|
Dissertações |
|
|
1
|
-
DANIELA RIBEIRO CORGOZINHO
-
Estudo bioético sobre o marco regulatório sanitário no enfrentamento à COVID-19 no Brasil
-
Orientador : PEDRO SADI MONTEIRO
-
MEMBROS DA BANCA :
-
PEDRO SADI MONTEIRO
-
ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
KATIA TORRES BATISTA
-
ISIS LAYNNE DE OLIVEIRA MACHADO CUNHA
-
Data: 22/01/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Resumo (português): “Foi realizado um estudo bioético analítico com abordagem qualitativa, utilizando o procedimento técnico de pesquisa documental baseada em dados secundários. A investigação concentrou-se nas normas sanitárias publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, no período de dezembro de 2019 a 2022. O objetivo do estudo foi analisar, à luz da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (DUBDH), os aspectos bioéticos relacionados ao marco regulatório sanitário adotado no enfrentamento da COVID19 no Brasil, além de examinar como a cobertura midiática da pandemia influenciou esses aspectos. Incluíram-se os seguintes tipos de atos normativos: "Resolução da Diretoria Colegiada – RDC", "Resolução – RES", "Resolução – RE", "Instrução Normativa – IN", "Instrução Normativa Conjunta – INC" e “Portaria”. Foram excluídos da análise os atos sobre Orientação de Serviço, Edital de Chamamento e Business Intelligence. Os achados foram organizados por áreas ou grupos, como: alimentos; medicamentos e imunobiológicos; dispositivos médicos; laboratórios analíticos; sangue, tecidos, células e órgãos; cosméticos e saneantes; serviços de Saúde; portos, aeroportos e fronteiras; além, de regulamentações gerais. No que tange à identificação das notícias relacionadas à pandemia de COVID-19 divulgadas na mídia, foram consultados os principais veículos de comunicação digital, utilizando fontes de acesso público, incluindo redes sociais e diversos jornais, como: Veja, O Globo, O Globo Política, CNN Brasil, Brasil de Fato, Educa + Brasil, Estadão, G1, UFSMAgência da Hora, Face book, Agência Senado Federal, UNAIDS, El País Ciência, site da ONU, UOL, Senado Notícias, Médicos sem Fronteiras. As normativas sanitárias e as notícias veiculadas na mídia relacionadas à COVID-19 foram sistematizadas em dilemas éticos e, posteriormente, identificadas em categorias bioéticas. A reflexão pautou-se nos princípios relacionadas aos referenciais teóricos propostos pela DUBDH, a saber: Artigo 4 - Benefício e dano; Artigo 5 - Princípio da autonomia e responsabilidade individual; Artigo 6 - Consentimento; Artigo 8 - Respeito pela vulnerabilidade e pela integridade humana; Artigo 10 - Igualdade, justiça e equidade; além disso, o Artigo 14 - Responsabilidade social e saúde. O estudo conclui que, embora a ANVISA tenha agido de forma decisiva e adaptativa diante da emergência sanitária, as decisões tomadas nem (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. sempre garantiram a proteção dos princípios bioéticos fundamentais, conforme definidos pela DUBDH e ressalta a importância de um marco regulatório que não apenas seja eficiente em termos de saúde pública, mas que também esteja alinhado com os valores bioéticos universais.”
-
Mostrar Abstract
-
“An analytical bioethical study with a qualitative approach was carried out, using the technical procedure of documentary research based on secondary data. The investigation focused on the health regulations published by the National Health Surveillance Agency (ANVISA) during the COVID19 pandemic in Brazil, from December 2019 to 2022. The aim of the study was to analyze, in the light of the Universal Declaration on Bioethics and Human Rights (UDBHR), the bioethical aspects related to the health regulatory framework adopted to tackle COVID-19 in Brazil, as well as to examine how media coverage of the pandemic has influenced these aspects. The following types of normative acts were included: “Resolution of the Collegiate Board - RDC”, “Resolution - RES”, “Resolution - RE”, “Normative Instruction - IN”, “Joint Normative Instruction - INC” and “Ordinance”. Acts on Service Orientation, Call Notice and Business Intelligence were excluded from the analysis. The findings were organized by area or group, such as: food; medicines and immunobiologicals; medical devices; analytical laboratories; blood, tissues, cells and organs; cosmetics and sanitizers; health services; ports, airports and borders; as well as general regulations. With regard to identifying news related to the COVID-19 pandemic published in the media, the main digital communication vehicles were consulted, using publicly accessible sources, including social networks and various newspapers, such as: Veja, O Globo, O Globo Política, CNN Brasil, Brasil de Fato, Educa + Brasil, Estadão, G1, UFSM- Agência da Hora, Face book, Agência Senado Federal, UNAIDS, El País Ciência, UN website, UOL, Senado Notícias, Médecins sans Frontières. Health (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. regulations and media reports related to COVID-19 were systematized into ethical dilemmas and then identified in bioethical categories. Reflection was based on the principles related to the theoretical frameworks proposed by the UDBHR, namely: Article 4 - Benefit and harm; Article 5 - Principle of autonomy and individual responsibility; Article 6 - Consent; Article 8 - Respect for vulnerability and human integrity; Article 10 - Equality, justice and equity; and Article 14 - Social responsibility and health. The study concludes that although ANVISA has acted decisively and adaptively in the face of the health emergency, the decisions taken have not always guaranteed the protection of fundamental bioethical principles, as defined by the UDBHR, and highlights the importance of a regulatory framework that is not only efficient in terms of public health, but is also aligned with universal bioethical values_”
|
|
|
2
|
-
José Elias Costa Júnior
-
CAMINHOS BIOÉTICO-POLÍTICOS NA SAÚDE MENTAL DA POPULAÇÃO NEGRA: UMA ANÁLISE DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
-
Orientador : SWEDENBERGER DO NASCIMENTO BARBOSA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
JEANE SASKYA CAMPOS TAVARES
-
MARIANNA ASSUNCAO FIGUEIREDO HOLANDA
-
SWEDENBERGER DO NASCIMENTO BARBOSA
-
WANDERSON FLOR DO NASCIMENTO
-
Data: 21/02/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Resumo (português): A relação entre o sofrimento psíquico e as condições de vida exige uma compreensão aprofundada no que tange às intervenções político-institucionais. Considerando os princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial e, ao adotarmos uma abordagem bioético-política, queremos tratar da necessária resolutividade do desalinhamento entre as políticas de saúde/saúde mental e a totalidade concreta; problematizando a realidade, sentindo e pensando como encontrar limites na reprodução da lógica manicomial e do racismo estrutural. Sendo assim, objetivamos produzir uma análise bioético-política das ações estratégicas promovidas pelo Ministério da Saúde que influenciam as políticas e práticas de saúde mental voltadas para a população negra. Este trabalho corresponde a uma pesquisa qualitativa de natureza empírica, utilizando a análise documental e a abordagem etnográfica como métodos. O método utilizado para a coleta de dados foi o método de bola de neve, que permite definir a amostra por meio de indicações de participantes. Os resultados desse estudo revela os esforços necessários às mudanças concretas em diversos setores da saúde, fruto de um reconhecimento governamental das iniquidades históricas e contínuas. As ações analisadas ainda apresentam fragilidades em sua aplicação, visto que ainda não se aprofundam (apesar de citar as barreiras como as desigualdades e as opressões estruturais) em fatores que poderão possibilitar sua concretização.
-
Mostrar Abstract
-
The relationship between psychological suffering and living conditions requires an in-depth understanding regarding political-institutional interventions. Considering the principles of the SUS and the Anti-Asylum Psychiatric Reform and, by adopting a bioethical-political approach, we want to address the necessary resolution of the misalignment between health/mental health policies and the concrete totality; problematizing reality, feeling and thinking about how to find limits in the reproduction of asylum logic and structural racism. Therefore, we aim to produce a bioethicalpolitical analysis of the strategic actions promoted by the Ministry of Health that influence mental health policies and practices aimed at the black population. This work corresponds to qualitative research of an empirical nature, using documentary analysis and the ethnographic approach as methods. The method used for data collection was the snowball method, which allows defining the sample through indications from participants. The results of this study reveal the efforts necessary for concrete changes in various health sectors, the result of government recognition of historical and ongoing inequities. The actions analyzed still present weaknesses in their application, as they have not yet delved deeply (despite mentioning barriers such as inequalities and structural oppression) into factors that could enable their implementation._
|
|
|
3
|
-
YOLANDA ELVIRA ANGULO BAZAN
-
“Vulnerabilidad social y vigilancia epidemiológica. Un análisis ético aplicado al contexto peruano”
-
Orientador : MONIQUE TERESINHA PYRRHO DE SOUZA SILVA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
HELENA ERI SHIMIZU
-
LEDA YAMILEE HURTADO ROCA
-
MONIQUE TERESINHA PYRRHO DE SOUZA SILVA
-
Data: 25/03/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Introdução: A vulnerabilidade é um elemento central na avaliação ética de qualquer proposta de pesquisa com seres humanos. Frequentemente ela é definida como a susceptibilidade de sofrer dano, mas o desenvolvimento histórico do conceito percorre as assimetrias de poder na pesquisa e a capacidade decisional dos participantes. Nos últimos anos, a aparição de pesquisas secundárias com uso de dados de seres humanos advindos de atividades de vigilância em saúde pública (AVSPs) destacam a importância de refletir não somente sobre a vulnerabilidade individual, mas também sobre a vulnerabilidade social. Objetivo: a) Avaliar eticamente a produção cientifica gerada a partir da AVSP com enfoque na vulnerabilidade social; b) Contribuir para o avanço da discussão teórica em ética em pesquisa, destacando aspectos críticos de abordagens bioéticas existentes no que diz respeito à avaliação da vulnerabilidade relativa à pesquisa biomédica; c) Desenvolver instrumento de avaliação de consideração à proteção da vulnerabilidade social aplicável à pesquisa científica em ciências da saúde, principalmente em contextos latino-americanos. Método: Trata-se de uma análise descritiva com enfoque quantitativo de publicações científicas baseadas em dados obtidos de Atividades de Vigilância em Saúde Pública - AVSPs feitas em população peruana entre os anos 2018 e 2023.A vulnerabilidade social foi avaliada com uma ferramenta adaptada dos enfoques teóricos da Zoboli (2008), Gebru (2021) e Lugones (2008). Adicionalmente, dados sobre o impacto das publicações, a produção por ano e a revista de publicação foram coletados. Resultados: 69 artigos foram avaliados e todos mostraram indícios de desrespeito à vulnerabilidade social. As dimensões mais consideradas foram padrões de distribuição de riqueza dentro da sociedade e a organização/qualidade dos sistemas de saúde. A promoção de um ambiente social favorável a partir de menção à necessidade de promulgação de políticas públicas foi discutida em 27 publicações (39,1%). Nenhum estudo abordou aspectos de interseccionalidade. Conclusão: A vulnerabilidade é um conceito indissociavelmente atrelado ao desenvolvimento do método científico sob o paradigma experimental. Ainda que a ferramenta desenvolvida não seja suficiente para solucionar por si mesma as assimetrias de poder entre participantes e pesquisadores, e outras condições que resultam em ampliada vulnerabilidade social das populações envolvidas em pesquisas, a reflexão sistematizada em forma de instrumento de avaliação pode contribuir para educação de pesquisadores e servir para articulação em torno de uma maior participação da comunidade no desenho e acesso aos benefícios das pesquisas científicas.
-
Mostrar Abstract
-
“Introduction: Vulnerability is a central element in the ethical evaluation of any research proposal. It is often defined as the susceptibility to harm, but the historical development of the concept encompasses the power asymmetries in research and the decision-making capacities of participants. In recent years, the emergence of secondary research using human data from public health surveillance activities (PHSAs) highlights the importance of studying not only individual vulnerabilities but also social vulnerability. Objective: Ethically evaluating the scientific production generated from AVSP with a focus on social vulnerability; b) Contributing to the advancement of theoretical discussion in research ethics, highlighting critical aspects of existing bioethical approaches with regard to the assessment of vulnerability related to biomedical research; c) Developing an assessment instrument of the protection of social vulnerability applicable to scientific research in health sciences, mainly in Latin American contexts. Method: A descriptive study with a quantitative approach. The unit of analysis consists of scientific publications with PHSA data conducted on the Peruvian population between the years 2018 and 2023. Social vulnerability was assessed using a tool adapted from the theoretical approaches of Zoboli (2008), Gebru (2021), and Lugones (2008) on intersectionality. Additionally, data on the impact of publications, production per year, and the journal of publication were collected. Results: 69 articles were evaluated, and all showed evidence of disrespect for social vulnerability. The most prominent dimensions were the patterns of wealth distribution within society and the organization/quality of health systems. The promotion of a favorable social environment through lobbying for policy enactment was discussed in 27 publications (39.1%). No study addressed aspects of intersectionality. Conclusion: Vulnerability is a concept inextricably linked to the development of the scientific method under the experimental paradigm. Even though the tool developed is not sufficient to solve power asymmetries between participants and researchers, and other conditions that result in increased social vulnerability of populations involved in research, systematized (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. reflection in the form of an evaluation instrument can contribute to the education of researchers and serve to articulate greater community participation in the design and access to the benefits of scientific research.
|
|
|
4
|
-
PESSI LOURENÇO CADEMO
-
A crise de vulnerabilidade das mulheres HIV positivo durante a pandemia COVID-19 em Manica, Moçambique
-
Orientador : CESAR KOPPE GRISOLIA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
CESAR KOPPE GRISOLIA
-
MARIA DA GLORIA LIMA
-
TELMA REJANE DOS SANTOS FACANHA
-
THIAGO ROCHA DA CUNHA
-
Data: 27/03/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Resumo (português): “Este trabalho versa sobre os efeitos adversos da Pandemia COVID-19 nas Mulheres vivendo com HIV/AIDS na Província de Manica, Moçambique, sob referencial teórico da Bioética de Intervenção desenvolvida no PPG-Bioética da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília. Uma proposta usada por países periféricos para enfrentar o problema dos grupos sociais vulneráveis, visando a diminuição das desigualdades sociais por meio de práticas que priorizam a proteção da integridade e autonomia das mulheres vulneráveis. OBJETIVO: Conhecer as experiências e as principais dificuldades vivenciadas pelas mulheres vivendo com HIV no período da pandemia COVID-19, no acesso aos serviços de saúde, visando promover ações de prestação de serviços diferenciada para minimizar os encargos sobre o sistema de saúde. A pesquisa foi de abordagem qualitativa, usando analise temática como estratégia de análise de dados. O estudo foi desenvolvido no centro de Saúde Eduardo Mondlane, através de entrevistas semi-estruturadas, a um universo de 14 participantes, sendo 10 mulheres HIV+ diagnosticadas antes ou durante a vigência da covid-19 que acessavam as unidades sanitárias para o tratamento e 4 Profissionais de saúde, que atuam em qualquer área da saúde, de ambos os sexos, que atendiam diretamente pacientes soropositivos e COVID-19, e que estejam afetos no referido Centro de Saúde. A pesquisa teve como objeto a comparação do nível de testagem, diagnóstico e tratamento antiretroviral (TARV) dos meses de janeiro a junho dos anos 2019, 2021 e 2023. Os resultados mostraram que a pandemia de COVID-19 impactou negativamente na testagem, diagnostico e tratamento do HIV/SIDA, particularmente entre mulheres. Antes da pandemia (2019), os serviços de saúde eram estáveis e a adesão era regular. Durante a pandemia (2021), houve uma redução drástica nos serviços, com menos mulheres testadas e diagnosticadas, e aumento do abandono do tratamento antirretroviral (TARV) entre as poucas que testaram positivo. Após a pandemia (2023), observou-se um retorno gradual à normalidade, com mais mulheres sendo testadas, diagnosticadas e em acompanhamento, e menor abandono do TARV. A pesquisa evidencia que a pandemia não reduziu número de casos testados, diagnosticado e em tratamento no ano de 2021 não é porque os casos do HIV/AIDS baixaram, mas sim as restrições e o isolamento visando prevenir a propagação da COVID-19 e medo de o contrair houve pouca afluência a unidades sanitárias nos serviços relacionadas com HIV. Muitas interromperam cuidados regulares e apoio psicossocial, aumentando riscos à sua saúde. Os resultados revelaram que houve falta de um suporte governamental quanto a cesta básica para proteger os grupos mais vulneráveis sem meios de subsistência e que não podiam ir à rua para procurar meio de sustento durante a crise. Por isso o estudo recomenda as autoridades de saúde, mulher e ação social a desenvolver políticas públicas que considerem vulnerabilidades específicas e a garantia da continuidade assistencial a estes grupos mesmo em contextos de crise sanitária. ________________________________
-
Mostrar Abstract
-
“_This work deals with the adverse effects of the COVID-19 Pandemic on Women Living with HIV/AIDS in the Province of Manica, Mozambique, under the theoretical framework of Intervention Bioethics developed in the PPG-Bioethics of the Unesco, Chair of Bioethics at the University of Brasília, a proposal used by peripheral countries to face the problem of vulnerable social groups, aiming to reduce social inequalities through practices that prioritize the protection of the integrity and autonomy of vulnerable women. OBJECTIVE: to Know the experiences and main difficulties experienced by women living with HIV during the COVID-19 pandemic, in accessing health services, aiming to promote differentiated service provision actions to minimize the burden on the health system. The research was qualitative in approach, using thematic analysis as a data analysis strategy. The study was developed at the Eduardo Mondlane Health Center, through semi-structured interviews, with a universe of 14 participants, 10 of whom were HIV+ women diagnosed before or during the COVID-19 outbreak who accessed health units for treatment and 4 health professionals, who work in any health area, of both sexes, who directly treated HIV-positive and COVID-19 patients, and who are affected by the aforementioned Health Center. The research aimed to compare the level of testing, diagnosis and ART treatment from January to June of the years 2019, 2021 and 2023. The results showed that the COVID19 pandemic had a negative impact on HIV/AIDS testing, diagnosis and treatment, particularly among women. Before the pandemic (2019), health services were stable and adherence was regular. During the pandemic (2021), there was a drastic reduction in services, with fewer women being tested and diagnosed, and an increase in the abandonment of antiretroviral treatment (ART) among the few who tested positive. After the pandemic (2023), a gradual return to normality was observed, with more women being tested, diagnosed and being monitored, and fewer abandonments of ART. The research shows that the pandemic did not reduce the number of cases tested, diagnosed and being treated in 2021, not because the number of HIV/AIDS cases decreased, but because restrictions and isolation aimed at preventing the spread of COVID-19 and fear of contracting it led to low attendance at health units for HIV-related services. Many interrupted regular care and psychosocial support, increasing risks to their health. The results revealed that there was a lack of government support in terms of basic food baskets to protect the most vulnerable groups without means of subsistence and who could not go out on the streets to look for a means of support during the crisis. Therefore, the study recommends that health, women and social action authorities develop public policies that consider specific vulnerabilities and guarantee continuity of care for these groups even in contexts of health crisis.
|
|
|
5
|
-
Hévelin Silveira e Silva
-
“RESPONSABILIDADES ÉTICAS DO PESQUISADOR COM SERES HUMANOS: DA PERSPECTIVA HEGEMÔNICO-PRINCIPIALISTA À DECOLONIAL”
-
Orientador : FLAVIA REIS DE ANDRADE
-
MEMBROS DA BANCA :
-
FLAVIA REIS DE ANDRADE
-
ISIS LAYNNE DE OLIVEIRA MACHADO CUNHA
-
MARIANA SODARIO CRUZ
-
Marcelo Moreira Corgozinho
-
Data: 27/03/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Resumo (português): “INTRODUÇÃO: A ética em pesquisa contribui para a criação de um ambiente no qual a investigação científica pode ser realizada de forma responsável. A responsabilidade, palavra multifacetada, e a sua intrínseca relação com o risco, assume centralidade nas discussões sobre ética em pesquisa. Denúncias sobre má conduta na ciência foram catalisadoras da criação de normativas internacionais sobre pesquisa com seres humanos, como o Código de Nuremberg (1947) e a Declaração de Helsinque (1964). Nesses documentos, as responsabilidades atribuídas aos pesquisadores são moldadas a partir de uma perspectiva euro-americana da bioética, por vezes inadequadas a contextos de pobreza, nos quais o gap entre o sujeito e o objeto da responsabilidade é invariavelmente maior. As responsabilidades delineadas sob uma concepção decolonial emergem como contraponto. OBJETIVO: Definir as responsabilidades dos pesquisadores com seres humanos a partir da perspectiva da bioética decolonial, em contraposição às perspectivas bioéticas hegemônicas, especialmente em contextos periféricos. METODOLOGIA: Estudo teórico, do tipo pesquisa bibliográfica, com leituras exploratória, seletiva e analítica de livros, capítulos de livros, artigos e documentos sobre a temática estudada. RESULTADOS: As responsabilidades dos pesquisadores na perspectiva hegemônica questionam práticas extrativistas e centralizadoras, propondo que os estudos se orientem pelo bem-estar das comunidades envolvidas, com redistribuição justa e colaborativa dos benefícios. São indubitavelmente importantes, mas insuficientes. As responsabilidades na abordagem decolonial vão além, dado que buscam lidar com assimetrias de poder que perpetuam desigualdades históricas, promovendo um espaço de co-construção, no qual os participantes são reconhecidos como agentes ativos, não como meros objetos de estudo. Nesse sentido, elaborou-se, nove responsabilidades éticas para pesquisadores decoloniais: 1) Refletir criticamente sobre o contexto histórico, buscando compreender como o colonialismo e suas consequências influenciam as dinâmicas sociais, políticas e culturais das comunidades envolvidas; 2) Fomentar participação e consulta às comunidades, assegurando-se que suas vozes e interesses sejam (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. considerados na pesquisa; 3) Incluir avaliações de impacto psicológico, adotando-se metodologias éticas que minimizem danos emocionais e respeitem a subjetividade; 4) Promover educação sobre a pesquisa, de modo que os participantes e comunidades compreendam o processo investigativo e interajam de modo informado e crítico; 5) Estimular a transparência e prestação de contas, com adoção de mecanismos claros de comunicação sobre andamento e implicações da pesquisa; 6) Confirmar a aprovação de protocolos no país de origem, certificando-se de que atendam aos requisitos éticos e regulatórios tanto do país de execução quanto do país de origem para evitar práticas exploratórias; 7) Garantir responsabilidade em saúde digital e mitigação do viés algorítmico, assegurando-se que sistemas de IA não reforcem desigualdades sociais; 8) Acompanhar o participante de pesquisa pós-estudo, com estabelecimento de estratégias que garantam cuidados e benefícios contínuos; e, 9) Realizar revisão ética pós-publicação, com avaliação de impactos dos achados científicos e correção de efeitos negativos e distorções geradas pela disseminação do conhecimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A abordagem da bioética decolonial redefine as responsabilidades dos pesquisadores ao enfatizar a importância de reconhecer e superar as desigualdades de poder, a exploração histórica e os legados coloniais que muitas vezes influenciam as práticas de pesquisa, especialmente em contextos periféricos.”
-
Mostrar Abstract
-
“_INTRODUCTION: Research ethics contributes to creating an environment in which scientific research can be carried out responsibly. Responsibility, a multifaceted term intrinsically related to risk, is central to the discussion on research ethics. In orientating research into humans, denouncements of misconduct in science were catalysts in creating international regulations, such as (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. the Nuremberg Code (1947) and the Declaration of Helsinki (1964). In these documents, the responsibilities attributed to researchers are molded from a Euro American perspective in bioethics, which are sometimes inadequate for contexts of poverty, where the gap between the subject and the object of the responsibility is invariably greater. Responsibilities delineated under a decolonial conception emerged as a counterpoint. OBJECTIVE: To define the responsibilities of researchers into humans from the perspective of decolonial bioethics in contrast to hegemonic bioethical perspectives, especially in the context of peripheries. METHODOLOGY: A bibliographic research-type theoretical study, with exploratory, selective and analytic readings of books, chapters, articles and documents on the theme being study. RESULTS: The responsibilities of researchers from the hegemonic perspective question extractive and centralizing practices, while proposing that studies be guided by the well-being of the communities involved, with a fair and collaborative redistribution of benefits. Such responsibilities, though undoubtedly important, are insufficient. In the decolonial approach, they go further as they seek to address the power imbalances which perpetuate historical inequalities and thereby create a space for co-construction, in which participants are recognized as active agents and not mere objects of study. Hence, nine ethical responsibilities for decolonial researchers were drawn up: 1) Critically reflect on the historical context with a view to understanding how colonialism and its consequences influence the social, political and cultural dynamics of the communities involved; 2) Incentivize participation and consultation of communities to ensure that their voices and interests are considered in the research; 3) Include psychological impact assessments, and adopt ethical methodologies which minimize emotional damage and respect subjectivity; 4) Foster education about the research, so that the participants and communities understand the investigative process and interact in an informed and critical manner; 5) Encourage transparency and accountability by adopting clear communication mechanisms about the progress and implications of the research; 6) Confirm the approval of protocols in the country of origin, ensuring that they meet the ethical and regulatory requirements of both the country of execution and the country of origin so as to avoid exploitative practices; 7) Guarantee accountability in digital health and mitigate algorithmic bias, thereby making sure that AI systems do not reinforce social inequalities; 8) Monitor research participants after the study by establishing strategies which ensure continued care and benefits; and, 9) Conduct a post-publication ethics review, with an assessment of the impacts of the scientific findings and correction of negative effects and distortions generated by the dissemination of the knowledge. FINAL COMMENTS: The decolonial bioethics approach redefines researchers' responsibilities by emphasizing the importance of recognizing and overcoming power inequalities, historical exploitation, and the colonial legacies which often influence research practices, especially in peripheral contexts.
|
|
|
6
|
-
LAURA FERREIRA DE MESQUITA FERRAZ FREITAS
-
"O IMPACTO DA PANDEMIA COVID 19 NA MORTALIDADE DOS PACIENTES PORTADORES DE NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO DO DISTRITO FEDERAL : UMA ANÁLISE BIOÉTICА"
-
Orientador : HELENA ERI SHIMIZU
-
MEMBROS DA BANCA :
-
FLAVIA ZATTAR PIAZERA
-
HELENA ERI SHIMIZU
-
KATIA TORRES BATISTA
-
MONIQUE TERESINHA PYRRHO DE SOUZA SILVA
-
Data: 31/03/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
"INTRODUÇÃO: A pandemia COVID-19 foi o maior desafio sanitário e bioético da atualidade, com um impacto significativo nas populações vulneráveis. Quando à vulnerabilidade social soma-se a vulnerabilidade biológica, os desfechos em saúde são piores. Os pacientes portadores de neoplasias hematológicas (NH) e COVID-19 apresentam maiores taxas de hospitalização, necessidade de suporte intensivo e óbito. Analisar o impacto da pandemia COVID-19 na mortalidade de pacientes com NH em um hospital público brasileiro, sob a ótica de uma bioética sul-americana e comprometida socialmente, pode oferecer subsídios para as políticas públicas e para os protocolos assistenciais hospitalares traçarem estratégias epidemiológicas específicas, com vistas à redução das iniquidades em saúde. OBJETIVOS: analisar o impacto da pandemia COVID-19 na mortalidade dos pacientes com NH em um grande hospital terciário brasileiro, avaliando a mortalidade proporcional por COVID-19, a taxa de contaminação intra-hospitalar e o acesso à terapia intensiva; correlacionar os achados aos conceitos de justiça, equidade e vulnerabilidade, de acordo com a Bioética de Intervenção e a Bioética de Proteção. MÉTOD0: coorte retrospectiva de 197 pacientes que foram a óbito no período de 1º de março de 2020 a 31 de março de 2022 no Hospital de Base do Distrito Federal. Critérios de inclusão: pacientes maiores de 18 anos, com o diagnóstico de NH de acordo com os critérios de classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que faleceram no período estipulado. Realizada análise descritiva simples e análise bivariada pelo teste qui-quadrado e pelo modelo de riscos proporcionais de COX, com nível de significância de 5%. RESULTADOS: Dos 197 pacientes, 54,12% eram do sexo masculino; a idade média foi de 61,5 anos; 27,12% tinham o ensino fundamental incompleto, 17,9% com ensino fundamental completo, 26,67% com ensino médio completo ou incompleto e 5,64% tinham ensino superior completo. 46,91% eram brancos e 45,36% eram pretos ou pardos; a maioria residia no Distrito Federal (77,95%). 30,77% faleceram por COVID-19 e 58,46% faleceram pela NH. Dentre os pacientes que tiveram COVID-19, 17,44% tiveram contaminação intra-hospitalar. 60,62% tiveram a indicação de terapia intensiva, mas apenas 21,47% a acessou. Os principais fatores de risco para óbito por COVID-19 foram a idade avançada, a contaminação intra-hospitalar e cor preta/parda. DISCUSSÃO: Os dados do estudo são condizentes com o encontrado na literatura mundial, ressaltando a vulnerabilidade desses pacientes para os piores desfechos na infecção por COVID-19. A internação prolongada, necessária para o tratamento das NH, aumentou o risco óbito por COVID-19. A associação entre cor preta/ parda e o risco de morte por COVID-19, que foi encontrado em todo o Brasil, traduz o impacto dos determinantes sociais da saúde e das iniquidades sofridas por essa população. A baixa taxa de acesso ao suporte intensivo ilustra o impacto da pandemia na distribuição dos recursos e tecnologias em saúde, um problema crônico do SUS. CONCLUSÃO: Os pacientes com NH no SUS são vulneráveis às complicações e óbito por COVID-19 de forma desproporcional, o que exige medidas de proteção eficiente por parte das políticas públicas e assistenciais como um imperativo bioético de justiça e equidade.
-
Mostrar Abstract
-
"_INTRODUCTION: The COVID-19 pandemic has been the most significant health and bioethical challenge of our time, significantly impacting vulnerable populations. When social vulnerability is combined with biological vulnerability, health outcomes are worse. Patients with hematologic neoplasms (HN) and COVID-19 have higher rates of hospitalization, need for intensive care, and death. Analyzing the impact of the COVID-19 pandemic on the mortality of HN patients in a Brazilian public hospital, from the perspective of a South American and socially committed bioethics, can provide support for public policies and hospital care protocols to outline specific epidemiological strategies, aiming to reduce health inequities. OBJECTIVES: To analyze the impact of the COVID-19 pandemic on the mortality of HN patients in a large Brazilian tertiary hospital, evaluating the proportional mortality from COVID-19, the rate of in-hospital contamination, and access to intensive care; to correlate the findings with the concepts of justice, equity, and vulnerability, according to Intervention Bioethics and Protection Bioethics. METHOD: a retrospective cohort of 197 patients who died between March 1, 2020, and March 31, 2022, at the Base Hospital of the Federal District. Inclusion criteria: patients over 18 years of age, diagnosed with HN according to the World Health Organization (WHO) classification criteria, who died within the stipulated period. Simple descriptive and bivariate analyses were performed using the chi-square test and the COX proportional hazards model, with a significance level of 5%. RESULTS: Of the 197 patients, 54.12% were male; the mean age was 61.5 years; 27.12% had incomplete elementary education, 17.9% had completed elementary education, 26.67% had completed or incomplete high school, and 5.64% had completed higher education. 46.91% were white, and 45.36% were black or brown; the majority lived in the Federal District (77.95%). 30.77% died from COVID-19 and 58.46% died from NH. Among the patients who had COVID-19, 17.44% had in-hospital contamination. 60.62% were indicated for intensive care, but only 21.47% accessed it. The main risk factors for death from COVID-19 were advanced age, in-hospital contamination, and black/brown skin color. DISCUSSION: The study data are consistent with those found in the world literature, highlighting the vulnerability of these patients to the worst outcomes of COVID19 infection. Prolonged hospitalization, necessary for the treatment of NH, increased the risk of death from COVID-19. The association between black/brown skin color and the risk of death from COVID-19, which was found throughout Brazil, reflects the impact of the social determinants of health and the inequities suffered by this population. The low access rate to intensive care support illustrates the impact of the pandemic on the distribution of health resources and technologies, a chronic problem of the SUS. CONCLUSION: Patients with NH in the SUS are disproportionately vulnerable to complications and death from COVID-19, which requires efficient protective measures by public and healthcare policies as a bioethical imperative of justice and equity."
|
|
|
7
|
-
PEDRO NICOLETTI MOTTA
-
“Produção Não-Industrializada e Acesso à Cannabis de Uso Terapêutico no Brasil: Contribuições da Bioética de Intervenção”
-
Orientador : ELIANE MARIA FLEURY SEIDL
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ELIANE MARIA FLEURY SEIDL
-
LARISSA POLEJACK BRAMBATTI
-
MARTIN LEON JACQUES IBANEZ DE NOVION
-
UBIRACIR FERNANDES LIMA FILHO
-
Data: 31/03/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Resumo (português): A Cannabis Sativa L. é uma das mais antigas espécies botânicas domesticadas pela humanidade há pelo menos 10 mil anos. Ela foi apropriada pela humanidade a partir de diversos usos e formas de produção. Depois de seu banimento e vilania que a caracterizou no último século, a retomada de seu uso legítimo para fins terapêuticos é um projeto em disputa no Brasil e no mundo, condicionado por fatores científicos, técnicos, sociais e morais. O objetivo desta pesquisa é identificar controvérsias sobre o uso da cannabis na área de saúde no Brasil nos últimos 5 anos, analisando os dilemas subjacentes a elas, à luz das categorias da Bioética de Intervenção; e, por outro lado, analisar soluções possíveis para legitimação do uso e da produção não-industrializada a partir dos pressupostos de acesso e inclusão social, buscando-se subsidiar alternativas. A metodologia utilizada articula a cartografia de controvérsias da teoria ator-rede de Bruno Latour, com a análise bioética e a realização de um experimento conduzido em laboratório para avaliar a padronização de formulações à base de cannabis em modelos não-industrializados, garantindo replicabilidade e controle de qualidade. Resultados principais indicam um embate constante entre setores que defendem a produção não-industrializada associada ao uso integral do fitocomplexo em um modelo de atenção diferencial e aqueles que privilegiam a regulamentação industrial baseada no clássico modelo biomédico-farmacêutico associado ao uso de medicamentos fitofármacos. Foram identificados padrões comuns na dinâmica social brasileira com outros países, mas também se reconhecem características singulares, com um número expressivo de organizações associativas desempenhando papel central. Conflitos entre entidades médicas, indústria farmacêutica e associações evidenciam disputas sobre qualidade, segurança e controle da produção, apresentando aspectos técnicos que, no entanto, refletem embates de ordem moral. A produção de alta qualidade é viável dentro de modelos não-industrializados a partir de metodologias inovadoras. Conclui-se que a regulamentação da cannabis terapêutica no Brasil permanece um campo de disputa, atravessado por interesses econômicos e políticos. A análise bioética dos resultados evidencia a necessidade de um modelo regulatório que privilegia a inclusão social e o empoderamento de atores sociais por meio das organizações civis, contemplando a diversidade de usos, segurança e qualidade sem excluir populações vulneráveis, e que reconheça o papel das associações na democratização do acesso aos produtos e à economia resultante de uma indústria emergente.
-
Mostrar Abstract
-
Cannabis Sativa L. is one of the oldest botanical species domesticated by humanity, dating back at least 10,000 years. Throughout history, humans have appropriated it for various uses and production methods. Following its prohibition and vilification over the past century, the reinstatement of its legitimate use for therapeutic purposes remains a contested issue in Brazil and worldwide, shaped by scientific, technical, social, and moral factors. This research aims to identify controversies surrounding the use of cannabis in the healthcare sector in Brazil over the past five years, analyzing the underlying dilemmas through the lens of Intervention Bioethics. Additionally, it seeks to explore possible solutions for legitimizing the use and non-industrialized production of cannabis based on principles of access and social inclusion, providing insights for alternative regulatory approaches. The methodology combines Bruno Latour’s actor-network theory controversy mapping with bioethical analysis and a laboratory experiment designed to assess the standardization of cannabis-based formulations in non-industrialized models, ensuring replicability and quality control. Key findings reveal a persistent clash between sectors advocating for non-industrialized production linked to the holistic use of the phytocomplex within a differentiated healthcare model and those favoring industrial regulation based on the conventional biomedical-pharmaceutical framework, emphasizing standardized phytopharmaceutical drugs. Common patterns were identified between the Brazilian sociopolitical landscape and that of other countries, yet unique characteristics also emerged, such as the prominent role of associative organizations in shaping the debate. Conflicts among medical entities, the pharmaceutical industry, and patient associations highlight disputes over quality, safety, and production control, revealing technical arguments intertwined with moral disputes. The findings demonstrate that high-quality production is viable within non-industrialized models through innovative methodologies. The study concludes that therapeutic cannabis regulation in Brazil remains a contested domain, influenced by economic and political interests. A bioethical analysis of the results underscores the need for a regulatory model prioritizing social inclusion and the empowerment of civil society organizations, ensuring diverse uses, safety, and quality standards while avoiding the exclusion of vulnerable populations. Furthermore, it highlights the critical role of associations in democratizing access to both cannabis-based products and the emerging industry’s economic opportunities.
|
|
|
8
|
-
Augusto Cezar Dal Chiavon
-
"SAÚDE E RESISTÊNCIA: REFLEXÕES SOBRE A CONCEPÇÃO DE SAÚDE DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST) À LUZ DA BIOÉTICA DE INTERVENÇÃO.”
-
Orientador : SAULO FERREIRA FEITOSA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
SAULO FERREIRA FEITOSA
-
VOLNEI CARAFFA
-
Carolina Albuquerque da Paz
-
PAULETTE CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE
-
Data: 19/05/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“Esta dissertação reflete sobre a construção de um conceito de saúde pelo MST, baseado na "capacidade de resistir à opressão", à luz da bioética de situações persistentes, categoria própria da Bioética de Intervenção. Analisa a luta pela terra, a resistência histórica e as práticas de cuidado em acampamentos e assentamentos, como processos históricos que contribuem para a produção de conhecimentos e a conformação de princípios éticos que dão sustentação à prática libertadora do MST, na qual a saúde é compreendida como um direito humano inerente aos modos de existência das populações do campo, cujas redes de cuidados comunitários persistem, apesar da violenta ofensiva de medicalização da vida. O estudo, dividido em quatro capítulos, explora a formação do MST, sua produção teórica, as ações durante a pandemia e diálogos com a bioética, visando contribuir para políticas de saúde rural e transformação social. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cuja fundamentação teórica define como referência principal a Bioética de Intervenção. Tem como ponto de partida os Cadernos de Saúde do MST. Utiliza como método a hermenêutica dialética, procurando entender, a partir de uma leitura crítica, os múltiplos sentidos evidenciados pelo conceito de saúde produzido pelo MST, para a partir deles construir uma discussão bioética que contemple as especificidades do movimento, principalmente as suas experiências de Educação Popular na promoção da saúde, identificando os dilemas éticos, desafios e avanços do movimento nas lutas pelo direito à saúde da popuação do campo”.
-
Mostrar Abstract
-
“ This dissertation examines the construction of a concept of health by the *Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra* (MST—Landless Workers' Movement), grounded in the "capacity to resist oppression," analyzed through the lens of persistent situations bioethics, a key category of Intervention Bioethics. It explores the struggle for land, (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. historical resistance, and care practices in encampments and settlements as historical processes that contribute to knowledge production and the formation of ethical principles underpinning the MST's emancipatory praxis. Within this framework, health is understood as an inherent human right tied to the ways of life of rural populations, whose community care networks endure despite the violent encroachment of medicalization. Structured in four chapters, the study investigates the MST’s formation, theoretical contributions, actions during the pandemic, and dialogues with bioethics, aiming to inform rural health policies and social transformation. A qualitative research grounded in Intervention Bioethics, this work takes the MST Health Notebooks as its primary reference. Employing dialectical hermeneutics as its methodological approach, it critically interprets the multiple meanings embedded in the MST’s conceptualization of health, using them to develop a bioethical discussion that addresses the movement’s specificities—particularly its experiences with Popular Education in health promotion. The analysis identifies ethical dilemmas, challenges, and advancements in the MST’s struggle for the right to health in rural communities.”
|
|
|
9
|
-
SAMUEL DA SILVA PARREIRA
-
“Cuidados Paliativos e Formação em Saúde: Análise Crítica das Propostas da Literatura a partir da Bioética de Intervenção”
-
Orientador : FLAVIO ROCHA LIMA PARANHOS
-
MEMBROS DA BANCA :
-
FLAVIO ROCHA LIMA PARANHOS
-
TELMA REJANE DOS SANTOS FACANHA
-
VOLNEI CARAFFA
-
CAROLINA BECKER BUENO LOPES
-
Data: 17/07/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“Introdução: As lacunas na formação de profissionais de saúde em cuidados paliativos comprometem o tratamento de pacientes com doenças graves, resultando tanto em falhas técnicas no manejo de sintomas como a dor, quanto na ausência de competências essenciais, como comunicação, centralidade no paciente e preparo emocional Objetivo: analisar criticamente, utilizando o instrumental teórico da bioética de intervenção, as propostas de solução da literatura frente à lacuna existente no conhecimento e ensino de cuidados paliativos para profissionais de saúde. Metodologia: A presente dissertação trata de uma revisão integrativa da literatura, organizada em duas fases. A primeira fase consistiu na seleção e organização do material a ser analisado. Na segunda fase, foi conduzido o levantamento bibliográfico do tema de pesquisa, onde foram identificadas as principais barreiras para o ensino de cuidados paliativos, seguido de uma análise bioética sobre as propostas de soluções colocadas pelos estudos selecionados, tendo como base o referencial teórico da bioética de intervenção. A partir da análise dos artigos selecionados, foram identificadas 4 categorias principais e 5 subcategorias de propostas da literatura pautando as seguintes temáticas: intervenções curriculares, ações de educação em saúde, desenvolvimento de políticas e serviços e realização de pesquisas na área. Resultados: A busca nas bases de dados resultou na seleção final de 24 artigos. A categoria 1 (adaptações curriculares) foi a de maior expressão nos estudos, enquanto a categoria 2 (ações de educação em saúde) foi a segunda mais frequente entre os artigos. As categorias 3 (desenvolvimento de políticas e serviços) e categoria 4 (realização de pesquisas) foram menos frequentes. Conclusão: Os obstáculos na educação em cuidados paliativos são multifatoriais e vão além da esfera educacional, envolvendo dimensões sociais, organizacionais, políticas e econômicas. Na presente análise foi possível perceber que as propostas de solução dadas pelos artigos concentraram-se na estratégia de aquisição de conhecimento. Os artigos que propuseram intervenções fora do âmbito educacional, centralizaram na esfera gerencial, focando no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à disponibilização de recursos e treinamento profissional. Apesar de serem estratégias válidas, a presente análise sugere um foco excessivo dado a intervenções focais e pouco específicas. Nesse sentido, a bioética de (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. intervenção configura-se como uma ferramenta analítica relevante para compreender e politizar os conflitos éticos vivenciados em diferentes contextos. Tanto nas micro-relações que envolvem profissionais de saúde e pacientes, quanto na esfera político-social”
-
Mostrar Abstract
-
“Introduction: Gaps in the training of health professionals in palliative care compromise the treatment of patients with serious illnesses, resulting in technical failures in symptom management as well as the absence of essential skills such as: communication, patient-centered care and emotional preparedness. Objective: Carry out a critical analysis of the proposed solutions in the literature to the existing gap in knowledge and education regarding palliative care among health professionals. The present study employs an integrative literature review, conducted in two distinct phases. The first phase involved the selection and organization of the materials to be analyzed. In the second phase, a comprehensive bibliographic search on the research topic was carried out, aiming to identify the main barriers to palliative care education. This was followed by a bioethical analysis of the proposed solutions found in the selected studies, based on the theoretical framework of intervention bioethics. Based on the analysis of selected articles, four primary categories and five subcategories of proposals from the literature were identified, focusing on the following themes: curricular interventions, health education initiatives, policy and service development, and research initiatives. Results: The database search resulted in a final corpus of 24 articles. Category 1 (curricular adaptations) was the most prevalent, followed by category 2 (health education initiatives) as the second most frequent. Categories 3 (policy and service development) and 4 (research endeavors) (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. were less common. Conclusions: The barriers to palliative care education are multifactorial and extend beyond the educational domain, encompassing social, organizational, political, and economic dimensions. The solution proposals identified centered primarily on knowledge-acquisition strategies. Studies proposing interventions outside the educational scope focused on administrative measures, prioritizing policy initiatives aimed at securing resources and enhancing workforce training. While these approaches are valid, this analysis suggests an excessive focus on low-impact, non-specific interventions. Therefore, intervention bioethics is a relevant analytical tool for understanding and politicizing ethical conflicts. This applies both to the micro-relationships involving healthcare professionals and patients, as well as to the socio-political domain
|
|
|
10
|
-
FELIPE ROCHA SILVA
-
“A Empatia Clínica como Eixo Estruturante da Bioética do Cuidado em Saúde"
-
Orientador : ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
FLAVIA REIS DE ANDRADE
-
TELMA REJANE DOS SANTOS FACANHA
-
CRISTINA ORTIZ SOBRINHO VALETE
-
Data: 14/08/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“O modelo hegemônico nos cuidados em saúde no Brasil é o Principialismo. Esse referencial defende que o modelo ideal de relação entre profissionais e pacientes é a preocupação emocionalmente distanciada, apesar de esse paradigma de relação ser rejeitado pelos pacientes. A Bioética do Cuidado em Saúde tem sido desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Bioética da Universidade de Brasília como um referencial alternativo ao Principialismo no campo da Bioética Clínica, adotando, como um dos seus eixos estruturantes, a empatia clínica. Esta dissertação consiste em uma pesquisa teórica cujo objetivo principal é desenvolver o arcabouço teórico que fundamenta a empatia clínica como eixo estruturante da Bioética do Cuidado em Saúde, justificando-a como um comando ético desse referencial. Define-se a empatia clínica como uma prática formada por três dimensões: a compreensão dos estados mental e emocional do paciente, a verificação da acurácia dessa compreensão e a ação terapêutica. Essas três dimensões, por sua vez, são realizadas a partir do exercício, pelo profissional, dos três componentes estruturantes da empatia clínica, que são a empatia cognitiva, a empatia emocional e a preocupação empática. A relevância moral da empatia clínica é justificada, principalmente, por duas funções que ela exerce no contexto dos cuidados em saúde: a função epistêmica – tanto para profissionais quanto para pacientes – e a função motivadora de ações terapêuticas altruísticas pelos profissionais. A função epistêmica habilita o profissional a compreender aspectos subjetivos da experiência do paciente, a gerar novos conhecimentos sobre o seu estado mental e emocional, e a apreender a sua hierarquia de valores, culminando na promoção dos Cuidados Centrados no Paciente e na Tomada de Decisão Compartilhada. A compreensão do estado mental e emocional do paciente contribui para que os profissionais reconheçam a necessidade do paciente e valorizem intrinsecamente o seu bem-estar, o que induz neles o estado de preocupação empática, que é intrinsecamente motivador de ações altruísticas. Além disso, o reconhecimento, por parte do paciente, de que o profissional manifesta preocupação empática por ele – o que se constitui como função epistêmica para o paciente –, pode fomentar a relação de confiança e parceria entre ambos. Com base nessas funções, justifica-se o imperativo de exercício da empatia clínica para que os cuidados em saúde estejam alinhados com o Direito do Paciente. Além do seu substrato teórico- (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. normativo, a Bioética do Cuidado em Saúde propõe um modelo de deliberação ética, com base na empatia clínica, de casos de conflitos morais oriundos da prática clínica. Nesse contexto, a empatia clínica, além de facilitar a compreensão das perspectivas do paciente, dos familiares e dos profissionais envolvidos no conflito, contribui para a restauração das relações abaladas por ele. A empatia clínica, enquanto eixo estruturante da Bioética do Cuidado em Saúde, favorece que os cuidados em saúde sejam exercidos com respeito e responsabilidade por meio de uma relação de parceria entre paciente e profissional, fomentando a prática de cuidados que sejam não apenas corretos, mas virtuosos.”
-
Mostrar Abstract
-
“The hegemonic model of healthcare in Brazil is Principlism. This framework upholds that the ideal model of relationship between professionals and patients is emotionally detached concern, even though this relational paradigm is rejected by patients. Healthcare Bioethics has been developed within the Postgraduate Program in Bioethics at University of Brasília as an alternative framework to Principlism within the field of Clinical Bioethics, adopting clinical empathy as one of its structuring axes. This dissertation is a theoretical investigation whose main objective is to develop the theoretical foundation that underpins clinical empathy as a core structural element of Healthcare Bioethics, justifying it as an ethical imperative within this framework. Clinical empathy is defined as a practice composed of three dimensions: understanding the patient’s mental and emotional states, checking the accuracy of this understanding, and therapeutic action. These three dimensions, in turn, are carried out through the exercise of the three structural components of clinical empathy by the professional, which are cognitive empathy, emotional empathy, and empathic concern. The moral (*) Observação 1: preenchimento obrigatório para todos os examinadores internos/externos com e sem vínculo com a FUB. relevance of clinical empathy is primarily justified by two functions it fulfills in the healthcare context: its epistemic function — for both professionals and patients — and its function as a motivator of altruistic therapeutic actions by professionals. The epistemic function enables the professional to understand the subjective aspects of the patient’s experience, to generate new knowledge about their mental and emotional states, and to apprehend their hierarchy of values, ultimately promoting Patient-Centered Care and Shared Decision-Making. Understanding the patient’s mental and emotional state helps professionals to recognize the patient’s needs and to intrinsically value their well-being. This, in turn, induces a state of empathic concern in professionals, which is intrinsically motivating of altruistic actions. Furthermore, the patient’s recognition that the professional manifests empathic concern toward them — which constitutes an epistemic function for the patient — can foster a relationship of trust and partnership between both parties. Based on these functions, the imperative for the exercise of clinical empathy is justified to ensure that healthcare is aligned with Patient’s Rights. In addition to its theoretical and normative content, Healthcare Bioethics proposes a model for ethical deliberation, grounded in clinical empathy, to address moral conflicts arising from clinical practice. In this context, clinical empathy not only facilitates the understanding of the perspectives of the patient, family members, and professionals involved in the conflict, but also contributes to the restoration of relationships that may have been strained by it. As a structuring axis of Healthcare Bioethics, clinical empathy promotes the provision of healthcare with respect and responsibility, through a partnership-based relationship between patient and professional, fostering a practice of care that is not only correct but also virtuous”
|
|
|
11
|
-
GUILHERME TÁCIO MARÇAL OLIVEIRA
-
“Mistanásia: Bioética, Poder e Injustiça”
-
Orientador : VOLNEI CARAFFA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ELIANE APARECIDA DA CRUZ
-
MARCIO FABRI DOS ANJOS
-
SAULO FERREIRA FEITOSA
-
VOLNEI CARAFFA
-
Data: 29/08/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“Introdução: A presente dissertação realiza uma análise critica do fenômeno da Mistanásia, conceito cunhado por Márcio Fabri dos Anjos para nomear as mortes sociais de caráter evitável e injusto, provocadas por omissão ou ação direta de estruturas de poder que negam direitos, comprometem a dignidade e ampliam a vulnerabilidade de indivíduos e populações. Embora vida e morte correspondam a processos naturais, estes fenômenos assumem dimensões complexas nos contexto histórico, político, econômico e cultural, sendo atravessadas por dinâmicas de poder em suas figuras como soberania, biopoder, biopolítica, necropolítica e paradigma imunitário. Objetivos: Realizar uma discussão teórica e crítica sobre a mistanásia como forma de injustiça manifestada na violação dos direitos humanos, analisando suas relações com o Poder, a partir da Bioética de Intervenção (BI). Método: Estudo qualitativo de abordagem teórica-analítica, fundamentada em revisão da literatura científica e documentos normativos e discussão com base em estudos de caso. Utiliza-se na análise os 4Ps (prudência, precaução, prevenção e proteção) e da solidariedade crítica da BI, com ênfase na justiça social e equidade. A dissertação está estruturada em três capítulos: o primeiro, de fundamentação teórica, apresenta os marcos teóricos e históricos da bioética, do poder e suas dimensões, e as interseções entre direitos humanos e justiça. O segundo, aprofunda o conceito de mistanásia, diferenciando-o de outros termos tanatológicos como eutanásia social, cacotanásia, genocídio, eutanásia, distanásia, ortotanásia. O terceiro, que traz os Resultados da pesquisa bibliográfica realizada, apresenta e discute o material selecionado, acrescido de três estudos de casos paradigmáticos relacionados à mistanásia e que são incorporados conjuntamente à Discussão: (1) a morte de um paciente que aguardava atendimento, representando a dimensão micro e cotidiana da negligência e do assassinato social; (2) A condução negacionista e necropolítica da pandemia de COVID-19 pelo governo federal, como dimensão macroestrutural da mistanásia pelo neoliberalismo; e (3) o genocídio e epistemicídio dos povos indígenas, com recorte do Povo Yanomami, como expressão da mistanásia em escala histórica e colonial. A mistanásia é um fenômeno social e político complexo, operado mediante a precarização e subalternização da vida, resultando na exceção como morte social por meio de um projeto necropolítico. A análise desses casos evidencia a atuação ambivalente do Estado, que instituído inicialmente para garantia dos direitos humanos, age implicado na (re)produção de mortes evitáveis, seletivamente distribuídas conforme marcadores sociais de raça/cor, classe, gênero, etnia, território e outros. Considerações Finais: O proposto diálogo entre mistanásia e a teorias do poder, reafirma a relevância do tema e assento no campo da bioética e das ciências humanas, como instrumento para análise das desigualdades e violências seja do campo da saúde, desde pandemias, crises humanitárias ou no cotidiano da assistência, como também, em outros espaços de poder da superestrutura. Portanto, é imperativo nomear, denunciar e parametrizar essas violações, por meio dos instrumentos éticos propostos pela BI, promovendo a solidariedade crítica e a insurgência emancipatória. O estudo propõe, por fim, uma ampliação conceitual que reconheça as múltiplas formas de violência estrutural e ambiental como processos mistanásicos, como forma de análise das formas de resistência emergentes ao estado biopolítico de sujeitos e grupos vulnerados, que subvertem a própria lógica da morte social ao tecer novas redes de diálogo e cooperação.
-
Mostrar Abstract
-
Introduction: This dissertation presents a critical analysis of the phenomenon of Mistanasia, a concept coined by Márcio Fabri dos Anjos to designate avoidable and unjust social deaths, resulting from omission or direct action by structures of power that deny rights, compromise human dignity, and deepen the vulnerability of individuals and populations. While life and death are natural, interdependent processes, they acquire complex dimensions within historical, political, economic, and cultural contexts, shaped by power dynamics in the forms of sovereignty, biopower, biopolitics, necropolitics, and the immunitary paradigm. Objectives: To carry out a theoretical and critical discussion of mistanasia as a manifestation of injustice through the violation of human rights, analyzing its relationship with Power through the lens of Intervention Bioethics (IB). Method: This is a qualitative study with a theoretical-analytical approach, grounded in a review of scientific literature and normative documents, supported by discussion of case studies. The analysis draws on the 4Ps (prudence, precaution, prevention, and protection) and on the principle of critical solidarity from IB, with an emphasis on social justice and equity. The dissertation is structured into three chapters. The first presents the theoretical foundations and historical landmarks of bioethics, power and its dimensions, and the intersections between human rights and justice. The second chapter deepens the concept of mistanasia, distinguishing it from other thanatological terms such as social euthanasia, cacothanasia, genocide, euthanasia, dysthanasia, and orthothanasia. The third section, which presents the Results of the bibliographic research conducted, introduces and discusses the selected material, supplemented by three paradigmatic case studies related to mistanasia, which are jointly incorporated into the Discussion: (1) the death of a patient awaiting care, representing the micro and everyday dimension of negligence and social assassination; (2) the federal government’s denialist and necropolitical handling of the COVID-19 pandemic, as a macrostructural expression of mistanasia under neoliberalism; and (3) the genocide and epistemicide of Indigenous peoples, with a focus on the Yanomami people, as an expression of mistanasia on a historical and colonial scale. Mistanasia is presented as a complex social and political phenomenon, enacted through the precarization and subalternization of life, resulting in the state of exception as social death, embedded within a necropolitical project. These case studies reveal the ambivalent role of the State, which, although instituted to guarantee human rights, becomes implicated in the (re)production of avoidable deaths, selectively distributed according to social markers such as race/color, class, gender, ethnicity, territory, among others. Final Considerations: The proposed dialogue between mistanasia and power theories reaffirms its relevance and positioning within the field of bioethics and the human sciences as a tool for analyzing inequalities and violence—whether in the domain of health, encompassing pandemics, humanitarian crises, or everyday care practices, or in other spheres of power within the superstructure. Therefore, it is imperative to name, denounce, and frame these violations through the ethical instruments proposed by IB, promoting critical solidarity and emancipatory insurgency. Finally, a conceptual expansion is proposed to recognize multiple forms of structural and environmental violence as mistanasic processes, as well as to analyze emerging forms of resistance to the biopolitical state by vulnerable individuals and groups who subvert the very logic of social death by weaving new networks of dialogue and cooperation.
|
|
|
12
|
-
LUCIANA CARLA BELEM DOS SANTOS
-
“PRESERVAÇÃO DA FERTILIDADE FEMININA POR MOTIVO ONCOLÓGICO: ANÁLISE SOB O ENFOQUE DO REFERENCIAL DA BIOÉTICA DO CUIDADO EM SAÚDE.”
-
Orientador : ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
FLAVIA REIS DE ANDRADE
-
LUCIANA BARBOSA MUSSE
-
TELMA REJANE DOS SANTOS FACANHA
-
Data: 03/10/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“Os cânceres representam um importante desafio de saúde pública no Brasil e no mundo, em virtude de seus impactos físicos, emocionais, sociais e econômicos. O diagnóstico oncológico costuma ser avassalador na vida do paciente, exigindo intervenções imediatas tendo em vista o potencial de rápida e fatal progressão da doença. Com os avanços nas terapias antineoplásicas, tem-se observado um aumento significativo na sobrevida, especialmente entre mulheres jovens em idade reprodutiva. Esse novo cenário torna a qualidade de vida no período pós-tratamento uma preocupação central, com destaque para a preservação da fertilidade. Tratamentos como quimioterapia, radioterapia e cirurgias podem levar à falência gonadal precoce e à infertilidade, afetando diretamente o projeto reprodutivo dessas mulheres. Neste contexto, torna-se essencial incluir estratégias de preservação da fertilidade como parte do cuidado integral à paciente, visando não apenas a manutenção da saúde física, mas também a promoção da dignidade e do bem-estar. A proteção da fertilidade deve ser orientada por uma abordagem fundamentada na Bioética do Cuidado em Saúde, que priorize a comunicação empática, acolhedora e baseada em informações claras, possibilitando uma tomada de decisão compartilhada e consciente. Apesar da relevância do tema, ainda são escassas as discussões na literatura que explorem os aspectos bioéticos relacionados aos efeitos do tratamento oncológico sobre a fertilidade. Este trabalho, de natureza teórica, propõe-se a realizar uma revisão bibliográfica com o objetivo de fundamentar reflexões bioéticas sob a ótica do Cuidado em Saúde sobre a temática, contribuindo com elementos essenciais para mitigar os impactos do câncer na saúde reprodutiva e mental das pacientes submetidas a tratamento oncológico. A preservação da fertilidade em mulheres em idade fértil, sem prole constituída ou com desejo reprodutor, diagnosticada com câncer é uma demanda crescente e legítima. Ao reconhecer a fertilidade como projeto de vida de muitas pacientes, é imprescindível que os profissionais de saúde incorporem esse cuidado como componente do tratamento oncológico, e não como uma preocupação secundária. A abordagem fundamentada na Bioética do Cuidado em Saúde se mostra particularmente potente neste contexto, ao valorizar o diálogo, a escuta ativa, o respeito às individualidades e a promoção da dignidade humana. Ao lançar luz sobre os aspectos bioéticos envolvidos nas decisões sobre fertilidade em oncologia, este trabalho busca contribuir para a construção de práticas mais sensíveis, informadas e integradas, que considerem não apenas a sobrevivência, mas também a qualidade de vida das mulheres após o enfrentamento do câncer"
-
Mostrar Abstract
-
“Cancers represent an important public health challenge in Brazil and around the world, due to their physical, emotional, social, and economic impacts. The oncological diagnosis can be overwhelming in the patient's life, requiring immediate interventions given the potential for rapid and fatal progression of the disease. With advances in anticancer therapies, there has been a significant increase in survival rates, especially among young women of reproductive age. This new scenario makes quality of life during the post-treatment period a central concern, particularly regarding the preservation of fertility. Treatments such as chemotherapy, radiotherapy, and surgeries can lead to premature gonadal failure and infertility, directly affecting these women's reproductive plans. In this context, it becomes essential to include fertility preservation strategies as part of the comprehensive care for patients, aiming not only to maintain physical health but also to promote dignity and wellbeing. Fertility protection should be guided by an approach grounded in the Healthcare Bioethics, which prioritizes empathetic, welcoming communication based on clear information, enabling shared and conscious decision-making. Despite the relevance of the topic, discussions in the literature exploring the bioethical aspects related to the effects of oncological treatment on fertility are still scarce. This theoretical work aims to conduct a bibliographic review with the goal of grounding bioethical reflections from the perspective of Health Care on the subject, contributing essential elements to mitigate the impacts of cancer on the reproductive and mental health of patients undergoing oncological treatment. Fertility preservation in young women without children or with reproductive desire, diagnosed with cancer is a growing and legitimate demand. Recognizing fertility as a lifelong goal for many patients, it is imperative that healthcare professionals incorporate this care as a component of cancer treatment, not as a secondary concern. The approach based on Bioethics of Healthcare proves particularly powerful in this context, valuing dialogue, active listening, respect for individuality, and the promotion of human dignity. By shedding light on the bioethical aspects involved in fertility decisions in oncology, this work seeks to contribute to the development of more sensitive, informed, and integrated practices that consider not only survival but also the quality of life of women after battling cancer.”
|
|
|
13
|
-
JULIANA MIRANDA CERQUEIRA
-
“Judicialização na saúde, atuação do Natjus-DF e uma análise das decisões exaradas sobre doenças raras pelos tribunais de justiça do distrito federal e territórios à luz da bioética”
-
Orientador : NATAN MONSORES DE SA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ANDRE ADRIANO ROCHA ALEIXO
-
ISIS LAYNNE DE OLIVEIRA MACHADO CUNHA
-
MARIANNA ASSUNCAO FIGUEIREDO HOLANDA
-
NATAN MONSORES DE SA
-
Data: 27/11/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“A judicialização da saúde pública em relação à aquisição de medicamentos aumentou significativamente na década anterior. Esse fenômeno é atribuível a vários fatores, incluindo a dificuldade do Estado em fornecer os medicamentos que já inclusos no Sistema Único de Saúde (SUS); o surgimento contínuo de novos agentes farmacêuticos; as estratégias agressivas de marketing empregadas pela indústria farmacêutica direcionadas tanto aos profissionais de saúde quanto aos pacientes, que se encontram em estado de vulnerabilidade; e os custos exorbitantes associados aos protocolos de tratamento. Consequentemente, a judicialização exige que os agentes públicos aloquem recursos orçamentários comunitários para atender a demandas individuais. Como resultado, podem ocorrer desigualdades para o sistema que deveria ser universal, uma vez que tais recursos acabam beneficiando indivíduos que possuem os meios de acesso ao judiciário para a resolução de suas reivindicações, enquanto outros ficam sem apoio e enfrentam desvantagens agravadas em termos de assistência médica e recursos legais. No entanto, importa ressaltar que, em certos casos, as instâncias do Poder Judiciário servem como recurso final para cidadãos cujos direitos não puderam ser alcançados devido as inúmeras assimetrias e iniquidades do ecossistema de saúde. Baseando-se nessas variáveis, o presente estudo teve como objetivo examinar a importância das avaliações técnico-científicas no âmbito da judicialização; tentar delinear o papel do Núcleo de Assistência Técnica ao Judiciário (NATJus) dentro dessa estrutura; e propor considerações acerca do papel desempenhado pelos núcleos de avaliação das tecnologias. O judiciário aderiu às recomendações do NATJus? Os resultados judiciais alcançados poderiam ser justos e equitativos no sistema como um todo? Na análise, a integração dos domínios legal, bioético e de saúde é essencial, para que se possa compreender a relação desses fatores com a implementação de políticas públicas eficazes e de alta qualidade, que possam atender às pessoas com doenças raras”.
-
Mostrar Abstract
-
“The judicialization of public healthcare in relation to the acquisition of medicines increased significantly over the past decade. This phenomenon is attributable to several factors, including the State's difficulty in providing medications already included in the Unified Health System (SUS); the continuous emergence of new pharmaceutical agents; the aggressive marketing strategies employed by the pharmaceutical industry targeting both healthcare professionals and vulnerable patients; and the exorbitant costs associated with treatment protocols. As a result, judicialization compels public officials to allocate collective budgetary resources to meet individual demands. This dynamic can lead to inequalities within a system intended to be universal, as such resources end up benefiting individuals with the means to access the judiciary to resolve their claims, while others remain unsupported and face compounded disadvantages in terms of medical care and legal recourse. However, it is important to note that, in certain cases, the courts serve as a final recourse for citizens whose rights could not be achieved due to the numerous asymmetries and inequities in the health ecosystem. Based on these variables, the present study aims to examine the significance of technicalscientific assessments in the context of judicialization; to outline the role of the Technical Support Center for the Judiciary (NATJus) within this framework; and to propose reflections on the function performed by health technology assessment units. Has the Judiciary adhered to the recommendationsissued by NATJus? Can the judicial outcomes achieved be considered fair and equitable within the healthcare system as a whole? In this analysis, the integration of legal, bioethical, and health domains is essential to understand how these factors relate to the implementation of effective and high-quality public policies that can adequately serve individuals with rare diseases.”
|
|
|
14
|
-
PEDRO ARAUJO MARTINS
-
“Desafios éticos no uso de neurotecnologias no ambiente do trabalho”
-
Orientador : MONIQUE TERESINHA PYRRHO DE SOUZA SILVA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
ANA MARIA DAVILA LOPES
-
MARIA DA GLORIA LIMA
-
MONIQUE TERESINHA PYRRHO DE SOUZA SILVA
-
Data: 18/12/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Resumo (português): Introdução: As neurotecnologias, originalmente desenvolvidas para fins médicos e terapêuticos, vêm sendo cada vez mais incorporadas ao ambiente de trabalho, operando por meio do registro, análise e, em alguns casos, modulação da atividade neural. Ao viabilizarem o acesso a dados mentais e emocionais, essas tecnologias deslocam o eixo tradicional da gestão laboral — centrado no corpo e no comportamento — para a esfera da cognição e da vida psíquica, inaugurando novas formas de vigilância, controle e exploração. Em contexto de intensificação produtiva e digitalização do trabalho, tais dispositivos suscitam dilemas éticos inéditos resultantes da violação da privacidade e integridade mental. Objetivos: Objetivo Geral: Analisar as implicações éticas do uso de neurotecnologias no ambiente de trabalho, a partir das abordagens predominantes na literatura científica contemporânea. Objetivos Específicos: a) Analisar as principais implicações éticas das neurotecnologias já aventadas; b) Identificar as principais tendências relativas a distribuição geográfica, temporal e disciplinar da literatura científica sobre as dimensões éticas do uso de neurotecnologia em ambiente laboral; c) Discutir o uso das neurotecnologias e seus possíveis resultantes para as relações de poder no trabalho; e,d) Contribuir com o conhecimento necessário para o delineamento de diretrizes para assegurar o uso ético das neurotecnologias, visando um ambiente de trabalho saudável, seguro e ergonomicamente adequado. Metodologia: Realizou-se levantamento bibliográfico (abril/2025) nas bases PubMed, Web of Science, Scopus, Cochrane, CAPES, LILACS, SciELO e na Bioethics Research Library (KIE/GU), utilizando os termos: “neurotechnology workplace”, “neurotechnology”, “workplace” e “ethics”. Foram incluídos artigos científicos disponíveis integralmente em português, inglês ou espanhol. Não houve recorte temporal, mas foram excluídas duplicidades e estudos fora do escopo. Os artigos foram categorizados por ano, país, área de formação dos autores, tecnologias identificadas, profissões envolvidas, finalidades atribuídas e principais implicações éticas. Os resultados foram condensados em tabelas, gráficos e seis eixos temáticos. Resultados: Após o tratamento dos resultados iniciais de acordo com critérios de inclusão e exclusão, 15 publicações foram submetidas a análise final. A produção científica sobre neurotecnologias no trabalho é recente, com crescimento expressivo a partir de 2023 e concentrada em países do hemisfério norte. A predominância formativa dos autores é biomédica e jurídica, revelando centralidade de preocupações técnico-regulatórias, com a ausência de especialistas em saúde do trabalhador. Foram identificadas cerca de 30 tecnologias: invasivas (chip NFC), não invasivas de consumo (câmeras, wearables, EEG portáteis, IA para análise emocional) e não invasivas biomédicas (EEG, fMRI, fNIRS, EMG, tDCS, TMS). As finalidades aventadas concentram-se em quatro eixos: produtividade, bem-estar/saúde, segurança e vigilância, tendo sido o fim de promoção da produtividade o mais citado. Entre os setores mais afetados pelo uso das neurotecnologias incluem indústria, transporte, mobilidade e aviação. A análise revelou sete grandes categorias de dimensões éticas na literatura sobre ética do uso de neurotecnologia em ambiente laboral: concentração de poder e exploração tecnológica; violação da privacidade mental; opacidade; ameaça à personalidade; discriminação e exclusão; danos à saúde física e mental; ausência de regulação específica. Discussão: O uso de neurotecnologias em ambiente laboral inaugura um novo capítulo na gestão por eficiência, em que a governamentalidade se exerce diretamente sobre funções neurais dos indivíduos. Assim, o conjunto dos achados do estudo indica que as neurotecnologias não têm apenas resultados positivos de otimizar processos laborais por meio da promoção de bem-estar e segurança, mas reconfiguram relações de poder do mundo trabalho enquanto reduzem espaços de privacidade mental, necessários à manutenção da saúde psíquica mas também de direitos civis, o que requer especial atenção regulatória. Conclusão: Conclui-se que o uso de neurotecnologias com fins laborais representa um dos mais complexos desafios éticos contemporâneos, ao deslocar o controle do corpo para a mente e ao permitir a vigilância de estados subjetivos em níveis sem precedentes. Embora apresentadas como instrumentos de otimização e bem-estar, tais tecnologias podem aumentar a exploração laboral, intensificar sofrimentos psíquicos, gerar discriminações e ameaçar a personalidade dos trabalhadores. Há urgência na criação de marcos regulatórios específicos, princípios de proteção da privacidade mental e protocolos éticos robustos que garantam limites claros ao uso de neurotecnologias no trabalho.
-
Mostrar Abstract
-
Introduction: Neurotechnologies, originally developed for medical and therapeutic purposes, are increasingly being incorporated into the workplace, operating through the recording, analysis, and, in some cases, modulation of neural activity. By enabling access to mental and emotional data, these technologies shift the traditional axis of labor management — centered on the body and behavior — to the sphere of cognition and psychic life, ushering in new forms of surveillance, control, and exploitation. In the context of intensified production and the digitalization of work, such devices raise unprecedented ethical dilemmas resulting from the violation of privacy and mental integrity. Objectives: Main objective: To analyze the ethical implications of the use of neurotechnologies in the workplace, based on the predominant approaches in contemporary scientific literature. Specific Objectives: a)Analyze the main ethical implications of neurotechnologies already discussed; b)Identify the main trends regarding the geographical, temporal, and disciplinary distribution of scientific literature on the ethical dimensions of the use of neurotechnology in the workplace; c) Discuss the use of neurotechnologies and their possible consequences for power relations at work; d) Contribute with the necessary knowledge for the design of guidelines seeking to ensure the ethical use of neurotechnologies, while aiming at a healthy, safe and ergonomically adequate work environment. Methods: A bibliographic survey (April 2025) was conducted in the PubMed, Web of Science, Scopus, Cochrane, CAPES, LILACS, SciELO, and Bioethics Research Library (KIE/GU) databases, using the terms: “neurotechnology workplace”, “neurotechnology”, “workplace” and “ethics”. Scientific articles available in full in Portuguese, English or Spanish were included. There was no time frame, but duplicates and studies outside the scope were excluded. The articles were categorized by year, country, authors’ field of training, identified technologies, professions involved, assigned purposes and main ethical implications. The results were condensed into tables, graphs and six thematic axes. Results: After processing the initial results according to inclusion and exclusion criteria, 15 publications were submitted for final analysis. Scientific production on neurotechnologies at work is recent, with significant growth since 2023 and concentrated in countries in the northern hemisphere. The authors' educational backgrounds are predominantly biomedical and legal, revealing a focus on technical and regulatory concerns, with an absence of occupational health specialists. About 30 technologies were identified: invasive (NFC chip), non-invasive consumer (cameras, wearables, portable EEG, AI for emotional analysis) and non-invasive biomedical (EEG, fMRI, fNIRS, EMG, tDCS, TMS). The purposes put forward focus on four areas: productivity, well-being/health, safety and surveillance, with the promotion of productivity being the most cited. Among the sectors most affected by the use of neurotechnologies are industry, transportation, mobility and aviation. The analysis revealed seven major categories of ethical dimensions in the literature on the ethics of neurotechnology use in the workplace: concentration of power and technological exploitation; violation of mental privacy; opacity; threat to personality; discrimination and exclusion; damage to physical and mental health; and lack of specific regulation. Discussion: The use of neurotechnologies in the workplace opens a new chapter in efficiency management, in which governance is exercised directly over individuals' neural functions. Thus, the study's findings indicate that neurotechnologies not only have positive results in optimizing work processes by promoting well-being and safety, but also reconfigure power relations in the world of work while reducing spaces for mental privacy, which are necessary for maintaining mental health as well as civil rights, requiring special regulatory attention. Conclusion: It can be concluded that the use of neurotechnologies for work purposes represents one of the most complex contemporary ethical challenges, as it shifts control from the body to the mind and allows for the surveillance of subjective states at unprecedented levels. Although presented as tools for optimization and well-being, such technologies can increase labor exploitation, intensify psychological suffering, generate discrimination and threat the very personality of individuals. There is an urgent need to create specific regulatory frameworks, principles for the protection of mental privacy and robust ethical protocols that ensure clear limits on the use of neurotechnologies at work
|
|
|
15
|
-
BARBARA SANTOS SILVA
-
Cuidado à saúde mental das mulheres em sofrimento psíquico em situação de vulnerabilidade na atenção primária à saúde: uma reflexão bioética
-
Orientador : MARIA DA GLORIA LIMA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ANDREIA DE OLIVEIRA
-
FELIPE MEDEIROS PEREIRA
-
MARIA DA GLORIA LIMA
-
MARIANNA ASSUNCAO FIGUEIREDO HOLANDA
-
Data: 19/12/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
Refletir sobre o cuidado em saúde mental às mulheres em sofrimento psíquico na Atenção Primária à Saúde (APS) implica compreender as múltiplas dimensões bioéticas, políticas e sociais que o constitui e a sua correlação concreta em um campo de disputas entre os modelos de atenção de cuidado que moldam as estratégias de intervenção a essas mulheres em sofrimento psíquico. Sendo assim, esse estudo buscou identificar as políticas públicas de saúde e as suas interfaces para o cuidado integral às mulheres em situação de sofrimento psíquico no âmbito da APS. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza analítica e documental, que examina políticas públicas de Saúde a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) e o Caderno de Atenção Básica nº 34, sob uma perspectiva crítica e interseccional de gênero e raça a luz da Bioética de Intervenção e da Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos. A análise documental evidenciou baixa responsabilização do Estado; a persistência de práticas fragmentadas e centradas no modelo biomédico que perpetuam a medicalização do sofrimento social e as iniquidades estruturais o impacto da e da ideologia neoliberal como barreiras de acesso ao cuidado integral dessas mulheres no Sistema Único de Saúde (SUS) e de modo principal a Atenção Primária à Saúde. Conclui-se como uma ponte ética e política, a Bioética de Intervenção para repolitizar o cuidado, sob uma leitura interseccional, fundamentando-o nos princípios da justiça social, da solidariedade e do empoderamento, visando à emancipação das mulheres e à resistência contra o desmonte das políticas públicas.
-
Mostrar Abstract
-
Reflecting on the mental health care provided to women experiencing psychological distress in Primary Health Care (PHC) implies understanding the multiple bioethical, political, and social dimensions that constitute it, and its concrete correlation in a field of disputes between care models that shape the intervention strategies for these women in psychological distress. Thus, this study aimed to identify public health policies and their interfaces for the comprehensive care of women in a situation of psychological distress within the scope of PHC. This is a qualitative, analytical, and documentary study that examines public health policies—the National Primary Care Policy (PNAB), the National Policy for Comprehensive Women's Health Care (PNAISM), and the Primary Care Booklet N° 34-from a critical and intersectional perspective of gender and race, in light of Intervention Bioethics and the Universal Declaration on Bioethics and Human Rights.The documentary analysis revealed the State's low level of accountability; the persistence of fragmented practices centered on the biomedical model that perpetuate the medicalization of social suffering and structural inequities; and the impact of the neoliberal ideology as barriers to accessing comprehensive care for these women within the Unified Health System (SUS) and, primarily, Primary Health Care.It is concluded that Intervention Bioethics serves as an ethical and political bridge to repoliticize care, under an intersectional lens, basing it on the principles of social justice, solidarity, and empowerment, aiming at the emancipation of women and resistance against the dismantling of public policies.
|
|
|
Teses |
|
|
1
|
-
Natália Aguiar Ferreira
-
“Vulnerabilidade acrescida e autonomia relacional do paciente no direito ao acompanhante”
-
Orientador : ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
ISIS LAYNNE DE OLIVEIRA MACHADO CUNHA
-
KALLINE CARVALHO GONÇALVES ELER
-
KATIA TORRES BATISTA
-
LUCIANA BARBOSA MUSSE
-
Data: 17/01/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“A premissa de que todo ser humano é vulnerável por natureza, advém da concepção de vulnerabilidade enquanto suscetibilidade ao dano, assim como da interrelacionalidade e interdependência intrínseca do ser humano com seu contexto socioambiental. Nos propomos a analisar a heterogeneidade conceitual da vulnerabilidade, através do contexto histórico das concepções de doença, saúde e corporalidade, compreendidas enquanto aspectos interrelacionados, que influenciam e determinam o uso e aplicação da vulnerabilidade no cuidado em saúde. Compreendemos que a vulnerabilidade é resultante de uma soma de processos interativos, flutuante por contextos individuais, sociais, culturais e institucionais, capazes de influenciar em sua maior ou menor potencialização. A partir de uma revisão teórica, compreendemos que apesar da vulnerabilidade humana ser uma característica universal, no contexto específico do cuidado em saúde, o paciente se encontra em um estado de vulnerabilidade acrescida, que será abordada em seus aspectos físicos, cognitivos e emocionais. Utilizamos o referencial dos Direitos Humanos dos Pacientes em sua interface com o conceito de autonomia do paciente, relacionando o marco teórico da vulnerabilidade para fomentar a proposta de uma autonomia relacional. Concluímos que a relacionalidade humana deveria ser considerada um direito humano fundamental, a ser respeitado e promovido no cuidado em saúde pela promoção do direito ao acompanhante, compreendido enquanto fator fundamental para auxiliar na aplicação de modelos de cuidados centrados no paciente, visando garantir a preservação de sua dignidade neste contexto específico da vulnerabilidade acrescida. Consideramos que a melhor forma de abordagem do cuidado em saúde se baseia na tomada de decisão compartilhada a partir da promoção da autonomia relacional e acesso ao direito ao acompanhante.”
-
Mostrar Abstract
-
“The premise that every human being is vulnerable by nature comes from the concept of vulnerability as susceptibility to damage, as well as from the interrelationship and intrinsic interdependence of human beings with their socio-environmental context. We propose to analyze the conceptual heterogeneity of vulnerability, through the historical context of the concepts of disease, health and corporality, understood as interrelated aspects that influence and determine the use and application of vulnerability in health care. We understand that vulnerability results from a sum of interactive processes, fluctuating through individual, social, cultural and institutional contexts, capable of influencing its greater or lesser potential. From a theoretical review, we understand that although human vulnerability is a universal characteristic, in the specific context of health care, the patient is in a state of increased vulnerability, which will be addressed in its physical, cognitive and emotional aspects. We used the framework of Human Rights of Patients in its interface with the concept of patient autonomy, relating the theoretical framework of vulnerability to foster the proposal of a relational autonomy. We conclude that human relationality should be considered a fundamental human right, to be respected and promoted in health care by promoting the right to a companion, understood as a fundamental factor to assist in the application of patient-centered care models, aiming to guarantee the preservation of their dignity in this specific context of increased vulnerability. We believe that the best way to approach health care is based on shared decision-making based on the promotion of relational autonomy and acess to the right to accompaniment._”
|
|
|
2
|
-
Flora Raquel de Freitas Araújo
-
“NARRATIVA BIOÉTICA DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO SUS NO MUNICÍPIO DE CARUARU: O PROTAGONISMO DO MÉDICO ANTÔNIO VIEIRA ”
-
Orientador : VOLNEI CARAFFA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
VOLNEI CARAFFA
-
MARIANNA ASSUNCAO FIGUEIREDO HOLANDA
-
PAULETTE CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE
-
ROSANE FREIRE LACERDA
-
SAULO FERREIRA FEITOSA
-
Data: 09/10/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
__Esta Tese se propõe contar uma história: a da construção do Sistema Único de Saúde em um município do agreste pernambucano, entrelaçando-a com a biografia do médico Antônio Vieira, secretário de saúde deste município. Os períodos em que esteve à frente da secretaria municipal de saúde foram fundamentais para a ampliação do acesso às ações e serviços de saúde, contribuindo diretamente para a modificação dos indicadores de saúde do município e para a consolidação de uma política de saúde voltada para o fortalecimento dos princípios de universalidade, integralidade e equidade, fundantes do SUS. Partindo da conceituação de híbrido biológico-social, o trabalho se aproxima desse referencial, estudando a morte das crianças nordestinas como fato que evidencia tal vivência além da corporeidade como a expressão do orgânico, do biológico, para se constituir, também, como a expressão de uma realidade socialmente construída. O ponto de partida para a escolha do método foi a compreensão de que o processo de adoecimento e morte das crianças nordestinas revelaria a forma como esse corpo físico era percebido, estando limitado pela forma como o corpo social lhe atribuiria distintos significados. O delineamento da pesquisa ancorou-se na abordagem qualitativa, fundamental na interlocução inter-transdisciplinar necessária à construção de um pensamento complexo capaz de estabelecer relações entre o todo e as partes, base epistemológica da Bioética de Intervenção, que sustenta a transdisciplinaridade como referência da ética aplicada. Considerando tratar-se de uma tese em bioética, seu principal objetivo se constituiu na análise dos conflitos morais que atravessaram a construção histórica da mortalidade infantil no Nordeste tomando o município de Caruaru como referência de estudo e, foram determinantes para que esta nefasta realidade fosse socialmente aceita por tanto tempo. A fundamentação teórica foi construída a partir da Bioética de Intervenção, corrente epistemológica brasileira que analisa, especialmente, as situações persistentes da saúde pública, estando sustentada, também, pelos princípios da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos da UNESCO. Para a construção da narrativa, foram utilizadas as bases da Bioética Narrativa, seguindo a concepção de que ela ocorre em três eixos: a casuística – os casos são a textualidade da bioética; a segunda – a hermenêutica – é a busca do sentido; e a terceira – que é a literária, reconhecendo a literatura como mestra do conhecimento moral. Não se tratou, portanto, de uma análise da evolução dos indicadores, ou da análise de políticas de saúde em determinado período. A elaboração da narrativa requereu a aproximação entre imaginação e emoção, entre o sentir e o pensar na perspectiva da elaboração de narrativas que pudessem contar e recontar a história da vida e a experiência construída pelos sujeitos sociais envolvidos na estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS) em Caruaru, Pernambuco, Brasil, e seus reflexos diretos na vida e na qualidade de vida das pessoas. A queda vertiginosa do CMI que em 1980 era de 219,3 óbitos por mil nascidos vivos, iniciando na gestão de Antônio Vieira com 132 a cada mil nascidos vivos, chega em 2016 com o menor número de sua série histórica, alcançando o inimaginável CMI de 9 óbitos .As categorias teóricas de análise foram elencadas a partir de fundamentos teóricos vindos da Bioética de Intervenção e da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos e compreenderam: Corporeidade; Igualdade, Justiça e Equidade; Não- Discriminação e Não-Estigmatização e, por fim, Responsabilidade Social e Saúde
-
Mostrar Abstract
-
“This thesis aims to tell a story: the story of the construction of the Unified Health System in a municipality in the Pernambuco hinterland, intertwining it with the biography of physician Antônio Vieira, the city's health secretary. The periods in which he headed the municipal health department were fundamental for expanding access to health actions and services, contributing directly to the change in the city's health indicators and to the consolidation of a health policy aimed at strengthening the principles of universality, comprehensiveness and equity, which are the foundations of the SUS. Based on the concept of a biological-social hybrid, the work approaches this reference, studying the death of children in the Northeast as a fact that evidences this experience beyond corporeality as the expression of the organic, the biological, to also constitute itself as the expression of a socially constructed reality. The starting point for choosing the method was the understanding that the process of illness and death of children in the Northeast would reveal how this physical body was perceived, being limited by the way in which the social body would attribute different meanings to it. The research design was based on the qualitative approach, fundamental in the inter-transdisciplinary dialogue necessary for the construction of a complex thought capable of establishing relationships between the whole and the parts, an epistemological basis of Intervention Bioethics, which supports transdisciplinarity as a reference for applied ethics. Considering that this is a thesis in bioethics, its main objective was to analyze the moral conflicts that permeated the historical construction of infant mortality in the Northeast, taking the city of Caruaru as a reference for the study, and were decisive for this disastrous reality to be socially accepted for so long. The theoretical foundation was constructed based on Intervention Bioethics, a Brazilian epistemological current that especially analyzes persistent situations in public health, and is also supported by the principles of the UNESCO Universal Declaration on Bioethics and Human Rights. The narrative was constructed using the foundations of Narrative Bioethics, based on the concept that it occurs in three axes: casuistics – cases are the textuality of bioethics; the second – hermeneutics – is the search for meaning; and the third – literary, recognizing literature as the master of moral knowledge. Therefore, this was not an analysis of the evolution of indicators, or an analysis of health policies in a given period. The elaboration of the narrative required the approximation between imagination and emotion, between feeling and thinking, with the perspective of elaborating narratives that could tell and retell the life story and experience constructed by the social subjects involved in the structuring of the Unified Health System (SUS) in Caruaru and its direct impact on people's lives and quality of life. The theoretical categories of analysis were listed based on theoretical foundations from Intervention Bioethics and the Universal Declaration on Bioethics and Human Rights and included: Corporeality; Equality, Justice and Equity; Non-Discrimination and Non-Stigmatization and, finally, Social Responsibility and Health.”
|
|
|
3
|
-
Mariana Lima Menegaz
-
Sistemas de Queixas de Pacientes: análise sob a perspectiva da Bioética do Cuidado em Saúde
-
Orientador : ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ALINE ALBUQUERQUE SANT ANNA DE OLIVEIRA
-
FLAVIA REIS DE ANDRADE
-
LUCIANA BARBOSA MUSSE
-
TELMA REJANE DOS SANTOS FACANHA
-
VICTOR GRABOIS
-
Data: 04/12/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“_A queixa dos pacientes e familiares é temática importante abordada em todo o mundo no contexto dos cuidados em saúde e dos direitos dos pacientes. O número das queixas nos cuidados em saúde tem aumentado no decorrer dos anos, ainda que inúmeras violações vivenciadas por pacientes e familiares não resultem na apresentação da queixa. Neste estudo, considera-se queixa como sendo a manifestação que é encaminhada pelos pacientes, familiares e cuidadores, aos sistemas de queixas, cujo fundamento pauta-se dos direitos humanos. Assim, são compreendidas como narrativas complexas que relatam falhas percebidas na prestação de cuidados em saúde ou violações de direitos, a partir da perspectiva dos pacientes e familiares. Igualmente, as queixas são compreendidas como importantes recursos para obter informações sobre a própria organização de saúde, melhoria do cuidado, segurança e experiência do paciente, envolvendo, portanto, questões micro e macro do cuidado em saúde. Nesse sentido, cumpre registrar que não se considera, a partir do referencial teórico adotado, a queixa como sinônimo da reclamação, posto que esta fundamenta-se no direito do consumidor, direito civil ou sanitário, a depender do mecanismo a qual será encaminhada, por exemplo, às ouvidorias hospitalares ou ouvidorias do SUS. O Direito do Paciente, e, de forma específica, o direito de apresentar queixa nos cuidados em saúde ainda é tema pouco tratado pelos pesquisadores da Bioética e Direitos Humanos no Brasil, o que reforça a importância do presente trabalho. A ausência de investigações sobre o tema contribui para a manutenção da desconsideração, silenciamento e falta de tratamento e resposta adequada às queixas dos pacientes, familiares e cuidadores, bem como o atraso para a criação de um sistema de queixa adequado. Desta feita, ressalta-se que a Bioética Clínica (BC) abarca conflitos e dilemas que perpassam as situações cotidianas da relação de cuidado em saúde, incluindo o encontro clínico e as queixas dele decorrentes. Desse modo, utiliza-se o referencial teórico da Bioética do Cuidado em Saúde (BCS), que é uma nova vertente teórica da BC que se fundamenta no artigo 3º da Declaração Universal de Bioética e possui quatro elementos principais: a) o Direito do Paciente; b) a centralidade do paciente; c) a relação de parceria entre os atores do encontro clínico; e d) a empatia clínica. Assim, propõe-se analisar os sistemas de queixas sob a perspectiva da BCS, tendo em conta que essa nova vertente de BC reconhece a transformação do papel do paciente, que passou de objeto de intervenções para sujeito de direitos e protagonista do seu próprio cuidado em saúde. Adicionalmente, o presente estudo analisa o contexto brasileiro, trazendo à baila análise sobre as ouvidorias, principalmente, as hospitalares e do SUS e, ao final, apresenta proposição de sistema de queixa no Brasil, sob a ótica da BCS, com o fito de efetivar o direito de apresentar queixa e reforçar o protagonismo do paciente e a centralidade do cuidado em saúde, contribuindo para uma nova perspectiva de recebimento, processamento e resposta às queixas nos cuidados em saúde, no País.”
-
Mostrar Abstract
-
“_The complaints raised by patients and their families constitute an essential topic discussed worldwide within the context of health care and patients’ rights. The number of complaints in healthcare has increased over the years, even though numerous violations experienced by patients and relatives do not esult in the formal submission of a complaint. In this study, a complaint definition is the manifestation submitted by patients, relatives, or caregivers to complaint systems, grounded in human rights principles. Understanding such complaints as complex narratives that describe perceived failures in the provision of health care or violations of rights, from the standpoint of patients and their families. They are also regarded as valuable resources for obtaining information about the healthcare organization itself, for improving care, ensuring safety, and enhancing the patient experience — thus encompassing both micro and macro aspects of healthcare. It is worth emphasizing that, according to the theoretical framework adopted herein, a complaint is not regarded as synonymous with a claim, since claims are grounded in consumer, civil, or sanitary law, depending on the addressed institutional mechanism, such as hospital or public health ombudsman offices. Patients’ rights — and, specifically, the right to file a complaint within healthcare — remain an underexplored topic among scholars of Bioethics and Human Rights in Brazil, which underscores the relevance of this research. The lack of studies on the subject contributes to the ongoing neglect, silencing, and inadequate response to patients’, relatives’, and caregivers’ complaints, as well as to delays in an appropriate complaint system. In this regard, Clinical Bioethics (CB) encompasses conflicts and dilemmas inherent to the daily practice of care, including the clinical encounter and its arising complaints. Therefore, this study adopts the theoretical framework of the Bioethics of Health Care (BHC) — a recent theoretical strand of CB based on Article 3 of the Universal Declaration on Bioethics and Human Rights — which comprises four core elements: (a) Patients’ Rights; (b) the centrality of the patient; (c) the partnership between actors within the clinical encounter; and (d) clinical empathy. Accordingly, this research analyzes complaint systems from the perspective of BHC, given that this emerging strand of bioethics acknowledges the transformation of the patient’s role — from an object of medical intervention to a rights-bearing subject and active participant in their own health care. Additionally, this study examines the Brazilian context, with particular attention to hospital and public health (SUS) Ombudsman offices, and ultimately proposes a complaint system for Brazil from the standpoint of BHC. The proposal aims to realize the right to file a complaint, reinforce patient agency, and reaffirm the centrality of care within health systems—thereby contributing to a renewed perspective on the reception, processing, and response to complaints in Brazilian health care. _”
|
|
|
4
|
-
LUCAS SALGADO DA COSTA
-
“BIOÉTICA E ALIENAÇÃO: ENTRE O IMPERIALISMO MORAL E A COLONIALIDADE DA VIDA”
-
Orientador : ANA MIRIAM WUENSCH
-
MEMBROS DA BANCA :
-
ANA MIRIAM WUENSCH
-
JOSE FRANCISCO NOGUEIRA PARANAGUA DE SANTANA
-
MARCIO ROJAS DA CRUZ
-
MARIANNA ASSUNCAO FIGUEIREDO HOLANDA
-
MARTIN LEON JACQUES IBANEZ DE NOVION
-
Data: 11/12/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
“O presente trabalho investiga bases para uma bioética crítica radical, tomando como ponto de partida uma lacuna teórica identificada em seu arcabouço: a desconexão entre a crítica ao imperialismo moral (imposição de padrões éticos hegemônicos) e à colonialidade da vida (hierarquização e exploração da existência). Superar essa lacuna exige uma fundamentação materialista capaz de explicar a gênese comum de ambos os fenômenos. O argumento central desta tese é que o conceito de alienação, reconstruído a partir da teoria marxista e enriquecido por uma perspectiva periférica, oferece a chave explicativa para essa articulação, ao desvelar os processos de despossessão que fragilizam a autonomia ética das populações e naturalizam sua exploração. O objetivo geral é analisar essa relação, propondo a alienação como categoria mediadora para uma bioética crítica. A metodologia consiste em uma pesquisa teórica qualitativa de natureza qualitativa, que articula a análise conceitual dos escritos de Marx com a revisão crítica da literatura secundária e do campo da bioética. Os resultados demonstram que a alienação, enquanto categoria sócio-ontológica, não apenas constrói uma ponte teórica entre os dois conceitos, mas revela sua relação dialética intrínseca: a dominação política e a exploração socioecológica são faces complementares de um mesmo processo de alienação. Como conclusão, constata-se que a incorporação do conceito de alienação amplia significativamente o potencial analítico e emancipatório da bioética crítica, oferecendo um instrumento robusto para o enfrentamento das crises contemporâneas, conforme demonstrado na análise da crise climática enquanto expressão paradigmática dessa dinâmica.”
-
Mostrar Abstract
-
“This work investigates the foundations for a radical critical bioethics, taking as its starting point a theoretical gap identified in its framework: the disconnect between the critique of moral imperialism (the imposition of hegemonic ethical standards) and life coloniality (the hierarchization and exploitation of existence). Overcoming this gap requires a materialist foundation capable of explaining the common genesis of both phenomena. The central argument of this thesis is that the concept of alienation, reconstructed from Marxist theory and enriched by a peripheral perspective, provides the explanatory key for this articulation by unveiling the processes of dispossession that undermine the ethical autonomy of populations and naturalize their exploitation. The general objective is to analyze this relationship, proposing alienation as a mediator category for a critical bioethics. The methodology consists of qualitative theoretical research, which articulates conceptual analysis of Marx's writings with a critical review of secondary literature and the field of bioethics. The results demonstrate that alienation, as a socio-ontological category, not only builds a theoretical bridge between the two concepts but also reveals their intrinsic dialectical relationship: political domination and socio-ecological exploitation are complementary facets of the same process of alienation. In conclusion, it is found that incorporating the concept of alienation significantly expands the analytical and emancipatory potential of critical bioethics, offering a robust tool for confronting contemporary crises, as demonstrated in the analysis of the climate crisis as a paradigmatic expression of this dynamic.”
|
|
|
5
|
-
Lucia Katharina Röhr
-
UM OLHAR BIOÉTICO À ASSISTÊNCIAS ÀS MULHERES COM DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL NO BRASIL
-
Orientador : SAULO FERREIRA FEITOSA
-
MEMBROS DA BANCA :
-
SUE YAZAKI SUN
-
ANA CLÁUDIA RODRIGUES DA SILVA
-
MARIANNA ASSUNCAO FIGUEIREDO HOLANDA
-
RENATA LIRA DOS SANTOS ALÉSSIO
-
SAULO FERREIRA FEITOSA
-
Data: 12/12/2025
-
-
Mostrar Resumo
-
A Doença Trofoblástica Gestacional (DTG) é uma condição rara e potencialmente grave, cuja incidência no Brasil é expressivamente superior à de países do Norte global, afetando de modo desproporcional mulheres negras, pobres e residentes em regiões periféricas. Embora apresente altas taxas de cura quando diagnosticada e tratada precocemente, sua trajetória assistencial é marcada por falhas estruturais, violências simbólicas e institucionais e ausência de políticas públicas eficazes. A partir da perspectiva da Bioética de Intervenção, ancorada nos Artigos 8º, 11º e 14º da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (UNESCO, 2005), esta pesquisa analisa os conflitos morais, sociais e institucionais que atravessam o cuidado às mulheres com DTG, articulando as categorias de corporeidade, vulnerabilidade e interseccionalidade como eixos interpretativos. Tratase de uma pesquisa qualitativa e narrativa, que se vale da bioética narrativa como método hermenêutico de análise e reflexão, utilizando narrativas testemunhais construídas a partir de experiências clínicas e institucionais vividas pela pesquisadora em um centro de referência nordestino. As “flores trofoblásticas” — narrativas simbólicas das mulheres acompanhadas — revelam trajetórias permeadas por dor, racismo, desigualdade, negligência e resistência, transformando a experiência corporal da doença em testemunho ético e político. A análise evidencia que as desassistências observadas não são apenas falhas técnicas, mas expressões de escolhas morais e estruturais, reproduzindo desigualdades históricas de gênero, raça e classe no sistema de saúde. Ao mesmo tempo, mostram o potencial transformador de práticas de cuidado pautadas na escuta, no vínculo e na proteção. A tese propõe recomendações concretas voltadas à formação ética e sensível de profissionais, à reorganização dos fluxos de atendimento, à criação de políticas públicas específicas e ao fortalecimento de uma rede de apoio intersetorial que garanta seguimento digno, equitativo e humanizado. Assim, a bioética é apresentada não apenas como campo reflexivo, mas como instrumento de ação transformadora, capaz de intervir nas estruturas que produzem sofrimento evitável e de inspirar políticas comprometidas com a dignidade, a justiça e a proteção da vida das mulheres com DTG.
-
Mostrar Abstract
-
Gestational Trophoblastic Disease (GTD) is a rare yet potentially severe condition whose incidence in Brazil far exceeds that of high-income countries, disproportionately affecting Black, poor, and peripheral women. Although highly curable when diagnosed and treated early, the Brazilian healthcare response remains characterized by structural deficiencies, symbolic and institutional violence, and the absence of consistent public policies. Grounded in Intervention Bioethics and guided by Articles 8, 11, and 14 of UNESCO’s Universal Declaration on Bioethics and Human Rights (2005), this thesis examines the moral, social, and institutional conflicts surrounding the care of women with GTD, articulating the categories of corporeality, vulnerability, and intersectionality as analytical axes. Using a qualitative and narrative-based approach, the study employs narrative bioethics as a hermeneutic method of analysis and reflection. The testimonial narratives, built from real-life experiences at a GTD reference center in Northeastern Brazil, reveal women’s trajectories of pain, racism, neglect, and resilience—transforming corporeal experience into ethical and political testimony. The findings show that deficient care practices stem not only from technical failures but from moral and structural choices that reproduce entrenched inequalities of gender, race, and class within healthcare systems. At the same time, they highlight the transformative potential of practices grounded in listening, empathy, and protection. The thesis proposes concrete recommendations for professional ethical training, restructuring care pathways, developing specific public policies, and strengthening intersectoral support networks to ensure equitable, dignified, and humanized follow-up.NUltimately, bioethics is presented not merely as a theoretical framework but as a transformative instrument of action, capable of intervening in the structures that generate avoidable suffering and inspiring policies grounded in dignity, justice, and the protection of life for women with GTD.
|
|