Banca de QUALIFICAÇÃO: EVELINE FERNANDES NASCIMENTO VALE

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : EVELINE FERNANDES NASCIMENTO VALE
DATA : 03/09/2025
HORA: 08:00
LOCAL: Plataforma teams
TÍTULO:

“Experiências de migrantes internacionais vivendo com HIV/aids em um serviço de saúde especializado do Distrito Federal”


PALAVRAS-CHAVES:

“ migrantes, migração, HIV, aids, saúde, vulnerabilidade”


PÁGINAS: 1000
RESUMO:

“Introdução: A migração constitui um fenômeno histórico e global ligado à trajetória da humanidade e impulsionado por necessidades de sobrevivência, transformações sociais e processos de desenvolvimento cultural. Entretanto, muitas migrações são decorrentes de conflitos armados, desigualdades estruturais e mudanças climáticas, resultantes de deslocamentos forçados, particularmente em países de baixa e média renda onde a capacidade de resposta às crises é limitada. Os migrantes enfrentam barreiras linguísticas e culturais, discriminação, preconceito e têm acesso limitado a direitos básicos, como saúde, educação, moradia e trabalho digno. Diante dessas vulnerabilidades, é fácil ampliar a exposição a situações de exploração, invisibilidade social e marginalização, aprofundando desigualdades e limitando a integração plena nas sociedades de acolhimento. A infecção pelo HIV têm sido causa de elevada morbimortalidade em todo o mundo, em especial observada em populações com vulnerabilidade socioeconômica. Na resposta global à aids, os migrantes são considerados uma “população-chave” para iniciativas de prevenção do HIV. A mobilidade humana, englobando fenômenos como migração, trabalho sazonal e crises sociais decorrentes de guerras e instabilidade política, interage ao fundo com a pobreza, criando condições que exacerbam a vulnerabilidade ao HIV/aids No contexto dos migrantes vivendo com HIV, essas dinâmicas tornam-se ainda mais complexas devido à confluência de múltiplos estigmas. Nessas situações, fatores sociais, culturais e econômicos interagem de forma sinérgica, intensificando os desafios relacionados à saúde, ao bem-estar e à inclusão social, reforçando desigualdades preexistentes e limitando a eficácia das intervenções em saúde pública. Objetivos: A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar as experiências de migrantes vivendo com HIV/aids atendidos em um serviço especializado do Distrito Federal, focando no cuidado recebido, barreiras enfrentadas e estratégias para acessar e aderir ao tratamento. Os objetivos específicos incluem conhecer as trajetórias migratórias e de saúde desses migrantes, identificar facilitadores e obstáculos no acesso ao tratamento, sistematizar seus marcadores sociodemográficos considerando interseccionalidades, e conhecer as experiências dos profissionais de saúde que os atendem.Métodos: Trata-se de estudo qualitativo do tipo etnográfico, com observação participante e entrevistas semiestruturadas em profundidade para captar as práticas sociais, valores e perspectivas dos migrantes e profissionais no contexto do serviço de saúde. A pesquisa será realizada com migrantes com idade maior de 18 anos de diversos países que vivem com HIV/aids e são atendidos no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (CEDIN), no Distrito Federal, além de incluir profissionais de saúde que prestam assistência a essa população. O CEDIN é a maior unidade de dispensação de terapia antirretroviral (TARV) da região e realiza assistência à cerca de 5.800 pessoas vivendo com HIV, incluindo 87 migrantes. A coleta de dados será realizada por meio de entrevistas individuais com os migrantes e os profissionais de saúde. Em relação aos migrantes, a primeira parte da entrevistas constará de um questionário descritivo sobre os dados sociodemográficos dos participantes, com questões sobre nacionalidade, sexo, idade, ocupação, identidade de gênero, orientação sexual, raça/cor, escolaridade, renda mensal e cadastro em programas sociais públicos brasileiros; os demais encontros serão para a realização de entrevistas semiestruturadas em profundidade e as questões abertas abordam temas sobre a migração e a trajetória migratória, as condições de vida relacionadas à moradia, trabalho, lazer e relações sociais, e o contexto da saúde, com as percepções sobre a enfermidade, o cuidado, as barreiras e os facilitadores no acesso ao tratamento. Aos profissionais de saúde, serão realizadas entrevistas semiestruturadas em profundidade com questões abertas abordando a percepção sobre o atendimento aos migrantes que vivem com HIV. As perguntas são relacionadas às demandas específicas, os desafios encontrados, as possíveis estratégias e práticas inerentes para o atendimento, o apoio institucional e as limitações profissionais. Os questionários sociodemográficos serão realizados através do GoogleForms para posterior análise e estarão sob a guarda exclusiva da pesquisadora. As entrevistas semiestruturadas serão gravadas e transcritas integralmente para posterior análise. A organização e processamento dos dadosse darão por meio do software Atlas.ti versão 25.0.1 e eles serão armazenados de maneira codificada,sem identificação de nomes, preservando a identidade do entrevistado. Os dados resultantes do questionário sociodemográfico serão analisados com o cruzamento das variáveis pesquisadas. Em relação às entrevistas, a análise ocorrerá após a transcrição integral das mesmas, à luz das categorias nativas que emergem das narrativas. Em seguida, haverá a codificação dos dados e identificação de temas emergentes A codificação envolverá a atribuição de códigos a trechos significativos das falas dos participantes. Após a codificação, seguirá uma análise contextualizada com teorias de saúde pública, vulnerabilidade, sofrimento, migração e infecção pelo HIV/aids. Resultados esperados: A pesquisa deve proporcionar uma análise aprofundada e humanizada dos desafios enfrentados por migrantes vivendo com HIV/aids, ao mesmo tempo que d eve identificar lacunas de assistência nos serviços de saúde e nas políticas públicas. A investigação permitirá o conhecimento das barreiras de acesso ao sistema de saúde brasileiro, incluindo dificuldades linguísticas, burocracia documental e preconceitos institucionais. Além disso, poderão ser evidenciados os pontos positivos da assistência à saúde. Os resultados podem subsidiar a formulação de políticas públicas mais inclusivas e alinhadas à realidade vivenciada pelos migrantes, como o desenvolvimento de estratégias culturalmente sensíveis, a ampliação de serviços de saúde especializados e o fortalecimento de parcerias com organizações da sociedade civil que atuam junto a migrantes e na promoção da saúde. Além disso, a pesquisa pode contribuir para o debate acadêmico e social ao abordar questões relacionadas à interseccionalidade, direitos humanos e saúde global. Ao dar visibilidade às experiências dos migrantes, a pesquisa deve sensibilizar os profissionais de saúde e gestores, promovendo a humanização no atendimento, aspecto essencial para a construção de um sistema de saúde mais acolhedor e eficaz para populações em situação de vulnerabilidade. Considerações finais: A pesquisa deve trazer benefícios significativos, tanto de forma individual quanto coletiva, com a possibilidade de melhorar a qualidade do atendimento e a equidade no acesso à saúde para migrantes vivendo com HIV/aids nos serviços de saúde, além de contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas e programas mais inclusivos. Ademais, pode fomentar um ambiente mais acolhedor e com menos discriminação, promovendo direitos humanos e fortalecendo o sistema de saúde para atender as necessidades dessa população vulnerável." 


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - JUAN JOSÉ GREGORIC - UBA
Externa à Instituição - DANIELA MENDES DOS SANTOS MAGALHAES - SES-DF
Interno - 1225317 - EDGAR MERCHAN HAMANN
Presidente - 1261290 - XIMENA PAMELA CLAUDIA DIAZ BERMUDEZ
Notícia cadastrada em: 01/09/2025 17:02
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