Avaliação do Papel Imunomodulador de Ácidos Graxos de Cadeia Curta na Infecção de Macrófagos Murinos por Paracoccidioides brasiliensis.
Fungos patogênicos; Imunidade inata; Paracoccidioidomicose; Tratamento;Microbiota.
Os ácidos graxos de cadeia curta (Short-Chain Fatty Acids - SCFAs) são os principais metabólitos da microbiota intestinal e possuem repercussão na manutenção da homeostase sistêmica, a partir de efeitos que perpassam a modulação da expressão gênica e metabolismo celular. Seu papel nas relações patógeno-hospedeiro envolve efeitos imunomodulatórios especialmente nos fagocíticos, promovendo o equilíbrio pró- e antiinflamatório. Estudos preliminares sobre o papel dos SCFAs em infecções bacterianas e fúngicas sugerem que macrófagos possuem capacidade fungicida aumentada. Entretanto, ainda não há registros do efeito de SCFAs em Paracoccidioides brasiliensis, uma das espécies responsáveis pela Paracoccidioidomicose (PCM), considerada a principal micose sistêmica no Brasil e América Latina, e cujo tratamento inclui eventos adversos, longa duração e resistência a antifúngicos, o que torna cada vez mais necessária a busca por alternativas terapêuticas para a patologia. Destarte, o objetivo da pesquisa é avaliar o potencial papel imunomodulador dos SCFAs na atividade de macrófagos infectados por leveduras de P. brasiliensis. Macrófagos murinos de linhagem imortalizada e primários foram tratados com Acetato, Propionato ou Butirato de Sódio e infectados in vitro com leveduras do isolado Pb18. A produção de citocinas e óxido nítrico (NO) foi avaliada pelos ensaios ELISA e Griess, respectivamente, por 24 e 48 horas. Adicionalmente, avaliou-se a capacidade fungicida de macrófagos e o papel da acidificação do fagolisossomo nesse processo, Como resultados, foi possível apontar inibição na secreção de TNF-α e IL-10 e aumento na secreção de IL-1β por macrófagos infectados tratados com SCFAs, em relação aos grupos não tratados. Além disso, o tratamento com SCFA promove uma aumentada capacidade fungicida dependente da acidificação do fagolisosomo. Como considerações parciais, portanto, os SCFAs mostraram inibir a secreção de citocinas pró/anti-inflamatórias na infecção de macrófagos por P. brasiliensis e, além disso, a acidificação do fagolisossomo é necessária para a atividade fungicida induzida por SCFAs. Os achados, portanto, sugerem um papel imunomodulador dos SCFAs nesses fagócitos.