CARREGO O QUE POSSO, FAÇO QUINTAL ONDE DÁ: invenção em teatro de objetos a partir das recordações de mulheres migrantes
Teatro de objetos. Mulheres migrantes. Invenção. Dramaturgia de conjunto. Projeto de memória.
Este estudo propõe refletir sobre o percurso de invenção em teatro de objetos documental do espetáculo-museu “Carrego o que posso, faço quintal onde dá” realizado pelo coletivo artístico brasiliense Entrevazios e dirigido por Sandra Vargas. A partir dos objetos antigos dispostos na ação Barraca de Memórias, e os trazidos pelas participantes, o processo teve início com a escuta de histórias de vida de mulheres idosas que migraram para a nova capital federal. O eixo dramatúrgico textual se deu a partir dessas histórias escutadas e compôs a dramaturgia de conjunto em diálogo cúmplice coletivo com a feitura da máquina de cena. Ao percorrer as regiões que antecedem a inauguração de Brasília: Planaltina, Paranoá, Vila Planalto, Núcleo Bandeirante, Vila Telebrasília, Candangolândia e Brazlândia, a ação Barraca de Memórias deflagrou mais de 80 histórias e deu origem ao Acervo Poético de Objetos. Por meio dos estudos da tecnologia social da memória, é possível compreender as etapas de criação deste trabalho em teatro de objetos como um projeto de memória. O contato com as narrativas de vida individuais e coletivas destas mulheres constitui uma ação política de legitimação, preservação e visibilidade histórica da memória social não contata de uma cidade planejada.