Do reconhecimento à efetividade: um olhar para a agenda de Sistemas Agrícolas Tradicionais no Brasil a partir da experiência das comunidades apanhadoras de sempre-vivas na Serra do Espinhaço (MG)
colonialismo ambiental; políticas públicas; patrimônio agrocultural; povos e comunidades tradicionais
Desde o Século XX, pesquisadores vêm discutindo a importância da conservação da natureza. A partir da Rio-92, se estabelece a Convenção da Diversidade Biológica e, a partir dela, uma série de tipologias passam a influenciar políticas nos Estados nacionais. O Brasil, reconhecidamente líder dos países megadiversos, possui importância global pelo seu patrimônio agrobiodiverso. Recentemente, as apanhadoras de sempre-vivas em Minas Gerais foram reconhecidas como o primeiro Sistema Importante do Patrimônio Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidades para a Alimentação e Agricultura. Essa pesquisa se dispôs a compreender os resultados deste reconhecimento a partir de uma pesquisa qualitativa-exploratória com estudo de caso. Um dos maiores paradoxos observados com base na análise dos dados colhidos em campo é a ausência de diálogo entre as comunidades e os órgãos ambientais na gestão da salvaguarda fomentado pelos conflitos narrados ao longo do texto e ainda presentes. Conclui-se que o principal resultado do reconhecimento é o processo de autorreconhecimento das comunidades enquanto detentoras de direitos, e o processo de documentação e memória. Considera-se que este processo tem o potencial de servir como marco zero para a formulação e coordenação de outras políticas para povos e comunidades tradicionais.