POÉTICAS E PEDAGOGIAS CÊNICO-PERFORMATIVAS FEMINISTAS - autobiograficções como dispositivo de invenção.
Teatro; Educação; Pedagogia Performativa; Autobiograficção; Feminismo.
Esta pesquisa investiga a potência de processos e procedimentos artísticos e pedagógicos que usufruem de autobiograficções como dispositivo de invenção nas artes da cena a partir de uma performatividade crítico feminista. Explora esta hipótese num movimento teórico-prático, artístico-pedagógico no ensino superior, com duas turmas do curso de Artes Cênicas da UnB, e no processo de criação autoral do espetáculo Senhora P, que aborda as questões de violência contra a mulher e que encorpa o objeto desta tese. Em 5 trilhas e com metodologia cartográfica de abordagem, a pesquisa se funda na urgência da incorporação de pedagogias feministas nos campos da educação principalmente no que tange às artes da cena. Aponta noções e entendimentos dos engendramentos possíveis entre a educação, os territórios cênico-performativos e o feminismo para apresentá-los numa organização conceitual estética, ética e sócio-política adequada e relevante para a formação de estudantes de teatro da educação básica e superior. Os conceitos investigativos sobre ensino e aprendizagem estão ancorados principalmente no pensamento crítico feminista de bell hooks, na cognição inventiva de Virgínia Kastrup, na noção de experiência de Jorge Larrosa Bondía, na pedagogia crítica de Paulo Freire e bell hooks, na filosofia da diferença na perspectiva de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Suely Rolnik; bem como no pensamento feminista negro com Audre Lorde, Grada Kilomba, Lélia Gonzalez, entre outras. Os estudos da performance e suas distintas dimensões processuais, liminares, de intervenção na realidade, são importantes aqui para pensar e fomentar territórios de práticas pedagógicas e de pesquisa expandidos, em diálogo com distintas/os pesquisadores dentre as/os quais Richard Schechner, Diana Taylor, Eleonora Fabião e Elyse Lamm Pineau. Observa ainda as tensões entre realidade e ficção, estruturais para os teatros do real, e conjectura a partir daí que explorar processos e procedimentos de criação autobiograficcionais favorecem processos de autonomia, resistência, compreensão e reconhecimento das opressões e dominações hegemônicas nos campos das artes e da educação.