Banca de DEFESA: Thais Aparecida Coelho dos Santos

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Thais Aparecida Coelho dos Santos
DATA : 06/07/2022
HORA: 09:30
LOCAL: Teams – Microsoft (Office 365)
TÍTULO:

Filogenia, tempo de divergência, origem e morfologia de Banisteriopsis C.B.Rob. ex Small com ênfase nos etnotaxa de Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) Morton (Malpighiaceae)


PALAVRAS-CHAVES:

Amazônia, Cerrado, morfo-anatomia, etnotaxa, etnotipo, Yagé, Hoasca, Santo Daime, Vegetal.


PÁGINAS: 132
RESUMO:

Banisteriopsis C.B.Rob. ocorre desde o México até a América Tropical, possui 61 espécies descritas e pertence à família Malpighiaceae Malpighiaceae está amplamente ditribuída pelos Neotrópicos, engloba 77gêneros e mais de 1.300 espécies. Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) C.V. Morton se destaca na família pelo uso difundido como componente do chá Ayahuasca, Hoasca, Yagé, Vegetal, Santo Daime e outros tantos nomes. A ayahuasca foi originalmente usada por grupos indígenas do noroeste da Amazônia. Seringueiros fundaram as três principais religiões no Brasil que usam o chá em rituais religiosos: a União do Vegetal (UDV), o Santo Daime e a Barquinha. Muitos desdobramentos dessas religiões e usos diversos da Ayahuasca vem sendo praticados em todo o Brasil, de onde se expandiu para quase todos os continentes. Ressalta-se que o uso da Ayahuasca no Brasil é regularizado pelo Resolução Nº5 do CONAD, de 04 de novembro de 2004, onde está explicitamente citado que o chá é feito a partir da decocção do cipó B. caapi e da folha da Psychotria viridis Ruiz & Pav. Devido B. caapi ser amplamente cultivado pelas comunidades tradicionais que a usam, registrase a ocorrência de linhagens com morfologias e chás com características distintas, que são tratados como “etnotaxa”. Na ciência formal também houveram registros por parte de botânicos, que consideraram alguns etnotaxa como espécies. Um exemplo é B. inebrians C.V.Morton descrito com base em uma amostra do etnotaxa ‘yagé-del-monte”, na Colômbia. Esse nome é aceito como sinônimo de B. caapi na maioria das bases de dados, mas é considerada como boa espécie por alguns autores. Duas espécies de Tetrapterys também foram descritas com base em etnotaxa. Embora o reconhecimento de etnotaxa esteja fartamente descrito na literatura, o mesmo não ocorre no que tange à amostragem em herbários. Além de não muito farta, grande parte dos espécimes de herbário são de indivíduos estéreis. Banisteriopsis rusbyana (Diplopterys longialata (Nied.) W.R.Anderson & C.Davis) é um nome dado a um etnotaxa de Ayahuasca, descrito com base em um espécime estéril. Assim, Ayahuasca é um termo consensual aplicado a um chá de composição botânica distinta. Uma equipe da Universidade de Brasília fez um estudo, com documentação em herbário, dos etnotaxa reconhecidos pelos grupos urbanos que fazem uso da Ayahuasca. Diversos etnotaxa são reconhecidos por tais grupos, mas, como no cenário internacional, a menor parte dos vouchers de herbário são férteis. Intrigados com essa problemática da vinculação ou não dos etnotaxa à taxa formais, surgiram as perguntas que delinearam esta tese: 1. “Os etnotaxa reconhecidos pelas comunidades Ayahuasqueiras urbanas brasileiras são B. caapi ou pertencem a outra espécie já descrita? Os etnotaxa podem ser considerados como taxa, seguindo os parâmetros da ciência formal, ou seja, a circunscrição mais aceita de B. caapi é satisfatória? Banisteriopsis caapi poderia ser uma espécie domesticada e recente? Para reponder a estas questões foram desenvolvidos três capítulos, tentando usar as melhores ferramentas metodológicas. Foram feitas análises filogenéticas (Máxima Parcimônia, Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana), onde foram sequenciadas as regiões plastidiais trnL-F, matK, psbA-trnH, trnK, rpL32-trnL, e ndhF, e o espaçador interno transcrito do rDNA nuclear – ITS dos etnotaxa, para verificar a relação hierárquica entre si e com B. caapi (Capítulo 1). Foi realizada análises biogeográficas, com reconstrução da área ancestral e tempo de divergência (Capítulo 2), como forma de verificar o tempo de divergência e a origem de B. caapi, assim como de todo o gênero Banisteriopsis. Por fim, foram realizadas análises morfométricas dos caracteres vegetativos disponíveis – incluindo caracteres da anatomia do caule disponibilizada por outro estudo – e das sequências de DNA geradas, como barcode. Análises de Componentes principais (PCA), Modelos Mistos Gaussianos (MMGs), análise Multivariada Permutacional de Variância (PERMANOVA), as análises BarcondingGap, Meier’s Best close match, NeighbourJoining (NJ) e Rosenberg’s probability of reciprocal monophyly foram utilizados para testar modelos, onde os etnotaxas seriam ou não considerados espécies (Capítulo 3). Em todas as análises filogenéticas, os etnotaxa posicionaram-se em uma grande politomia, sem diferenciação genética para separar os etnotaxa, bem como não se posicionaram próximos a outros clados de Banisteriopsis. O estudo biogegráfico mostrou que o gênero surgiu no Cerrado e foi disseminado para a Amazônia, e com pico de dipersão por volta dos 18 milhoes de anos. A datação mostrou que B. caapi surgiu a 3.2 milhões de anos, ou seja, sua origem é anterior à chegada do homem na América. Os seis grupos/ etnotaxa testados nas análises morfo-anatômicas foram confirmados, são eles: Arara, Ourinho, Pajezinho, Quebrador, Caupuri e Tucunacá. Considerando que as análises moleculares não mostram diferenças significativas nas sequencias de DNA, argumentamos que os etnotaxas analisados fazem parte da circunscrição de B. caapi. Assim, os etnotaxa analisados aqui, provenientes de cultivos de centros religiosos Ayahuasqueiros, não pertencem a outra espécie, em especial de Banisteriopsis. A atual circunscrição de B.caapi não abrange uma parte dos etnotaxa reconhecidos na etnocalissificação, aqueles com caule diferente do espécime tipo. O fato da diferenciação morfológica traz a inferência de que os etnotaxa podem estar domesticando, porém, a falta de diferença no genótipo significa que é necessário uma análise mais atenta para confirmar essa possível domesticação. Dessa forma, este trabalho incita novas pesquisas para entender melhor a etnoclassificação.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - VIVIANE STERN DA FONSECA KRUEL
Externa à Instituição - MARIA CANDIDA HENRIQUE MAMEDE
Externo à Instituição - FÁBIO DE OLIVEIRA FREITAS - EMBRAPA
Presidente - 2445697 - REGINA CELIA DE OLIVEIRA
Interna - 1549282 - SUELI MARIA GOMES
Notícia cadastrada em: 05/07/2022 13:36
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