Esta pesquisa aborda o estudo de uma estrutura musical amazônica, presente no Txanás, Cumbias e Baques, que são definições musicais indígenas da Amazônia sul ocidental, ancoradas no Estado do Acre. Esta linguagem musical se consolidou em contextos regionais específicos: os seringais do Acre, por meio dos Baques de Samba e Marcha, a música selvática de referência peruana, que influenciou a Cumbia Amazônica e a musicalidade dos Txanás, como fenômeno contemporâneo. No primeiro capítulo são apresentadas as informações preliminares sobre os povos e regiões envolvidas com esta musicalidade, e em seguida as revisões bibliográficas sobre os mesmos. Como referência metodológica me embaso sob os conceitos de transportações aplicados por Marlui Nóbrega Miranda, que em proximidade temática, contribuiu na compreensão dos processos desenvolvidos neste trabalho, realizado em 15 anos de pesquisa ação junto a mestras e mestres tradicionais indígenas e seringueiros do Estado do Acre. Como referencial teórico foi utilizada a historiografia indígena acreana, que organiza desde a década de 1980 uma temporalidade histórico-cultural a partir de pesquisas coletivas e geracionais, protagonizadas pelos pesquisadores indígenas. Os dados sobre as práticas musicais levantadas, foram distribuídos conforme a periodização proposta pela historiografia indígena acreana, com o objetivo de apresentar parte selecionada de uma grande quantidade de fontes e referências que foram identificadas. Para análises dos dados a respeito da estrutura musical identificada nas práticas mapeadas, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com os principais correspondentes entre as terras altas e baixas, relacionando os Wayñus andinos, as Cumbias selváticas e os Baques de Samba e Marcha. Concluindo a identificação da estrutura musical, foram realizadas análises musicais a partir dos elementos musicais apreendidos com as fontes, que demonstraram suas recorrências comuns em diferentes épocas, espaços e grupos, assim como também as características musicais particulares de seu funcionamento nos aspectos rítmicos, melódicos e harmônicos. Estes elementos esclarescem a existência de uma linguagem e sintaxe musical, proveniente dos povos indígenas da Amazônia sul ocidental, que se adaptou através dos tempos impostos pela colonização e vem indicando caminhos para uma musicologia brasileira que encontre sua ancestralidade.

As experiências indígenas, no decurso da história, têm sido marginalizadas pelos processos de colonização, situação que faz que silenciam ou deixam de realizar inúmeras práticas associadas aos seus modos de vida e à sua ancestralidade. Respeito do universo sonoro que compõe a resistência em torno desses saberes, acredito que os atuais processos de auto reconhecimento e reivindicação indígena produz que aqueles que participamos de espaços acadêmicos repensemos de que maneira nos relacionamos com esses fenômenos sociais. Desde a musicologia e outras disciplinas, tem sido desenvolvido diversos esforços e propostas teórico-metodológicas com a finalidade de compreender as expressões do universo sonoro indígena. Com o objetivo de contribuir com esses esforços, esta pesquisa, a partir de uma abordagem etnográfica, auto etnográfica e interdisciplinar, se propõe elaborar uma série de reflexões metodológicas a partir das experiências e propostas dos envolvidos nos processos de pesquisa: quem investiga e quem participa das investigações. Pela recuperação de experiências, considerando que a memória, território e diversas noções sobre corporeidade são transversais a sonoridade, propõe-se repensar criticamente as relações entre o universo sonoro indígena e a pesquisa acadêmica a partir da revalorização das epistemologias indígenas e do trabalho colaborativo como eixos fundamentais da disciplina.

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) tem provocado a produção de livros para o componente curricular Arte que abordam as quatro linguagens artísticas de maneira integrada: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. Nesse contexto, este trabalho procurou conhecer e analisar o uso que professores de Arte da rede municipal de Juiz de Fora fazem desses livros didáticos nas escolas de Educação Básica em que trabalham. É importante considerar que, após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/1996), a formação desses professores passa a ser específica em uma das linguagens, o que pode gerar dificuldades na utilização dos livros distribuídos pelo PNLD. Assim, os seguintes objetivos específicos foram definidos para operacionalizar a pesquisa: a) conhecer as formas pelas quais o componente curricular se materializa na rede municipal de Juiz de Fora, contexto onde os livros são provavelmente utilizados; b) investigar as concepções de ensino de Arte de professores dessa rede municipal; c) conhecer e analisar o uso que esses professores fazem dos livros didáticos de Arte em seu trabalho nas escolas de Educação Básica; e d) conhecer e analisar as opiniões dos professores de Arte a respeito das obras didáticas avaliadas e distribuídas pelo PNLD. Para tal, a pesquisa qualitativa foi caracterizada como um estudo de caso que, para a construção dos dados, utilizou-se de um questionário online, administrado aos professores de Arte em atuação nas escolas municipais de Juiz de Fora, e de entrevistas de aprofundamento com uma professora de Artes Visuais e com uma professora de Música. Apesar da taxa de respostas ao questionário não permitir uma generalização, foi possível traçar um esboço de como os livros didáticos têm sido utilizados nesta rede de ensino. O componente curricular Arte é ofertado de múltiplas maneiras nas diferentes escolas: em uma disciplina de Arte, onde professores especialistas atuam a partir de sua formação em uma das linguagens artísticas; em disciplinas específicas das linguagens artísticas; podendo ser oferecidos, ainda, um ou mais projetos que trabalham com uma dessas linguagens. Os professores de Arte na rede municipal de Juiz de Fora são, em sua ampla maioria, contratados, exercendo cargos temporários em diferentes escolas a cada ano. Dessa forma, a maior parte da amostra que respondeu aos questionários não participam da escolha dos livros didáticos, e não os utilizam em sua prática docente. Alguns professores demonstraram utilizar o livro didático como um dos recursos possíveis, dentre vários outros, para preparar as suas aulas – sempre adaptando de acordo com seus objetivos e com o contexto onde atuam. Nas entrevistas de aprofundamento, pode-se observar que, de fato, a escolha dos livros didáticos dá-se por professores efetivos que, nesse caso, são todos especializados em Artes Visuais ou Educação Artística. As professoras utilizam o livro também como um possível recurso, adaptando suas propostas a partir de suas concepções de ensino de Arte. Essas concepções se baseiam no entendimento da aula como um acontecimento artístico, estruturando-se a partir de experiências que formem e transformem os que por ela são atravessados. A professora de Artes Visuais mostrou-se mais confortável na utilização do livro didático que aborda as linguagens artísticas de forma integrada, o que pode estar relacionado ao fato de que esses livros geralmente privilegiam sua área de formação. Por sua vez, a professora de Música demonstrou utilizar muito pouco os livros, sendo sempre necessário fazer grandes adaptações a algumas propostas que dialoguem com seus objetivos. Os resultados apontam para a necessidade de pesquisas como esta em diferentes localidades do país, de forma a compreender melhor as diferentes relações estabelecidas com as obras didáticas disponibilizadas pelo governo federal. Da forma como os livros estão estruturados, eles parecem favorecer o trabalho de professores formados em Artes Visuais, sendo importante aprofundar os estudos de forma a analisar se outros formatos ou outras lógicas favoreceriam seu uso por outros professores. Todavia, resta clara a importância desse material que, não dirigindo o trabalho do professor, parece estar sendo utilizado como um aliado na prática docente. 

Esta pesquisa teve como objetivo geral compreender de que forma duas mulheres, instrumentistas e professoras de música constroem suas Histórias de Vida com a música. Como objetivos específicos busquei elucidar suas estratégias e caminhos para criar espaços de empoderamento no campo; trazer a visão de si em seu reconhecimento como musicistas empoderadas; entrelaçar essa visão na alteridade de como se dá essa relação com o outro no processo de empoderamento no meio musical. O referencial teórico está fundamentado principalmente no conceito de empoderamento e suas dimensões, trazendo também reflexões sobre a inter-relação entre música e gênero, discutindo a neutralidade da representação feminina na história da música e de que forma as mulheres passaram a ser pensadas como agentes históricos. Os pressupostos teórico-metodológicos se fundamentam na abordagem das Histórias de Vida, referencial este que, por meio da técnica de entrevista narrativa (auto)biográfica, sugere uma ressignificação do vivido por parte das colaboradoras, trazendo um novo sentido à sua historicidade.  As análises indicam forte ligação entre o percurso formativo das colaboradoras e seus processos de empoderamento, sendo suas relações com ensino, aprendizagem e pesquisas no campo da música, seus principais meios de fortalecimento e (auto)reconhecimento neste campo. O próprio ato de narrar, na perspectiva da reflexividade narrativa, é compreendido também como uma forma de empoderar-se, ao localizar quem narra em um papel triplo, como autora, atriz e narradora de sua própria história.

Este trabalho tem como objeto de estudo o projeto de vida com a música de duas cantoras residentes em Brasília. Estabeleci como objetivo geral: compreender nas narrativas autobiográficas de duas cantoras, modos de constituir-se nos projetos de vida com a música. Nesta direção, os objetivos específicos foram: evidenciar como as experiências com a música delinearam os caminhos traçados na configuração de seus projetos de vida; analisar como elas dão sentidos a uma vida projetada com a música; e compreender como elas se reconhecem como cantoras. Para chegar a compreensões e reflexões sobre a proposta desse estudo, a pesquisa (auto)biográfica revelou-se como mais apropriada, fundamentada no conceito projeto de vida de Maria da Conceição Passeggi e Luciana Medeiros da Cunha, baseada na figura do indivíduo-projeto de Christine Delory-Momberger; e dos sujeitos empírico, epistêmico, biográfico de Passeggi e sujeito musicobiográfico de Delmary Abreu. O dispositivo para a coleta de dados foi a entrevista narrativa autobiográfica. No diálogo com as duas cantoras, foram revelados como trilhas indicativas de seus modos de constituir-se com a música: a escolha pela música, a constituição na formação e nas experiências com a música e o reconhecimento que elas fazem de si com a música. Dessa forma, o projeto de vida com a música, se constitui como um processo de ações minúsculas praticadas pelas cantoras no interior de cada contexto, cada palco por onde seu cantar permeia, e também por cada atividade desempenhada com a música. Essas ações vão constituindo as cantoras em profissionais

O presente trabalho nasce em um período de instabilidade e mudanças dentro do processo de ensino, a partir da mudança repentina do modelo de aulas presenciais, em um estilo de ensino mediado por tecnologia. Buscamos trazer uma reflexão sobre como se deu o processo de mudança e como funcionaram as aulas de bateria durante este período, tendendo nosso trabalho na visão dos alunos, sobre a utilização das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC). O objetivo principal é observar como as TDIC foram utilizadas nas aulas de bateria, no Lócus de pesquisa, o Centro de Educação Profissional – Escola de Música de Brasília (CEPEMB). O trabalho se dá através de um estudo de entrevista, onde foram ouvidos três alunos de diferentes momentos da escola, sendo um aluno que estudou todo o seu curso de forma presencial e concluiu com uma formatura online; o segundo, um aluno que começou de forma presencial e migrou para o ensino online; por fim, o terceiro e último aluno, começou o seu curso já de forma online. Os alunos participaram de uma entrevista semiestruturada onde apontaram mudanças na estrutura física da escola, a importância das TDIC em seu aprendizado como complemento, e uma preferência pelo ensino presencial.

A presente pesquisa, realizada no âmbito de um programa de mestrado acadêmico em música, tem como objetivo investigar como a educação musical tem sido abordada em pesquisas referentes às práticas de canto coral infantil e infantojuvenil. A metodologia consiste na pesquisa bibliográfica com o procedimento de levantamento de teses e dissertações no banco de dados da Biblioteca Digital Brasileira com um recorte temporal entre os anos de 1996 e 2021. Com o panorama histórico do canto coral infantil e infantojuvenil no cenário brasileiro a literatura mostra essa prática no ambiente escolar, no repertório, a concepção de regentes, os benefícios como elemento de socialização e musicalização. A análise descritiva evidenciou o modo como as práticas educativo-musicais no canto coral infantil e infantojuvenil tem se configurado. Os resultados mostram que, nos 13 trabalhos selecionados, embora a prática de canto coral esteja inserida, em sua maioria, no campo da performance, há nítidas contribuições para o fortalecimento de práticas educativo-musicais. A escolha do repertório parece ser a base para ampliar a visão de mundo dos participantes no diálogo com outras culturas. O material de referência a ser utilizado de forma pedagógica pelos regentes e professores de música é um ponto a ser destacado. Outra tendência nas práticas educativo-musicais é a interação social entre os coralistas, possibilitando o crescimento pessoal e grupal, contribuindo para ampliação de mundo, a formação humana e a ideia de pertencimento. Outro aspecto consiste em estudantes se sentirem empoderados no que diz respeito à aquisição de habilidades musicais e experiências artísticas, construídas socialmente com seus pares. Investigar como a educação musical é abordada nessas teses e dissertações é considerar o pensamento de autores que prezam por uma educação de qualidade e que se dá por meio de ações que democratizam os processos de ensino e aprendizagem relacionada às práticas educativas musicais; a utilização de movimentos corporais; a busca de ambiente afetuoso de convivência e inclusão; pela presença de ludicidade e de práticas criativas; pela superação de desafios e busca por soluções e pela formação do regente-educador que sabe integrar conhecimentos musicais, de práticas de regência coral com uma educação musical intencionada em formar pessoas com a música para a vida. Nisso reside o compromisso do regente com a Educação Musical, refletindo sobre o tipo de formação necessária que o licenciando em música necessita para atuar com coro infantil e infantojuvenil em ambiente escolar. A formação profissional compõe um conjunto de saberes, competências e habilidades como regência, técnica vocal e educação musical consolidando a performance com a educação musical no canto coral infantojuvenil.

Nosso objetivo nessa dissertação foi estudar a criação musical aplicada aos jogos digitais, explorando as especificidades técnicas propostas por esse meio. Buscamos reunir e sistematizar as técnicas composicionais aplicadas aos jogos digitais verificadas na literatura didática e acadêmica sobre o tema. Para tanto, realizamos uma análise auditiva da música de Final Fantasy VII Remake, com intuito de observar as relações entre as prescrições da bibliografia revisada e a aplicação destas técnicas e conceitos no jogo. Dessa maneira, foi possível destacar os pontos de convergência, de divergência e de extrapolação entre o sugerido pela literatura e o constatado na análise.

Além de qualificações como advogado, professor de história da música, virtuoso do violino e compositor; Flausino Valle desempenhou um importante papel em Belo Horizonte na primeira metade do século XX. Deixou obras para violino e piano, voz e piano, flauta e piano, coro e violino solo, além de inúmeros arranjos para violino. Seus 26 Prelúdios Característicos e Concertantes para Violino “Só” são uma obra altamente original dentro do repertório violinístico brasileiro, combinando técnica tradicional com temas folclóricos e um uso inusitado do instrumento. Esta pesquisa visa compreender aspectos pedagógicos da técnica de arco da obra de Flausino Valle através da análise técnica dos 26 Prelúdios Característicos e Concertantes Para Violino Só, a fim de fornecer subsídios para uma interpretação musical coerente com as intenções do compositor. A metodologia adotada nesta pesquisa foi a de caráter exploratório, tendo como objetivos específicos: guiar e fornecer orientações sobre a forma de interpretar a escrita de Flausino Valle nos Prelúdios para Violino Só, como aplicar a escrita de Flausino Valle ao violino, com foco na técnica de arco; propor às instituições de ensino musical, escolas de violino, a aplicação de alguns dos Prelúdios de Flausino Valle como parte do programa de formação de violinistas. Conclui-se que a inovação na obra de Valle está presente principalmente no uso e combinação de técnicas instrumentais usadas por ele para reproduzir influências de seu meio social, e seu nacionalismo descritivo se mostra presente em todos Prelúdios para Violino “Só”. Os prelúdios escolhidos pelo autor deste trabalho vão de encontro com a clara intenção de Flausino Valle de introduzi-los academicamente no repertório para formação de jovens violinistas.

A presente dissertação apresenta resultados sobre como ocorre a imitação vocal na aprendizagem musical de crianças de dois anos que frequentam aulas de musicalização. A problemática desta pesquisa surge a partir da dualidade da imitação na aprendizagem musical. Por um lado, ela é entendida como um processo de aprendizagem, por outro lado, uma ação mecanizada que não gera criatividade. O referencial teórico desta pesquisa discute essa dicotomia por meio da Teoria de Aprendizagem Musical (TAM) de Edwin E. Gordon. O autor apresenta três tipos de aprendizagens musicais pelas quais as crianças passam na primeira infância: aculturação, imitação e assimilação. Ele explica que as crianças aprendem música, assim como aprendem a falar. Os modelos de voz cantada, bem como os padrões tonais, são os meios para ensinar a criança a cantar. Tendo em vista estas considerações, a presente dissertação buscou compreender como ocorre a imitação dos padrões tonais de crianças de dois anos em aulas de musicalização. A revisão de literatura apontou que a imitação vocal é uma comunicação entre adulto e bebê que gera sincronia tonal, temporal e afetiva entre a díade. De abordagem qualitativa, esta pesquisa investigou uma turma de musicalização de crianças com idades entre dois e três anos de uma escola de música privada de Brasília/DF, na qual tem sua base pedagógica a TAM. Utilizou-se o estudo de casos múltiplos (Yin, 2001) para cruzar dados de cada caso único, identificando e caracterizando as manifestações musicais e expressivas imitativas dos padrões tonais. Foram utilizadas a observação participante (Gil, 2008), o questionário (Gil, 2008) e a videogração (Carvalho, 2004) como procedimentos metodológicos. Utilizou-se a análise qualitativa de episódios de interação (Pedrosa; Carvalho, 2005) como procedimento analítico. Como resultado, foi identificado que a imitação dos padrões tonais de crianças de dois anos em aulas de musicalização ocorre de diversas formas, especialmente pela imitação recíproca, compreendida como um diálogo imitativo recíproco em que adulto e criança trocam um conhecimento musical de forma mútua. A afetividade é identificada como a base da imitação, tendo em vista os vínculos seguros proporcionados pelos cuidadores e professores de música, os modelos de voz cantada, o contato visual, o direcionamento, a atenção, o engajamento e o silêncio como emergentes da imitação na aprendizagem musical. A imitação recíproca foi identificada como um processo de audiação preparatória, tendo como função a organização e a discriminação dos padrões tonais e rítmicos por meio da interação musical recíproca, potencializando a audiação preparatória da criança. A intencionalidade, o protagonismo, a discriminação dos padrões tonais, a sintaxe musical e a sincronia tonal foram caracterizados como processos de aprendizagem musical por meio da imitação recíproca. A orientação bidirecional do professor de música, potencializa a aprendizagem musical por meio da imitação. Do contrário, a orientação unidirecional, pode estabilizar a aprendizagem musical na imitação.

A pesquisa aqui relatada investigou os processos de Ensino e aprendizagem de violino e viola no ensino remoto emergencial, no âmbito de um projeto social do Distrito Federal, tendo a Teoria da Distância Transacional de Moore (1993) como referencial teórico. Para tal, buscou-se verificar a interação de três variáveis (estrutura, diálogo e autonomia do aluno) da referida teoria dentro do contexto de ensino remoto emergencial, durante a Pandemia de COVID19 no ano letivo de 2020. Foi averiguado como essas variáveis se relacionaram dentro deste contexto, e que resultados foram obtidos por essas decisões pedagógicas e estruturais, na migração do ensino presencial para o ensino remoto emergencial. A metodologia escolhida foi o estudo de caso conjuntamente com a análise de conteúdo. A coleta de dados se deu a partir dos documentos de decisões governamentais, planejamentos organizacionais e pedagógicos, diários de classe, relatórios e entrevistas semiestruturadas com os estudantes. A análise dos dados comparados com as variáveis, forneceram apontamentos acerca das relações existentes entre as escolhas estruturais e as oportunidades de diálogo proporcionadas pelo curso, os dados também demonstram a importância das escolhas pedagógicas em relação à estrutura disponível e o impacto que essa estrutura tem no desenvolvimento da autonomia do aluno e da implementação do curso como um todo. A pesquisa também indica que é necessário o desenvolvimento de competências digitais de docentes e discentes, tanto para o ensino presencial quanto para a Educação a Distância, visto que o ensino remoto emergencial não é uma modalidade de ensino. Para que alunos e professores possam usufruir das TDIC e de todo o potencial que a Educação a Distância tem a oferecer, é preciso incluir práticas colaborativas e digitais no contexto escolar e na educação musical.

O objetivo deste estudo foi identificar como as Representações Mentais podem auxiliar no controle do arco em exercícios técnicos violinísticos. Para Dalagna, Lã e Welch (2013), o fenômeno da Representação Mental é um plano antecipatório da performance musical real, desse modo, a pergunta norteadora deste trabalho é: como as Representações mentais podem auxiliar no controle do arco em exercícios técnicos violinísticos? Para isso, realizamos uma pesquisa bibliográfica, descritiva, com análise de conteúdo e abordagem qualitativa. Além
disso, utilizamos a plataforma Zoom para realizar entrevistas semiestruturadas com sete violinistas profissionais de Brasília (DF), demonstrando exercícios técnicos específicos do controle do arco escolhidos por escolha pessoal com a finalidade de identificar o fenômeno da Representação Mental. O trabalho discute o conceito de Representações mentais; apresentamos controle do arco na percepção da física, e da literatura violinística; propõe analisar e descrever exercícios técnicos propostos por Ševčík (1852-1934), Fischer (1988) e Dounis (1886-1954), que podem oferecer subsídios para a construção de Representações Mentais do controle do arco,
a partir da coordenação do controle muscular, percepção auditiva e compreensão de aspectos técnicos. A metodologia discute a percepção dos violinistas profissionais de Brasília sobre o controle do arco. Os resultados apontam que, mediante a exposição dos exercícios técnicos foi possível identificar Representações mentais dos violinistas, e como esse fenômeno pode contribuir para os processos de formação, seja lembrando, antecipando, criando, recriando, solucionando, etc. Ademais, a pesquisa demonstrou que este fenômeno é epistémico. Os
resultados encontrados nesta pesquisa demonstram a importância da curiosidade epistêmica no próprio processo do desenvolvimento individual, além de contribuir com a junção do ramo da psicologia cognitiva com a música, especificamente Representações mentais do controle de arco de violinistas.

A presente pesquisa tem como objetivo geral compreender como ocorre a inclusão sociodigital de professores de violoncelo que atuam no ensino online.  A partir da revisão de literatura iniciei a coleta de dados por meio de questionário com um grupo com 76 (setenta e seis) professores de diferentes regiões do Brasil via wathssap com objetivo de identificar o perfil de formação de professores de violoncelo que atuam no ensino online e entender como esses professores têm utilizado as TDIC no ensino. A partir dessa coleta selecionei três professores que ensinam em diferentes contextos e realizei entrevistas semi-estruturadas. A análise dos dados identificou o perfil de formação de vinte professores e apontou particularidades de literacia digital, a maioria possui formação superior e todos utilizam TDIC para o ensino. Os dados são discutidos a partir de uma proposta de formação de professores com foco na literacia digital (FIPELD). Os resultados apontam que os professores não tiveram formação direcionada para literacia digital e lidam com as TDIC a partir de suas experiências. A pesquisa também revelou a necessidade de publicações dentro da área de educação musical direcionadas à inclusão sociodigital.

A pesquisa tem como tema o canto popular, tendo como objetivo geral compreender à luz das narrativas de formação, saberes constitutivos da formação em canto popular. O referencial teórico-metodológico utilizado foram os aportes da Pesquisa (Auto)biográfica em diálogo com o campo da Educação Musical. A fonte empregada foi a entrevista narrativa (auto)biográfica. Desta forma, as narrativas (auto)biográficas da cantora e professora de canto popular Dani Baggio apresentaram-se como um dispositivo formativo que, no processo de análise promovem uma relação de vínculo entre as dimensões do sujeito da experiência, epistêmico e (auto)biográfico levando a compreensões dentro do campo da música e da educação musical processos de musicobiografização. Esses saberes constitutivos revelam um potencial para a (auto)formação e essa compreensão de si com o canto popular vai além de competências, concepções, habilidades musicais e técnicas – elas potencializam o acontecimento apropriador revelando também, a figura do professor que tem a intencionalidade de fazer emergir no processo formativo o saber agir ao se escutar.