“NÃO SEJA BICHINHA” - A construção da imagem de corpos transgressores em anúncios e propagandas
Análise de Discurso Crítica; Gênero; Sexualidade; Anúncio; Propaganda; LGBTQIA+
"Não seja bichinha!", "Homem não chora!", "Seja homem!" e "Isso é coisa de mulherzinha!", são discursos que indivíduos designados como homens, ao nascerem, escutam pelo menos uma vez em suas vidas. Estes discursos têm o poder de moldar o comportamento, já que são ouvidos desde a infância e acabam construindo uma personalidade baseada em um ideal de masculinidade. Partindo desse incômodo, o presente estudo tem como objetivo levantar reflexões sobre a construção da imagem de corpos transgressores, especialmente corpos LGBTQIA+ em anúncios e propagandas. Assim, analiso como as práticas discursivas, as imagens e estereótipos criados em peças publicitárias, incluindo aqui suas representações e definições de papéis de gênero, são criadas para reforçar ideologias e discursos que mantêm um sistema desigual se tratando de gênero e sexualidade. À vista disso, seleciono duas amostras publicitárias, opostas em suas abordagens, ao tratar do tema gênero e sexualidade. Para o processo analítico, me vinculo à Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001) mobilizando os conceitos-chave da teoria: discurso, poder e ideologia. Ainda, como aporte teórico para as reflexões, levanto estudos sociais, teoria queer e estudos de gênero. Durante as análises, atravesso os conceitos de narrativização, falácias, deslegitimação e naturalização, processos esses que fortalecem uma ideologia de um pequeno grupo social dominante. Por fim, através desta pesquisa, é possível concluir que a mídia e o gênero publicitário têm uma grande responsabilidade ao fazer o uso de discursos para se comunicar com a sociedade. Desse modo, é possível concluir que, mediante aos moldes de gênero, há uma toxicidade que está ligada à identidade masculina. Esta, por sua vez, pode ser tóxica para quem a valida, reforçando em outros indivíduos, e tóxica quando aplicada em si mesmo.