Dependência, precarização e subdesenvolvimento: compromissos da educação científica latino-americana a partir de coletivo de professores
Ensino de Ciências; dependência; Superexploração; desenvolvimento; coletivos docentes.
A presente pesquisa está centralizada no debate do Ensino de Ciências na América Latina, considerando as nuances da educação e do trabalho docente contextualizados nas contradições de quem reside na periferia do capitalismo. O problema de pesquisa se evidencia a partir das consequências da relação da dependência sobre os processo formativos, particularmente no Ensino de Ciências, com a importação dos modelos de educação, das produções, participação em C&T e da superexploração do trabalho docente evidenciado no avanço de políticas neoliberais no ensino. A partir do enfrentamento dos desafios enunciados pela teoria da dependência, este trabalho destaca a potencialidade dos coletivos de professores organizados em mobilizar aspectos da educação científica para a construção de um projeto nacional comprometido com a emancipação social e política no território.
Por meio da Pesquisa-Ação-Participatória, busca-se compreender como um grupo de pesquisa, vinculado à rede UnB-UFSCar, caracteriza-se como um coletivo de Educação e Ensino de Ciências qualificado para se apropriar das lutas históricas latino-americanas e, ao mesmo tempo, convocar o papel da infraestrutura científica e tecnológica na formulação de pressupostos que fundamentam uma educação científica comprometida com a realidade nacional. Os resultados mostram quatro dimensões análiticas importantes: o/a trabalhador/a da educação diante dos desafios para a construção de agendas contra-hegemônica, evidenciando a superexploração do trabalho docente como entraves na continuidade do seus processos formativos e nas conexões políticas de enfrentamento da realidade; a atuação na infraestrutura científica e tecnológica a partir do ensino de ciências, retomando a importância da atuação do professor-pesquisador em investigar a própria realidade, no qual o grupo se insere guiado por valores políticos como emancipação, soberania e justiça social; a consolidação de agendas de pesquisas contra-hegemônicas frente às disputas pelo desenvolvimento, com ênfase na Educação Científica como elemento central na agenda do grupo; o conteúdo ético-político e técnico-científico da educação científica latino-americana: pressupostos e anúncios. Por fim, reivindica-se a necessidade de retomar os pressupostos formativos e políticos que consolidaram o PLACTS, com foco no desenvolvimento autônomo da pesquisa nacional, de modo a dialogar com as categorias da teoria marxista da dependência e analisar a formação científica na América Latina. Ressalta-se que a educação e a ciência não precedem o desenvolvimento, mas o acompanham mutuamente, por isso, a construção de projetos nacionais elaborados por professores-pesquisadores em Ciências configura-se como uma proposta contra-hegemônica.