Estudo Discursivo sobre Práticas Interacionais de Migrantes no Distrito Federal/Brasil
Práticas translíngues. Interseccionalidade. Interculturalidade.
Dentre os marcadores sociais da diferença, temos a língua, sistema heterogêneo cujas variações informam processos identificacionais e posicionalidades assumidas/atribuídas por atores em articulação com outros marcadores, tais como raça, nacionalidade, classe, gênero, etc. Em tempos de recrudescimento de nacionalismos, a classificação adquire um lugar relevante na organização da alteridade. Nesse contexto, ideias sobre linguagem desempenham papel central na construção da diferença social e também da desigualdade que se interseccionam com outras ideologias e se recontextualizam ao longo do tempo. A partir dessas considerações, esta tese teve como objetivo geral investigar discursos sobre as práticas interacionais translíngues entre migrantes e brasileiros, potencialmente atravessadas por marcadores sociais. Para isso, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos (i) investigar os processos interacionais, de representação e de identificação que se constituem a partir de práticas translíngues entre migrantes e brasileiros; (ii) compreender como tais processos interacionais, de representação e de identificação podem se articular a processos de diferenciação e estratificação social afetando práticas translíngues; (iii) analisar a articulação entre práticas translíngues, marcadores sociais e migração. Na lida com as questões coloniais de Linguagens, Marcadores Sociais e Migrações, sigo meu percurso apoiada em noções problematizadoras de ordens tradicionalmente estabelecidas, tais como Translinguagem (Makalela; Silva, 2023; Vogel; García, 2017), Interseccionalidade (Collins, 1993; Crenshaw, 1991) e Interculturalidade (Dietz, 2007; Walsh, 2010).