Banca de DEFESA: Daniel Reis Maiolino de Mendonça

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Daniel Reis Maiolino de Mendonça
DATA : 20/07/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Videconferência
TÍTULO:

O Meio Subterrâneo Superficial e a conectividade biológica no sistema ferrífero de Carajás.


PALAVRAS-CHAVES:

Habitat subterrâneo superficial; Conservação; Cavernas; Fatores estruturantes e Ecologia de comunidades; Troglóbios; fluxo gênico, Conservação da fauna subterrânea; Formação Ferrífera.


PÁGINAS: 10
RESUMO:

A presente tese tem como objetivo concluir parte dos requisitos para obtenção de título de doutor no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Biodiversidade pela Universidade de Brasília. Trata-se de um projeto na linha de pesquisa bioeconomia e conservação dos recursos naturais. Os geossistemas ferruginosos, áreas com grandes depósitos de minério de ferro, podem ser considerados como um ambiente natural mais singular e importante da superfície terrestre. Entretanto, se enquadram também na lista dos ambientes de maior importância econômica e de uso mais conflitivo. Desde a utilização do ferro em larga escala já se sabe que a extração do minério leva à perda ou degradação de elementos como relevo, a paisagem, a capacidade de recarga dos aquíferos e a biodiversidade alteram o equilíbrio ecológico destes ambientes. ELEZ e colaboradores (2013), e mais recentemente OLIVEIRA (2020), apontam que a conservação eficaz do ambiente subterrâneo não se limita à proteção da cavidade em si, mas também do seu entorno. De um ponto de vista mais específico, a bioespeleologia relacionada ao sistema ferrífero, especialmente na Serra de Carajás/PA tem revelado inúmeros táxons novos, normalmente raros, muitos dos quais adaptados e restritos ao meio subterrâneo, chamados troglóbios. Alguns autores apontam que a diversidade críptica em organismos subterrâneos leva à linhagens morfologicamente semelhantes, mas geneticamente distintas, que muitas vezes podem ser classificadas como uma única espécie com ampla distribuição, implicando na conservação deste grupo de espécies. Nesta perspectiva, o avanço em estudos moleculares tem mostrado bons resultados Nesta perspectiva, é notória a crescente a necessidade de um melhor entendimento sobre os padrões de distribuição de espécies e do funcionamento do sistema subterrâneo em escala local e regional ao analisar a conectividade biológica entre cavidades naturais. Desta maneira, foi proposto aqui um estudo em dois capítulos abordando a conservação do ecossistema subterrâneo em áreas ferruginosas da Serra de Carajás frente à crescente perda de habitat de espécies de vertebrados e invertebrados que em algum nível dependem deste ambiente subterrâneo. Baseado na amostragem da fauna subterrânea que ocupa o maciço rochoso que envolve as cavernas, o chamado Meio Subterrâneo Superficial (MSS), inacessível diretamente ao ser humano e análise de dados ecológicos e moleculares de populações de espécies de artrópodes subterrâneo em especial as troglóbias, este trabalho teve como objetivo geral descrever o papel do MSS na dispersão da fauna subterrânea na formação ferrífera de Carajás, por meio da análise de fatores ecológicos que afetam a estrutura da comunidade de artrópodes, bem como caracterização do fluxo gênico entre populações de espécies troglóbias presentes no meio subterrâneo em diferentes cavernas e serras. No capítulo 1 a metodologia aplicada baseou-se na instalação de armadilhas em furos de sondagem a fim de amostrar os animais que estão transitando pelas descontinuidades do MSS testando sua distribuição espacial de acordo com profundidade, sazonalidade climática e tipo de isca utilizado. Existiu uma dificuldade inerente à aplicabilidade de metodologia uma vez que depende da parceria entre a pesquisa e a perfuração dos furos de sondagem, que sem a qual o custo inviabiliza a execução de projetos, além da elevada perda de armadilhas devido ao assoreamento. A amostragem total de artrópodes subterrâneos resultou na coleta de 54 táxons, distribuídos em 5 Classes e 13 Ordens. Ácaros e colembolas, coleópteras e foram os grupos mais diversos, além de mais bem distribuídos na amostragem. A profundidade apresentou relação significativa com a riqueza da fauna total, bem como outros grupos como Arane e a Collembola. O tipo de isca influenciou significativamente a comunidade de aranha e ácaros. A sazonalidade por sua vez afetou significativamente, ácaros, dípteras e coleópteras. A composição de espécies demonstrou-se afetada significativamente pelas três variáveis analisadas, evidenciando sua influência na estruturação da comunidade. Foi possível observar que de acordo com os dados similaridade com base na riqueza e composição de espécies das amostras de um mesmo furo se mostraram mais próximas do que amostras de furos diferentes, contudo este agrupamento mostra uma estruturação muito fraca, evidenciando que não existe barreiras que levem a uma comunidade de artrópodes do platô analisado. No capítulo 2 foi verificada a funcionalidade ecológica destas conectividades analisando a diversidade genética encontrada em populações em nível local e regional, uma vez que a paisagem, composta por platôs ferríferos disjuntos, seria suficiente para impedir o fluxo gênico das populações amostradas. Após a coleta e morfotipagem das amostras de Pseudoporatia sp. (Diplopoda: Pyrgodesmidae) encontradas em cavernas ao longo da paisagem, seu material genético foi extraído e hierarquizado, a fim de observar a existências de populações estruturadas ou espécies crípticas por meio de análises utilizando-se o DNA Barcode. A análise filogenética de Pseudoporatia sp. foi realizada com base nos grupos de sequências do gene mitocondrial Cictocromo Oxidase I - COI, bastante utilizado em estudos iniciais de espécies não-modelo. Após o processamento de 198 amostras foi possível comparar as linhagens por meio de análises filogeográficas tanto em populações amostradas em cavidades de uma mesma serra quanto entre cavernas de serras diferentes. Baseado no número de mutações observadas foi possível verificar que o morfótipo estudado apresenta pouca ou nenhuma estruturação genética populacional dentro de um mesmo platô ou serra. De forma contrária, foi possível observar que as populações de outras serras podem ser compostas por um pool de espécies crípticas morfologicamente relacionadas, mas geneticamente diferentes. As informações obtidas podem ser utilizadas para a definição taxonômicas das espécies de Pseudoporatia sp que existem nas diferentes localidades estudadas. O aumento no entendimento do MSS de áreas que envolvam a conservação e a compatibilização com atividades minerárias que ocorrem na Floresta Ferrífera de Carajás, pode definir de uma melhor maneira as necessidades das espécies troglóbias durante a definição de áreas necessárias a fim de evitar a perda liquida de espécies.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1773535 - FERNANDO PACHECO RODRIGUES
Externa ao Programa - 2375985 - LILIAN GIMENES GIUGLIANO - UnBExterno à Instituição - LUIZ FELIPE MORETTI INIESTA - UFMA
Externo à Instituição - MARCUS PAULO ALVES DE OLIVEIRA - BIOESPELEO
Externo ao Programa - 1671881 - RENATO CAPARROZ - UnB
Notícia cadastrada em: 14/07/2023 09:41
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