CONCERTO À DOIDIVANA: a comicidade musical de Chiquinha Gonzaga e a relação com os palhaços cantores no Rio de Janeiro (1870-1920)
Palhaço cantor. Chiquinha Gonzaga. Palhaçaria feminina. Musicalidade. Comicidade.
A presente pesquisa é uma investigação teórico-prática sobre a musicalidade cômica com foco no processo criativo em palhaçaria e na relação dos palhaços cantores com a musicalidade de Chiquinha Gonzaga. Entre o final do século XIX e o início do século XX, a figura do palhaço cantor, ator e tocador de violão teve um papel fundamental na divulgação da música popular. O maxixe, tanto como dança quanto como gênero musical, foi especialmente representativo na construção de uma identidade cultural que começava a se formar no Brasil que acabara de se transformar em República. Nesse ambiente, Chiquinha Gonzaga foi uma mulher de atitudes transgressoras e se tornou expoente desse movimento. Assim, busco as possíveis relações entre a obra de Chiquinha Gonzaga e a comicidade musical que cresceu no Brasil a partir da atuação dos palhaços cantores no circo, nas ruas, na crescente indústria fonográfica e nos teatros. Como hipótese, acredito que a contribuição musical de Chiquinha Gonzaga se refletiu em uma comicidade musical fixada pelo maxixe; manifestação artística amplamente divulgada pelos palhaços cantores. Desse modo, a pesquisa prática consiste na criação e exploração de um aparelho musical cênico: uma bicicleta com vários instrumentos musicais. A partir da exploração de objetos sonoros, instrumentos musicais e vocalidade, investigo a criação de uma dramaturgia musical (Mota, 2008) em consonância com a comicidade dos palhaços musicais, com a musicalidade de Chiquinha Gonzaga e com referências da palhaçaria feminina contemporânea. Para tanto, conto com o pluralismo metodológico da pesquisa em arte e Art Based Reserach (ABR), abarcando o registro e a análise do processo criativo, bem como a análise de documentos históricos, de partituras e composições de Chiquinha Gonzaga. Esta pesquisa se apoia nas referências de palhaços musicais (Melo Filho, 2003; Silva; Melo Filho, 2014); do teatro musicado (Mencareli, 1996; 2003); na cultura de entretenimento “popular” (Abreu, 2003; 2017; Marzano, 2008); nos estudos contemporâneos de palhaçaria feminina, na musicalidade e no pioneirismo da maestrina Chiquinha Gonzaga (Diniz, 2009).