Banca de QUALIFICAÇÃO: Johan Robert Slätis

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Johan Robert Slätis
DATA : 30/05/2024
HORA: 14:00
LOCAL: meet.google.com/wzd-buse-gqh
TÍTULO:

Causas da baixa recuperação nas florestas manejadas: Dinâmica de proliferação de lianas em uma floresta manejada na Amazônia Oriental após exploração madeireira, desbaste e incêndio


PALAVRAS-CHAVES:

Sustentabilidade, manejo florestal, dinâmica de árvores


PÁGINAS: 45
RESUMO:

As lianas proliferam depois das perturbações nas florestas tropicais, competindo com as árvores por luz, água e nutrientes reduzindo, dessa forma, o sequestro de CO2. A proliferação de cipós pode ser uma das causas da baixa recuperação no volume de árvores em florestas manejadas. O aumento da luminosidade após um ciclo de exploração madeireira favorece lianas e espécies pioneiras.

Nessa pesquisa foram utilizados dados do inventário permanente da floresta manejada do km114 na Floresta Nacional de Tapajós, no estado do Pará, com o objetivo de estudar as mudanças na prevalência de lianas após a exploração, desbaste, incêndio e estiagem. A primeira extração de madeira, nessa floresta, ocorreu em 1982 (48 parcelas), um desbaste com três intensidades em 1994 (36 parcelas), um incêndio em 1997 que afetou 19 parcelas e uma estiagem em 2005. O inventário contém oito medições com informações ecológicas, dos diâmetros, espécies, a presença ou não de lianas, de todas árvores <10 cm em 60 parcelas de 0,25 ha.

Após a exploração em 1982, a redução média da área basal (G) foi de 6,8 m2 ha-1. Nas áreas de tratamento, a prevalência de lianas (% de árvores infestadas por lianas) aumentou de 13%, em 1981, para 49%, em 2012. Percebeu-se que, quanto maior a intensidade na exploração madeireira e distúrbios florestais, mais intensa foi a prevalência das lianas. Nas áreas de controle com uma floresta primária e que, a prevalência inicial de lianas foi mais elevada, houve uma queda de 11% dessa prevalência durante o período observado.

Os dados foram analisados em 4 intervalos de tempo. Após o corte, em 1983 - 1989, a área basal (G) da parcela cortada influenciou significativamente a proliferação das lianas. Nas parcelas com uma baixa G, a proliferação de lianas foi maior, com um aumento média anual de 2,7%. Nas parcelas com alta G, o aumento na prevalência das lianas foi de 2 %. Após essa rápida proliferação, em 1989-1995, houve uma estabilização, devido ao fechamento do dossel.

Depois de desbaste, em 1994, (período 1995 - 2003), houve um acréscimo de 11% na prevalência de lianas em relação às parcelas que não tiveram o desbaste. O incêndio reduziu inicialmente a prevalência das lianas, mas houve uma recuperação intensa destas após período de incêndio e seca. As lianas são sensíveis para o fogo, mas rebrotaram das raízes e caules, o que pode explicar o seu rápido aumento posteramente ao incêndio.

Percebe-se que, no Tapajós, não houve um aumento de abundância de lianas nas florestas primárias. Lawrence et al. (2014) encontraram um aumento significativo de lianas em uma floresta primária com características simulares próximo à Manaus, no estado do Amazonas. Segundo os autores, o aumento foi explicado por aumento de CO2 atmosférico. No Tapajós, as lianas reduziram em 10 % nas florestas primárias com uma alta prevalência de lianas inicial durante o período de 1983-2012.

Todos os distúrbios na floresta aumentaram a prevalência das lianas. Sem corte de lianas, as florestas manejadas entram no segundo ciclo de corte com uma alta prevalência de lianas. Depois do segundo ciclo de exploração de madeira, a proliferação de lianas aumentará possivelmente para uma prevalência de até 70 - 90%. No contexto de implicações práticas, este estudo sugere que o manejo florestal deve incorporar medidas para suprimir as lianas de forma mais eficiente, especialmente em períodos imediatamente subsequentes à extração de madeira e, depois de incêndio e/ou seca intensa. Ademais, a extração madeireira deveria ser enfatizada nas áreas com uma alta área basal para reduzir a proliferação de lianas. O desbaste seletivo de espécies de baixo valor econômico emerge como uma prática potencialmente prejudicial, pois está associado à diminuição na recuperação da área basal devido à subsequente proliferação de lianas. Este estudo revela o impacto adverso do desbaste sobre a dinâmica florestal, destacando a necessidade contínua de uma investigação mais aprofundada sobre os efeitos do desbaste na recuperação do volume nas florestas tropicais.

Uma estratégia de prevenção de incêndios se faz necessária em áreas florestais próximas à atividade agrícola. As árvores mortas e resíduos decorrentes da exploração madeireira contribuem para o aumento do material inflamável na floresta, resultando em um aumento na temperatura do fogo no sub-bosque.

Com o objetivo de garantir a produtividade e a sustentabilidade nas florestas manejadas na Amazônia é necessário práticas de manejo que visem a supressão do excesso de lianas e remoção da madeira seca e resíduos. Em um clima com seca e incêndios recorrentes além de um aumento contínuo das temperaturas, um manejo inteligente pode mitigar os efeitos de mudanças climáticas nas florestas manejadas.


MEMBROS DA BANCA:
Interna - 405136 - ALBA VALERIA REZENDE
Externo à Instituição - DARLISON FERNANDES CARVALHO DE ANDRADE - ICMBio
Externo à Instituição - EDSON JOSÉ VIDAL DA SILVA - USP
Presidente - ***.566.941-** - LUCAS JOSÉ MAZZEI DE FREITAS - Engref
Notícia cadastrada em: 29/05/2024 13:36
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