Banca de DEFESA: Roberta Franco Pereira de Queiroz

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Roberta Franco Pereira de Queiroz
DATA : 15/09/2023
HORA: 08:30
LOCAL: EFL
TÍTULO:

Implicações do desmatamento e uso do solo na recuperação da biomassa lenhosa acima do solo em ambiente savânico - mais duas décadas de monitoramento


PALAVRAS-CHAVES:

Cerrado, sensoriamento remoto, estoque de carbono, regeneração natural, distúrbios antrópicos


PÁGINAS: 55
RESUMO:

O Cerrado é a maior savana das Américas e a mais biodiversa do mundo. No entanto, o bioma está no centro da expansão antrópica brasileira e 52% da área já antropizada do Cerrado é utilizada para pastagem. Atualmente, a conservação do bioma depende da conservação de remanescentes nativos e da restauração em larga escala. A taxa com que a vegetação savânica do Cerrado se recupera após usos agropecuários, como essas taxas variam, e qual a sua capacidade de fornecer serviços ecossistêmicos equivalentes à vegetação preservada ainda são informações incertas e inconsistentes. Além disso, o aprimoramento de técnicas e ferramentas que otimizem estimativas e obtenção de variáveis de interesse na vegetação savânica do Cerrado é essencial para um melhor monitoramento e manejo das áreas remanescentes ou em restauração. Dessa forma, este trabalho buscou avaliar a resiliência do estrato lenhoso arbóreo-arbustivo de um cerrado sensu stricto antropizado que está em regeneração a mais de três décadas, e comparando-o a um ecossistema de referência. A pesquisa avaliou as mudanças florísticas e estruturais das áreas de estudo (Capítulo 1), a dinâmica de indivíduos e dos estoques da vegetação (Capítulo 2), e modelou o estoque de biomassa lenhosa em sítios de cerrado sensu stricto, utilizando imagens capturadas com Aeronave Remotamente Pilotada e técnica de fotogrametria de imagens (Capítulo 3). No Capítulo 1 e 2, as áreas de pesquisa inserem-se na Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESECAE) no Distrito Federal. O cerrado antropizado tem histórico de uso como pastagem para bovinocultura (1976-1980) e cultura de soja (1980-1987). Em 1988 a área foi integrada à ESECAE e está protegida para regeneração desde então. Nesse sítio antropizado, 10 parcelas permanentes (20 x 50 m) foram instaladas para monitoramento do retorno da vegetação, e utilizamos nesta pesquisa dados de inventários florestais realizados nos anos 1998, 2000, 2002, 2004, 2007 e 2021. Ainda na ESECAE, utilizamos um cerrado preservado e sem histórico de uso antrópico como ecossistema de referência. Neste sítio, utilizamos dados de inventários florestais de 9 parcelas permanentes (20 x 50m), mensuradas nos anos de 2008, 2011 e 2021. Para o Capítulo 3, uma terceira área de estudo foi considerada, inserida na Fazenda Água Limpa (FAL), também no Distrito Federal. Na FAL, amostramos 18 parcelas (20 x 50m) de cerrado sensu stricto submetido a diferentes tratos silviculturais. O Capítulo 1 demonstrou que o cerrado preservado tem cerca de 12 vezes mais área basal, 10 vezes mais indivíduos por hectare, e um estoque de carbono 17 vezes maior que o cerrado antropizado. Esse sítio antropizado está em lento e prolongado processo de sucessão, e formou uma comunidade diferente em florística e estrutura em relação ao ecossistema de referência, com presença de espécies nativas e exóticas. O Capítulo 2 demonstrou que o cerrado preservado está em equilíbrio dinâmico, e conseguiu absorver distúrbios ocasionais ocorridos entre os anos de monitoramento, com flutuações na densidade de indivíduos, mas mantendo sua produtividade. O cerrado antropizado, por outro lado, apresentou oscilações temporais nas taxas de mortalidade e recrutamento, e uma intensa rotatividade de indivíduos. A presença dominante de gramíneas exóticas invasoras e alta frequência de incêndios no cerrado antropizado geraram uma comunidade cuja produtividade é definida pelo estresse e perturbações do ambiente. Após mais de três décadas de regeneração natural, a vegetação lenhosa nativa do cerrado antropizado da ESECAE demonstrou ser persistente, porém com baixa resiliência (baixo potencial de regeneração natural). O capítulo 3 utilizou métricas derivadas de nuvens de pontos, construídas por fotogrametria de imagens, obtidas por um sensor passivo a bordo de uma Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), para gerar um modelo de estimativa do estoque de biomassa acima do solo para o estrato lenhoso. O modelo matemático gerado é composto de métricas referentes à altura na posição do 10° percentil, e à altura na posição do 95° percentil, com R² ajustado de 0,93, e erro padrão da média de 16%. A partir do modelo foram gerados mapas de distribuição da biomassa, otimizando a visualização e compreensão da distribuição espacial dos estoques florestais de biomassa na vegetação lenhosa nas áreas de estudo. Nossa pesquisa reiterou que atividades agropecuárias são extremamente agressivas aos ecossistemas savânicos, condenando-os a frequentes distúrbios, perda da resiliência da vegetação e formação de novas comunidades, que provavelmente não mais se assemelharão aos ecossistemas de referência. Além disso, nosso trabalho também demonstrou o potencial de plataformas de baixo custo para a estimativa dos estoques acima do solo, permitindo iniciar uma nova fase no acompanhamento contínuo das áreas de estudo.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 405136 - ALBA VALERIA REZENDE
Externa à Instituição - BEATRIZ SCHWANTES MARIMON - UNEMAT
Externa à Instituição - FABIANA DE GOIS AQUINO - EMBRAPA
Externo à Instituição - GILENO BRITO DE AZEVEDO - UFMS
Externo à Instituição - RENATO VINICIUS OLIVEIRA CASTRO - UFSJ
Notícia cadastrada em: 15/09/2023 05:51
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