Agricultura agroflorestal como estratégia de mitigação das mudanças climáticas: um estudo de caso no contexto da cafeicultura no Distrito Federal
Uso da terra; Carbono orgânico do solo; Agricultura regenerativa; Manejo; Agroecologia
A mudança de uso da terra é a principal fonte das emissões brasileiras de GEE. Os processos de expansão da fronteira agrícola, frequentemente associados ao desmatamento, têm resultado na migração de Carbono (C) da biomassa para a atmosfera e na diminuição dos estoques de C do solo. Diante desse cenário e das emergências climáticas, proteger os ecossistemas naturais e favorecer mecanismos de captura de C são medidas necessárias para reverter o quadro das emissões. Assim, este trabalho discute o papel dos Sistemas Agroflorestais (SAF) no contexto da agenda de mitigação das mudanças do clima. Consolidados como uma das tecnologias da Agricultura de Baixo Carbono (ABC), os SAF são sistemas agrícolas nos quais as espécies são organizadas em uma lógica de sucessão de consórcios e de estratificação vertical da vegetação. Por meio do manejo, a sobreposição de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas intensifica a deposição de biomassa sobre o solo. Dessa forma, esses agroecossistemas têm potencial de aumentar o teor de matéria orgânica (MO) no solo e otimizar a atividade fotossintética, contribuindo para o armazenamento de C. Assim, o presente trabalho avaliou aspectos edáficos e de reflectância solar em dois contextos de cafeicultura no Núcleo Rural Lago Oeste (DF): um sistema de monocultivo (Mono) e um sistema agroflorestal (SAF). A análise dos atributos químico dos solos (pH, CO, P e K) foi realizada por meio de 6 amostras compostas de cada área, coletadas em profundidade de 0-30cm, em dois períodos distintos: na estação seca (T1) e na estação chuvosa (T2). Para fins comparativos, o mesmo procedimento foi realizado em uma área em pousio (Pousio). Observou-se um aumento médio de 79.2 % no teor de CO em SAF em relação a Mono, provavelmente associado à maior deposição de matéria orgânica, à maior diversidade de compostos orgânicos depositados, bem como à melhor proteção do C nos agregados do solo. O pH do solo também foi mais elevado em áreas de SAF se comparada aos demais tratamentos. Por meio da aplicação do Índice de Vegetação OSAVI através de sensoriamento remoto proximal (VANT) verificou-se aumento médio em 285% da atividade fotossintética em SAF (0.647 ± 0.207) comparado a Mono (0.168 ± 0.253). Os resultados apresentaram diferença estatística (p < 0.001) a partir da análise variância (ANOVA) e reforçam indicadores dos Sistemas Agroflorestais como estratégicos para a mitigação das emissões geradas pelos agroecossistemas, sendo ferramenta essencial para a redução dos GEE por meio da agricultura.