CONSEQUÊNCIAS DA DIETA HIPERLIPÍDICA E CAPACIDADE DE TREINAMENTO FÍSICO NA DOENÇA DE CHAGAS EXPERIMENTAL
doença de Chagas, dieta, infecção experimental, exercício físico, prognóstico
A doença de Chagas (DC), causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, constitui um sério desafio à saúde pública, com expressiva morbidade e mortalidade, principalmente na América Latina. A patogênese não é bem compreendida e a resposta imunológica, assim como os aspectos clínicos da doença, podem ser influenciados por hábitos do hospedeiro, como a dieta alimentar e atividades físicas realizadas. De fato, o exercício físico (EF) pode ser uma alternativa não farmacológica promissora para melhorar o bem-estar do hospedeiro e, eventualmente, o prognóstico da DC. Este estudo visa avaliar as repercussões à longo prazo da dieta hiperlipídica (DHL) e a capacidade de treinamento físico aeróbico moderado na fase aguda da infecção por T. cruzi em camundongos BALB/c fêmeas. Além disso, objetiva-se verificar as consequências a longo prazo desse treinamento realizado na fase inicial da infecção. Os animais foram alimentados com dieta padrão (DP) ou DHL por 4 semanas, infectados ou não por T. cruzi, e treinados ou não em esteira rolante por 6 semanas. Testes de capacidade aeróbica máxima (CAM) e de força foram realizados antes, no meio e no final do período de treinamento. O padrão dietético foi mantido ao longo do experimento. Após 90 dias de infecção (dpi), os animais foram eutanasiados. Foi realizado dosagem sérica de citocinas, quantificação da carga parasitária por qPCR e análise histopatológica de diferentes tecidos. Camundongos infectados foram capazes de realizar treinamento aeróbico diário a 60% da CAM. Na ausência de treinamento, a força muscular sofreu redução com a infecção. A DHL se mostrou danosa para a força muscular, mesmo em camundongos não infectados. Da mesma forma, essa dieta provocou mais inflamação no tecido adiposo branco (TAB), marrom (TAM) e intestino, principalmente na presença do T. cruzi. A DHL também aumentou a carga parasitária nos TAB e TAM. O treinamento físico realizado na fase aguda da infecção não influenciou a carga parasitária na fase crônica e não provocou alterações teciduais, com exceção do TAM que apresentou maior grau de inflamação nos camundongos treinados. Dada a variação na adesão ao exercício, os resultados do treinamento físico pós-infecção requerem investigação mais aprofundada.