PROPRIEDADES DO COMPÓSITO MADEIRA-PLÁSTICO FABRICADO COM ALTA CARGA DE RESÍDUO DE MADEIRA
WPC, compósitos, farinha de madeira, resíduo de madeira, propriedades do WPC, DMA.
O Brasil é um dos maiores produtores de madeira do mundo, com 1,9 milhões de hectares de florestas de pinus dedicados à produção de madeira serrada, folheados, compensados, portas, pisos, esquadrias, pellets e outros materiais. A cadeia de suprimentos de madeira gera quantidades significativas de resíduos, que podem ser reaproveitados como reforço em compósitos de madeira-plástico (WPCs). Apesar de seu potencial, poucos estudos investigaram o uso de madeira reciclada na produção de WPCs. Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos da incorporação de altas cargas de farinha de madeira de pinho reciclada nas propriedades dos WPCs. Os compósitos foram produzidos com três diferentes proporções de farinha de madeira para polipropileno (25/75, 50/50 e 60/40), e sua dureza, absorção de água, densidade e perfil de densidade foram analisados. A análise mecânica dinâmica (DMA) foi conduzida para avaliar a resposta viscoelástica sob carga dinâmica. Os resultados revelaram uma correlação positiva entre o teor de farinha de madeira e a absorção de água. Após duas horas de imersão em água, o WPC com o maior teor de madeira (60%) apresentou a maior taxa de absorção de água (1,38%), em comparação com 0,99% para WPC-50 e 0,55% para WPC-25. Tendências semelhantes foram observadas após 24 horas de imersão. As medições de densidade indicaram diferenças significativas entre os compósitos, com WPC-60 exibindo a maior densidade média (1.137 kg/m³), seguido por WPC-50 (1.093 kg/m³) e WPC-25 (976 kg/m³). Isso representa um aumento de densidade de 16,50% ao comparar WPC-60 com WPC-25. O perfil de densidade não revelou variações significativas ao longo do comprimento do compósito, sugerindo homogeneização efetiva da farinha de madeira dentro da matriz de polipropileno. Os resultados de DMA demonstraram que todos os WPCs tinham módulos de armazenamento mais altos do que o polipropileno puro, destacando o efeito de enrijecimento do material lignocelulósico. Dentre as formulações testadas, a proporção 50/50 proporcionou um equilíbrio ótimo de dureza e propriedades reológicas. A produção de compósitos com alta carga de farinha de madeira mostra-se uma abordagem promissora para a indústria, promovendo a sustentabilidade ambiental e possibilitando o desenvolvimento de materiais com propriedades melhoradas. Entretanto, o limite para o uso de resíduos de pinus foi identificado em 50% em relação à matriz polimérica de polipropileno, proporção que apresentou os melhores resultados em termos de dureza e propriedades reológicas.