Banca de DEFESA: Cintia de Freitas Rodrigues Loureiro

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Cintia de Freitas Rodrigues Loureiro
DATA : 29/08/2022
HORA: 15:00
LOCAL: Teams
TÍTULO:

A escalada da violência doméstica durante a pandemia de covid-19 no discurso: poder público, organismos internacionais e sociedade civil organizada no Instagram


PALAVRAS-CHAVES:

violência doméstica contra mulheres; violência de gênero; Instagram; Estudos Críticos do Discurso; análise de discurso.


PÁGINAS: 294
RESUMO:

Este estudo crítico do discurso objetiva analisar ação e representação discursiva sobre o aumento da violência doméstica contra mulheres durante a pandemia de covid-19 em perfis da rede social Instagram. Foram compostos um corpus de 122 posts coletados dos perfis ONU Mulheres Brasil; Instituto Patrícia Galvão; Instituto Geledés; Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; e da ministra da pasta; e um corpus do discurso proferido pela ministra no lançamento da Campanha contra a Violência Doméstica de 2020. O recorte temporal é de maio a julho do mesmo ano. A análise buscou identificar como os perfis reagiram diante da escalada da violência doméstica; o que consideraram violência doméstica; e como mulheres em situação de violência e agressores foram representados. Foram utilizadas contribuições dos Estudos Críticos do Discurso (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2003; RESENDE; VIEIRA, 2016; VAN LEEUWEN, 2008), da Gramática do Design Visual (KRESS E VAN LEEUWEN, 2021) e da Semiótica Social (VAN LEEUWEN, 2005). Também formaram a base teórica as (inter)disciplinas Ciências Políticas (ALMEIDA, 2017, 2019; BOULOS, 2016; KALIL, 2020), Comunicação (CASTELLS, 2017, MARTINO 2014, 2019; MELLO, 2020) e Estudos de Gênero (BIROLI, 2018), com os feminismos decolonial (LUGONES, 2008, 2014; SEGATO, 2012), comunitário (PAREDES, 2008, 2019) e negro (CARNEIRO, 2011; CRENSHAW, 1991, 2012; HOOKS, 2019). As análises desvelaram textos marcados por valores, crenças e visões de mundo que as instituições defendem ou a que se associam, com a agenda anti-gênero e o discurso conservador de um lado, e a agenda progressista e o discurso feminista de outro. Enquanto os perfis ligados ao organismo internacional e à sociedade civil promoveram o debate sobre as origens da violência doméstica, os perfis do ministério e da ministra silenciaram sobre o assunto. Houve dificuldade generalizada em dialogar com potenciais agressores, com interpelações direcionadas para que vítimas e testemunhas denunciem os crimes. Houve exaustiva nominalização dos crimes no lugar de usar verbos para descrever as agressões. Os crimes foram representados com a agência omitida, com as agressões estabelecidas de forma direta com o contexto de isolamento social. Houve discussão sobre o que fazer para superar o problema, mas esse esforço foi mitigado pela responsabilização inespecífica das ações. Perfis ligado ao organismo internacional e à sociedade civil reconhecem a violência interseccional, o que é ausente no perfil da ministra e reconhecido com menor ênfase pelo ministério. As mulheres foram representadas com atributos que reconheceram as estruturas de classe, gênero, idade, território, sexualidade, raça e deficiência. Nas representações de agressores, sua ação foi representada de forma pressuposta, com presença ligada ao discurso punitivista. A ministra representou as mulheres como vítimas circunstanciais de um crime que inclui, na mesma medida crianças, jovens, idosos e pessoas com deficiência no rol de vítimas da violência doméstica, negando o eixo de gênero. De forma geral, os textos analisados mostraram-se úteis para a discussão sobre a violência doméstica no contexto da pandemia, mas também auxiliaram na perpetuação de projetos de poder que podem não priorizar a segurança e a proteção da vida das mulheres.


MEMBROS DA BANCA:
Externa ao Programa - 1309241 - ELIZABETH DEL SOCORRO RUANO IBARRA
Externa ao Programa - 2532460 - JANAINA DE AQUINO FERRAZ
Externa à Instituição - MARIA CARMEN AIRES GOMES - UFMG
Interna - 2531704 - VIVIANE DE MELO RESENDE
Notícia cadastrada em: 23/08/2022 11:24
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