Engrenagens Poéticas: do mito fundador às reescritas insurgentes de Antígona
Mito fundador; Reescrita; Tradução de teatro; Antígona; Decolonialidade; Necropolítica.
Engrenagens poéticas: do mito fundador às reescritas investiga a reescrita teatral como prática infinita — um gesto de repetição sempre atravessado pela diferença. Partindo das tragédias gregas e de seus desdobramentos ao longo do tempo, a pesquisa propõe a consolidação do conceito de “reescrita” em diálogo direto com os estudos da dramaturgia, substituindo a noção de “original” pela de “texto fundador”. No percurso, o trabalho analisa reescritas de Antígona mapeando procedimentos como contração, ampliação, deslocamento e transcriação, dentre outros, evidenciando como cada dramaturgo reinscreve os mitos em contextos históricos e políticos específicos. Entre os autores estudados, destacam-se Jean Cocteau, Jean Anouilh, Bertold Brecht, Griselda Gambaro, José Watanabe, Anne Carson, Wajdi Mouawad e Slavoj Zizek, dentre outros. Finalizamos com uma reflexão para epistemologias decoloniais, com especial atenção à obra Antígona Kuegü, de Daniel Massa, que reinscreve a tragédia no contexto do Vale do Xingu, articulando questões indígenas, decoloniais e necropolíticas. Ao valorizar a reescrita como engrenagem poética que move o teatro entre mito, texto e cena, esta pesquisa busca oferecer um modelo analítico que contribua para os estudos da dramaturgia e da tradução teatral, reconhecendo no gesto de reescrever não apenas um exercício crítico, mas também um espaço performativo de invenção, resistência e criação.