeadura direta, viabilidade técnica.
Um dos principais gargalos para a ampliação das ações de restauração ecológica no Cerrado relaciona-se à escassez de técnicas eficazes e economicamente viáveis. Esta pesquisa avaliou técnicas de plantio de espécies lenhosas visando restauração de áreas de cerrado sentido restrito, através da verificação da viabilidade das sementes e experimento em campo. A semeadura foi realizada em março de 2024, em delineamento inteiramente casualizado com oito repetições. Avaliamos dois fatores: cinco espécies (Astronium fraxinifolium, Cecropia pachystachya, Dipteryx alata, Qualea grandiflora e Tabebuia aurea) e três técnicas de plantio (transplantio de plântulas germinadas em bandeja rígida de plástico (TBJ), transferência dos copos de papel com plântulas germinadas para o campo (TCP) e semeadura direta no campo (TSD)). No TSD, as sementes foram depositadas diretamente no solo. Para TBJ e TCP, as sementes foram germinadas em viveiro, em bandejas plásticas e copos de papel, respectivamente, sendo as plântulas transplantadas para o campo em maio de 2024. A emergência foi avaliada 30 dias após a semeadura, e a sobrevivência foi monitorada 12 meses após o transplantio (maio de 2025). Os dados foram submetidos a análises de variância, após verificação dos pressupostos de normalidade (Shapiro-Wilk) e homogeneidade de variâncias (Levene). Quando estes não foram atendidos, adotaramse análises não paramétricas (teste de Kruskal-Wallis com post-hoc de Dunn), complementadas por testes de correlação de Pearson. Para potencializar a aplicação dos resultados, adotou-se abordagem de integração com a ferramenta Potencial de Restauração e Uso (RUP - Restorability and Use Potential). Observamos respostas espécie-específicas que sustentam a necessidade de abordagens individualizadas. A. fraxinifolium (RUP=24) destacou-se como espécie generalista com alta taxa de estabelecimento (85,2%) e estabilidade entre tratamentos, posicionando-se como recurso estratégico para projetos com restrições orçamentárias. D. alata (RUP=28) comportou-se como especialista, com estabelecimento superior no TSD (91,3%). Q. grandiflora demandou proteção contra herbivoria, com taxa de estabelecimento de 73,7% no TBJ e mortalidade total no TCP. TSD promoveu maiores incrementos de crescimento, com D. alata atingindo 18,14 cm de altura e 7,34 mm de diâmetro de coleto. O protocolo decisório emergente indica: (1) flexibilidade operacional para espécies generalistas como A. fraxinifolium; (2) TSD como estratégia incontornável para espécies de alto valor econômico como D. alata; (3) proteção via TBJ para espécies vulneráveis como Q. grandiflora. Esta abordagem tripartite, integrando sobrevivência e potencial de uso, otimiza a alocação de recursos e transforma a restauração de custo obrigatório em investimento estratégico.