Análise fosfoproteômica de células Aag-2 de Aedes aegypti infectadas com os arbovírus Mayaro e Chikungunya
Fosforilação, Aedes aegypti, cultura de célula, Mayaro, Chikungunya, espectrometria de massas.
Mayaro virus (MAYV) e Chikungunya virus (CHIKV) são dois arbovírus artritogênicos pertencentes ao gênero Alphavirus. Enquanto o MAYV é endêmico da América do Sul, o CHIKV teve um grande aumento da sua área de alcance na última década, tendo sido responsável por epidemias em continentes como América, África e Europa. O mosquito Aedes aegypti é o principal vetor transmissor do CHIKV e também tem a capacidade de transmitir o MAYV. Apesar dos esforços intensivos, o combate às arboviroses focando apenas na erradicação do vetor mosquito não só tem se mostrado ineficaz a longo prazo, como o uso de inseticidas levou ao desenvolvimento de resistência contra temefós, deltametrina e DTT nessa espécie de mosquito. Assim, a necessidade de desenvolvimento de estratégias alternativas de controle desses vírus levou a um aumento expressivo na quantidade de estudos focado na interação vírus-vetor. Embora esses arbovírus causem doenças no seu hospedeiro vertebrado, o vetor invertebrado não sofre danos significativos. Portanto, a interação arbovírus-vetor possui características únicas e que precisam ser compreendidas a nível molecular para viabilizar o potencial desenvolvimento de novas estratégias de controle e contenção dos ciclos de replicação arboviral. Neste sentido, o presente estudo visa realizar uma análise fosfoproteômica de células Aag-2 de Ae. aegypti infectadas com MAYV e CHIKV. Sabese que a fosforilação de proteínas está altamente relacionada à regulação espaçotemporal de diversos processos essenciais ao funcionamento dos organismos. Como os vírus sequestram a maquinaria celular do hospedeiro para sua própria replicação, espera-se encontrar uma modulação diferencial no padrão de fosforilação nas células infectadas em função dos tempos de coleta e multiplicidade de infecção (MOI) utilizados. Devido à escassez de estudos fosfoproteômicos relacionados a esse vetor, inicialmente foi realizada uma predição exploratória in silico de fosfoproteínas de Ae. aegypti por homologia com cinco organismos modelo eucarióticos. As 435 proteínas resultantes foram enriquecidas para processos como autofagia e via de sinalização MAPK e, dentre elas, 433 apresentaram sítios preditos de fosforilação pelo NetPhos 3.1 em resíduos de S (serina), Y (tirosina) e/ou T (treonina). Para as análises experimentais, uma cinética de crescimento desses vírus em células Aag-2 nos auxiliou a definir o MOI 1 para MAYV e CHIKV, e os tempos de coleta (t = 0 h, 2 h, 4 h, 8 h, 12 h) que foram utilizados para Western Blot e espectrometria de massas em quadruplicatas biológicas. As células foram lisadas em tampão 7M de ureia e 3M de tioureia com inibidores de fosfatase e protease. Proteínas de todas as amostras foram testadas nos Western Blots contra anticorpos anti-fosfoserina, fosfotirosina e fosfotreonina (Sigma-Aldrich), apresentando diferentes padrões de marcação para cada anticorpo. A partir do extrato total de proteínas, as mesmas foram reduzidas com DTT (Roche), alquiladas com iodoacetamida (Sigma-Aldrich) e digeridas com tripsina (Promega). Depois da dessalinização, foi realizado o enriquecimento de fosfopeptídeos por colunas de dióxido de titânio (TiO2) (Thermo Fisher). Após a obtenção dos dados da análise por espectrometria de massas, a análise bioinformática nos permitirá verificar a influência da infecção por MAYV e CHIKV sobre a homeostase das células hospedeiras Aag-2 nas vias metabólicas que são reguladas por eventos de fosforilação.