Este trabalho consiste na investigação de produções subjetivas do espaçotempo vivenciadas por crianças na Educação Infantil, especialmente em um município goiano que participa da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e EntornoRIDE-DF, localizado a 50km de distância da capital federal, com influências culturais e sociais específicas e singulares. Com base na Teoria da Subjetividade na perspectiva cultural histórica de González Rey e nos pressupostos da Epistemologia Qualitativa, temos a intenção de refletir sobre os processos que ocorrem no contexto da Educação Infantil envolvendo o espaço-tempo vivenciados na rotina diária, bem como as relações que se estabelecem ao longo desse processo e as dimensões subjetivas dos indivíduos envolvidos na pesquisa. A pesquisa foi realizada em uma turma de crianças na faixa etária de 04 a 05 anos e 11 meses, e desenvolvida em constante diálogo a partir de diversos instrumentos metodológicos que favoreceram a expressão das crianças pequenas. Neste trabalho, o estado do conhecimento aborda a produção acadêmica sobre a temática, ao longo do período 2017 a 2022. De modo geral, o estado do conhecimento evidencia a prevalência de concepções fragmentadas de espaço e tempo. De forma diferenciada, essa dissertação busca evidenciar a relevância do estudo sobre espaçotempo tomados a partir de processos subjetivos gerados nas vivências das crianças nesse ambiente educacional e no qual se articulam um conjunto de aspectos como: a historicidade, as percepções, as emoções, os pensamentos, as interações e as relações sociais.

O presente trabalho possui como intuito conversar e atravessar os sentires das professoras e professores, jovens adultos, que recém chegaram à sala de aula, na Secretaria de Educação do Distrito Federal, retomando um espaço de reflexão das práticas e, como desdobramento, procurar acompanhar, por meio dos princípios teóricos da Teoria da Subjetividade, de Fernando González Rey (2004, 2011, 2013, 2017), a emergência de movimentos subjetivos, como o encantar e reencantar-se com a profissionalidade docente. A partir da Epistemologia Qualitativa e do Método Construtivo-Interpretativo, busco entender e refletir a respeito da forma como essas jovens professoras e professores, recém chegados à Rede Pública de Ensino, subjetivam as suas experiências e vivências no âmbito profissional. Como reflexão inicial no processo de construção da dissertação, estou profundamente ligada à ideia de que não existe a possibilidade de pensar a constituição da docência sem levar em consideração os aspectos dialéticos, subjetivos e afetivo-emocionais que nela estão presentes. O estudo trouxe reflexões importantes a respeito dos processos de constituição da identidade docente e do processo de se encontrar no mercado de trabalho na área educacional.

A presente pesquisa visou a apreender as vivências de estagiárias de Pedagogia que atuam em Escolas de Governo (EG) a partir da tríade “Curso de Pedagogia – Estágio – Escolas de Governo”. Para tal finalidade, fundamentou-se no materialismo histórico-dialético (Marx, 2008, 2020a, 2020b; Kosik, 1969; Cury, 1987; Gadotti, 1988; Frigotto, 1989; Netto, 2011, 2020) e realizou entrevistas com seis estagiárias. As vivências foram analisadas por meio dos núcleos de significação (Vigotski, 2018, 2020; Aguiar & Ozella, 2006, 2013; Aguiar, Soares & Machado, 2015). O principal referencial teórico utilizado embasou-se nos documentos finais da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope) (1983, 1986, 1988, 1989, 1990, 1992, 1994, 1996, 1998, 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010, 2012, 2014, 2016, 2018, 2021, 2023). Os núcleos de significação sistematizados foram: i) O encontro com as Escolas de Governo; ii) Reconhecer-se Pedagoga em formação no cotidiano de estágio nas Escolas de Governo; iii) Constituição do ser Pedagoga. Como resultados finais, verificamos que o caráter formativo do estágio não está sendo propiciado, bem como há elementos que indicam a desvalorização da profissão docente e a precarização do trabalho das estagiárias.

Este trabalho surge a partir de reflexões e questionamentos sobre os estudos de gênero, sexualidade e diversidade das infâncias em seus espaços educativos. Ao observar que essas temáticas, geralmente, são tratadas como áreas de conhecimento secundário e ao analisar as dificuldades e violências simbólicas e físicas enfrentadas por crianças gênero-dissidente no espaço escolar, propomos um diálogo com os estudos contemporâneos de gênero e sexualidade e de que forma esses temas têm se apresentado na sociedade. Assim, a partir da Teoria Histórico-Cultural, de Lev Semionovitch Vigotski, o objetivo deste trabalho é compreender as vivências escolares de crianças gênero-dissidente. Para tanto, realizamos um estudo de caso instrumental, em uma escola privada da rede de ensino do D.F., com uma criança gênero-dissidente que cursa as séries iniciais do ensino fundamental. Compreende-se como gênero-dissidente aquelas crianças que, em suas performances de gênero, não correspondem às expectativas da cisheteronorma. Neste contexto, problematizamos o conceito de “criança universal”, afirmando que existem infâncias, no plural, sendo apresentado por nós um recorte da história, ocidental, das infâncias gênero-dissidentes. Também discutimos a função social da escola e os impactos da “ideologia de gênero” nas relações entre educação e sociedade. A proposta metodológica para a pesquisa é alicerçada na Teoria Histórico-Cultural, sendo as vivências nossa unidade analítica. O estudo com crianças gênero-dissidente abre possibilidades no campo educativo, saindo de uma perspectiva de evitação de violências para a de promoção do potencial integral das infâncias.

Este trabalho aborda produções subjetivas relacionadas as dissidências de gênero e sexualidade no contexto universitário. Levantamentos recentes convergem na afirmação de um contexto grave de violência contra a população que vivencia dissidências sexuais e de gênero no Brasil. Tal contexto tem culminado em inúmeros desdobramentos problemáticos para a qualidade dos processos educativos da população sexo-gênero-diversa nos diferentes níveis de ensino, além de resultar na perda de diversas vidas. Diante desse panorama, é urgente o desenvolvimento de pesquisas que compreendam de forma complexa os processos de sofrimento que emergem na vivência desta população, de modo que seja possível pensar práticas educativas orientadas para o desenvolvimento subjetivo. Nesse sentido, além da importância de se pensar o acesso às universidades por meio de políticas de inclusão de populações historicamente violentadas e excluídas, faz-se necessário desenvolver estudos que coloquem em foco os processos que se relacionam à qualidade da permanência de estudantes que vivenciam dissidências sexuais e de gênero no contexto universitário. Diante deste contexto, com base no referencial da Teoria da Subjetividade em uma perspectiva histórico-cultural, esta pesquisa tem como objetivo geral compreender configurações subjetivas sociais das dissidências sexuais e de gênero na Universidade de Brasília, tendo como foco a construção de princípios e estratégias educativas que favoreçam o desenvolvimento subjetivo nesse contexto. A pesquisa parte de críticas aos processos de normatização, patologização e fragmentação dos processos humanos, buscando avançar no entendimento dos conflitos e possibilidades vivenciados pela população sexo gênerodiversa na universidade, enfatizando tanto a institucionalização de práticas cisheteronormativas que se articulam a diversas formas de sofrimento, bem como eventuais recursos subjetivos individuais e sociais gerados a partir da vivência de dissidências sexuais e de gênero no espaço universitário. Para tanto, será utilizado a Metodologia Construtivo Interpretativa, apoiada nos princípios da Epistemologia Qualitativa, que concebe a produção de conhecimento enquanto um processo dialógico e construtivo-interpretativo, assim como a singularidade como fonte legítima para a construção de conhecimento científico. Os participantes da pesquisa serão estudantes da UnB que vivenciam dissidências sexuais ou de gênero. No curso da pesquisa, foi feito um estudo de caso da configuração subjetiva social das dissidências de gênero e sexualidade na Universidade de Brasília. Para isso, foram realizadas diversas dinâmicas conversacionais a partir de diversos momentos do cotidiano institucional. Assim, a pesquisa abre novas zonas de inteligibilidade sobre as dissidências sexuais e de gênero, a subjetividade e a educação no contexto universitário atual.

A pesquisa analisa os resultados das avaliações de alfabetização no Brasil entre 2014 e 2022, considerando os objetivos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e da Política Nacional de Alfabetização (PNA). O estudo investiga a relação entre as diretrizes dessas políticas e os desempenhos observados no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), examinando a evolução dos índices de alfabetização no período analisado. Para isso, foram examinadas as normativas e relatórios institucionais que orientaram a formulação e implementação das avaliações, além da análise estatística dos dados quantitativos do SAEB. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa e quantitativa, combinando análise documental e estatística descritiva, com suporte da técnica de análise de conteúdo e do software Iramuteq para o tratamento dos dados textuais. Os achados revelam que, embora tenham ocorrido avanços na alfabetização em determinadas regiões e períodos, persistem desigualdades significativas nos resultados, influenciadas por fatores estruturais e pela descontinuidade de políticas públicas. A comparação entre o PNAIC e PNA evidenciou diferenças na concepção e implementação dessas políticas, demonstrando impactos distintos nos processos avaliativos e pedagógicos. A análise dos documentos e dos dados estatísticos reforça a necessidade de continuidade e aprimoramento das políticas de alfabetização, com maior ênfase na formação docente e na redução das disparidades regionais.

O presente estudo investiga a infância, suas espacialidades e geografias na escola, com base nas experiências de crianças da Vila Telebrasília, no Distrito Federal. A partir das fotografias de alunos de 9 a 11 anos da Escola Classe 316 Sul, buscamos compreender como as crianças vivenciam e se relacionam com o ambiente escolar e se escola tem sido um lugar em que elas têm seus direitos reconhecidos e exercitam a participação política.. A pesquisa fundamentase teoricamente no campo da Geografia da Infância e em estudos multidisciplinares sobre a infância. Com uso de metodologia qualitativa, utilizamos a Fotografia Participativa que possibilita que as crianças registrem suas perspectivas e vivências por meio de fotografias e valorizam sua cultura de pares e sua vivência espacial na escola. Por fim, obtivemos que a escola para essas crianças tem sido um local de garantia de direitos

Esse estudo teve como objetivo mapear, durante os meses de novembro/2024 a fevereiro de 2025, práticas culturais-afetivas-ativistas de três mulheres negras no Instagram em seus diferentes atravessamentos que permeiam idade, transgeneridade, deficiência e neurodivergência, a fim de fantasiar sobre as narrativas contadas-postadas e identificar linhas de fuga imaginativas-educativas de outros mundos e outros Feminismos Negros possíveis. Refletimos tais práticas enquanto ciberativismos que permeiam o campo das micropolíticas; esse campo invisível dos desejos, das sensibilidades e dos afetos que produz modos de subjetividade originais e singulares (Guatarri; Suely Rolnik, 1996), ao mesmo tempo individuais e coletivos, para revolucionar em linhas minoritárias, no sentido deleuziano, o sistema colonial-capitalístico. À luz da interseccionalidade como instrumento teórico-metodológico (Akotirene, 2019), dialogamos com um referencial teórico pautado nos estudos críticos raciais e das tecnologias sociais, pós-coloniais e dos Feminismos Negros, sobretudo a partir de Lelia Gonzalez (2020) e bell hooks (2023a), para discutir mulheridades negras enquanto proposição que caracteriza as diversas concepções do “ser mulher” (Letícia Nascimento, 2021) e que, no contexto contemporâneo de indissociação entre Tecnologia, Comunicação e Educação, são experienciadas em diferentes contextos, no qual se inclui o digital. Tomamos a Etnocartografia (Bittencourt, 2011) como atitude metodológica que se propõe a estar aberta aos encontros e seguir os afetos para acompanhar processos de produção de realidades. Costurando narrativas em contato com os materiais recolhidos e nossos diários de campo, fantasiamos zonas de intensidade que unem Lydia Garcia, mulher negra de 87 anos; Carla Santos, mulher negra com deficiência e Bárbara Bombom, mulher negra trans, na produção do que chamamos de escrevivências multimodais, inspiradas em Conceição Evaristo - narrativas que unem a vivência e a linguagem multimodal possibilitada pelo Instagram para constituir processos identitários e subjetivos, individuais e coletivos, e produzir epistemes plurais sob a ótica da (re)existência para além da resistência. A partir delas, fabulamos processos de autodefinição e autoavaliação (Patricia Hill Collins, 2019), autodeterminação e autorrecuperação (hooks, 2023b) dessas mulheridades negras que constroem os Feminismos Negros a partir de caminhos poéticos, afetivos, artísticos e políticos, produzindo uma educação menor que permeia os cotidianos, emerge pelas brechas, (re)existe por linhas de fuga de mulheres negras que não aceitam mais viver como “Outra/o”, mas como sujeitas inscritas no mundo, autoras de suas próprias realidades, vivenciando, assim, processos de descolonização (Kilomba, 2021).

Mobilizada pelo lugar de protagonismo feminino nas diferentes esferas sociais, esta dissertação é atravessada pelas temáticas referentes aos feminismos, cinema e educação. O objetivo é identificar singularidades feministas nos elementos da linguagem cinematográfica utilizados por Viviane Ferreira em seu filme Um dia com Jerusa (2020) e, para tanto, propõe-se a: a) Apresentar as estéticas, poéticas e políticas de resistência do cinema das/com mulheres; b) Cartografar a trajetória de Viviane Ferreira e as pistas de sua personalidade implicadas no seu fazer cinematográfico; c) Rastrear como as singularidades da cineasta são transcritas nas personagens mulheres em Um dia com Jerusa (2020) através da decupagem do filme; e d) Refletir sobre a potência do cinema para uma educação visual e estética feminista e antirracista.Devido ao contexto sociocultural em que estão inseridos, os cinemas das/com mulheres são inseparáveis das dimensões éticas, estéticas, poéticas e políticas. São potências minoritárias que se inserem no discurso dominante pelas frestas e brechas para produzir dissidências. O mapa cartográfico, a partir da Filosofia da Diferença, é tecido na busca por pegadas deixadas no filme e na fabulação para imaginar modos outros de interferir criticamente no mundo e nas imagens. Essas representações através do olhar da diretora refazem o feminino no cinema e subvertem as lógicas de um sistema hegemônico, padronizador e excludente operado por uma máquina de rostidades, que oprime e aniquila as multiplicidades de existências. Com isso, o Cinema Negro no Feminino se revela como uma micropolítica desviante e abre passagem para epistemologias plurais e emancipadoras.

O cerne desta pesquisa busca compreender a formação e trabalho docente a partir das unidades de análises referenciadas nas dissertações e teses dos respectivos PPGE-Programa de pós graduação em educação mestrado (acadêmico) e PPGE/MP- Programa de pós graduação mestrado profissional vinculado à Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. A pesquisa está fundamentada no materialismo histórico dialético. O trabalho docente é investigado nas perspectivas ontológica, epistemológica, gnosiológica sob a ótica unidade teoria/prática visto que implica na relação ensino, pesquisa e extensão visando tanto a compreensão da realidade quanto a transformação dela. Esse objetivo terá como eixo de reflexão a seguinte questão: Qual(is) unidades de análise são referenciadas no campo da formação e trabalho docente na produção acadêmica dos PPGE-FE mestrado e doutorado acadêmico e PPGE-MPmestrado profissional compreendendo o interstício temporal 2018 a 2023? O referencial teórico da pesquisa encontra-se respaldado no arcabouço teórico de Saviani (2000), Marx (1983) e Gramsci (1999). A partir disso, elencamos os objetivos específicos que é parte essencial deste levantamento que se propõe: i) investigar como se constitui a síntese teórica-metodológica da revisão da literatura sobre formação e trabalho docente no período 2018 a 2023; ii) Identificar se as produções apontam para elementos e/ou categorias da formação e trabalho docente; iii) Categorizar as unidades de análise que constituem a unidade formação e trabalho docente na produção acadêmica vinculada ao programa de pós graduação da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. A síntese das unidades de análise no campo do trabalho docente implica, não só na identificação das marcas que constituem o cenário no qual a educação pública que tem sido objeto de interesses difusos do capital, mas também poderá auxiliar não só na compreensão da docência enquanto categoria relacionada ao trabalho como princípio educativo numa perspectiva ontológica, bem como contribuir na constituição e no fortalecimento do campo de pesquisa. No aspecto metodológico, pretende-se realizar uma pesquisa qualitativa e quantitativa, com o escopo de entender objetividade/subjetividade e contradições subjacentes ao campo de pesquisa, bem como as categorias totalidade, mediação e contradição que possibilitam a compreensão do objeto de estudo. No aspecto epistemológico da pesquisa, a base da análise de dados respalda-se no materialismo histórico-dialético. Para o corpus teórico será utilizada num primeiro momento a revisão da literatura pautada no instrumento tipo bibliográfico acerca de teses e dissertações vinculados aos PPGE-FE-Mestrado e doutorado acadêmico e PPGE-MP-Mestrado profissional.

Esta dissertação teve como objetivo compreender como adolescentes vivenciam a dimensão dos afetos na escola, a partir da perspectiva Histórico-Cultural. Fundamentada nas contribuições de Vigotski sobre o papel das emoções no desenvolvimento humano, a pesquisa utilizou o grupo focal como ferramenta investigativa, criando um espaço de escuta e reflexão entre os participantes. As vivências foram consideradas unidade de análise e analisadas a partir da ferramenta Palavra, que possibilitou a compreensão dos sentidos e significados dessas vivências no ambiente educativo. Os resultados destacam a importância de reconhecer os afetos como parte constitutiva do desenvolvimento humano e de integrá-los à prática educativa, sobretudo na adolescência.

Esta dissertação tem por objetivo examinar as diferentes maneiras pelas quais a Inteligência Artificial generativa (IAgen) tem sido apropriada por estudantes com deficiência visual na universidade, com o intuito de compreender criticamente se a IA para a escrita tem sido ou não utilizada por esses sujeitos de modo associado a outras tecnologias. Além do mais, a pesquisa examina o que estudantes com deficiência visual dizem sobre os benefícios, as barreiras e os possíveis riscos no contexto de apropriação da IAgen para a escrita acadêmica. Esta dissertação, trabalha com a perspectiva do Modelo Social da Deficiência. As entrevistas semiestruturadas, junto a oito estudantes com deficiência visual da Universidade de Brasília (UnB), sendo cinco da graduação e três da pós-graduação, dos quais duas Pessoas com cegueira, cinco com baixa visão e uma com visão monocular. Dos resultados obtidos, destaco a “Otimização de tempo”, “Compreensão da informação” e “Revisão de texto”, como as subcategorias com mais unidades de contexto identificadas como “Benefícios”. Quanto aos “Riscos”, os mais recorrentes foram o “Plágio”, a “Inveracidade das informações” e a “Fragilidade na formação”. As principais subcategorias relacionadas as “Barreiras” foram “Textos inacessíveis”, “Mais tempo PcD” e “Processo cognitivo”. É possível concluir, que os estudantes com deficiência visual, na universidade, são beneficiados com a apropriação da IAgen para escrita acadêmica, no entanto, o uso dessa tecnologia também é cercado de riscos e barreiras, pois essas ferramentas ainda não são totalmente acessíveis, de modo a atender as necessidades específicas desses usuários

Essa dissertação versa sobre o Assentamento Rio Bonito, uma área de Reforma Agrária, e objetiva compreender a partir das histórias de vida, narrativas dos participantes da pesquisa, os saberes e fazeres presentes na comunidade, desde experiências individuais e coletivas, lutas, desafios em busca pelo acesso à terra e uma agricultura sustentável no contexto de resistência. O trabalho baseia-se no modo de pesquisa qualitativa, associado ao método de histórias de vida e diálogo de saberes dos assentados que vivenciaram e vivenciam as transformações presentes no assentamento, identificando a importância da Reforma Agrária para os sujeitos locais e o papel na transformação social e tomada de consciência de cada sujeito assentado. Essa abordagem possibilitou a produção de dados descritivos a partir do contato direto da pesquisadora com os fenômenos sociais e o próprio contexto dos sujeitos da realidade do Assentamento Rio Bonito. Compreendendo amplamente as diferentes situações e realidades interconectadas com a luta pelo acesso à terra e a resistência na permanência com sustentabilidade. Assim, as histórias e narrativas dos sujeitos da comunidade evidenciam experiências, compreendendo em que medida as histórias de vida dos indivíduos pertencentes ao Assentamento Rio Bonito demonstram as experiências individuais e coletivas, na luta por terra e agroecologia. A Reforma Agrária caracteriza-se como uma política complexa que não deve ser compreendida apenas como a distribuição de terras, mas como um programa completo que beneficia os trabalhadores rurais, e possibilita além da posse da terra, condições de sobrevivência.

Esta pesquisa tem como objeto de estudo a competência prevista na BNCC - Cultura Digital - e sua prescrição nos currículos em nível formal, estaduais e distrital da etapa do Ensino Médio. O objetivo geral consiste em analisar como a Cultura Digital se apresenta no currículo prescrito dos entes supracitados referentes ao Ensino Médio. A metodologia utilizada no desenvolvimento desta investigação fundamentase na pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. Este estudo é predominantemente qualitativo e utiliza a abordagem crítica. Os resultados apontam que ao desenvolver a temática do currículo foi possível compreender a atual organização curricular vigente posta pela BNCC, as influências presentes na construção dessa base e a maneira que os Estados e o DF organizaram as suas propostas curriculares, no que tange a Cultura Digital. Ao analisar a expressão da Cultura Digital na BNCC percebese que a relação entre Cultura Digital e currículo está intimamente ligada com as TDIC, visto que por meio do ambiente escolar é realizada a prática educativa. A análise das propostas curriculares evidenciou que a Cultura Digital tem um reconhecimento expressivo em todos os documentos, tendo um papel significativo na contemporaneidade, contribuindo para uma formação mais ampla de forma crítica além de possibilitar que os estudantes não apenas consumam, mas sejam protagonistas e autores na Cultura Digital.

Analisa a práxis de egressos da Licenciatura em Educação do Campo (LPEC) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) a fim de compreender sua atuação profissional e vivências, considerando limites e possibilidades. Para a qual orientou-se pelo método do materialismo histórico e dialético. A pesquisa de campo, realizada no sudeste do Pará no período de julho de 2023 a março de 2024, envolveu técnicas como observação participante, realização de entrevistas e análise documental. Os resultados apontaram que a prática social dos educadores egressos da LPEC/Unifesspa encontra-se condicionadas por múltiplas determinações. Dialeticamente, a maioria dos egressos se encontra inserida como trabalhadores da educação formal e com vínculo em processos educativos que extrapolam a escola, onde destaca-se a inserção orgânica na organização política dos trabalhadores. As tensões frente a não inserção do perfil de egresso da LPEC na legislação que regulamenta o exercício da docência nas redes de ensino são uma manifestação da presença e hegemonia de outro projeto de formação em curso, alinhado a acordos com organizações multilaterais, e se efetiva, dentre outras formas, por meio da modalidade da EaD, também na oferta do ensino médio. As iniciativas de auto-organização desses educadores pela sua inserção profissional nos territórios com oferta presencial de atividades pedagógicas vinculadas a vida e cultura dos povos apresenta-se como resistência ao projeto hegemônico da educação da juventude e da classe trabalhadora; constituem-se em uma práxis que retoma pautas da origem da concepção da Educação do Campo, de modo que, gestam um potencial revolucionário.

O objetivo geral deste estudo foi analisar as práticas pedagógicas, em Matemática, dos/as professores/as das classes comuns inclusivas que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental do Distrito Federal, na perspectiva da Educação Matemática Inclusiva, com estudantes público-alvo da Educação Especial. Para o alcance dos objetivos, a investigação foi descritiva e exploratória, teve como procedimentos a revisão sistemática, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo com os seguintes instrumentos: produção acadêmica sobre a temática, observação participante, entrevista semiestruturada e questionário. Para a análise e interpretação dos dados o estudo utilizou: a revisão sistemática, a análise documental, a descritiva, a temática, a textual discursiva e a triangulação de dados. Os sujeitos foram docentes da Educação Básica que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental do Distrito Federal. Os resultados e discussões mostraram um cenário de poucas pesquisas que abordam o assunto práticas pedagógicas dos/as docentes na perspectiva da Educação Matemática Inclusiva, que os paradigmas não inclusivos coexistem com o da inclusão nas aulas de Matemática. Assim, as práticas pedagógicas consideradas, a partir da lente da Educação Matemática Inclusiva, são um fenômeno complexo e multidimensional que se concretiza por meio de um conjunto de condicionantes sociais, entre os quais destacam-se: o contexto social, as características e singularidades do objeto cultural Matemática e da Educação Matemática, as características do sistema educacional e das escolas, os relacionados ao/à professor/a e a constituição da sua prática. Portanto o estudo sobre as práticas é assunto amplo que necessita de constante estudo. 

Esta tese elege como objeto, a politica de militarização do Ensino Médio na Rede pública estadual de Goiás e a d1reito educação Tem como objetivo principal a politca de miltar escolas de educação básica pública de Ens1no Medio do estado de Goiás e como objet1vos especificos a) Discutir os fundamentos teóricos marxista que contribuem para cxplicar o processo de retomada do movimcnto conscrvador no Bras1l, a part1r dos anos de 1990e a politica de mil1tarização de escolas pübl1cas de educação basica e b) Analisar como o prncip1o constitucional da garantia do d1reito a educação se material1za nos colégios de Ensino Médio da rede pública de ensino de Gorás Ten como base, os Fundamentos teóricos filosoficos do Material1smo Historico Dialtico e suas categorias totalidade, contrad1ção, reprodução que dialogam con categorias do objeto - gestão, dominação, desconfiguraç§o c expropriação Parte-se de quatro premissas teórico-metodológicas a) A divisão social dos homens em dominadas e dom1nantes como cond1ção para a reprodução e estrutura hegemönica de dominação burguesa, b) Os dispositivos urid1co públicas sustentam intsaal imbricados nas politicas cconómicos e estruturais capitalistas, c) As politucas e acoes manutenção dos privilégios e de defesa dos interesses da classe dominante, perpassando para tanto, pela criação de politicas publicas de controle e dominio social e d) Expropriação permanente e intencional das cond1ções materiais de (re)produção da vida humana que culmina na manutenção das condições estruturais necessárias ao SIsterna capitalista.

O presente texto tem como objetivo analisar a oferta da Licenciatura da Educação do Campo desde a sua implantação, seu processo de expansão tendo como contraponto as ações de esvaziamento perpetradas pelo governo Temer (2016-2018) e pelo governo de Jair Messias Bolsonaro (2019 – 2022). Considerando esse contexto, serão analisadas as consequências para a LEdoC e as interfaces de resistência necessárias para a garantia da educação superior do campo no âmbito das políticas públicas que embasaram a oferta dos cursos de Licenciaturas do Campo. A pesquisa teve como método de abordagem o Materialismo Histórico – Dialético (MHD), aportando – nos nas categorias da historicidade, contradição e realidade seguindo os procedimentos da Pesquisa Documental nas etapas de classificação e organização, categorização dos documentos e estabelecimento de relações existentes (Pádua, 2002), cujos instrumentos de coleta de dados consistiu nos textos, projetos pedagógicos das turmas piloto ofertadas pelas Universidades: UFMG, UnB, UFS e UFBA; nos Relatórios de Gestão da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e Universidade de Brasília (UnB Planaltina), para visualizarmos a continuidade da oferta de turmas da LEdoC no período de recorte da pesquisa; nas peças orçamentárias da União (PPA, LDO e LOA). Embasados em Martins (2008), a análise ocorrerá na perspectiva de Estudo de Caso, pelo fato dessa investigação se pautar especificamente nas Licenciaturas em Educação do Campo. A análise será embasada teoricamente em Molina (2009, 2014, 2017, 2019, 2022), Hage (2014, 2022), Curado Silva (2017), Netto (2009), Caldart (2002, 2004, 2012), Marx (2009), Gramsci (2000), Pistrak (2009), Freire (2007, 2019), Amaral (2021), Freitas (2017), Fernandes (2012), Saviani (2009), dentre outros teóricos; nos pressupostos que orientam a Análise de Conteúdo, por entendermos que essa análise e interpretação de modo crítico é imprescindível para a compreensão sobre a oferta dos cursos de Licenciatura em Educação do Campo no Brasil, no contexto da ascensão do projeto neoliberal que suplantou a pauta dos direitos sociais em desenvolvimento desde 2002 com a eleição do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Essa pesquisa demostra a importância dos movimentos sociais em articulação com entidades e instituições de ensino tanto na luta, na conquista, no desenvolvimento e no enfrentamento aos desmontes e desestruturação das políticas públicas educacionais para a classe trabalhadora, tendo na formação de professores ofertadas pelas Licenciaturas em Educação do Campo a perspectiva de emancipação humana e a superação da sociedade de classes.

Esta pesquisa teve como objetivo investigar as contribuições de uma sequência didática centrada no gênero textual “problema matemático” para o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo, bem como de conceitos relacionados às equações polinomiais do 1º grau. A proposta parte da compreensão de que a elaboração de problemas matemáticos pode ser compreendida como uma atividade textual, estruturada por intenções comunicativas, organização lógica, relação com o contexto e com o desenvolvimento de conceitos, contribuindo para o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo e aprendizagem em matemática. A fundamentação teórica está organizada em quatro eixos principais. O primeiro, referente à elaboração e resolução de problemas matemáticos, fundamenta-se em estudos como os de Onuchic (2013), Kilpatrick (2014), Vieira e Allevato (2021), Cai (2023), Stoyanova e Ellerton (1996), Ozdemir (2018), Christopher (2020) e Possamai e Allevato (2022). O segundo eixo trata da elaboração de problemas como proposta de produção textual, com base em Schneuwly e Dolz (2004), Spinillo e Marin (2011) e Solé (2012). O terceiro aborda o estímulo ao pensamento crítico e criativo, com apoio nas contribuições de Silver (1997), Lipman (1994), Gontijo (2007), e Fonseca e Gontijo (2020, 2021). Por fim, o quarto eixo concentra-se na aprendizagem matemática e no desenvolvimento do pensamento algébrico, com suporte em Vigotski (1998, 2003, 2007, 2009), Fiorentini, Miorim e Miguel (1993), Kaput (1999), Kieran (2007), Vergnaud (2009, 2014) e Ribeiro (2013). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e de campo, ancorada no paradigma da prática pedagógica como espaço de transformação social (Fiorentini; Lorenzato, 2012), e fundamentada nos aportes da pesquisa social de Creswell (2007). A investigação foi conduzida em ambiente escolar, com a participação direta da pesquisadora na aplicação da sequência didática centrada na elaboração de problemas matemáticos. Foram utilizados como instrumentos: observação participante, aplicação de testes de desempenho (inicial e final), entrevistas semiestruturadas, grupo focal, registros audiovisuais e relatórios reflexivos. A análise dos dados seguiu o princípio da triangulação metodológica (Vasconcelos, 2010), envolvendo diferentes fontes e técnicas — observação, entrevistas e documentos. Para a interpretação das informações, utilizou-se a Análise de Conteúdo, conforme Bardin (2010) e Franco (2003), com base em categorias relacionadas ao gênero textual “problema matemático”, ao pensamento crítico e criativo e à aprendizagem matemática. As produções dos estudantes foram analisadas segundo duas dimensões principais: (1) produção e contexto, que compreende a clareza das informações, a coerência conceitual, a pertinência e a viabilidade dos problemas elaborados; e (2) pensamento crítico, criativo e complexidade conceitual, com base nos critérios de fluência, originalidade, flexibilidade, argumentação matemática e generalização. Os principais resultados indicam que a vivência da sequência didática favoreceu o desenvolvimento conceitual em relação às equações polinomiais do 1º grau, promovendo avanços tanto quantitativos — aferidos pelos testes de desempenho — quanto qualitativos — observados nas produções dos estudantes. Verificou-se o fortalecimento do pensamento algébrico, evidenciado pelo desenvolvimento do pensamento relacional, da compreensão das propriedades da igualdade e da análise de relações entre operações. As atividades de leitura e elaboração de problemas estimularam significativamente habilidades de pensamento crítico e criativo, como argumentação, tomada de decisão, originalidade e flexibilidade cognitiva. Além disso, identificou-se avanço na competência leitora e escritora dos estudantes, sustentado tanto pelo desenvolvimento conceitual quanto pelas estratégias de leitura e escrita mobilizadas ao longo das oficinas que compõe a sequência didática proposta.

Esta tese investiga as territorialidades juvenis na cidade de Formosa-GO, tomando como foco as práticas espaciais dos jovens que se apropriam de espaços públicos urbanos, especialmente no centro da cidade, por meio de manifestações culturais como o skate, o grafite e as batalhas de rima, práticas essas que não se limitam ao simples uso do espaço, mas que o ressignificam, criando territórios de pertencimento, identidade e resistência, numa perspectiva em que a cidade deixa de ser um espaço dado para se tornar espaço vivido e disputado. O objetivo que orientou a pesquisa foi compreender como esses jovens constroem suas territorialidades a partir das práticas cotidianas que transformam o espaço urbano em território de disputa simbólica, enfrentando processos de exclusão e afirmando formas próprias de existência e convivência. A metodologia adotada foi qualitativa, com base na observação participante, nas entrevistas semiestruturadas e nas rodas de conversa, que possibilitaram captar as narrativas e as experiências dos jovens em seus modos de ocupar e transformar a cidade. A análise foi realizada por meio da Análise Temática, estruturada em quatro categorias que sintetizam os principais achados: a primeira, que evidenciou como as práticas espaciais e a interação urbana transformam praças, decks e mobiliários urbanos em espaços de convivência e produção cultural, reconfigurando simbolicamente o centro da cidade e afirmando ali a presença juvenil; a segunda, que revelou as barreiras, os conflitos e os processos de exclusão que limitam a apropriação desses espaços, expressos na repressão, no preconceito e na ausência de políticas públicas capazes de garantir o direito à cidade; a terceira, que destacou as expressões culturais juvenis como formas potentes de resistência e de afirmação política, permitindo que os jovens reivindiquem a cidade como espaço legítimo de sua existência e ocupem territórios historicamente marcados pela exclusão; e a quarta, que revelou a construção de identidades e de reconhecimentos coletivos, evidenciada na formação de vínculos comunitários e na consolidação de redes de solidariedade que sustentam a afirmação pública das culturas populares. Os resultados demonstram que as práticas juvenis em Formosa constituem formas legítimas de produção de território, de resistência e de transformação urbana, e que, ao questionarem as dinâmicas excludentes que marcam a cidade, apontam também para a possibilidade de sua reinvenção, afirmando a presença dos jovens como sujeitos políticos e culturais, protagonistas de processos que reconfiguram e redimensionam os usos e os sentidos do espaço urbano.

Esta tese tem como objetivo geral analisar as vivências de crianças do Distrito Federal no contexto da pandemia do Covid-19, durante o período de isolamento social imposto pelo vírus e no contexto de retomada das atividades escolares presenciais. O trabalho surge a partir da constatação de que as lacunas impostas pela conjuntura pandêmica representaram ameaças para as vidas de crianças em diferentes posições sociais, históricas e geográficas. Compreende-se que as crianças estabelecem relações originais com o espaço e articulam-se distintos enfoques teóricos que dão visibilidade à participação das crianças como sujeitos de saber. O campo empírico foi realizado em duas escolas do Distrito Federal em territórios urbanos e rurais. A metodologia consistiu na elaboração de espaços de escuta diálogo que permitiram a produção de representações espaciais que narram o que as crianças sentiram e viveram durante a pandemia. Os Mapas Vivenciais constituem o instrumento central para a produção da informação desta abordagem metodológica. As análises apontam que as crianças reinventaram suas práticas espaciais durante a pandemia como parte de um processo de reelaboração criadora do espaço, de suas dinâmicas e sentidos. A escola emerge em suas narrativas como centro da vida relacional das crianças, espaço de resistência da vida como cooperação.

Esta pesquisa tem como objetivo analisar as políticas públicas de democratização do Ensino Superior, tendo como foco central o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) e suas contribuições na formação inicial e desenvolvimento profissional docente de egressos do Curso de Pedagogia, no período de 2013 a 2018, na Universidade de Brasília e Universidade Estadual de Montes Claros. Metodologicamente, esta pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, optando pelo estudo comparado do Sistema UAB em duas universidades públicas brasileiras, com revisão de literatura, análise documental e aplicação de questionários a egressos dos cursos de Pedagogia a distância. Os dados enfatizam que a Educação a Distância proporcionou aos egressos oportunidades de formação superior, inserção no mercado de trabalho, melhoria das condições de trabalho, renda e acesso aos conhecimentos, competências e habilidades necessárias ao exercício do magistério, sendoa maioria deles atuante na Educação Básica. Apercepção geral dos egressos confirma a importância social do sistema UAB na democratização do Ensino Superior e suas contribuições na formação inicial e desenvolvimento profissional docente, defendendo a necessidade de continuidade e fortalecimento de políticas que garantam não apenas o acesso, mas também a permanência, a qualidade da formação e o acompanhamento da trajetória de formação e profissional dos egressos após a conclusão do curso. Os resultados desta pesquisa demonstram que o sistema UAB, em parceria com os entes federados, constitui-se uma política pública estratégica que favorece a democratização do Ensino Superior e o atendimento da demanda de formação de professores em nível superior nas universidades púbicas brasileiras.

 A presente pesquisa doutoral, vinculada ao Programa de PósGraduação em Educação da Universidade de Brasília e desenvolvida no Grupo de Pesquisa Gerações e Juventude (Geraju), teve como objetivo compreender como jovens entre 18 e 21 anos, privados de liberdade nos sistemas socioeducativo e prisional do Distrito Federal, produzem a juventude, considerando de que modo as marcas da violência se inscrevem em suas trajetórias. Fundamentada na Sociologia do Conhecimento Praxiológico e no Método Documentário de Interpretação, a investigação inscreve-se no campo da pesquisa qualitativa reconstrutiva, tomando como ponto de partida as práticas e orientações coletivas emergentes das falas dos jovens. O material empírico foi produzido entre 2022 e 2024, por meio de observação participante, grupos de discussão e entrevistas narrativas realizadas em unidades dos dois sistemas. Os espaços de experiências conjuntivas constituem o eixo estruturante da análise, orientada pela compreensão da juventude como condição relacional, processual e situada, atravessada por marcas de pertencimento, desigualdade e violência. As orientações coletivas evidenciam os espaços sociais – família e quebrada – como territórios simbólicos e materiais de produção da juventude, marcados por tensões entre afeto e ruptura, pertencimento e exclusão. Nos espaços institucionais – escola e sistemas de privação de liberdade –, a escola é documentada como lugar de exclusão e disciplinamento, e a privação de liberdade, como extensão punitiva da desigualdade social e racial. A análise reconstrói modos de produção da juventude – choque, adaptação, ruptura e disputa – em contextos atravessados por violências estruturais, institucionais e simbólicas.

A presente dissertação investiga o campo da assistência estudantil durante a pandemia. A pesquisa teve como objetivo realizar um estudo com foco nas percepções dos estudantes e na avaliação do impacto das políticas de apoio educacional. A pesquisa está organizada em etapas. A etapa de embasamento teórico da pesquisa envolve a análise bibliográfica e documental, com foco em documentos oficiais do IFNMG, relatórios de gestão, e valores orçamentários relacionados à assistência estudantil. A fase foi essencial para fundamentar a pesquisa e definir os instrumentos de coleta de dados alinhados aos objetivos do estudo. que envolvem a aplicação de métodos quantitativos e qualitativos para coletar dados sobre os estudantes beneficiados pela política de assistência estudantil, bem como explorar a subjetividade dos estudantes para compreender suas experiências e percepções. Os resultados da pesquisa revelaram um cenário complexo e desafiador e evidenciaram dificuldades como acesso limitado à internet, estresse, desmotivação nos estudos e impactos no bem-estar emocional. Além disso, o auxílio financeiro emergencial desempenhou um papel fundamental na vida dos estudantes, permitindo que se concentrassem nos estudos.

A pesquisa teve como objetivo geral compreender se a identidade negra do/a docente influencia na “modelagem curricular” (SACRISTÁN, 2017). Como pressuposto, depreendeu-se que as identidades negras são um fator que pode ou não ser preponderante na fase de “modelagem curricular”, para que a prática pedagógica do/a docente siga numa perspectiva antirracista e contribua no trabalho com conteúdos de História e Cultura Afro-Brasileira, conforme preconiza a Lei nº 10.639/2003. Realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa, tendo como método o estudo de caso único (Yin, 2015), em uma escola de anos finais, da cidade de Samambaia – DF, com docentes que se autodeclararam negros/as. Nossa intenção foi responder à seguinte indagação: A identidade negra do/a docente influencia na “modelagem curricular” (SACRISTÁN, 2017)? Para auxiliar ao pleito do nosso objeto de pesquisa, foram articulados os seguintes eixos: I. Educação para as relações étnico-raciais negras, sustentada por Cavalleiro (2001, 2021), Gomes (2017), Gonçalves e Silva (2009), Munanga (2009), Nascimento (2018), Carneiro (2019); II. Currículo e docência para as relações raciais negras, à luz de Apple (2006), Goodson (2018), Moreira e Silva (2013), Sacristán (2017), Silva T. (2000), Silva F. (2021), Young (2007); e III. Identidades negras docentes, aportados em Carneiro (2015), Cavalleiro (2021), Gomes (2001), Munanga (2009) e Nóvoa (2017). Como procedimentos de pesquisa, adotamos: Estado da Arte para identificar as lacunas e onde avançamos. No que diz respeito ao nosso objeto de pesquisa, foi realizada a análise documental exploratória, com questionário para todos os professores da instituição escolar, no qual identificamos quais docentes se reconheceram negros/as e quais foram as suas percepções sobre a educação das relações étnico-raciais negras. Aos docentes que se reconhecem como negros/as, foi aplicada entrevista semiestruturada. Utilizamos a análise de conteúdo (Bardin, 2016) que nos permitiu fazermos as inferências necessária dos dados empíricos, porque capturamos duas categorias centrais investigativas: “homem negro” e “mulher preta”. Por meio das unidades de registro, quais sejam: identidades negras e influência da identidade, constatamos como resultado de pesquisa que a identidade negra docente é capaz de “modelar o currículo” (Sacristán, 2017), em uma perspectiva

Intitulado, “Entre o esboço e a pintura: a atividade criadora na organização didática da aula de artes visuais”, esta pesquisa tem por objetivo analisar a organização didática da aula de Artes Visuais e suas repercussões no desenvolvimento do processo criador e do fazer artístico dos alunos dos anos finais do ensino fundamental de uma escola pública, situada na região administrativa de Samambaia. A metodologia, de natureza qualitativa, consubstanciada nas discussões e aproximações elaboradas pelo Materialismo Histórico Dialético (MHD), está fundamentada nos escritos de Marx (1982), Netto (2011), Húngaro (2008) e Cury (1989). Utilizar-se-á para a produção de dados: análise documental do Currículo em Movimento do Distrito Federal (2018), e da Base Nacional Curricular Comum (2017); observação das aulas de artes; entrevistas semiestruturadas com os professores; e grupo de discussão com os estudantes. Os dados serão organizados por meio do processo analítico denominado Núcleos de Significação de Aguiar e Ozella (2014). Nas construções teóricas sobre trabalho e trabalho pedagógico recorre-se a: Saviani (2007), Fuentes e Ferreira (2017); em Libâneo (2013), Silva (2014), Veiga (2008) e Saviani (2021b) para discutir a organização didática da aula e nos textos e produções de Barbosa (2019), Vigotsky (2018) e Saccomani (2016) a respeito da aula de artes e atividade criadora. Compreende-se, a partir dos resultados, a influência que a organização didática da aula tem sobre o fazer criador dos alunos nas aulas de artes visuais.

Esta pesquisa propôs-se a analisar a presença das concepções pedagógicas neoprodutivistas ligadas ao “Aprender a Aprender”, no currículo dos anos iniciais da SEEDF, após sua revisitação em 2018, na busca de alinhá-lo à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Tem-se como questão-problema a ser respondida: Como as concepções pedagógicas ligadas ao neoprodutivismo/aprender a aprender, manifestam-se no Currículo em Movimento da SEEDF, anos iniciais, em seus níveis prescritos e modelados, após sua revisitação em 2018, na busca de alinhá-lo à BNCC? Diante disso, delineou-se como objetivo geral deste estudo: compreender como as concepções pedagógicas ligadas ao neoprodutivismo/aprender a aprender se manifestam no Currículo em Movimento da SEEDF, anos iniciais, em seus níveis prescritos e modelados. Para a construção do percurso metodológico optou-se pela abordagem qualitativa, tendo como método o estudo de caso (Yin, 2001), em um movimento de aproximação com o Materialismo Histórico-Dialético (Marx, 1999). Adotou-se como procedimentos metodológicos para o levantamento de informações a análise documental, a observação, a aplicação de questionário e a realização de entrevista semiestruturada. Para a análise das informações levantadas, optou-se pela análise documental (Lüdke, André, 1986) e pela análise de conteúdo (Bardin, 2004), buscando realizar a triangulação de informações dos diferentes instrumentos metodológicos utilizados (Triviños,1987). Ressalta-se como parte da metodologia desta pesquisa a realização do estado do conhecimento com o intento de encontrar lacunas e, assim, avançar nos estudos relativos à temática. Todos os eixos teóricos são permeados pela Pedagogia Histórico-Crítica e pela Teoria Crítica de Currículo, visto o posicionamento assumido acerca da função social da escola e da natureza dos objetos desta pesquisa.

O objeto deste estudo se assenta na avaliação da aprendizagem, como categoria central do trabalho pedagógico. Este projeto tem como objetivo geral: analisar como docentes dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola classe articulam às suas práticas avaliativas em sala de aula as proposições do regimento da rede pública de ensino do DF e das diretrizes de avaliação educacional. Os objetivos específicos são: a) Discutir as orientações para a avaliação nos anos iniciais contempladas no Regimento da rede pública de ensino do DF (2019) e nas Diretrizes de Avaliação Educacional (2014). b) Discutir as significações constituídas por docentes dos anos iniciais do ensino fundamental acerca das propostas de avaliação contempladas no Regimento da rede pública de ensino do DF (2019) e nas Diretrizes de Avaliação Educacional (2014). c) Compreender como docentes dos anos iniciais do ensino fundamental da rede pública de ensino articulam no trabalho pedagógico orientações de avaliação distintas. Em termos teórico-metodológicos, a pesquisa qualitativa (Lüdke; André, 2018; Bogdan; Biklen, 1994; Creswell, 2007) assume a perspectiva crítico-dialética com base em pressupostos do Materialismo Histórico-Dialético discutidos por Cury (1989), Húngaro (2014), Kosik (1969), Netto (2011), Triviños (1987), Sousa (2014), entre outros. Para a produção dos dados, utilizaremos: análise documental, observação de aulas e entrevistas semiestruturada com professores que lecionam no Bloco Inicial de Alfabetização dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, da rede pública de ensino do Distrito Federal. A leitura e organização dos dados será realizada por meio do procedimento de Núcleos de Significação (Aguiar; Ozella, 2006).

Esta dissertação insere-se no campo da subjetividade, a partir de uma leitura psicanalítica sobre a constituição da dimensão subjetiva, além do campo da memória, haja vista que essa é constituída no decorrer da vida e impacta na trajetória do sujeito. Com um recorte educacional, este projeto analisa a marca de memória inscrita nos professores do ensino fundamental, mais precisamente, do sexto e sétimo ano, e concomitante na análise de como essas memórias educativas implicam no estilo da docência. Para mais, refletindo, também, a influência e as possíveis repercussões da pandemia de Covid-19 na educação, tais como: a dificuldade de acesso ao ensino remoto e a evasão escolar. Nessa perspectiva, esta pesquisa, de cunho qualitativo, utilizou o aporte teórico da psicanálise para compreensão da subjetividade, sobretudo, nos conceitos freudianos, além da análise da memória a partir da concepção de aparelho psíquico. Com isso, a estratégia de investigação utilizada foi o dispositivo da memória educativa, sendo realizada através de escrita das memórias, e a entrevista semiestruturada, para aprofundamento do material escrito. Para a realização do projeto, os sujeitos de pesquisa foram professores da Secretaria do Estado de Educação do Distrito Federal, com formação em português e matemática e atuantes nos sextos e sétimos anos, no período em que este projeto foi desenvolvido. A escolha de docentes de português e matemática foi motivada pelo maior número de aulas dessas disciplinas, e a escolha dos anos justifica-se por se tratar dos dois primeiros anos após a educação infantil, ou seja, um período de transição e de significativas mudanças para os professores e alunos, devido às possíveis marcas impressas nesta passagem, portanto é fundamental a reflexão do professor sobre as implicações pessoais e pedagógicas de sua atuação para que possa refletir enquanto sujeito que afeta e também é afetado.

O uso da tecnologia de Inteligência Artificial (IA) pode auxiliar o docente na personalização do ensino e, consequentemente, ajudar estudantes no processo de aprendizagem. Tecnologias com base em IA estão apoiando a educação e pesquisas tem sido realizada com vistas a aprimorá-las e obter maior assertividade do modelo preditivo desenvolvido. Uma das tecnologias de IA aplicadas a educação são os Sistemas Tutores Inteligentes (STI). Neste sentido, esta pesquisa tem como objetivo: Analisar as estratégias de ensino utilizadas e o feedback dado para personalização de ensino em um STI que utilize IA. Para atender ao objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram trabalhados: (1) identificar as características de interatividade e como ela impacta no processo de aprendizagem; (2) identificar e analisar o estado da arte da aplicação da IA em STIs no que tange as técnicas utilizadas, objetivos, dificuldades encontradas e avaliação de efetividade na aprendizagem; (3) avaliar a coerência e consistência das estratégias de ensino utilizadas e o feedback gerado por IA para personalização do ensino; e, (4) identificar as características de interatividade presentes em um STI que utilize IA. Para construção dessa dissertação, uma série de artigos foram elaborados e submetidos para publicação em periódicos avaliados nos estratos superiores da Qualis para alcance de cada um dos objetivos específicos. Neste sentido, o formato de escrita multipaper foi utilizado em substituição ao estilo tradicional monográfico.

À medida que a sociedade se transforma, novas realidades são configuradas nos mais diversos campos. Em se tratando do cenário educacional, um mundo globalizado e permeado pelo uso da tecnologia demanda uma escola igualmente conectada. Contudo, essa não tem sido a realidade vivenciada no âmbito educacional atual, visto que a escola segue perpetuando padrões anacrônicos de ensino em total desconformidade com as demandas da sociedade da informação e do conhecimento. Em razão disso, o ambiente escolar tem sido pouco atrativo para os estudantes da geração atual, já que fora dos limites da escola esse mesmo grupo se depara com uma sociedade dinâmica, disruptiva e permeada por infinitas possibilidades. Diante disso, é imprescindível que a escola acompanhe os avanços da contemporaneidade e esteja aberta a novas possibilidades didáticas que despertem o protagonismo dos estudantes e os coloquem no centro da ação educativa como é o caso do ensino mediado pela utilização das Tecnologias Digitais de Informação, Comunicação e Expressão, consideradas ferramentas capazes de envolver os estudantes por meio de metodologias ativas, dinamizando o processo de ensino-aprendizagem. Assim sendo, o uso das TICE não somente aponta para um futuro promissor, mas, sobretudo, mostra um caminho perfeitamente possível, no qual há práticas pedagógicas que se mostram exequíveis e capazes de dinamizar os mais variados processos educativos. Assim, mais do que simplesmente inserir as tecnologias no âmbito educacional é preciso compreendê-las a partir de seu caráter polissêmico, de modo a vislumbrar as mais variadas ferramentas como elementos de fundamental importância, capazes de potencializar o aprendizado. Nesse sentido, é necessário que a escola e seus principais interlocutores, os professores, tenham a clareza de que a tecnologia não veio para tomar seus lugares, mas sim contribuir para que o ensino seja uma experiência efetivamente transformadora e condizente com os avanços da era atual. Em linhas gerais, o presente trabalho tem por objetivo suscitar uma reflexão acerca da importância das TICE como suporte à ação docente no processo de ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva, busca-se investigar como os professores têm lidado com essa temática no atual contexto pós-pandêmico, já que durante a pandemia de Covid-19, foi necessário que esses profissionais utilizassem as tecnologias digitais de modo compulsório para dar prosseguimento às aulas. Diante disso, o estudo visa identificar quais são os fatores que levam os docentes a aderirem ou rejeitarem as TICE no contexto educacional. Para a construção do arcabouço teórico deste estudo utilizou-se a pesquisa bibliográfica como referência, fundamentando-a em autores como Lévy(1999),Kenski(2008), Santaella(2013),Valente(2018) e Lacerda Santos(2021). O desenho metodológico da pesquisa foi delineado por meio de um estudo de caso realizado em uma escola do ensino fundamental da rede pública do Distrito Federal. A investigação se deu a partir da aplicação de questionário virtual junto ao corpo docente e de entrevistas semiestruturadas com uma amostragem de quatro professoras. Para a análise das entrevistas utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2011), apresentando como resultados três principais categorias de análise: “Nível de conhecimento e preparação dos professores para o uso das tecnologias digitais”; “Professores e a percepção discente acerca das tecnologias digitais;” e “A escola atual em suas múltiplas facetas: o que temos e o que queremos”. Ao fim do estudo conclui-se que os fatores que levam os docentes a aderirem às TICE são aqueles atinentes à otimização do trabalho individual desses professores. Por outro lado, a falta de capacitação desses profissionais para o uso das tecnologias digitais no âmbito escolar foi o principal fator responsável pela rejeição desses artefatos.

Este trabalho busca compreender as relações
entre os domínios epistêmicos, políticos e
pedagógicos da Educação do Campo e da
Educação Ambiental em uma escola localizada
em um território da reforma agrária. O espaço
educativo em questão é o CED Agrourbano Ipê e
se localiza no CAUB I, no Riacho Fundo II,
Núcleo Bandeirante, Distrito Federal. Essa
escola foi escolhida devido a sua grande
contribuição para a comunidade rural que fica
entorno da instituição, assim como os seus
projetos sustentáveis e agroecológicos que
interligam a Educação do Campo e a Educação
Ambiental. Nas especificidades que este lugar
apresenta, seus avanços e desafios cotidianos, a
pesquisa aborda de forma qualitativa através do
estudo de caso as relações e temas ambientais
que perpassam a escola, no processo de se
constituir enquanto uma Escola do Campo.

Este trabalho tem como objetivo geral, refletir sobre os desafios da prática e da formação continuada de professoras alfabetizadoras no que versa o ensino de matemática diante de estudantes de coletivos diversos. Os desdobramentos deste objetivo são: refletir sobre a inclusão de estudantes de coletivos diversos no contexto da alfabetização Matemática; verificar de que forma as políticas de formação continuada de professores/as alfabetizadores/as da SEEDF vêm se constituindo no campo da Matemática para atender os coletivos diversos; e investigar a formação continuada de professores/as alfabetizadores/as da SEEDF no contexto da Matemática e da diversidade nos espaços escolares de coordenação coletiva. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório, que foi realizada por meio de análise documental, de pesquisa bibliográfica e de aplicação de questionário. A análise dos dados coletados será feita com base na análise de conteúdo, observando os pressupostos de Bardin. A técnica de organização textual escolhida foi o formato multipaper, na qual o texto é estruturado numa coletânea de artigos independentes, porém interligados que, neste estudo, serão somados a um capítulo introdutório e a reflexões finais. Preliminarmente, o estudo identificou compreensões diversas acerca do sentido da palavra inclusão, diversidade e diferença; enfatizamos que a promoção da inclusão implica lidar com a diversidade e com as diferenças; e que os estudantes podem ser pertencentes a grupos distintos e, por isso, se faz necessário compreender as dificuldades dos alunos/as identificando estratégias e recursos para promover a inclusão na escola, proporcionando uma variedade de oportunidades para que possam experimentar, observar e refletir. Os resultados preliminares do segundo artigo evidenciaram que as políticas públicas para formação continuada de professores/as da rede pública do DF quanto à quantidade de vagas oferecidas não são suficientes para os números de docentes e as ementas dos cursos de Educação Matemática não evidenciam aprofundamento teórico e metodológico, além disso não abordam ou fazem de maneira superficial o trabalho com a temática da inclusão e/ou diversidade. Em relação ao terceiro artigo, ainda não temos resultado.

Este trabalho emerge de inquietações frente ao crescimento expressivo de quadros de sofrimento subjetivo de adolescentes no Brasil, bem como à tendência individualista, patologizante e medicalizante na atenção dada a esse público. Considera-se, ainda, o caráter recente das políticas públicas dedicadas aos cuidados à saúde mental de adolescentes a partir do paradigma da Reforma Psiquiátrica brasileira, bem como as limitações e fragilidades que essa rede tem vivido atualmente. Nesse contexto, objetiva-se compreender configurações subjetivas sociais e individuais dos processos de sofrimento subjetivo de adolescentes que fazem parte das atividades de uma organização comunitária não governamental situada no Distrito Federal, de modo a construir caminhos educativos alternativos orientados ao desenvolvimento subjetivo. Será utilizada a Teoria da Subjetividade em uma perspectiva histórico-cultural, de autoria de González Rey, para fundamentar a explicação teórica desses processos. A partir das articulações entre subjetividade, saúde mental e comunidade, problematizase possibilidades de ações a nível comunitário, em espaços externos ao aparato público de saúde mental, como recursos possivelmente potentes ao favorecimento de desenvolvimento de adolescentes. Para tal, são construídas articulações com o aporte teórico da Psicologia Social Comunitária latinoamericana. Finalmente, a partir da Metodologia Construtivo-Interpretativa, fundamentada na Epistemologia Qualitativa, será realizado um estudo de caso em profundidade de um adolescente entre 12 e 18 anos de idade, visando a construção de um modelo teórico que possibilite o cumprimento dos objetivos da pesquisa.

Os processos de saúde mental no contexto escolar vêm sendo discutidos em diversas pesquisas e são motivo de preocupações nas práticas educacionais. O estudo desses processos demanda um olhar que articule educação, saúde mental e desenvolvimento humano, com o intuito de favorecer o avanço em caminhos de inteligibilidade sobre processos de sofrimento subjetivo de adolescentes para uma compreensão complexa das diversidades e das singularidades dos adolescentes no espaço escolar póspandêmico. À luz da Teoria da Subjetividade em uma abordagem histórico-cultural de Fernando González Rey, esta pesquisa teve como objetivo compreender como se configuram subjetivamente quadros de sofrimento subjetivo de adolescentes em uma escola da rede pública de ensino do Distrito Federal do Brasil no contexto póspandêmico, tendo como foco a elaboração de princípios e estratégias educativas que favoreçam o desenvolvimento subjetivo nesse contexto, além da patologização. A partir da Metodologia Construtivo-Interpretativa, fundamentada na Epistemologia Qualitativa, foi abordada a configuração subjetiva social do sofrimento de adolescentes em uma escola pública do Distrito Federal e a configuração subjetiva individual do sofrimento de um estudante por meio de um estudo de caso. A pesquisa envolveu um trabalho de campo de 08 meses em um Centro de Ensino Fundamental do Distrito Federal do Brasil. Nesse processo, a pesquisadora participou de diversas atividades do cotidiano da escola, o que possibilitou a criação de um vínculo com a equipe pedagógica, gestores, famílias e estudantes que gradualmente se tornaram participantes da pesquisa. Diferentes instrumentos de pesquisa foram utilizados: dinâmicas conversacionais, diálogo sobre músicas, diálogo sobre desenhos, dialogo sobre histórias em quadrinhos, cartografia corporal e técnica de complemento de frases. Esses instrumentos visaram favorecer momentos dialógicos que permitissem a abordagem de temas importantes para o estudo, favorecendo uma participação engajada, crítica e reflexiva do participante. Os resultados da pesquisa são apresentados em dois eixos temáticos. No primeiro eixo temático, abordamos a configuração subjetiva social do sofrimento de adolescentes e possíveis práticas educativas orientadas ao desenvolvimento. Concluímos que a configuração dominante do sofrimento subjetivo de adolescentes na escola está marcada pela fragilidade da comunicação sobre problemas de saúde mental assim como pela medicalização e patologização como resposta rápida e superficial para a resolução de conflitos emocionais, sociais e de aprendizagem. No segundo eixo temático abordamos a configuração subjetiva individual do sofrimento de um adolescente e possíveis recursos para o desenvolvimento subjetivo. Enfatizamos aqui, o protagonismo subjetivo de um indivíduo frente a uma situação de vida de sofrimento, dentro de um processo fluido, criativo, dinâmico que permite construir possíveis alternativas ao sofrimento. Nesse contexto, faz-se relevante criar espaços de diálogo e dignidade no reconhecimento dos direitos e deveres dos estudantes na diversidade e na diferença como alternativa às práticas patologizantes e medicalizantes. 

A partir da década de 1990, no contexto da reconfiguração do Estado brasileiro, as parcerias público-privadas (PPPs) emergem como estratégias para viabilizar os interesses dos grupos dominantes, inserindo uma lógica empresarial na gestão da educação básica pública. Nesse cenário, o presente estudo analisou a disseminação das competências socioemocionais nos programas Acelera DF (2007-2010) e SuperAção Jovem (2009-2010), resultantes de uma parceria entre a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) e o Instituto Ayrton Senna. Fundamentada no método histórico-dialético, a pesquisa revela que a atuação das organizações sociais no campo da educação pública, especialmente em tempos de crise do capital, reflete o uso da educação como nicho de investimento, além de espaço para a formação de subjetividades compatíveis com o projeto neoliberal. As competências socioemocionais, nesse contexto, funcionam como mediadoras dos interesses do capital, moldando os sujeitos a partir de uma racionalidade empresarial, que valoriza o sucesso individual e a adaptação ao mercado de trabalho. A educação básica pública do Distrito Federal, portanto, tem sido instrumentalizada para legitimar o discurso hegemônico de organismos multilaterais, implementando políticas que reforçam novas formas de subjetividade alinhadas à lógica neoliberal. Esse processo se concretiza por meio de redes de relações, da mobilidade de intelectuais orgânicos e de estratégias de comunicação, no âmbito das PPPs, que promovem uma concepção de educação voltada para a gestão emocional e o convívio com as diferenças como elementos necessários para a produtividade e eficiência no mercado.

Segundo Freud (1925), educar é uma das
profissões da ordem do impossível,
evidenciando os desafios enfrentados pelos
educadores. Para Freud (1930), o mal-estar
é inerente à vida em sociedade e
inevitavelmente atinge os professores. No
contexto do Ensino Integral em Tempo
Integral (PROEITI), este estudo busca, à
luz da psicanálise e da educação, investigar
se a rotina dos professores dessa
modalidade está associada à manifestação
de sintomas de mal-estar profissional,
considerando as demandas específicas do
modelo. A pesquisa, de abordagem
qualitativa, utilizou entrevistas
semiestruturadas e memórias educativas
com seis professoras do Ensino
Fundamental I da Rede Pública do DF. A
análise de conteúdo proposta por Bardin
(2016) identificou três eixos temáticos: “a
constituição do ser docente”; “o estudante e
a escola em tempo integral na ótica
docente”; e “o exercício da docência na
escola em tempo integral: entre o bem e o
mal-estar”. Os resultados apontam que,
embora o PROEITI não seja a causa direta
do sofrimento docente, atua como
catalisador, intensificando o mal-estar. Isso
se deve à sobrecarga de funções
pedagógicas, burocráticas e emocionais, à
precarização escolar e às demandas por
resultados. Além disso, o modelo
desconsidera os ritmos individuais das
crianças, restringindo sua vivência plena da
infância, o que também impacta os
docentes. Assim, o mal-estar transcende
questões estruturais e se enraíza na

subjetividade do professor, influenciada
por aspectos político-sociais e pela própria
essência da profissão, comprometendo sua
saúde emocional e a dinâmica pedagógica.

Os jogos e as brincadeiras, enquanto recurso didático, podem desempenhar um papel importante no trabalho pedagógico da alfabetização matemática. A alfabetização matemática envolve a compreensão e a construção de conceitos numéricos, bem como o domínio das operações matemáticas elementares, como a adição e a subtração, para resolver problemas, isto é, a progressão da compreensão dos estudantes em relação aos conceitos e relações de adição, desenvolvendo o campo conceitual aditivo. Diante do exposto, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar possíveis contribuições do uso do jogo e da brincadeira no trabalho pedagógico para o desenvolvimento de habilidades do campo conceitual aditivo no processo de alfabetização matemática de estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental. Para alcançar esse intento, os objetivos específicos são, identificar pesquisas brasileiras que abordaram o uso dos jogos e das brincadeiras no processo de alfabetização matemática de estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, no período de 2010 a 2019; analisar o uso do jogo e da brincadeira para o desenvolvimento de habilidades do campo conceitual aditivo no processo de alfabetização nos anos iniciais; descrever potencialidades dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da alfabetização matemática. Os aspectos metodológicos explicitam uma pesquisa de abordagem qualitativa, com objetivos de natureza descritiva e exploratória. Quanto aos procedimentos de coleta de dados, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de intervenção colaborativa. As técnicas de análise de dados foram a análise documental e análise de conteúdo. Kishimoto, Vigotski, Vergnaud, Danyluk e Teixeira e Moreira, são os referenciais teóricos de suporte da pesquisa. Como resultados preliminares tem-se que ainda é incipiente o número de pesquisas que trata da temática em tela. Considera-se, portanto, a necessidade de pesquisas que aprofundem mais sobre a temática em questão.

Pensar no processo de ensino e aprendizagem das pessoas com Deficiência Intelectual, na atualidade, é trazer à tona uma mudança de terminologias e concepções. Ambas caminharam junto ao longo da história da humanidade, numa perspectiva da limitação e da incapacidade dessas pessoas que foram denominadas de débeis, mongoloides, retardados, incapazes, excepcionais e outros, o que, mesmo sem intenção, já inferiorizava esses sujeitos. Esse processo de transformação na sociedade é fruto de uma nova visão que a escola deve cultivar, realizando práticas inclusivas que visam o desenvolvimento desses sujeitos em todas as dimensões, levando em conta as potencialidades desse indivíduo e não sua limitação, além de um processo que visa uma aprendizagem não apenas na perspectiva cognitiva, mas também na social, política e histórica. Diante disso, o presente trabalho busca compreender o ensino da Matemática em Salas de Recursos Generalistas do Distrito Federal no atendimento a estudantes com Deficiência Intelectual. Para isso, esta pesquisa visa descortinar um pouco do universo desses indivíduos tecendo a trajetória de marcos históricos no mundo e no Brasil durante o século XX e XXI, com acontecimentos e leis que garantiram a inclusão das pessoas com deficiência na escola regular, chegando até um atendimento mais específico com o Atendimento Educacional Especializado (AEE) por meio das Salas de Recursos Generalistas (SRG) no Distrito Federal. Além disso, caracteriza a Deficiência Intelectual, de acordo com Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - V (DSM-V), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA); Clasificação Internacional de Doenças (CID) organizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela teoria da defectologia vigotskiana.  Para terminar, discursa sobre a potencialidade das práticas inclusivas em Educação Matemática realizadas nas Salas de Recursos Generalistas do Distrito Federal. Essa discussão será fundamentada na teoria de Vigotski, dentro da defectologia, que descreve o desenvolvimento das pessoas com deficiência seguindo a mesma lei de desenvolvimento das pessoas típicas, mas por caminhos alternativos e meios auxiliares para desenvolver processos compensatórios, que visam o desenvolvimento desses sujeitos. Em relação aos aspectos metodológicos, a pesquisa terá abordagem qualitativa descritiva, baseada na teoria histórico-cultural, que entende que as funções psicológicas superiores, próprias da espécie humana, se complexificam a partir das relações sociais, bem como das mediações semióticas vividas, por meio dos instrumentos de construção cultural e de procedimentos de revisão bibliográfica e documental.

Esta pesquisa tem por objetivo compreender como as crianças que frequentam a Escola Classe do Campo, localizada em Brazlândia, no Distrito Federal (DF), expressam seus pensamentos e percepções sobre a instituição escolar. Com a intenção de alcançar o que propõe o objetivo geral, este trabalho tem três objetivos específicos: 1) Investigar as relações que as crianças possuem com espaço escolar e compreender como essas crianças se sentem acolhidas e representadas na escola. 2) Analisar como essas relações influenciam a concepção das crianças sobre o espaço escolar. 3) Divulgar amplamente, por meio da escrita de cartas, os saberes da criança camponesa sobre a instituição escolar utilizando a abordagem da Sociopoética. Fundamentada na abordagem decolonial, a metodologia utilizada é a Sociopoética de Jacques Gauthier (2012), se constitui como um método de pesquisa cooperativa e coletiva. A pesquisa contou com a participação de 24 crianças camponesas, todas estudantes do 4º ano do Ensino Fundamental de uma Escola Classe localizada na área rural de Brazlândia/DF. A pesquisa buscou descolonizar saberes e ampliar as vozes infantis, frequentemente silenciadas. Como também, contribui para valorizar e conferir visibilidade ao protagonismo das crianças no ambiente escolar, enquanto sujeitos ativos que constroem suas próprias percepções e leituras de mundo (Lopes, 2006, Noguera, 2019). A partir desse protagonismo epistêmico, as crianças oferecem valiosas perspectivas para o desenvolvimento de análises sobre a escola como uma territorialidade central das infâncias, onde se processam parte importante das suas experiências e vivências educativas. Em seus relatos, demonstraram consciência das desigualdades sociais e da necessidade de lutar por seus direitos, o que dialoga com a proposta de Freire (1970) de uma educação libertadora e conscientizadora. Conclui-se que a escola, para as crianças camponesas, assume um papel crucial na construção da identidade e no desenvolvimento de uma consciência crítica em relação à sua realidade, reforçando a necessidade de uma educação contextualizada que valorize seus saberes e os empodere para transformar suas vidas.

A pesquisa objetiva analisar, criticamente, percepções e prospectivas de docentes do 8º e do 9º ano do Ensino Fundamental de uma rede pública municipal perante a realidade do uso da produção de textos escritos híbridos por estudantes e IA. O estudo aborda pressupostos da educação e comunicação numa perspectiva crítica (Freire, 1987, 1996, 2013, 2018), os conceitos de pensamento prospectivo (António Junior; Oliveira; Kilimnik, 2010; Moritz; Pereira, 2005) e de texto híbrido (Lopes; Forgas; Cerdà-Navarro, 2024). Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva com uma abordagem qualitativa, cujos procedimentos metodológicos utilizados foram a análise de conteúdo de Bardin (1977) e a triangulação de dados de Triviños (1987). Foram realizadas dez entrevistas semiestruturadas com docentes de três escolas do município de Novo Gama, Goiás. Entre os resultados da pesquisa, destaca-se a categoria “implicações negativas do uso da IA em textos escritos híbridos” que está associada às seguintes subcategorias e respectivas frequências no conteúdo das dez entrevistas: maturidade ética e moral [9], “plágio” [04], preguiça [04], dependência tecnológica [03], falta de análise crítica [02], distanciamento das próprias capacidades [2] e desconfiança [1]. Já na categoria “implicações positivas do uso da IA em textos escritos híbridos”, emergem as subcategorias pesquisa [06], enriquecimento do vocabulário [02], forma correta de escrita [02], fixação de conteúdo [1], tempo [01], trabalho com o que gosta [01], velocidade [1] e tira-dúvida [1]. Por sua vez a categoria “aceitação condicionada” está associada às subcategorias autoria [05], participação [3], pesquisa [02], debates [02], apropriação do vocabulário [1], reforço do conhecimento [1] e estudar [1], houve um alinhamento nas dez respostas dos docentes quanto ao uso da IA generativa, mediante admissibilidade condicionada a algum fator. Dos dez professores entrevistados, dois demonstraram discordâncias no uso de ferramentas de IA em situações de escrita de textos híbridos. Na categoria “medidas”, a fim de mitigar os efeitos negativos dos riscos do mau uso da IA, são apresentadas as subcategorias orientação [07], produção em sala de aula [02], regras [02], aula de ética e cidadania [01] e metodologias ativas [1], e com isso, predomina a subcategoria “orientações” [7]. Há algumas limitações no conhecimento dos docentes acerca do uso do ChatGPT em contexto de textos escritos híbridos para fins educativos, mas os docentes estão abertos ao uso da ferramenta em atividade em sala de aula. A pesquisa conclui que é importante construir caminhos para o desenvolvimento de uma escrita livre de vieses de desigualdades, levando em conta as transformações que a IA generativa tende a oferecer de benefícios ao ensino. A escrita de textos possibilita uma gama de possibilidades em que o indivíduo tem a oportunidade de usar a sua criatividade para um fim proveitoso na autoria de textos. A criatividade é inerente ao ser humano e nenhuma tecnologia de IA irá superar uma escrita contextualizada com as experiências da realidade dos humanos.

O presente trabalho objetiva de modo geral compreender como o modelo de gestão escolar, personificado pelo diretor, pode traduzir diferentes entendimentos de liderança transformacional, no contexto formativo da Mentoria de Diretores Escolares no DF, e de modo específico: 1) coletar entendimentos acerca do conceito e da aplicação de liderança no imaginário escolar; 2) analisar como os líderes formais, Diretores, podem influenciar  na comunidade escolar; 3) analisar como a liderança pode associar-se à implementação (ou não) de políticas públicas no âmbito educacional e escolar, inclusive sob a ótica do projeto formativo de diretores. A autoridade formal das lideranças estudadas repercute na criação política individual e coletiva, como engrenagem silenciadora ou transformativa, capaz de reprimir ou revelar conflitos importantes para o desenvolvimento da humanidade no mundo e imprimir um poder de influência decisória sob as dialógicas e as dialéticas da socialização, da criação de simbolismos e da visão de mundo abarcada. A metodologia qualitativa explora, aqui, o rompimento com paradigmas clássicos, a construção da intelectualidade coletiva, a partir de uma cientificidade crítica e reflexiva, e o estudo de significantes e significados formativos e operacionais da liderança no âmbito escolar, utilizando-se da revisão de literatura, da observação completa e da aplicação de entrevistas semiestruturadas para a coleta e a sistematização de dados e informações. A pesquisa seguiu princípios éticos e foi validada junto à equipe executiva do programa e à Secretaria de Educação do DF e justifica-se pelo papel institucional, democratizante, universalizante e emancipador da escola, sob a ótica do diretor como figura decisória, influente direta e indiretamente, na cultura ambiental, no desempenho dos estudantes, na visão político-pedagógica adotada e na consolidação de um projeto de sociedade.

Empresas como Google e Microsoft estão presentes no cotidiano de nossas vidas, trazendo inúmeras facilidades na comunicação entre as pessoas e no acesso a informações. Esse fenômeno é oriundo de uma nova configuração do sistema econômico o qual está sendo compreendido como capitalismo de vigilância, em que tais empresas possuem seus modelos de negócios baseados na coleta e no monitoramento de dados. Desde o início dos anos 2000, essas grandes corporações tecnológicas têm ampliado sua esfera de atuação para outros setores, como a educação. No Brasil, percebemos a presença dessas Big Techs na educação ao analisar que quase 80% das instituições públicas de ensino superior mantêm acordos com alguma dessas empresas para a oferta de aplicativos voltados para as ações de ensino. Diante desse cenário, indagamo-nos: quais são as implicações da entrada das grandes corporações tecnológicas no projeto formativo das universidades públicas brasileiras? Esta investigação terá ancoragem, principalmente, nos estudos desenvolvidos por Jose Van Dijck, que propõe uma análise da sociedade a partir dos conceitos de plataformização e do dataísmo. Trata-se de uma pesquisa de natureza hermenêutica de abordagem reconstrutiva uma vez que, a partir do diálogo com o outro, é possível resolver interpretações equivocadas sobre o mundo. Com a finalidade de contextualizar o cenário vivenciado pelas instituições que aderiram aos serviços de grandes empresas tecnológicas, será realizada uma análise dos seguintes documentos das universidades: Plano de Desenvolvimento Institucional, Plano de gestão de TI da instituição e termos de acordo realizados entre a instituição e as empresas Google ou Microsoft para oferta de aplicativos. Também será realizada a aplicação de um questionário fechado com os gestores das áreas de tecnologia da informação ou de educação a distância das instituições. Em busca dos esclarecimentos sobre o problema a ser compreendido a partir deste estudo, foram selecionadas cinco universidades federais brasileiras que aderiram aos serviços da Google ou Microsoft, a saber: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A pesquisa se insere no campo dos estudos sobre a(s) infância(s), na linha de pesquisas de Estudos Comparados em Educação, do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. A investigação tem por objetivo descrever e analisar o que conta um grupo de crianças moradoras de Ceilândia-DF acerca de sua(s) experiência(s) de infância(s), evidenciando seus interesses e desejos e as relações que estabelecem com o espaço onde vivem. A tese se embasa nos aportes teórico-metodológicos do campo de estudos da(s) infância(s), dialogando com a Sociologia da Infância e, interdisciplinarmente, com a Geografia das Infâncias. É uma pesquisa com crianças que destaca a relevância de ouvir o que esses atores sociais têm a dizer sobre suas experiências de infância no contexto pesquisado. Para facilitar e ampliar a compreensão sobre o que elas tinham a dizer, foram utilizados desenhos, fotografias e conversas com as crianças sobre suas produções como estratégias metodológicas para o estabelecimento de um diálogo que valorizasse as suas diversas linguagens. As crianças demonstraram interesse e desejo por ampliar o tempo de permanência e o acesso a espaços, institucionais e/ou públicos, que possibilitem a interação e a brincadeira com seus pares. As participantes reconheceram e ponderaram sobre alguns fatores que limitam e restringem o seu acesso livre aos espaços públicos do setor onde residem. E tecem claras e objetivas avaliações sobre as condições e a organização dos espaços públicos do lugar onde residem, evidenciando a existência de poucos espaços que as crianças podem frequentar com segurança e liberdade.

A presente pesquisa, desenvolvida na linha Educação Ambiental e Educação do Campo, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília, durante o período de 2022 a 2024. O objetivo geral foi analisar como os sujeitos coletivos organizados na teia de relações que envolve a Escola do Campo, a comunidade camponesa e a universidade pública materializam a Práxis Educativa Agroecológica. A pesquisa baseou-se nas relações estabelecidas entre a Escola de Ensino Médio do Campo Florestan Fernandes (EEMFF) e a comunidade do Assentamento Santana, ambas localizadas no município de Monsenhor Tabosa – Ceará. Também foram objeto das análises, aproximações com a Universidade Estadual do Ceará (UECE) especialmente mediante as práxis agroecológicas desenvolvidas desde o ano de 2018. A base epistemológica deste trabalho é o Materialismo Histórico-dialético. Os principais instrumentos utilizados para imersão na realidade foram: observações do processo educativo na EEMFF e na comunidade do Assentamento Santana/CE; entrevistas semiestruturadas com educadores(as) da EEMFF e da UECE, com estudantes da EEMFF e membros do Setor de Produção e Educação do MST no Assentamento e no estado; rodas de conversas com sujeitos que atuam em diferentes espaços da comunidade do Santana; registros em diário de campo. Constatou-se que os sujeitos coletivos dessa comunidade, fortalecidos pela organização no MST e formação em universidades públicas, passaram a impulsionar a práxis transformadora na Escola e na comunidade. Também provocaram na universidade aproximações com as lutas, a história e a cultura camponesa, rompendo com modos de produzir conhecimentos comumente hierárquicos e padronizados.

A formação tem sido apontada como aspecto importante para minorar a falta de engajamento docente nas atividades de Educação Ambiental em escolas públicas e a consequente incidência de abordagens superficiais e descontínuas do tema meio ambiente. Nesse sentido, a presente pesquisa teve por objetivo construir um dispositivo de pesquisa-formação, nomeado “Memória Autoecobiográfica Educativa”, com vistas a avaliar o seu potencial para incentivar a relação humano/natureza e favorecer o sentimento de pertencimento docente ao campo de atuação da Educação Ambiental no contexto escolar. O público-alvo foi constituído por professores da Educação Básica, em regência de classe na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, com atuação em escolas da rede pública de ensino vinculadas à Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. O estudo, de método misto sequencial, foi estruturado em três fases: na primeira, com abordagem quantitativa, aplicou-se um survey à 296 professores de 17 escolas, com média etária de 42,1 anos, sendo 91,9% do sexo feminino. Por meio de um questionário online composto por questões sociodemográficas e dois instrumentos – escala de Inclusão da Natureza no Self (INS) de Schultz (2002) e Questionário de Valores Refinado (PVQ-R) de Schwartz et al. (2012), almejou-se verificar a percepção de conectividade com a natureza e o nível de presença de valores de autotranscendência dos participantes. Na segunda fase, com abordagem qualitativa, realizou-se um processo formativo com um grupo de 12 professoras e 3 professores de uma das escolas colaboradoras, com média etária de 40,9 anos. O processo de pesquisa-formação foi conduzido com a aplicação do dispositivo construído, no qual foram oportunizados espaços/tempos de escuta sensível e reflexão dialógica a respeito de valores ecológicos, conexão com a natureza e Educação Ambiental, a partir da escrita e socialização de narrativas das memórias educativas e ambientais (autobiografias ambientais) dos sujeitos. A terceira fase foi dedicada à aplicação dos instrumentos referenciados na primeira fase da pesquisa aos participantes segunda, após o processo formativo, com o intuito de verificar possíveis mudanças nos escores que pudessem sinalizar alterações na percepção de inclusão à natureza e a ativação de valores de autotranscendência. Para os dados quantitativos foram utilizadas análises descritivas e inferenciais multivariadas, já os dados qualitativos foram verificados com a análise compreensiva-interpretativa das narrativas, ressaltando-se a importância de cada método e a possível interlocução entre eles. A pesquisa se fundamentou no pensamento complexo e transdisciplinar ao propor o diálogo teórico-metodológico entre a Educação Ambiental, a Ecologia Humana e a Psicologia Ambiental, mediado pela abordagem (auto)biográfica. As oficinas autoecobiográficas podem ter influenciado na percepção de conexão com a natureza do grupo de docentes que participou da formação na segunda fase, na medida em que se verificou aumento das médias obtidas na fase 3 em relação às médias do estudo inicial, passando de 4,58 (DP=1,82) para 5,13 (DP=1,55). De forma semelhante, é possível verificar diferenças nos valores de autotranscendência entre os dois estudos, passando da média (M) 4,93 (DP=0,52) para a média (M) 5,13 (DP= 0,40). As trajetórias pessoais apresentaram marcas e lacunas que reverberam na formação acadêmica e na atuação profissional, limitando especificamente, em diferentes graus, a construção de um arcabouço teórico e prático em relação à temática ambiental. No decorrer da formação há o reconhecimento de tal condição e uma predisposição para mudanças, possivelmente pelo trabalho de desconstrução do conceito de Educação Ambiental e, de forma mais contundente, pela identificação dos sujeitos com a pauta ecológica a partir das interações afetivas com a natureza despertadas pelas próprias memórias. No que diz respeito à sinalização de condições favoráveis à ativação de valores ecológicos, ressalta-se a mediação das narrativas (orais e escritas) nesse processo. A reflexão em grupo propiciou experiências de ordem afetiva, cognitiva e sociocultural, pelas quais se permitiu um processo de autoeco-formação, ao abordar sequencial e entrelaçadamente os componentes elementares e indissociáveis da vida: o eu, a natureza e os outros. Vislumbram-se, portanto, possíveis contribuições para políticas públicas de formação docente que busquem incentivar a conexão com a natureza e a ativação de valores ecológicos pela mediação do método (auto)biográfico.

A tese elegeu como objeto de investigação a gestão tecnocráticaeempresarial nas Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP)doCeará entre o período de 2008 a 2023. Parte do problema: os empresários,as fundações, os institutos privados, o Todos pela Educaçãoeosgovernadores, têm atuado por meio de articulações para direcionaraelaboração, a execução e a gestão das políticas para a educaçãobásicadoCeará. Propõe como objetivo principal analisar a gestão tecnocráticaeempresarial nas escolas públicas de Ensino Médio profissional doCearáeapreender como os mecanismos da tecnocracia têmregido os processosdegestão, de organização e de arquitetura curricular dessas escolas paraaconsolidação de um padrão de reprodução tecnocrático-empresarial.Assume-se o materialismo histórico-dialético como opçãoteórico-metodológica para analisar a totalidade histórica e dialética dagestãotecnocrática e empresarial empregada nas EEEP e evidenciar os mecanismosda tecnocracia que operam e regem as escolas secundárias doCeará. Aoassumir natureza qualitativa, com uso de dados empíricos, documentaiseestatísticos, adota a pesquisa bibliográfica com a exploração docampodeinvestigação para apreensão do objeto e suas múltiplas determinações. Comoresultado da investigação, afirma: o governo do Ceará e os empresáriosatuam e operam a política de educação profissional no estado, tendocomobraço o ICE, da empresa Odebrecht, e o Instituto Unibanco; existeumpadrão de reprodução da gestão tecnocrática e empresarial nas escolasdeeducação profissional do Ceará, que se expressa sob três perspectivas:reprodução ideológico-curricular, reprodução ideológico-empreendedoraereprodução ideológico-empresarial.

Esta tese busca resgatar história e a memória da
organização dos professores em associação
profissional e a sua relação com as questões
político-pedagógicas na história da educação do
Distrito Federal (DF), em seus primórdios, no
período entre 1960 e 1964.
O aspecto central da pesquisa é a atuação dos
professores organizados, ou não, em associação
e as ações nas dimensões político-pedagógicas
nos primórdios da história da educação do
Distrito Federal, mediatizados pelo contexto
anterior ao golpe militar de 1964, das disputas
políticas num contexto ideológico do
anticomunismo. Em seguida, apresentamos o
depoimento de um dos dirigentes da associação
de professores, juntamente com outros relatos
por meio da história oral que complementam a
história da educação e do associativismo dos
professores no DF, entre 1960 e 1964.
Defendemos que a APPESPB realizou uma
atuação política pedagógica que contribuiu com
a história da educação, nesse contexto, em
pautas que defenderam a educação, a escola
pública, as reivindicações sindicais e os valores
sociais em consonância com o desenvolvimento
nacional da época. Realizamos uma pesquisa
documental junto aos arquivos do Museu da
Educação do DF, do Arquivo Público do DF, do
CEDOC do Sinpro-DF, na Biblioteca da Escola
de Aperfeiçoamento de Profissionais da
Educação do DF, da Hemeroteca digital do
Arquivo Público da Câmara Federal,
conjugados com elementos da história oral.
Realizamos um processo de entrevistas com os
professores pioneiros da educação de Brasília, e
da organização em associação de docentes e as
suas memórias e histórias de vida

Resumo O objetivo deste trabalho foi investigar e compreender o papel das mulheres raizeiras e mulheres benzedeiras do Cerrado na preservação e no compartilhamento de saberes culturais e ambientais junto às suas comunidades. Buscou-se analisar as possíveis convergências entre as perspectivas teóricas fundamentadas na etnociência, educação ambiental, ecologia dos saberes e as práticas presentes nas narrativas dessas mulheres, como forma de verificar se os saberes tradicionais e coletivos das mulheres raizeiras e benzedeiras podem contribuir para a formulação de práticas ecopedagógicas no campo da educação ambiental. Também procuramos compreender a importância das ancestralidades e dos vínculos afetivos nas práticas de benzimento e na partilha de saberes tradicionais sobre plantas medicinais. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa composta por revisão bibliográfica, pesquisa participativa e entrevista semiestruturada com sete mulheres, sendo duas mestras raizeiras do Cerrado e cinco benzedeiras da Escola de Almas Benzedeiras de Brasília (DF). As mulheres raizeiras e benzedeiras do Cerrado reúnem uma diversidade de saberes cujos processos de aprendizagem acontecem por meio da transmissão oral dos conhecimentos no cotidiano das suas comunidades. Para essas mulheres e para as pessoas que as procuram, a cura ocorre por meio das palavras, das plantas, dos elementos da natureza e do sagrado, ações que se manifestam no ato de benzer e de manipular as plantas medicinais do Cerrado. Assim, foram identificadas as possíveis convergências entre as perspectivas presentes nas narrativas dessas mulheres juntamente às práticas do benzer e do uso de plantas medicinais, que continuam a ser transmitidas nos dias atuais, guardadas as alterações promovidas pelo tempo, e que ainda permanece nas sociedades contemporâneas o reconhecimento de importância nas práticas de cura e cuidado. Apesar de serem práticas provenientes do meio rural, encontram adesão nos centros urbanos, graças aos seus praticantes e aos que recebem as bênçãos e atestam o poder desse ofício tradicional. É evidenciado que a ancestralidade e os laços afetivos das raizeiras e benzedeiras com seus corpos-territórios contribuem para manter vivos os saberes originários, bem como para a preservação do Cerrado.

A (re)inserção das pessoas no Mundo do Trabalho é um desafio global, incluindo o Brasil, devido a diversos fatores tais como: as mudanças tecnológicas e a automação que estão transformando a natureza do trabalho, eliminando alguns empregos e exigindo novas habilidades para outros, podendo deixar muitos trabalhadores desempregados ou com dificuldades para se adaptarem às novas demandas do Mundo do Trabalho. Por todas essas razões e outras mais, (re)inserir as pessoas no Mundo do Trabalho é um desafio complexo que requer esforços coordenados em níveis global, nacional e local para garantir oportunidades equitativas para todos. Além disso, a fim de melhorar a eficiência do processo de (re)inserção dos trabalhadores, é necessário considerar os perfis das vagas disponíveis no Mundo do Trabalho, bem como as competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) de cada pessoa. Diante do exposto, esta pesquisa de doutorado, desenvolveu um método de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências prévias - RVCC, alinhadas com o novo formato do Mundo do Trabalho. Método esse que foi aplicado em trabalhadores com baixa escolaridade e/ou qualificação profissional, os quais frequentavam a agência de emprego do SINE de Goiânia. Assim, inicialmente, realizamos uma pesquisa bibliográfica e documental de natureza mista e, em seguida, aplicamos o método em 219 trabalhadores. Destes, 185 foram aprovados na avaliação e obtiveram o reconhecimento, validação e certificação de suas competências adquiridas ao longo da vida, os 34 trabalhadores restantes que não obtiveram o RVCC foram direcionados a realizarem formações profissionais nas ocupações profissionais que pleiteavam a certificação. Nesse sentido, o método desenvolvido surge como uma possibilidade para a implementação do Reconhecimento de Competências e Certificação de Competências no contexto brasileiro, oportunizando a (re)inserção e progressão no Mundo do Trabalho, pois surge como uma proposta de formalização das competências e/ou saberes adquiridos pelos trabalhadores ao longo da vida, uma vez que apesar de estar previsto há 30 anos na LDB, essa possibilidade não está assegurada para milhares de trabalhadores que padecem deste reconhecimento.

O perfil da universidade pública tem refletido mais honestamente a pluralidade da sociedade brasileira, sendo composto em sua maioria por pessoas negras. Boa parte dessa mudança é devido a políticas como as cotas étnico-raciais e sociais abordadas neste estudo. Porém, o acesso dessas pessoas prevalece nos cursos de menor “prestígio”, com maior concentração nas licenciaturas, dentre as quais destaca-se o curso de Pedagogia, seja na rede pública e privada, cujo perfil discente é formado por mulheres, pessoas negras e da classe trabalhadora. Assim, tomando o curso de pedagogia como fonte desta tese e considerando as características inerentes a essa licenciatura, parte-se da seguinte pergunta: Como as intersecções dos marcadores sociais de gênero, raça e classe determinam o ingresso das e dos estudantes aos cursos de pedagogia em instituições públicas ou privadas do Distrito Federal? Para tanto, no intento de buscar elucidações possíveis ao problema de pesquisa, realizamos um estudo interseccional, com a abordagem da hermenêutica reconstrutiva, considerando como horizonte interpretativo a justiça social. Trata-se de uma pesquisa com estudantes de cursos presenciais de pedagogia de quatro IES do Distrito Federal, duas públicas e duas privadas, no qual utilizamos de análise documental e aplicação de questionários. Intentamos compreender, sob a ótica da justiça social, as diferentes razões apresentadas a fim de construirmos, discursivamente, um trabalho que possa servir para reflexões a todas as instituições e sujeitas(os) envolvidas(os), e promover novas e constantes interpretações para um desenvolvimento crítico acerca da formação em pedagogia

A Dengue é uma infecção arboviral encontrada em regiões tropicais e subtropicais, transmitida por mosquitos hematófagos do gênero Aedes spp. e responsável por milhões de casos todos os anos. Campanhas públicas e currículos educacionais são projetados para educar as pessoas, incluindo crianças. No entanto, o que tem sido relatado é que muitos decidem não seguir essas diretrizes, mesmo sabendo supostamente o que deve ser feito. Para entender esse fenômeno, este estudo tem como objetivo identificar barreiras psicológicas por trás da adoção de comportamentos pró-ambientais que buscam reduzir a população do Aedes aegypti. Para isso, estudantes do ensino fundamental participaram de dois estudos responsáveis por (1) adaptar a escala de Barreiras Psicológicas dos Dragões da Inação (DIPB) para o grupo-alvo (n = 150) e, em seguida, (2) testá-la em um grupo maior (n = 449). Na Análise Fatorial Exploratória, a correlação de Bartlett (valor de p < 0,001), o alfa de Cronbach (0,83) e a análise KMO (MSA geral = 0,84) mostraram que os dados eram adequados para a análise fatorial. Cinco fatores foram retidos pelo Critério de Kaiser e pelo teste de scree (ou seja, Metas Conflitantes e Mudanças Desnecessárias – α 0,76, Relações Interpessoais – α 0,72, Metas Conflitantes e Falta de Conhecimento – α 0,58, Tokenismo – α 0,73, e Tokenismo em Relação ao Governo – α 0,66). Após isso, a escala foi testada em onze escolas públicas diferentes, onde os estudantes também responderam a um questionário sobre o mosquito. Os resultados sugeriram que os fatores Metas Conflitantes e Falta de Conhecimento e Tokenismo em Relação ao Governo apresentaram um nível mais alto de concordância (médias: 2,6 e 2,12 de cinco, respectivamente). Aqueles que pontuaram mais alto no questionário sobre o mosquito tiveram os fatores Metas Conflitantes e Mudança Desnecessária e Relações Interpessoais inibidos em comparação aos outros (valor de p < 0,05). Esses resultados sugerem que futuras propostas educacionais devem construir diferentes ações, que foquem em abordar tanto fatores internos quanto externos, criando um mosaico de projetos, com diferentes objetivos, cada um visando diferentes desafios ambientais.

A presente Tese teve como objetivo geral
desenvolver um instrumento de investigação
para auxiliar professores no processo de
identificação de estudantes com comportamento
de altas habilidades/superdotação em
matemática. A pesquisa buscou aporte teórico
nas literaturas das áreas da Psicologia e da
Educação Matemática. O estudo tem abordagem
multimetodológica do tipo quase misto e
apresentação no formato multipaper. Foram
elaborados sete artigos divididos em duas partes:
Parte I – Investigação Teórica (Artigos I, II, III e
IV) e Parte II – Investigação Empírica (Artigos
V, VI e VII). Os resultados obtidos nos mostram
que o conceito de altas habilidades/superdotação
é dinâmico e tem se modificado desde o início
do século XX e não observamos atualmente uma
definição unânime para esse construto, o que se
estende ao caso da superdotação matemática.
Embora tenha recebido maior atenção nos
últimos anos, a superdotação matemática é,
ainda, pouco investigada no cenário acadêmico
brasileiro, refletindo um histórico de ausência de
políticas educacionais direcionadas aos
estudantes matematicamente talentosos. As
percepções de professores que ensinam
matemática sobre a superdotação matemática
foram resumidas em três fatores: habilidade
matemática acima da média, criatividade em
matemática e motivação em matemática. Por seu
turno, o instrumento construído e nomeado
Escala de Investigação da Superdotação
Matemática (EISMAT) apresentou evidências de
validade em uma estrutura unidimensional com
índices adequados para a validade de conteúdo,

estrutura interna, confiabilidade e boa
capacidade discriminatória. Assim, a EISMAT
apresenta potencial para se configurar como
ferramenta pedagógica para o professor que
ensina matemática a ser incorporada em
processos de identificação de superdotados
matematicamente habilidosos.

Esta pesquisa está vinculada à Linha de Pesquisa Profissão Docente, Currículo e Avaliação, que tem como objeto de estudo a Formação Continuada com Ludicidade de Professores no contexto dos Centros de Vivências Lúdicas – Oficinas Pedagógicas (CVLOPs) da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF). O estudo teve como problema central: Quais concepções e práticas de ludicidade orientam a formação continuada ofertada pelos Centros de Vivências Lúdicas – Oficinas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Distrito Federal? A tese tem como objetivo central: analisar as perspectivas, as concepções e a base epistemológica do processo de formação continuada ofertado pelos CVLOPs da SEEDF. Para nos aproximarmos da compreensão da ludicidade no contexto da formação docente, elencamos como objetivos específicos: analisar o Estado do Conhecimento, mapeando os trabalhos produzidos sobre a formação continuada com ludicidade no período de 2011 a 2021 em Periódicos Qualis A e B, Google Acadêmico, em teses e dissertações nos Banco de Dados da CAPES e do IBICT e ainda nas reuniões anuais da ANPEd; identificar as bases epistemológicas para a formação continuada presentes no contexto histórico de formação nos CVLOPs; categorizar as concepções de ludicidade na formação continuada presentes no processo histórico de constituição dos Centros de Vivências Lúdicas – Oficinas Pedagógicas; identificar os princípios norteadores para a formação continuada ofertada pelos CVLOPs. Concebemos o Materialismo Histórico Dialético como referencial teórico metodológico, segundo pressupostos de Curado Silva (2008), Marx (1980), Menezes (2022), entre outros. Assim, iniciamos o percurso metodológico com a análise documental e a realização do Estado do Conhecimento sobre Formação Continuada com ludicidade no período de 2011 a 2021 a partir de pesquisa bibliográfica. Nesta etapa, emergiram três categorias que nos conduziram a concepção de ludicidade como três manifestações lúdicas assumidas na formação continuada de professores: 1. O brincar na educação infantil, 2. O jogo como intervenção pedagógica em áreas específicas e 3. O brincar na formação continuada de professores. No segundo momento da pesquisa, houve o levantamento de dados por meio de questionário respondido por 30 professores formadores, questionário respondidos por 61 professores em formação, entrevista semiestruturada realizadas com 13 professoras formadoras e 4 professoras gestoras. Destarte, a análise dos dados foi realizada com base no referencial teórico pautado nas discussões sobre ludicidade numa perspectiva Pedagogizada (Instrumental: Muniz, 2011; Wajskop, 2001, Lopes, 2014 e Didatizada: Wajskop, 2001), Atraente (Chateau,1987) e Humanizadora (Lopes, 2004, 2014; Luckesi 2000) e sobre a epistemologia na formação de professores (Contreras, 2012; Curado Silva, 2012, 2018. 2019, 2021). Dessa forma, conduzida pelo Materialismo Histórico Dialético, tornou possível delinear quatro categorias: i) A comunidade de trabalho e de formação dos CVLOPs: caracterização dos participantes (professoras formadoras, professoras em formação e professoras gestores); ii) A identidade docente das professoras formadoras dos CVLOPs; iii) As concepções de Ludicidade na formação docente; e iv) Ludicidade como princípio formativo: avanços e contradições no trabalho docente. No movimento dialético, afirmamos a tese de que os Centros de Vivências Lúdicas – Oficinas Pedagógicas apresentam um projeto de formação docente que inaugura a possibilidade de os próprios professores e professoras realizarem uma formação que tenha a ludicidade como princípio. Entendemos que este movimento é central para a formação continuada, fundamentada na unidade realização-vivência-trabalho que se delineia por meio da prática social elaborada como pensamento abstrato intencional e que se realiza no cotidiano a partir de um processo transformador com ludicidade, constituindo-se, portanto, em práxis

A presente pesquisa está vinculada à linha de Políticas Públicas e Gestão da Educação (Poge) do PPGE da Universidade de Brasília e investigou o impacto das avaliações externas do Saeb na gestão escolar e na qualidade educacional do Ensino Fundamental II (EFII) em escolas públicas do Distrito Federal. O estudo analisou como os resultados do Saeb influenciam as práticas pedagógicas nas escolas pesquisadas, destacando que a ausência de um planejamento estratégico para o uso desses resultados reforça uma visão limitada de qualidade educacional e dificulta suas contribuições para o cotidiano escolar. Fundamentado no método do materialismo históricodialético, o estudo utilizou as categorias de totalidade, hegemonia, mediação e contradição, realizando análises documentais e entrevistas com gestores (local, intermediário e central) da SEEDF. Com uma abordagem qualitativa, a análise de conteúdo, conforme Bardin (2011), revelou uma hegemonia na adoção dos princípios do Saeb no campo pesquisado, gerando contradições entre os objetivos da política avaliativa nacional e as condições concretas da educação no DF. Os achados indicam que o Saeb suscita interesses e reflexões nas escolas, mas a falta de sistematização e suporte à gestão escolar na utilização dos resultados limita suas contribuições para a melhoria das práticas pedagógicas, ao mesmo tempo em que gera pressão sobre o desempenho escolar. Essa situação ressalta a necessidade de ações estratégicas que favoreçam a contribuição da política avaliativa às escolas.

A presente pesquisa está vinculada à linha de Políticas Públicas e Gestão da Educação (Poge) do PPGE da Universidade de Brasília e teve como objeto de estudo a materialização da extensão à luz da política do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), instaurado pela Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 (Brasil, 2004). O objetivo da pesquisa foi investigar as influências modeladoras das práticas de extensão pela organização acadêmica a qual pertencem as instituições privadas de educação superior do Distrito Federal e pela política do Sinaes. A tese desta pesquisa é que a materialização da extensão, em sua concepção, desenvolvimento e avaliação, sofre influências modeladoras da organização acadêmica a qual pertencem as instituições e da política do Sinaes. Utilizamos na pesquisa o método do materialismo histórico-dialético, que nos permitiu compreender a realidade a partir das categorias analíticas totalidade, contradição, mediação e práxis. Foram adotadas, ainda, as categorias empíricas: (i) relação avaliação/regulação; (ii) curricularização; (iii) avaliação da extensão e iv) interação com a comunidade e impactos sociais. Para a coleta dos dados, utilizamos a análise documental e entrevistas semiestruturadas com: com os dirigentes de três instituições privadas do DF, com organizações acadêmicas distintas: uma universidade, um centro universitário e uma faculdade. A pesquisa constatou que o Sinaes e a organização acadêmica das IES privadas no Distrito Federal desempenham um papel modelador na implementação da extensão. No entanto, é necessário que as instituições avancem e invistam em uma extensão que seja verdadeiramente integrada ao ensino e à pesquisa.

Esta pesquisa vincula-se ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Brasília, Linha de Pesquisa Profissão Docente Currículo e Avaliação, e tem como objetivo analisar as concepções de formação dos Centros Estaduais de Formação Continuada de Professores no Brasil. O estudo, orientado pelo método do Materialismo Histórico-Dialético, empregou a técnica da análise documental e, a visita técnica e a entrevista semiestruturada como instrumentos de coleta e geração de dados. O lócus da pesquisa incluiu Centros Estaduais de Formação Continuada, com representação de quatro regiões do Brasil e os participantes foram gestores e professores formadores que atuam nestes locais. Os resultados indicam que, embora os centros desempenhem um papel estratégico na formação docente, tendem a atender interesses reformistas e neoliberais que gerenciam as políticas educacionais no Brasil, consolidando-se como espaços de reprodução ideológica e manutenção das relações de produção capitalistas, uma vez que as ações de formação necessitam, institucionalmente, implementar e reforçar os currículos estaduais que foram atualizados para atender s premissas do Novo Ensino Médio e da Base Nacional Comum Curricular. Este movimento resulta na desvalorização, expropriação e alienação do trabalho docente. A pesquisa ressalta a necessidade de o Estado reassumir a centralidade na gestão pública da política de educação nacional e da formação continuada, priorizando práticas formativas que valorizem o professor e dialoguem com as necessidades sociais, econômicas e políticas da educação brasileira. Subsidiando nossas discussões, nos apoiamos nos estudos de Araújo, BrzezinskI e Sá (2020) e Freitas (2014, 2018) para Formação Continuada e Políticas de Formação, para tratarmos da Formação Continuada e Práxis, nos sustentamos nas pesquisas de Curado Silva (2015, 2019, 2024) Saviani (2011, 2008) Contreras (2002).

Esta pesquisa, vinculada à Linha Profissão Docente, Currículo e Avaliação (PDCA) do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília, visa compreender o processo de profissionalização de professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, analisando os mecanismos de privatização dos Aparelhos Privados de Hegemonia (APH). Baseando-se na obra gramsciana, o conceito de “aparelho hegemônico” é relacionado à articulação estatal, visando a reprodução de uma classe. O estudo identifica a atuação dos APH na rede estadual de Goiás, especialmente no Programa de Alfabetização AlfaMais Goiás. Com uma abordagem qualitativa e pesquisa documental, a metodologia inclui revisão de literatura sobre a profissionalização docente e suas transformações ao longo do tempo (Shiroma; Evangelista, 2010). Os autores que fundamentam a análise incluem Shiroma, Evangelista, Freidson e Laval, abordando o par dialético profissionalização/desprofissionalização e os processos de privatização na educação. A pesquisa contextualiza as políticas de formação docente de 2010 a 2023, analisando o Programa Estadual AlfaMais Goiás em colaboração com os APH. Os resultados indicam que a Associação Bem Comum (ABC) exerce uma influência hegemônica nas políticas de alfabetização, justificando sua presença nas redes públicas estaduais pela busca de melhorias na qualidade do ensino. Contudo, a privatização avança na educação básica, afetando a trajetória profissional docente. Os princípios empresariais influenciam os processos formativos, promovendo formações de curto prazo e a meritocracia, o que resulta em desprofissionalização e diminuição da autonomia docente nas Classes de Alfabetização

A presente pesquisa partiu da necessidade de compreender como as ideias de Anísio Teixeira ecoam no texto do Projeto de Lei Complementar 235/2019, que propõe a implementação do Sistema Nacional de Educação no Brasil. Para tanto, tem como objetivo central identificar e analisar as repercussões do pensamento de Anísio Teixeira na estruturação do SNE, explorando os diferentes projetos em disputa e as crises de intencionalidades ao longo do desenvolvimento histórico que conduziu ao mencionado Projeto de Lei. A metodologia de pesquisa empregada foi predominantemente qualitativa, englobando aspectos descritivos, exploratórios, bibliográficos, documentais e de análise de conteúdo e discurso. Do ponto de vista teórico, adotou-se o referencial do Ciclo de Políticas, a partir do qual observamos os contextos de influência e de produção de texto do PLP 235/2019. Os resultados foram apresentados em cinco capítulos dentro dos quais analisou-se a trajetória e os desafios da ideia de Sistema Nacional de Educação no Brasil, abordando desde suas origens até as complexas dinâmicas federativas que influenciam sua implementação. Examinou-se o desenvolvimento do conceito de Sistema Nacional de Educação nos marcos legais e as disputas políticas e ideológicas que moldaram o Projeto de Lei Complementar (PLP) 235/2019, propondo um SNE regulamentado. Por fim, a análise destacou as ideias de Anísio Teixeira, o impacto delas sobre educação brasileira, como e quais dessas ideias se materializaram no texto do PLP 235/2019. Percebemos que se concentram especialmente no capítulo segundo do Projeto de Lei, ecoando nos artigos definidores das atribuições dos entes federados na estruturação do Sistema Nacional de Educação proposto, as seguintes ideias do pensamento anisiano: articulação federativa, a educação como direito social; igualdade e equidade; gestão democrática da educação; valorização dos profissionais da educação; planejamento e articulação de políticas educacionais; articulação entre educação, trabalho e práticas sociais; padrões nacionais de qualidade na educação; políticas educacionais inclusivas; avaliação e monitoramento.

A presente tese aborda o atendimento socioeducativo brasileiro a partir da proposta que surge junto à Constituição de 1988, reafirmada no ECA, e no SINASE. De acordo com o caso empírico do Distrito Federal, buscamos uma leitura institucional local, em rima com a compreensão histórica da institucionalização infanto-juvenil. Para tanto, partimos da evidência inescapável da socioeducação como política pública endereçada à juventude negra. Estruturalmente disposta na variável racial, observamos a readequação institucional no decorrer do século XX, perpetuando o controle em aproximações ao cárcere adulto. Assim, apesar dos notáveis avanços objetivos advindos do paradigma da proteção integral, concluímos que a proposta socioeducativa contemporânea segue afirmando o propósito excludente e punitivo da população negra, ecoando sua gênese colonial. Embasados em leituras críticas, entendemos que a desigualdade e a luta de classes se reestabelecem – também – no modal racial, subscrito nas dinâmicas sociais de controle, exclusão e extermínio. Nessa direção, constatou-se a instrumentalização da violência direcionada aos jovens negros, conjugando raça, periferia e pobreza ao discurso de ‘Guerra às drogas’. Dessa feita, a partir das discussões sobre o ‘encadeamento punitivo’, entendemos a interação e o revezamento do protagonismo das instituições que compõem tais trajetórias punitivas. Logo, quanto à redução no número de adolescentes em privação de liberdade na última década, tais políticas seguem fiéis ao perfil aludido, ao largo da juventude branca, residente dos bairros de classe média e alta. Igualmente, esta pesquisa verificou a medida socioeducativa de internação esvaziada de propósito e intencionalidade educativa, sobressaindo sua face neutralizadora e disciplinar, motivo pelo qual se impõe analisá-la a partir do que tem afirmado, sob outras epistemologias, admitindo o ranço colonial que elabora e sustenta a racialização do cárcere brasileiro. Certos de que, embora a socioeducação esteja entrincheirada na garantia de direitos, o debate deve atravessar as contradições dessas políticas cuja prática isenta a branquitude, afirmando o controle do corpo negro, a fim de que, para além da sobrevivência ao cárcere, resistir possa significar tormenta ao pacto branco.

A Tese investiga as transformações nas funções das universidades, com o objetivo de compreender seu papel no contexto do Sistema Nacional de Inovação (SNI). Para tanto, explora as interfaces existentes entre políticas públicas e o ambiente acadêmico, revelando as tensões e possibilidades na dinâmica das universidades federais como um meio de abordar o paradoxo no papel da universidade na inovação. O estudo reconhece que o novo paradigma econômico da “sociedade do conhecimento”, impulsionado pela globalização, pelo aprofundamento da desigualdade social e econômica, pelas mudanças climáticas e pela transformação digital, contribuiu para remodelar as missões e o papel das universidades na sociedade. Essa perspectiva desafia o papel tradicional das universidades, criando tensões e oportunidades. A pesquisa tem como foco a interface entre políticas educacionais, de ciência, tecnologia e inovação, política industrial e desenvolvimento econômico e social do país. Essa interface pressupõe o fortalecimento das missões tradicionais das universidades (ensino, pesquisa e extensão) ao mesmo tempo em que incorpora uma nova dimensão: a inovação, expressa por meio da Terceira Missão. Nessa perspectiva, a contribuição das universidades para o desenvolvimento econômico e social dos países constitui a essência da Terceira Missão. As variadas reconstruções e interpretações, revelam disputas sobre o papel e as prioridades das universidades, estabelecendo um paradoxo. A pesquisa adota uma abordagem teórico-metodológica qualitativa, utilizando estudos de caso como estratégia de pesquisa para analisar as 69 universidades federais brasileiras e sua integração ao Sistema Nacional de Inovação. A tese identifica uma mudança de direção das políticas públicas do país, voltada para políticas orientadas por missão, que buscam uma ação mais integrada, estratégica e de longo prazo, como resultado, evidencia as iniciativas: Nova Indústria Brasil (NIB), os 10 programas do FNDCT, o Plano de Transformação Ecológica e o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). Os resultados da pesquisa, indicam avanços, como a criação de Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) e a institucionalização de Políticas de Inovação nas universidades. A pesquisa contribui para a reflexão sobre o papel estratégico das universidades ao propor um arcabouço conceitual para a compreensão do seu papel no Sistema Nacional de Inovação.

O Letramento Científico sob a ótica do PISA (2006 e 2015): a posição do Brasil é o tema deste estudo. Tem como objetivo geral analisar o Letramento Científico expresso nos dados do PISA (2006 e 2015) de países da América Latina, Europa, Ásia, África e América do Norte, bem como nos Estados do Rio Grande do Norte (RN) e Distrito Federal (DF) do Brasil. A fundamentação teórica se apoia em autores como Dantas (2019), Muri (2017), Luckesi (2011, 2020), Freitas et al (2009), Fini (2009), Sacristán (2011), Sousa e Ferreira (2019), Saviani (2020), Libâneo (2020), Rosa (2005) dentre outros. Na metodologia assume-me a pesquisa bibliográfica e documental a partir de análises em artigos nas diferentes Plataformas e relatórios do PISA (2006 e 2015). Os resultados expressam as práticas alinhadas com a orientação estudada, de modo a utilizar como subsídio para a realização de futuras pesquisas em escolas públicas do estado do RN e DF. Os estudos demonstram poucos achados, tanto mundial quanto local a respeito do Letramento científico sob a ótica do PISA. As conclusões sinalizam para a necessidade de investigação mais aprofundada desta temática tendo em vista de buscar estudos consolidados sobre o assunto. Um achado que chamou atenção foi o baixo índice das aprendizagens referentes a “resolução colaborativa de problema” e “Educação financeira”. Esta última encontra-se valorizada apenas em um país do continente asiático e em outro da América do Norte o que supomos ser pelo alto nível de desenvolvimentos destes países.

A presente pesquisa está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília (PPGE/FE/UnB) em nível de Mestrado Acadêmico, integrante da linha de pesquisa Profissão Docente, Currículo e Avaliação (PDCA) e vinculada às pesquisas do Grupo de Pesquisas sobre a Formação e Atuação de Professores/ Pedagogos (GEPFAPe), constituindo um dos projetos que integram a linha 3 “Formação Inicial e Continuada: Estudo de Concepções, Egressos e Modalidades”. Tem como título Formação Continuada Docente para Inclusão Escolar com Estudantes TEA’s dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Distrito Federal. É um estudo que busca desvelar e, tem, como objeto de investigação a formação continuada docente na perspectiva da inclusão escolar com estudantes autistas nos anos iniciais do ensino fundamental do Distrito Federal (DF). A metodologia é de natureza tanto quantitativa quanto qualitativa, a partir do levantamento bibliográfico, pesquisa documental e, também, aplicação de questionário e realização de entrevista semiestruturada, com base nos pressupostos do método Materialismo HistóricoDialético. Os dados foram analisados por meio da análise estatística pelos softwares Excel 2013 e R versão 3.3.2. Este arcabouço tem como objetivo geral analisar o processo de formação continuada das professoras efetivas e dos professores efetivos que atuam na SEEDF em classes comuns inclusivas, nos anos iniciais, com estudantes autistas, buscando levantar os elementos que delimitam esse processo bem como as possibilidades. E os objetivos específicos foram: i) Conhecer e categorizar as produções realizadas em suas potencialidades e limitações para o fortalecimento do objeto de pesquisa. ii) Identificar as concepções de formação continuada docente na perspectiva da inclusão escolar com estudantes TEA’s; iii) Investigar como as professoras efetivas e os professores efetivos vivenciam a formação continuada no trabalho docente, em relação à perspectiva da inclusão escolar com estudantes autistas ofertadas pela rede pública de ensino do DF. Como sustentáculo epistemológico pautamos a partir dos estudos desenvolvidos pelos autores Vásquez (1968); Curado Silva (2014 a 2020); Mantoan (2015); Kassar (2011); Kassaki (2020); Mazotta (2010); Gaiato (2019); Silva, Gaiato e Reveles (2012) entre outros. Com base nas análises realizadas, a partir da participação e das falas das/ dos partícipes da pesquisa, pela análise categorial, os compêndios que revelaram três eixos dialéticos, a saber: i) ser professor (a) na perspectiva da inclusão escolar com estudantes TEA’s; ii) Marcas do trabalho docente inclusivo em atendimentos aos estudantes autistas: ensinar e aprender; iii) Formação continuada para o exercício da docência com estudantes autistas: possibilidades e desafios. As conclusões apontam que a formação continuada docente na perspectiva da inclusão escolar em atendimento as/ os autistas no âmbito educacional do DF que os profissionais buscam a formação continuada numa perspectiva individual, atendem os alunos, em alguns momentos, sem a formação específica, há uma formação ofertada pela EAPE, mas que precisa ser ampliada.

Esta pesquisa é desenvolvida no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, linha de pesquisa: Profissão Docente, Currículo e Avaliação. Com a questão central: Quais concepções e práticas de avaliação predominantes em uma escola cívicomilitar do Distrito Federal? Objetivo geral de: analisar concepções e práticas predominantes de avaliação em uma escola cívico-militar do Distrito Federal. Objetivos específicos: discutir as perspectivas teóricas e metodológicas acerca de avaliação escolar contempladas no projeto político-pedagógico de uma escola cívico-- militar do Distrito Federal; e compreender as concepções e as práticas de avaliação escolar expressas por estudantes e professores de uma escola cívico-militar do Distrito Federal. A pesquisa de abordagem qualitativa, Estudo de Caso, na perspectiva epistemológica críticadialética. Os dados foram levantados na análise do PPP; entrevista semiestruturada com professores e grupo focal com estudantes. Os resultados da pesquisa revelam que o PPP da escola contempla a avaliação da aprendizagem formativa diagnóstica e integrada ao trabalho pedagógico. Os dados revelam, influência do ideário conservador no trabalho pedagógico e na avaliação concebida e praticada na escola devido à presença dos militares, antagônica à organização em ciclos e aos processos avaliativos formativos do trabalho pedagógico; os professores não percebem que os instrumentos e procedimentos utilizados passam a classificar e rotular o estudante, deixam de ser formativos; para os estudantes, a avaliação caracteriza-se por instrumentos para verificação e controle das aprendizagens, não percebem a intenção formativa, são condicionados a aceitar a presença de militares e de suas atividades na escola.

As tecnologias têm adentrado cada vez mais os ambientes escolares, uma vez que seu uso tem favorecido o desenvolvimento das aprendizagens por meio de vários recursos tecnológicos. Neste estudo, os softwares educativos por apresentar configurações dinâmicas, atrativas e intuitivas, foram considerados como recursos de apoio nas aprendizagens da leitura dos estudantes com deficiência intelectual. Dada a relevância e a visibilidade do uso dos recursos tecnológicos, este trabalho seguiu na direção de responder: O uso de softwares educativos pode contribuir nos processos de aprendizagem da leitura de estudantes com deficiência intelectual em fase de alfabetização? Diante de tal propósito, foi realizado um estudo de caso com observação participante, seguido de plano de aplicação e retroalimentação sob critérios da abordagem qualitativa. Os sujeitos participantes na pesquisa foram: um estudante com deficiência intelectual matriculado no Bloco Inicial de Alfabetização (BIA), que cursava o 3º ano do Ensino Fundamental; o responsável pelo estudante, o professor da turma e o professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE). A pesquisa foi realizada na Sala de Recursos Generalista de uma escola da rede pública de ensino do Distrito Federal mediante o uso dos softwares educativos EduEdu e GraphoGame no apoio à aprendizagem da leitura. Os instrumentos utilizados foram: pesquisa documental, questionários, entrevistas semiestruturadas, diário de bordo, avaliação inicial e final. Os dados obtidos foram analisados na perspectiva de Bardin (2016), adaptação de Franco (2018). Os resultados apontaram que os softwares educativos favoreceram o processo de leitura do estudante.

Esta pesquisa trouxe uma discussão sobre as potencialidades do material pedagógico adaptado para as crianças cegas na fase de alfabetização Matemática. O trabalho desenvolvido com estudantes com NEE, destacando a deficiência visual, não pode se eximir do uso dos materiais pedagógicos adaptados como forte aliado na compreensão dos conteúdos ensinados em sala de aula, sobretudo quando falamos do ensino da Matemática. Diante disso, a pesquisa buscou responder à seguinte inquietação:  Quais as potencialidades do material pedagógico adaptado utilizado pelas crianças cegas na alfabetização Matemática? Buscando responder à essa questão, delimitamos de maneira ampla, analisar as potencialidades do material pedagógico adaptado na alfabetização Matemática de crianças cegas atendidas em sala de recursos de Deficiência Visual e de maneira mais restrita, caracterizar os percursos históricos da Educação Especial e da deficiência visual no Brasil e no mundo; identificar os recursos didáticos como ferramentas teórico-metodológicas do processo de ensino-aprendizagem, mapeando as habilidades táteis e auditivas necessárias para a alfabetização Matemática no Sistema Braille e caracterizar Educação Matemática Inclusiva e Alfabetização Matemática na perspectiva da deficiência visual. O contexto da pesquisa foi inserido na sala de recursos de deficiência visual, localizada em uma Região Administrativa do Distrito Federal (DF). Os sujeitos da pesquisa foram dois estudantes cegos atendidos pela Sala de Recursos bem como a professora que atende esses estudantes no atendimento complementar. A Dissertação foi estruturada no formato Multipaper e trouxe pela sua característica três artigos com diferentes métodos de pesquisa, foram eles: a pesquisa documental e bibliográfica, o Estudo de Caso e a pesquisa participante. Cada artigo teve sua própria característica, com objetivos, métodos de pesquisa, resultados, discussões e conclusões, de maneira independente dos demais artigos. Partimos das discussões teóricas sobre Ensino Especial e a Deficiência Visual, avançando para a importância que os materiais pedagógicos adaptados têm para as crianças cegas; abordamos a construção, a utilização e os objetivos desses materiais pedagógicos adaptados, envolvendo as habilidades táteis e auditivas, a alfabetização na língua materna e a alfabetização Matemática no Sistema Braille. Concluímos, analisando os materiais adaptados para trabalhar especificamente os primeiros conceitos matemáticos. Os resultados indicaram que houve um avanço na legislação que garante o atendimento aos estudantes com Necessidades Educativas Específicas, incluindo os estudantes com deficiência visual; que o uso dos materiais pedagógicos adaptados desperta o interesse e a motivação da criança cega durante as aulas e que a formação de conceitos está diretamente ligada ao uso dos materiais pedagógicos adaptados durante as aulas de Matemática, tornando possível a abstração de conceitos. A pesquisa contribuiu com o processo de alfabetização Matemática de crianças cegas, elaborando e experimentando materiais significativos que favoreceram a apropriação dos conceitos matemáticos nas primeiras séries de escolarização.

Inteligência Artificial representa um conjunto de tecnologias de natureza digital em expressiva expansão em diversos segmentos sociais e econômicos. Caracterizada por elevada quantidade de dados, processamento robusto e algoritmos que trabalham em processos estatísticos de identificação e aprendizado de padrões, predição e apoio a tomada de decisão. É predominante nas operações de grandes empresas de tecnologia, que oferecem serviços nos dispositivos eletrônicos de grande parcela das pessoas. Já existem aplicações de IA no campo educacional com perspectiva de expansão na oferta de soluções. O uso não refletido de tecnologias pode representar consequências inesperadas para sociedade se processos de conduta ética não estiverem associados. Os docentes representam um segmento social importante em razão de seu ofício de formação junto aos estudantes e sociedade. Esta pesquisa, no formato de estudo de caso, investigou como docentes de uma rede pública percebem a IA e suas potenciais consequências no campo educacional. Identificaram-se questões sobre as oportunidades e preocupações docentes sobre o tema. O levantamento de dados se valeu de questionários e entrevistas com docentes, participantes de formação continuada na rede pública do DF. A análise temática foi usada para exame dos dados. Concluiu-se que há uma boa noção sobre a IA, contudo, há carência de formação sobre o assunto e falta debate sobre temas que promovam a construção de uma cidadania digital, a análise do uso de tecnologias de forma crítica, responsável e sobretudo com inclusão, equilíbrio e princípios éticos. Recomenda-se a adoção de estratégias como aprendizagem colaborativa online e recursos educacionais abertos.

Este trabalho tem como objetivo geral compreender os sentidos e significados do trabalho docente das professoras alfabetizadoras da rede pública de ensino do Distrito Federal. Para alcançarmos esse objetivo, delineamos como objetivos específicos: i) identificar o que as pesquisas brasileiras apresentam sobre o trabalho dos professores na/ com a alfabetização no período de 2010 a 2021; ii) Identificar os sentidos e significados constituídos pelas professoras alfabetizadoras sobre o trabalho que realizam; iii) Analisar as mediações que constituem os sentidos e significados sobre o trabalho docente produzidos pelas professoras alfabetizadoras da rede pública de ensino do Distrito Federal. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa fundamentada na perspectiva do Materialismo Histórico Dialético e na perspectiva histórico cultural. Como procedimento metodológico utilizamos a entrevista semiestruturada e analisamos os dados coletados conforme os princípios dos Núcleos de Significação da qual foram constituídos cinco núcleos de significação que nos ajudam a compreender os sentidos e significados sobre o trabalho das alfabetizadoras: i) sentido social do trabalho de alfabetizar; ii) sentido de um trabalho singular do alfabetizador; iii) sentido do trabalho fiscalizado/ controlado; iv) sentido da alfabetização como trabalho objetivado e v) sentido de um trabalho pragmático. Os resultados demonstram que as professoras alfabetizadoras, a partir dos determinantes culturais, sociais, políticos e econômicos que envolvem o trabalho com a alfabetização, constituem sentidos e significados que se configuram como marcas sociais subjetivadas pelos sujeitos e objetivadas na materialidade do trabalho que realizam.

A presente Dissertação, tem como objetivo: analisar a implementação da política de militarização nas Escolas Públicas, o projeto Escola cívico-militar, no Município de Águas Lindas de Goiás e a possível contraposição à Educação em Direitos Humanos. Vamos analisar se a política de militarização de escolas, através do Projeto Escola Cívico-Militar, sucumbe dos segmentos escolares de discentes o direito à educação, bem como as relações interculturais e sociais. Para que a investigação não se distancie da proposta traçamos os seguintes objetivos, sendo o geral – analisar a implementação da política pública de militarização nas Escolas de Educação Básica no Município de Águas Lindas de Goiás e a possível contraposição à Educação em Direitos Humanos e especificamente. Buscar respostas para que os objetivos específicos possam ser esclarecidos sendo: A) Conhecer o contexto socioeconômico e educacional das escolas militarizadas no município de Águas Lindas de Goiás; B) identificar mudanças no processo pedagógico e comportamental dos estudantes de uma escola pública militarizada; C) investigar o processo de implementação da militarização nas escolas públicas da educação básica em Águas Lindas de Goiás e a relação de Educação em Direitos Humanos. Com o intuito de lançar luz as possíveis violências presentes no processo de militarização das escolas bem como o retrocesso do pensamento da educação pública. A pesquisa foi pautada no olhar progressista, laico e plural, realizamos esta investigação nos aproximando do método do Materialismo Histórico-Dialético e de instrumento de pesquisa que fosse possível a fala dos sujeitos que nunca são ouvidos e vistos, neste caso, os estudantes das escolas públicas que aderiram ao projeto cívico-militar. Escutar os estudantes da Escola cívico-militar de Águas Lindas de Goiás, não foi uma tarefa fácil, primeiro pelas questões sanitárias impostas pela pandemia da COVID 19, segundo pela pouca colaboração da equipe gestora da escola. A pouca empatia demostrada com a nossa pesquisa, a não facilitação de acesso a escola e aos documentos que normatizam o projeto cívico-militar na unidade escolar em estudo, materializa-se a violação aos direitos básicos dos cidadãos, direito a informação, desinteresse pela ciência e pela formação continuada.

 Essa pesquisa parte de pressupostos teóricos-epistemológicos sobre a interlocução Psicologia-Pedagogia no ambiente escolar e a patologização da dificuldade de aprendizagem como aspectos que colaboram para uma maior demanda de estudantes com queixas escolares a serviços de apoio como o prestado por pedagogos da Equipe Especializada de Apoio à Aprendizagem – EEAA, na SEEDF. Essa alta demanda está ligada muitas vezes a paradigmas hegemônicos que consideram na aprendizagem apenas os aspectos cognitivos e que desconsideram a heterogeneidade do espaço educativo. Na escola, a ampliação do entendimento dos aspectos subjetivos que participam da aprendizagem fundamentado nos estudos da Teoria da Subjetividade numa perspectiva cultural-histórica elaborada por González Rey representa uma outra possibilidade para a atuação do pedagogo. Tendo como objetivo central a compreensão de como a subjetividade social de uma escola pública do Distrito Federal se expressa nas ações desempenhadas pelos pedagogos da Equipe Especializada de Apoio à Aprendizagem – EEAA. Para tanto, o estudo fundamentado na Epistemologia Qualitativa e na Metodologia Construtivo-Interpretativa formulada por González Rey foi essencial para explicitar a configuração da Subjetividade Social da escola e seu impacto no trabalho das pedagogas da EEAA. O entendimento dessa lógica configuracional, deu visibilidade a sentidos subjetivos gerados/produzidos no cotidiano escolar desde aqueles que emergiram a partir de momentos institucionalizados como também aqueles subjetivados a partir das relações com os outros e com a prática. Para os pedagogos, o conhecimento da Subjetividade Social da escola, apresentou-se como uma nova alternativa de atuação, evidenciando a necessidade de seu protagonismo para a organização do trabalho pedagógico.

Este estudo  analisa e relata a experiência da Arte Brincante na Promoção da Saúde no Contexto Pandêmico, e sua contribuição para a educação popular em saúde. Com base no legado de Paulo Freire, entendemos com nitidez a necessidade de combatermos as diversas formas de dominação, econômicas e culturais. Questionamos práticas e valores colonizadores, que estabeleceram seu continente como centro, e outros territórios e povos como periféricos. Desenvolveram a hierarquização de povos e classes. Durante o trabalho de campo, compartilhamos saberes ancestrais da Arte Brincante por meio do diálogo e suas práticas, mediante a metodologia do círculo de cultura a fim de contribuir para o conhecimento científico acerca das práticas na arte, cultura, saúde e educação nos territórios, demonstrando possibilidades de discussão, atualização do fazer da arte-educação com a comunidade. Nossa abordagem foi tratar arte e brincar como eixo SULeador nas trocas de saberes, destacando-os como basilares para a conscientização das práticas educativas por serem fundamentais como linguagens de interação com o mundo. Ao conhecermos a obra de Paulo Freire, observamos que é possível lidar com a temática dos saberes tradicionais, o brincar, a arte, a saúde e as aprendizagens transmitidas oralmente, relacionadas a conteúdos estruturantes da nossa sociedade, tais como racismo, capitalismo, imperialismo, patriarcado. Bell hooks, feminista afro-americana, também promoveu a aproximação do pensamento freiriano nos movimentos feministas. Nessa perspectiva, utilizamos como referências Freire e hooks, pois são fundamentais para nossas considerações.

A Educação Precoce oferecida pela Secretaria de Estado de Educação do DF é um serviço em que participam bebês e crianças de 0 a 3 anos com diferentes condições físicas e cognitivas, a partir do encaminhamento médico. Com cerca de 4 anos de idade muitas crianças concluem sua permanência na Educação Precoce e partem para a préescola na própria SEEDF. A inserção desse estudante no mundo educacional-escolar aconteceu praticamente desde seu nascimento visto que a Educação Precoce não é uma terapia, mas uma intervenção educacional. Essa familiaridade com o contexto escolar é vista pelo programa como um facilitador desse processo de transição das crianças. O objetivo principal deste trabalho é compreender as produções subjetivas de um grupo de professores diretamente envolvidos no processo de transição entre a Precoce e a fase inicial da pré-escola, que se expressam na forma como esses profissionais recebem crianças vindas da Educação Precoce. A Teoria da Subjetividade, por meio da Epistemologia Qualitativa, foi base para o estudo que indicou, como desdobramento da construção-interpretativa, para insuficiência de um processo baseado apenas na documentação padrão enviada via SEEDF para os Jardins de Infância que não possibilita aos professores compreender a criança e suas especificidades de aprender. Da forma como acontece atualmente, há uma dependência da iniciativa particular de professores para buscarem tais informações e pormenores sobre a família ou outros contextos sem uma forma institucionalizada eficaz. Refletese sobre práticas institucionalmente adotadas que possibilitem, tanto para as crianças quanto para os profissionais, uma transição com maior qualidade.

O presente estudo tem como objetivo geral analisar os efeitos da pandemia de COVID-19 no trabalho dos professores (as) da educação básica da rede pública do Distrito Federal. Sabe-se que o contexto gerado pela pandemia trouxe à tona o abismo social em que vivemos no Brasil e, mais ainda, revelou os prejuízos acumulados pela falta de investimentos adequados à educação no País. Para verificar a realidade de trabalho dos docentes da Secretaria de Estado da Educação do DF, traçamos os seguintes objetivos específicos: i) Descrever como se deu o processo ensinoaprendizagem no DF no período da pandemia de Covid-19 durante os anos de 2020 e 2021; ii) Investigar como a legislação do DF contemplou o modelo de teletrabalho dos professores da Rede Pública; iii) analisar a experiência do trabalho remoto de professores da Rede Pública que trabalharam nos anos letivos de 2020 e/ou 2021; iv) analisar as condições de trabalho dos professores durante a pandemia. Para tanto, adotamos a metodologia de pesquisa qualitativa, cuja coleta de dados se deu pela escrita de uma carta pessoal por professores relatando suas experiências de trabalho durante os anos de 2020 e/ou 2021. Após análise de conteúdo temático segundo os pressupostos de Bardin (2016) das cartas, foi possível encontrar 5 categorias que evidenciam a sobrecarga de trabalho a qual os professores foram submetidos, gerando a intensificação do trabalho destes profissionais no período de trabalho remoto. Todavia, também foi possível identificar 1 categoria que abrange o sentimento de positividade e motivação dos docentes ao enfrentarem os desafios impostos pela pandemia de COVID-19. Ainda como resultado desta pesquisa, foi elaborado um questionário para coleta de dados quantitativos sobre o trabalho dos professores durante a pandemia, que, posteriormente, será validado e aplicado em estudos futuros.

O modelo de educação pensado no Brasil ao longo dos tempos, muitas vezes, não contemplou os trabalhadores do campo. Na busca de vencer esse modelo padronizado de educação, os movimentos sociais dos camponeses travaram grandes batalhas em favor da oferta de uma educação conectada com os saberes e fazeres destes trabalhadores e trabalhadoras. Dessa maneira foram conquistadas as Políticas Públicas de Educação do Campo que trazem em sua estrutura os marcos legais para implantação de uma Educação do Campo voltada para os anseios das comunidades. Somente os marcos regulatórios não seriam suficientes para que a educação ocorresse de fato. Foram necessárias articulações entre o meio acadêmico e as comunidades e Movimentos Sociais para que essa nova educação subvertesse a lógica atual que coloca a Educação rumo à produção e reprodução do trabalho sobre a égide capitalista. E que a modalidade promova a articulação dos conteúdos entre teoria e prática na promoção da compreensão e transformação da realidade camponesa. Dessa forma, por meio de entrevistas, pretende-se aprofundar em um cenário individualizado para entender a forma de pensamento das professoras e dos professores; de integrantes da gestão escolar e estudantes do Centro Educacional do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal - CED PAD-DF sobre como percebem a organização do trabalho pedagógico da escola.

O Distrito Federal instituiu o Plano pela Superação da Extrema Pobreza no Distrito Federal – “DF sem Miséria”, em 2011, com o objetivo de combater a pobreza e reduzir as desigualdades sociais. O Plano proporcionava acesso às famílias em situação de extrema pobreza aos direitos sociais básicos, como saúde, educação, assistência social. Em 2021, o Plano foi revogado.A pesquisa teve como problema central identificar quais os impactos que o Plano teve nas condições de acesso à educação e na superação da situação de pobreza no território do Sol Nascente/Pôr do Sol, durante os dez anos de sua implementação. Trata-se de um estudo de educação comparada, que tem como perspectiva de comparação a dimensão temporal, considerando como marcos de referência início e fim do Plano DF sem Miséria (2011-2021). A pesquisa foi desenvolvida a partir de levantamento bibliográfico sobre o tema abordado; avaliação dos dados coletados sobre educação, assistência social, trabalho infantil, saneamento básico e cobertura vacinal, na região especificada. Constatamos que o Plano auxiliou na permanência das crianças/adolescentes na escola, porém não se mostrou efetivo nas taxas de reprovação e de distorção idade-série. Bem como, o Plano não foi eficiente na superação da pobreza da população estudada. Conclui-se que a integralização entre as políticas públicas e a coleta de dados pelos órgãos públicos é essencial para avaliar os próximos programas sociais, bem como garantir que a população consiga ser atendida plenamente em suas necessidades.

A presente dissertação tem por objetivo principal analisar o financiamento da política de convênios do Distrito Federal com as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) para a oferta de educação infantil nos Centros de Educação da Primeira Infância (CEPIs). Atualmente, o DF realiza parte da oferta de creche e pré-escola por meio de convênios com OSCs via prédios próprios ou pela cessão da gestão dos CEPIs, instituições construídas através da política pública federal Proinfância (Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil). Propõe-se como objetivos específicos: a) examinar a legislação educacional nacional referente ao financiamento à etapa da educação infantil; b) analisar as relações estabelecidas entre o poder público e o setor privado no financiamento da educação infantil; c) investigar como ocorreu o financiamento público distrital para as instituições privadas que fizeram a gestão dos CEPIs no DF entre 2017 e fevereiro de 2023. Trata-se de pesquisa quali- quantitativa, cujos procedimentos metodológicos foram a análise documental e a bibliográfica, além da análise dos dados sobre a oferta e o financiamento dos CEPIs entre 2017 e 2022. Como resultados observou-se que foram identificadas irregularidades na execução das parcerias, no cumprimento dos termos de colaboração e quanto ao controle de vagas. Quanto ao financiamento, a opção por convênios mostrou-se como oferta educacional a custos reduzidos, pois os valores por crianças encontram-se em defasagem e há a desvalorização profissional por meio de salários reduzidos e a ausência de planos de carreira, caracterizando-se por terceirização da atividade-fim.

O trabalho visa dar uma contribuição ao campo dos estudos sobre ensino da história e cultura afrobrasileira, investigando um tema central para as culturas africanas: a árvore do baobá. Especialmente, desenvolveu uma análise interpretativa do livro infantil Obax, escrito e ilustrado por André Neves (2010), no contraponto com as memórias autobiográficas do autor desta dissertação, crescido e formado nas escolas da Guiné Bissau. O trabalho se apropria portanto das metodologias da educação comparada, considerando, por um lado, a representação, também imagética, do baobá na obra de Neves, e, por outro, os saberes ancestrais apreendidos oralmente às sombras dos baobás na Guiné. Destaca-se entre os resultados, a importância do baobá e dos saberes tradicionais que se relacionam a esta árvore, na Guiné, e o valor destes conhecimentos para uma educação no Brasil, ciente da centralidade dos saberes oriundos da história e das tradições africanas. A pesquisa está vinculada à linha de pesquisa Estudos Comparados em Educação (Ecoe), do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE), da Faculdade de Educação (FE), da Universidade de Brasília (UnB).

A presente dissertação investiga a gestão descentralizada dos programas educacionais de manutenção escolar do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) a partir do regime de colaboração estabelecido entre esta autarquia e os Centros Colaboradores de Apoio ao Monitoramento e à Gestão de Programas Educacionais (CECAMPEs), fundados em parceria com as Universidades Federais, com a função de promover aprimoramento dos programas educacionais em questão. A pesquisa tem por objetivo analisar a atuação dos CECAMPEs no acompanhamento da gestão descentralizada dos programas de manutenção escolar do FNDE. Para este propósito, foram analisados comparativamente os CECAMPEs referentes às Regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil durante o período de 2020 a 2022. Buscou-se compreender como a colaboração proposta pelo FNDE se desenvolveu, e o papel dos CECAMPEs perante a finalidade de apoiar a execução e desempenho da gestão dos programas, sendo eles: o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Básico e suas Ações Integradas, o Programa Caminho da Escola e o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE). Dessa forma, objetivou-se sinalizar os resultados produzidos por essa colaboração. Para este estudo, considera-se o processo de configuração das políticas e do financiamento da educação brasileira em seus avanços e entraves no direcionamento e descentralização de recursos à educação básica. O trabalho está estruturado sob a perspectiva comparada em educação, com abordagem crítico-dialética, e contou com a pesquisa bibliográfica por meio do levantamento de títulos e revisão da literatura, seguida de pesquisa documental relacionada à temática.

O PRESENTE ESTUDO TEVE COMO PROPOSTA ANALISAR AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE EDUCADORES QUILOMBOLAS KALUNGA, EGRESSOS DO CURSOS DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO –(LEDOC) DA UNB, A PARTIR DE SUAS COMPREENSÕES SOBRE COMO A FORMAÇÃO PROMOVIDA PELO REFERIDO CURSO TEM IMPACTADO A SUA DOCÊNCIA JUNTO AOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA VÃO DE ALMAS, EM CAVALCANTE – GO. O FOCO FOI A AUTOORGANIZAÇÃO DA JUVENTUDE EM DEFESA DA CULTURA E DO TERRITÓRIO. A PESQUISA TEVE COMO BASE A EPISTEMOLOGIA DE PRÁXIS, PROPOSTA POR CURADO (2018); MOLINA (2017, 2018, 2021); BITENCOURT BRITTO (2017), XAVIER (2022). OS RESULTADOS APONTARAM QUE OS EDUCADORES EGRESSOS PESQUISADADOS RECONHECEM QUE A FORMAÇÃO PROMOVIDA PELA LEDOC OS CAPACITOU PARA EXERCEREM AS SUAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS EM CONTÍNUA ARTICULAÇÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA, POSSIBILITANDO EXERCITAREM LEITURAS CRÍTICAS DE SUAS REALIDADES, CAPACITANDO-OS A ATUAREM DENTRO DO ESPAÇO ESCOLAR E DA COMUNIDADE NA BUSCA DE SOLUÇÕES AOS PROBLEMAS DO TERRITÓRIO QUILOMBOLA. A ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS PERMITIU IDENTIFICAR QUE ELES ADOTAM A PRÁXIS NO TRABALHO DESENVOLVIDO COM OS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO, DE MANEIRA QUE A AÇÃO DOCENTE ESTÁ COTIDIANAMENTE VOLTADA AO DESENVOLVIMENTO E FORTALECIMENTO DA CONSCIÊNCIA CRÍTICA ENTRE OS DISCENTES E A FORMAÇÃO DE INDIVÍDUOS COMPROMETIDOS COM A PROTEÇÃO DE PRESERVAÇÃO DA CULTURA LOCAL E TERRITÓRIO. MESMO APÓS CONCLUÍREM OS SEUS CURSOS, OS EDUCADORES EGRESSOS AINDA BUSCAM E CONTAM COM O APOIO DA LEDOC PARA O DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES COLETIVAS DENTRO DO TERRITÓRIO QUILOMBOLA. COMO CONCLUSÃO GERAL, PODEMOS AFIRMAR QUE APESAR DAS DIFICULDADES INERENTES Á EDUCAÇÃO DO CAMPO E EDUCAÇÃO QUILOMBOLA, OS DOCENTES EGRESSOS DA LEDOC/UNB TÊM ASSUMIDO O DESAFIO DE OPORTUNIZAR A JUVENTUDE QUILOMBOLA KALUNGA UM MODELO DE EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA E O ESTÍMULO À AUTOORGANIZAÇÃO DA JUVENTUDE COMO PROCESSO DE RESISTÊNCIA E ENFRENTAMENTO NA LUTA CONTRA HEGEMÔNICA EM DEFESA DA CULTURA QUILOMBOLA KALUNGA E DO TERRITÓRIO.

A presente dissertação de mestrado estuda a produção de vídeos por jovens de forma a buscar as territorialidades nelas expressas. Analisamos vídeos produzidos colaborativamente, durante a pandemia de Covid19, por estudantes da Região Administrativa de São Sebastião, DF como atividade que integra o festival promovido pela escola, o Chica de Ouro. Identificou-se que os vídeos produzidos pelos jovens, apresentam a relação desses, tanto com os seus territórios, quanto com outros territórios, bem como trazem uma compreensão clara das circunstâncias que os afetam e transformam suas realidades. Percebemos ainda traços de uma territorialidade própria dessa juventude, com expressão da forma como entendem as relações em seus territórios e apontam caminhos para o enfrentamento de questões que afetam a vida e o futuro deles mesmos e de outros jovens do planeta. O trabalho busca colaborar com os estudos que tem se desenvolvido sobre o uso do audiovisual no âmbito educacional, como ferramenta de dimensão estética que contribui para a formação de sujeitos críticos, aproximação com a arte, bem como o desenvolvimento de vários tipos de inteligência, a sensibilidade entre outras habilidades. A pesquisa aponta para a relevância do uso de práticas que acolham produções culturais dentro da escola. Os resultados do trabalho apontam a importância da produção de vídeos pelos jovens no processo formativo dentro do espaço escolar e na expressão do protagonismo das juventudes mostrando suas perspectivas sobre o mundo e suas reinvindicações, assim como sua esperança em um mundo mais solidário e colaborativo para transformação na sociedade em que vivemos.

A presente tese está vinculada à linha de pesquisa Profissão Docente, Currículo e Avaliação - PDCA do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade de Brasília e filiada ao grupo de pesquisa "Currículo: concepções teóricas e práticas educativas". Nela, analisamos fatores que segundo a literatura podem desempenhar um papel negativo no processo de integração à vida universitária (TINTO, 1975; KUH, 2008; BEAN e EATON, 2000; SWAIL, 2003; dentre outros), como as ações institucionais e o currículo de graduação. Após a realização do Estado do Conhecimento (MOROSINI e FERNANDES, 2014), tais fatores foram apontados como lacunas (ROMANOWSKI e ENS, 2006) do campo de pesquisa sobre as questões institucionais. Tal constatação nos conduziu a uma preocupação que está descrita no pressuposto que norteou toda a pesquisa e veio concretizar o seu ineditismo que é “A não participação em ações institucionais de transição para o ensino superior assim como de permanência e um currículo de graduação não centrado no sujeito que aprende podem desempenhar um papel negativo no processo de integração à vida universitária”. A problemática da pesquisa se apoiou na seguinte pergunta: “Qual o papel das ações institucionais de transição para o ensino superior desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF em parceria com a Universidade de Brasília - UnB e das ações institucionais de permanência e do currículo de graduação da Universidade de Brasília - UnB no processo de integração à vida universitária?”. O objetivo geral da pesquisa foi “Analisar o papel das ações institucionais de transição para o ensino superior desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF em parceria com a Universidade de Brasília - UnB e das ações institucionais de permanência e do currículo de graduação da Universidade de Brasília-UnB no processo de integração à vida”. A pesquisa teve abordagem qualitativa e como recorte temporal o período entre o segundo semestre de 2013, semestre no qual foi lançado o primeiro edital de vestibular da Universidade de Brasília que apresentou a opção de ingresso na universidade por cotas sociais (edital nº 1 – 2º vestibular 2013, de 3 de abril de 2013), até o segundo semestre de 2019. Duas instituições foram analisadas, a Universidade de Brasília - UnB por ser a primeira universidade pública federal do país a adotar o sistema de cotas desde 2004 e por apresentar um histórico de uma política de inserção dos egressos do ensino médio público através da ação afirmativa de cotas sociais (PL 73/99) a partir do seu edital de vestibular (edital nº 1 – 2º vestibular 2013, de 3 de abril de 2013) e a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF por formar o maior público de ingressos nos cursos de graduação na UnB. O público da pesquisa foi constituído pelos gestores das duas instituições envolvidas e pelos estudantes ingressantes pelo sistema de cotas sociais na Universidade de Brasília. Como método de pesquisa, utilizamos o Estudo de Caso. As técnicas para a construção de dados foram a análise documental dos PPPs dos CEMs, dos PPCs e dos currículos dos cursos de graduação envolvidos, e dos sites da SEEDF e da UnB (cursos, unidades acadêmicas e administrativas), a entrevista semiestruturada com a Gestão da SEEDF e da UnB e o questionário com os estudantes participantes da pesquisa. Para a análise dos dados, utilizamos a Análise do Conteúdo (BARDIN, 2016). Após as análises, trazemos alguns apontamentos como a importância da instituição refletir sobre a sua cultura institucional e o seu papel dentro da comunidade acadêmica; o desenvolvimento de um projeto de ações de transição para o ensino superior, de permanência e de apoio pedagógico institucionalizado para todos os estudantes desde o primeiro ano (TINTO, 1975, 1986, 1987) e a construção de uma organização curricular da graduação que vá além da sala de aula, que considere a voz do estudante (BERNSTEIN, 1996; ASTIN, 1993; RODRÍGUEZ, 2013; BORGES, 2012; SACRISTÁN, 2017; SWAIL, 2003; GRIGSBY, 2009; TINTO, 2015; ZEPKE, 2015; KUH, 2008; TESSEMA et al., 2012) e que o tenha como centro do processo de ensino e aprendizagem (COULON, 2008).

 Os reflexos da pandemia da Covid 19 são, a partir do início de 2020, devastadores para as sociedades mundiais e serão sentidos ainda por muito tempo. Este fenômeno já está escrito na história como um dos que mais produziu óbitos, indistintamente, em todas as populações de todos os continentes. Ademais, afetou gravemente a economia mundial, deixou uma incontável quantidade de famílias dizimadas e de pessoas sequeladas física e psicologicamente. Desde o início da crise sanitária e enquanto não havia vacinas nem medicamentos, o poder público impôs o isolamento social. Atividades profissionais, comercias e educacionais foram interrompidas compulsoriamente na sua forma presencial. Funcionaram apenas serviços de emergência. Tal situação atingiu gravemente os sistemas de ensino em todo o mundo, semeando e produzindo déficits educacionais incalculáveis. Mesmo com todos os esforços para mitigar a falta de aulas presenciais, os que mais sofreram foram os sistemas que já se submetiam historicamente a diversos desafios, como o do Brasil. A pesquisa em questão mostra, por intermédio de dados oficiais sobre avaliação, algumas das consequências produzidas pelo afastamento compulsório dos estudantes do ambiente escolar no momento da pandemia sob o ponto de vista da mediação pedagógica na educação superior. Trata-se de um recorte temporal tendo como objeto de estudo o curso de Licenciatura em Pedagogia, com ênfase na modalidade a distância. Espera-se que os resultados encontrados neste trabalho possam contribuir para que os sistemas de ensino tenham a possibilidade de rever e aperfeiçoar políticas de redução de danos de aprendizagem deixados por este terrível momento histórico. É implícita neste trabalho a grande importância da atuação permanente das políticas de avaliação educacional, como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) que não são absolutos para dar cabo aos desafios educacionais, mas representam um dos balizadores que corroboram para a educação de qualidade.

A tese investiga o uso dos resultados do Enade, dos ciclos avaliativos de 2014, 2017 e 2020, pela gestão acadêmica dos cursos de licenciatura do IFG. Para tanto, apoiou-se na abordagem qualitativa em uma pesquisa do tipo exploratória, valendo-se da análise documental e de entrevistas semiestruturadas com os seguintes participantes: a reitora, a pró-reitora de ensino, o representante da Procuradoria Educacional Institucional (PEI), a representante da chefia de departamento de áreas acadêmicas, os coordenadores dos cursos História, Matemática, Música e Química e um membro de cada Núcleo Docente Estruturante (NDE) desses curso. A partir do materialismo histórico-dialético como método, foi possível revelar que ainda não há ações sistemáticas adotadas pela gestão acadêmica dos cursos de formação de professores do IFG, em decorrência dos resultados do Enade. Observou-se uma negação da comunidade acadêmica em relação aos resultados do exame como ferramenta para ações de planejamento e de gestão. Concluiu-se, também, que os participantes da pesquisa têm pouco conhecimento a respeito dos instrumentos que compõe o exame, que podem revelar a realidade do curso e no saneamento de problemas e promover o aperfeiçoamento dos processos.

Esta tese analisa os processos educativos na Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Goiás – UFG. De modo particular, busca investigar as inflexões, desafios e potencialidades socioinstitucionais e político-pedagógicas das trocas de saberes dos sujeitos camponeses e a práxis pedagógica dos educadores. Notadamente, o objetivo geral do estudo se apontou em identificar a gênese e o desenvolvimento dos processos educativos estabelecidos no âmbito da LEdoC/UFG e compreender como esses processos contribuem para qualificar e/ou transformar os espaços socioculturais das comunidades de origem dos educandos trabalhadores e a dinâmica de transformação da universidade, a partir da troca de saberes. Para compreensão do objeto de pesquisa proposto foi definido como base epistemológica o Materialismo Histórico Dialético. Nossa questão central foi: de que maneira as experiências educativas de formação de educadores do campo alteram os saberes da universidade e dos sujeitos, relações sociais e territórios do público alvo. A investigação contou com uma diversidade de procedimentos metodológicos, composto por pesquisas bibliográfica, documental e pesquisa de campo, tendo como instrumento para geração de dados a realização de entrevistas semiestruturadas e observações participantes com discentes e docentes do curso. Como resultados alcançados a presente investigação identificou que a experiência da Licenciatura em Educação do Campo da UFG revela que a história de vida e militância política e social dos discentes trabalhadores do campo alteram a dinâmica formativa da universidade, assim como, alteram também as práticas docentes dos educadores de nível Superior que nela atuam.

Os processos educativos na Tradição Oral de Matriz Africana promovem a constituição do Ser-Saber a partir de movimentos de (re)existência fundados na consciência da Ancestralidade, desde a compreensão da unidade humano-natureza como indissociável. Desta forma, os processos educativos da transmissão oral de saberes tradicionais têm na ancestralidade o seu fio condutor e configuram-se como processos que educam para a liberdade, pois constituem seres humanos não fragmentados pela modernidade/colonialidade na consciência de si como seres históricos e ancestrais, e que por isso posicionam-se no mundo como resistências-reexistentes, desde a Natureza. É desenvolvida a compreensão da Oralidade como um sistema de pensamento, um fundamento civilizatório, epistêmico, um lugar de produção e sustentação do território da Diáspora, por meio dos corpos-territórios que fazem viva a Tradição. Dessa forma, a Tradição Oral de Matriz Africana, enquanto processo educativo, de constituição da existência, proporciona intencionalmente processos educativos voltados ao comprometimento ético a partir de fundamentos vivenciados por comunidades de Matriz Africana em Expressões Culturais, Povos e Comunidades Tradicionais.

O estudo teve por objeto a análise da práxis pedagógica dos egressos da Licenciatura em Educação do Campo, da UFPA-Cametá. As reflexões se detiveram na premissa de compreender se a LEdoC vem contribuído para a elevação intelectual dos sujeitos do curso como elemento emancipador de classe para si. O trabalho foi conduzido no campo do Materialismo Histórico-Dialético por estar contido numa análise da realidade investigando a práxis dos sujeitos organizados em coletivos, em vista ao enfrentamento ao processo progressivista eminente num espaço da Amazônia com as obras da Hidrovia Araguaia-Tocantins. Metodologicamente foram realizadas entrevistas com questionários semiestruturados com a análise de conteúdo, por ser definido como um estudo de caso específico. A análise de dados indicou que os sujeitos egressos da LEdoC se constituíram com ações que geram a práxis pedagógica em suas atuações e com elevação intelectual de compreensão de classe, seus processos formativos tiveram por base as formações nos tempos comunidades e na dimensão de gestão de processos comunitários presentes no PPC da LEdoC. Nesta circunstância afirma-se que a LEdoC do Campus-Cametá, apesar das contradições, consegue dar conta da elevação intelectual dos sujeitos que nela se forjam e produz elementos para enfrentar o progressívismo na Amazônia Tocantina

A presente tese, desenvolvida na linha Profissão Docente, Currículo e Avaliação do Departamento de Políticas e Gestão da Educação e do Programa de Pós-graduação em Educação na Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, tem por objetivo analisar como o engajamento social e acadêmico de estudantes de instituições federais na gestão de cursinhos universitários populares (CUPs) contribui para sua formação universitária. Três seções estão relacionadas aos objetivos específicos: i) caracterizar o papel dos cursinhos universitários populares na democratização de acesso à educação superior; ii) compreender o engajamento dos universitários na gestão dos CUPs, e iii) analisar a sua formação nesse processo. Cinco CUPs foram selecionados: CASD Vestibulares, gerido por graduandos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica; Pré-Vestibular Paulo Freire, projeto de extensão da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará; Cursinho Einstein Floripa Vestibulares, vinculado a Universidade Federal de Santa Catarina; Galt Vestibulares, conveniado à Universidade de Brasília, e MedAprova, projeto de extensão administrado por estudantes de Medicina da Universidade Federal do Acre. A seleção considerou critérios regionais, tempo de atuação, quantidade de estudantes atendidos, regime de aulas e forma de gestão, além de integrarem a Rede Nacional de Cursinhos Universitários Populares da Brasil Cursinhos. Com referencial teórico que entrelaça engajamento estudantil e formação na prática da gestão, foram analisadas as entrevistas realizadas com dois gestores de cada CUP selecionado e um gestor da Brasil Cursinhos. Os resultados ressaltam as trajetórias individuais e acadêmicas, os aspectos inerentes às atividades voluntárias e a percepção sobre gestão pela experiência na liderança do CUP.

A tese trata da avaliação institucional realizada no âmbito do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e teve o objetivo de analisar de que forma a avaliaçao institucional externa tem considerado a diversidade institucional do campo da educação superior, a partir de processsos regulatórios de credenciamento e recredenciamento de instituições públicas e privadas, selecionadas para a pesquisa. Adotou-se a abordagem qualitativa em uma pesquisa do tipo exploratória. Para a coleta dos dados, foram utilizadas a análise documental e entrevistas semiestruturadas com: reitores e diretores acadêmicos de 11 (onze) instituições de educaçao superior e 4 (quatro) representantes dos órgãos de Estado. O materialismo histórico dialético foi escolhido como método de pesquisa e permitiu compreender realidade a partir das categorias analíticas totalidade, contradição e mediação. Constatou-se que a avaliação institucional externa tem procedido de forma a homogeneizar as IES, adotando os instrumentos e práticas avaliativas que limitam a percepção da diversidade institucional, desconsiderando, portanto, as caracteristicas e identidades institucionais. Por outro lado, a regulação diferencia as IES, flexibilizando normas e concedendo benefícios de acordo com o desempenho obtido nas avaliações. Apesar das críticas ao caráter burocrático e regulatório da avaliação institucional externa, identificou-se a sua contribuição para a melhoria da qualidade e o desenvolvimento institucional, principalmente, quando articulada à avaliação interna. A contradição se torna perceptível quando se considera que o Sinaes foi concebido como uma avaliação formativa e emancipadora, mas tem se materializado como controle e regulação.

A pesquisa propõe compreender quais os significados e sentidos do trabalho docente para os professores de Ensino Médio das escolas públicas do Distrito Federal, tendo como pano de fundo o contexto da agenda de reconfiguração e reformas desta etapa da Educação Básica. Assumimos como objetivos específicos: (1) Identificar os estudos sobre o Ensino Médio e Trabalho Docente; (2) Contextualizar o Ensino Médio no Brasil, buscando compreender os elementos sociais, históricos, políticos e econômicos fundantes na constituição dos sentidos e significados dessa etapa da Educação Básica; (3) Analisar os significados e sentidos do trabalho docente para os professores das escolas públicas do Distrito Federal. A proposta metodológica desse estudo se fundamenta no materialismo histórico e dialético. No primeiro momento da pesquisa realizamos a construção do Estado do Conhecimento a partir da revisão bibliográfica com centralidade em três eixos de análise: trabalho docente, ensino médio e sentidos. Evidencia-se, que a reforma do ensino médio, não tem uma preocupação com a formação humana integral, que possibilite aos jovens uma apropriação dos conhecimentos construídos historicamente, que os conduza a uma compreensão e transformação da realidade. Contrariamente, há uma supervalorização do conhecimento técnico-tácitos que capacite esses jovens a realizar com competência e habilidade alguma atividade no sistema produtivo, esses pressupostos estão carregados de significados, sentidos e intencionalidades, e vão reverberar sobre o trabalho docente de forma significativa. Destaca-se sobre o trabalho docente sentidos elaborados que expressam pares dialéticos entre reconhecimento/negação; valorização/desvalorização; resistência/desistência; estranhamento/esvaziamento da função docente e da própria função do ensino médio.

A produção de conhecimento sobre educação em sexualidades de adolescentes com deficiência intelectual ainda é escassa no Brasil. O que se percebe e a compreensão de que a sexualidade dessas pessoas é atípica: ora inexpressiva, ora incivilizada. As expressões do afeto e da sexualidade desse público são marcadas pelo descredito social e representadas por alegorias que os colocam como sujeitos assexuados ou hipersexuados. No Brasil contemporâneo existem entraves (de ordem pedagógica e política) em questões que envolvem o ensino da educação em sexualidades nas escolas, que transita entre a marginalidade e a total ausência. Essa questão se agudiza quando se trata de programas de ensino estruturado em educação em sexualidades para alunos com deficiência. Se no ensino regular essas iniciativas são raras e tímidas, no ensino especial ou inclusivo essa temática é negligenciada em todos os aspectos. A vida de uma pessoa com deficiência é marcada pelo lugar de pouco acesso às dinâmicas que podem expandir suas experiências (consigo e com o mundo) e alargar suas vivências (afetivas, sexuais, corporais etc.). Portanto, ao se negar uma educação em sexualidades, renuncia-se a efetivação de um conhecimento necessário à vida. A partir dessa problemática apresentamos como tese a defesa de que os pressupostos da Teoria Histórico-Cultural de L. S. Vigotski possibilitam a proposição de uma educação em sexualidades que abarque as especificidades psicológicas de adolescentes com deficiência intelectual e viabilize a expressão autônoma, livre e consciente de seus afetos e desejos. Por meio de uma discussão teórica apoiada na produção científica da Teoria Histórico-Cultural e do Marxismo demonstramos que o acesso a uma educação em sexualidades empobrecida precariza o desenvolvimento de adolescentes com deficiência intelectual e exacerba as vulnerabilidades e evidenciamos que os formatos de educação em sexualidades ofertado para esse público, em maioria, se baseiam em princípios reformistas que pouco concorrem para uma vivência emancipada e livre da sexualidade. A construção teórica enveredada nesta tese nos permite afirmar que a herança científica de Vigotski possibilita a composição de uma educação em sexualidades para adolescentes com deficiência intelectual que caminhe rumo a emancipação e ao controle consciente da conduta. Isto só será possível em um formato de educação que considere os mecanismos compensatórios e que tenha por objetivo a conquista do pensamento por conceitos atrelados a uma forma nova de sociabilidade baseada na vivência coletiva e colaborativa.

Busca elucidar que os desejos ditos e não ditos das crianças, por meio da escuta e da garantia de voz, podem provocar mov imentos no vínculo didático possibilitando educação para a realidade. Situada epistemologicamente na Psicanálise em interface com a Educação e contribuições da Sociologia da Infância, está comprometida com a produção de saberes subjetivos por meio do desenho de uma Manta Subjetiva dos Desejos de Aprender, pela costura das experiências marcadas na escuta do cotidiano da Educação Infantil. Objetivos: analisar como desejos ditos e não ditos das crianças, por meio da escuta e da garantia de voz, podem vir a movimentar o vinculo didático possibilitando uma educação para a realidade; refletir sobre como os desejos ditos e não ditos favorecem o movimento no vinculo didático; verificar o lugar de fala do sujeito-criança no percurso pedagógico pensado pelo sujeito-professor; e identificar o lugar dos desejos ditos e não ditos das crianças no chão da escola. Uma investigação qualitativa, apoiada na abordagem de multimétodos: observação participante, rodas de conversa , entrevista narrativa e a memória educativa. Análise revelou entrelaçamento dos eixos: lugar de fala das crianças instaurado pela (in)satisfação de modelos pedagógicos; concepção de organização do espaço pedagógico da educação infantil; lugar pensado para as crianças atravessando temporalidade da dimensão do ato docente;lugar alicerçado pelas cenas familiar/pedagógica. Ocaminho sinalizou que o desejo atravessa o lugar de fala das crianças e a temporalidade da dimensão do ato docente, revelando a importância de garantir a voz das crianças como sujeitos do desejo, protagonistas e participativos

Resumo

A explosão das tecnologias informacionais e comunicacionais intensificou e escancarou os problemas relacionados ao plágio, ao ciberplágio e à cópia indevida de conteúdo em trabalhos intelectuais, mas o conhecimento da gênese da desonestidade intelectual ainda persevera. Este estudo investiga qual tratamento os livros didáticos do ensino médio, utilizados por professores e alunos da rede pública de ensino de todo o Brasil, dão ao plágio; a abordagem do tema no edital normativo de produção dos livros didáticos e nos projetos político-pedagógicos de cinco escolas de ensino médio; bem como a compreensão de 18 estudantes dessa etapa educacional no Distrito Federal. O referencial teórico sobre plágio e ciberplágio está engendrado em Cavanillas (2008); Comas Forgas e Sureda Negre (2007); Díaz Arce (2017); Diniz e Terra (2014); Ebardo (2018); Gallent Torres e Tello Fons (2021); e Krokocz (2012). A metodologia de pesquisa está ancorada na análise de conteúdo temático-categorial, segundo as diretrizes de Bardin (2011). O silêncio do Programa Nacional do Livro e do Material Didático, do edital normativo de produção dos livros didáticos, dos projetos político-pedagógicos e dos professores sobre o plágio redunda em permissividade da cultura da cópia e, consequentemente, do plágio em estágios mais avançados do processo acadêmico, criando uma espécie de ressonância mórfica em relação à cultura da cópia que, com os avanços científico-tecnológicos, resultam em ciberplagiarismo. Esse tratamento isolado, mais enfático a partir da graduação, desconsidera a história, a causa e os antecessores processuais na pesquisa e na escrita, e isso pode estar entre os elementos permissivos da reprodução da desonestidade intelectual. Falta, portanto, ensino pluricultural, multiletrado e multissemiotizado aos estudantes, no quesito plágio e na apropriação das informações disponibilizadas nas infovias. Se dois dos mais importantes mediadores responsáveis pelo ensino (livros didáticos e escolas) relegam o plágio a um plano secundário, nublam-se, assim, as fronteiras da retidão e da ética, e os estudantes podem ter prejuízos cognitivos quando se apropriam do conhecimento oriundo da internet, incorrendo no risco de serem relegados a uma massa acrítica. Mesmo tendo noção do que é o plágio, os estudantes não conseguem identificar situações específicas que o configuram. O professor tem papel de fundamental importância no processo formativo, ético e moral dos estudantes, e a inobservância relativa ao plágio redunda em danificação quanto à construção autoral, pois o silenciamento de livros e escolas pode disfarçar o copiar e colar da internet como banal e inofensivo. É imperativo socioeducacional fortalecer os laços entre a apropriação do conhecimento e a eticidade.

Palavras-chave: Plágio cibernético. Pesquisa na internet. Livro didático. Ensino público. 

Nesse estudo, inicialmente, fizemos um resgate histórico do conceito de verdade em diferentes épocas demonstrando que seu ordenamento ético (mitologias, Deus e razão) e valor social mudam no transcorrer do tempo. Ressalta-se que a teoria psicanalítica, que é um campo de conhecimento inaugurado por Freud na Modernidade, teceu duras críticas ao cientificismo, ou seja, à estandardização dos métodos das ciências naturais para todas sistematizações, ignorando-se a diversidade dos objetos de estudo. A partir da segunda metade do século XX, a credibilidade da ciência passou a ser questionada pelos pensadores pós-modernos. Na contemporaneidade, vimos emergir o que se denomina como o fenômeno social da pós-verdade, isto é: um rechaço da noção da verdade. As fake news e a desinformação nas redes sociais são frutos desse fenômeno, com implicações na política, na ciência, na mídia e também na educação escolar. A tese que apresentamos neste trabalho sublinha a importância de mudanças na sala de aula para enfrentar tais questões: que professores se desloquem de uma posição hierárquica e cientificista, abrindo espaço para uma escuta qualificada dos estudantes e façam a mediação do ensino das ciências como uma produção cultural, utilizando em suas práticas também o letramento digital. Considerando a atualidade do tema da pesquisa, para apresentar essa tese realizou-se uma pesquisa bibliográfica e estudos teóricos para uma compreensão própria desse fenômeno social; realizou-se também uma pesquisa de campo com professores do ensino médio do campus Taguatinga do Instituto Federal de Brasília, para verificar os efeitos da pós-verdade em sala de aula. Destacou-se na discussão que a escuta pode ser um efetivo dispositivo para que o professor acesse as dúvidas e equívocos dos estudantes sobre o conhecimento científico e sobre a veracidade dos conteúdos produzidos nas redes sociais.

Esta pesquisa tem como objetivo investigar os processos de resolução de tarefas matemáticas de um grupo de estudantes do primeiro ano do ensino médio de uma escola da rede privada de ensino de Brasília, apoiada na avaliação formativa por meio de feedbacks estruturados e intencionais, no campo do ensino e da aprendizagem de geometria plana com a metodologia de sala de aula invertida. O estudo, de natureza qualitativa, de caráter exploratório, foi desenvolvido com quarenta e seis estudantes de idades de 14 a 16 anos. Esses estudantes receberam ao longo de 10 semanas de aulas, um conjunto de tarefas de geometria plana com o esclarecimento dos objetivos a serem alcançados e o modo como seriam avaliados. As produções dos estudantes foram analisadas e categorizadas em: tarefa sem resposta, tarefa resolvida incorretamente, tarefa resolvida parcialmente correta e tarefa resolvida corretamente. A partir dessa categorização, forneceu-se feedback aos estudantes de modo a superarem as possíveis dificuldades de aprendizagem envolvidas nas tarefas realizadas. Examinou-se as produções dos estudantes por meio da metodologia da análise de conteúdo: pré-análise; exploração dos documentos produzidos; análise e discussão dos dados. As observações iniciais demonstraram que os estudantes não tinham o hábito de estudar em busca de construir conhecimento e ficavam à espera da explicação do professor/pesquisador para esclarecer as suas dúvidas. A insegurança quanto aos procedimentos adotados nas suas resoluções tornou clara as lacunas que precisavam de intervenção para favorecer as aprendizagens. Conhecimentos geométricos com generalizações incorretas e obstáculos algébricos, constituíram-se como fontes de análise e discussão durante o desenvolvimento das tarefas. Usando a metodologia de sala de aula invertida, os estudantes foram estimulados a fazer as tarefas, inicialmente de modo individual, mas aos poucos criou-se uma rede colaborativa transformando as aulas regulares, de natureza expositiva, em momentos de aprendizagem dialógica a partir dos feedbacks em cada atividade, favorecendo o protagonismo dos estudantes nas aulas. A diversificação dos espaços e recursos pedagógicos imprimiu características de um ensino colaborativo e democrático, no qual a avaliação formativa possibilitou a retomada de conhecimentos de modo a ressignificar o erro, o feedback estruturado para a aprendizagem proporcionou, ao estudante a participação efetiva em todas as etapas de construção de conhecimento e, ao professor/pesquisador, a possibilidade de rever o planejamento a cada encontro, conhecer as estratégias de resolução dos estudantes e formular feedbacks intencionais para cada estudante ou grupo de estudantes em prol de desenvolver a aprendizagem matemática. Esses desdobramentos revelou o favorecimento da aprendizagem matemática quando aplicada a avaliação formativa apoiada em feedbacks estruturados e intencionais com o suporte da metodologia da sala de aula invertida

O objetivo desta tese foi analisar as atividades desenvolvidas em uma disciplina que trata do ensino de geometria num curso de licenciatura em matemática, verificando seu potencial para o desenvolvimento da criatividade dos futuros professores nesta área, tanto no aspecto pessoal quanto para a atuação docente. A questão central neste estudo é “Quais as percepções de licenciandos em Matemática sobre Criatividade em Matemática relacionadas à Geometria e a relevância da inclusão desse conteúdo em seu processo de formação?”. A investigação foi desenvolvida apoiada na abordagem qualitativa de pesquisa, de base epistemológica no método fenomenológico, com o estudo de caso. Os resultados encontrados foram organizados no formato Multipaper de produção, composto por artigos publicáveis. A investigação ocorreu junto a uma turma do curso de licenciatura em Matemática de uma universidade pública do Distrito Federal/DF, composta por 14 estudantes. A coleta de dados foi realizada por meio de acompanhamento/observação de aulas, aplicações de questionários (respondidos por oito deles), realização e aplicações de oficinas (pelo professor regente e pelos 14 estudantes) e também ao final do processo realizou-se entrevistas com seis desses estudantes. Os resultados apontam contribuições para a formação inicial e continuada de professores de Matemática, voltados para a inclusão de tópicos em Criatividade em Matemática no campo da Geometria, relacionados à aprendizagem dos estudantes, pois, apreendeu-se que no desenvolvimento das oficinas de Pensamento Crítico e Criativo em Matemática que eles conseguiram reconhecem o potencial de cada fase da oficina para a Criatividade no campo da Geometria, visto que foram exploradas ideias diversas, diferentes das rotineiras. Todas as fases fomentaram a curiosidade, ideias novas, motivação e uso de estratégias metodológicas utilizadas pelos participantes. Os estudantes e o professor regente trouxeram uma abordagem diferenciada em cada uma das oficinas, havendo amplo envolvimento com as atividades propostas para explorar os conteúdos de Geometria, oportunizando a manifestação da Criatividade. Os estudantes identificaram, após terem analisados problemas do livro didático de matemática do Ensino Médio, que na grande maioria dos casos se tratavam de problemas fechados, que apresentam uma maneira apenas de resolução, indicando a necessidade de desenvolver habilidades docentes para transformar tais problemas em situações abertas, que pudessem ser tão abstratas que permitem muitas maneiras de se chegar à resposta ou mesmo não haver soluções, possibilitando o levantamento de hipóteses que seriam razoáveis para se chegar às soluções. Também foi observado que a disciplina pedagógica da licenciatura em Matemática foi de grande relevância no processo de formação desses estudantes. Com base na literatura e nas análises das informações coletadas na investigação, a tese é que a introdução de tópicos de Criatividade nesse processo de formação de professores de Matemática, contribuiu de modo significativo para a ressignificação do ensino de Geometria, pois as atividades desenvolvidas na disciplina que tratava do ensino de Geometria, envolvendo as oficinas estimularam o Pensamento Crítico e Criativo dos estudantes em formação, fomentando neles o desejo de perpetuar esse novo designer de aula na futura prática docente.

 Esta pesquisa apresenta experiências de cinco movimentos sociais que atuam na cidade de Sobradinho/DF. A forma como eles desenvolvem suas atividades coletivas no cotidiano mostra o potencial transformador da educação ambiental crítica e participativa na vida comunitária dessa cidade. A abordagem metodológica apoiou-se na pesquisa-ação, cujos sujeitos constroem interações e formação humana que se evidenciam em ações que são desenvolvidas por eles próprios. A reflexão teórica parte da discussão das formas de apropriação do solo da região de Sobradinho, cujo modelo foi reproduzido com a expansão urbana e determinou impactos ambientais na bacia hidrográfica do ribeirão. Diante dos problemas socioambientais existentes na bacia, buscou-se identificar a contribuição do movimento ambientalista para a revitalização dessa bacia na perspectiva da educação ambiental. A percepção da degradação ambiental caracterizada pelo movimento organizado foi fundamental para a constituição do pesquisador coletivo. O objetivo da tese foi pesquisar o papel dos movimentos ambientalistas da cidade de Sobradinho para a revitalização da bacia hidrográfica do ribeirão Sobradinho na perspectiva da educação ambiental. O grupo compreendeu que cidadania constrói-se com lutas. Assim, para a desejada recuperação ambiental da bacia, os ambientalistas dialogaram com a comunidade, mobilizaram todas as possibilidades das redes sociais na internet, articularam meios de comunicação como rádio e televisão. Além disso, mobilizaram audiências públicas e realizaram denúncias na CLDF, na Ouvidoria do GDF e no Ministério Público. O trabalho político realizado pelo movimento resultou por incluir a bacia do ribeirão no orçamento público do DF. Assim, foi contratado um estudo técnico e diagnóstico pelo IBRAM, que propôs a criação de novas unidades de conservação como a Área de Relevante Interesse Ecológico, o Monumento Natural da Serrinha do ribeirão Sobradinho, o Refúgio da Vida Silvestre Canela de Ema, a ampliação das poligonais dos Parques Ecológicos do Itapuã e dos Jequitibás em Sobradinho. Ocorreram investimentos em obras que recuperaram calçadas quebradas, pontos de ônibus, parques infantis, quadras de esportes, praças públicas; também foram recuperadas duas erosões na mata ciliar do ribeirão, foi construída a estrada na subida do Parque dos Jequitibás, o canal tubulado de água para os chacareiros, além da construção de três papa-entulhos na combinação que resultou no fim de quatro lixões na região, dentre eles o lixão do Morro do Sansão. O pesquisador coletivo, movido por um processo de denúncias, ampliou seu campo de atuação na perspectiva da transdisciplinaridade. Assim, ajudou a provocar transformações na comunidade, incorporando conhecimentos, atitudes, valores, habilidades e experiências na busca de soluções para os problemas socioambientais da bacia hidrográfica do ribeirão Sobradinho na perspectiva da educação ambiental.

Esta tese teve como objetivo analisar criticamente a percepção de docentes sobre a inter-relação entre os livros didáticos do PNLD/2019 dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e os Recursos Educacionais Digitais em escolas do campo do Distrito Federal. Para tanto, buscamos compreender como os livros influenciam as percepções de professores em relação à escola do campo, identificar as concepções de educadores acerca dos Recursos Educacionais Digitais e compreender como esses recursos aparecem nos livros didáticos. Teoricamente, nos apoiamos em Arroyo, Caldart e Molina (2011) acerca de questões do campo; em Bueno e Carniel (2015) acerca dos recursos digitais; em Freitag, Mota e Costa (1987), Silva e Chelotti (2018) acerca dos livros didáticos; em Williams (1979) acerca da tradição seletiva, entre outros. O método de análise dos dados foi a Análise de Conteúdo de Bardin (2011) com abordagem categorial. Foram examinados 11 manuais do professor do PNLD/2019 do 3º, 4º e 5º ano do Ensino Fundamental, e 29 entrevistas realizadas com docentes de 10 escolas do campo das Coordenações Regionais de Ensino de Planaltina-DF e Sobradinho-DF. Compreendemos que os livros didáticos, enquanto artefatos culturais, influenciam a na visão de docentes, que acreditam que os conteúdos trazidos nos livros são imparciais. 

A investigação trabalha a ampliação do capital cultural inserida na cultura digital e nas vivências escolares de jovens periféricas. Para isso, analisamos criticamente quais as condições de produção do discurso em uma leitura e releitura da mídia por 13 jovens de escolas públicas do Distrito Federal, levando em consideração a apropriação do capital midiático entre os anos de 2020 e 2022. A família provém a moratória da juventude, a fim de que as jovens possam estudar, bem como salienta valores como trabalho duro. Quando elas falam que suas mães são batalhadoras, elas têm para si como devem se portar no mundo do trabalho. Por terem o professor como referência, as jovens frisam a importância de um profissional entendedor de sua responsabilidade social. Quando se utilizam da mídia para fins acadêmicos, as jovens têm o professor como alicerce. Entendedoras da desigualdade social, algumas jovens se apropriam de capital midiático enquanto tática e o utilizam na luta simbólica. O método revela que a ideologia rege as práticas sociais ao analisarmos a colonização das subjetividades e constatando que a negação das cotas, em especial as raciais, e das próprias desigualdades sociais, alinham-se a leituras hegemônicas. A importância da vivência universitária, bem como o caráter da instituição de ensino e a escolha dos cursos auxiliam a conformar leituras midiáticas. Cotistas tiveram mais leituras resistentes ou negociadas que dominantes. Frisamos que o acompanhamento de dois anos ressaltou as modificações tanto na leitura da mídia meritocrática como na relação com a apropriação do capital midiático.

A pesquisa teve como objetivo geral verificar como se dá financeirização na educação básica no nível da empresa por meio da análise dos movimentos e das estratégias de empresas educacionais de capital aberto em direção a este nível de ensino com o foco no grupo Vasta. Elencou-se, para tal, três objetivos específicos: verificar as origens do fenômeno pesquisado e fornecer os subsídios teóricometodológicos utilizados na análise proposta; analisar o cenário recente da educação básica (2017-2021); e analisar como a Vasta Educação se insere no fenômeno observado, bem como os impactos da sua atuação para a educação básica brasileira. Trata-se de pesquisa quali-quantitativa que incluiu pesquisa bibliográfica e documental, bem como o uso de estatística descritiva, tendo como principais fontes de dados o Censo da Educação Básica, a Consultoria Hoper Educacional e os relatórios trimestrais divulgados pela Vasta, assim como os fatos relevantes publicados nas bolsas de valores (B3 e Nasdaq). O estudo concluiu que a trajetória percorrida pela empresa Vasta se insere no fenômeno da financeirização, pois as estratégias por ela desempenhadas tem como premissa fundamental a maximização dos ganhos e remuneração dos investidores, em detrimento de princípios educacionais. Entre os impactos para a educação básica estão a maior participação neste nível de ensino, alcançando 20% dos alunos matriculados em instituições privadas. Há ainda as consequências para o processo educacional, uma vez que a prioridade da empresa nos investidores institucionais desconsidera a trajetória, missão e cultura das instituições consideradas “parceiras”, afetando negativamente o direito público subjetivo de estudantes brasileiros.

A Educação Escolar Quilombola é uma modalidade da Educação Básica que se encontra em construção. Os princípios dessa modalidade demandam o trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor respeitando os saberes e fazeres tradicionais deste grupo social, a identidade, a cultura, as tradições e as práticas socioetnoculturais. Assim sendo, ensinar Matemática partindo da realidade socioetnocultural, utilizando instrumentos da comunidade e incluindo os estudantes, que por muitas ocasiões, as suas experiências sociais ficaram a porta da escola, é a proposta que fundamenta está dissertação. Portanto, o objetivo desta pesquisa é identificar como uma escola quilombola pode se apropriar das práticas socioetnoculturais e utilizá-las na perspectiva da Etnomatemática no processo de ensino e aprendizagem de Matemática. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória, cujo a organização da dissertação baseou-se no multipaper, formato em que os Capítulos II, III e IV são organizados na estrutura de artigo (resumo, introdução, referencial, metodologia, considerações e referências). Os participantes desta investigação foram seis professores que ensinam Matemática e 32 estudantes dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Os resultados apontaram que a Educação Escolar Quilombola figurou recentemente nas agendas governamentais brasileiras; existe uma discrepância entre o que está assegurado pela Lei e o praticado, além disso, constatamos que as pesquisas no campo da Etnomatemática e Educação Escolar Quilombola na Chapada dos Veadeiros são incipientes, tornando-se imprescindível maiores pesquisas acadêmicas neste campo educacional. Verificou-se também, que os professores têm consciência de ensinar Matemática partindo da realidade dos estudantes, no entanto, apresentam dificuldades metodológicas, conceituais e estruturais para ensinar Matemática mantendo a cultura quilombola bem como adaptar os livros didáticos ao processo de vida dos estudantes quilombolas. Concluímos que, após as atividades, a Etnomatemática mostra-se como uma prática viva nas comunidades quilombolas e contribui para estimular o ensino de Matemática em sala de aula em uma perspectiva socioetnocultural, entretanto, é preciso investir em mais experiências como essas para somar no campo do ensino nas comunidades quilombolas.